Do Guerrear Sem Limites à Convergência de Operações: Lições da Guerra Russo-Ucraniana Para a Doutrina Militar Brasileira

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Imagem meramente ilustrativa, gerada por inteligência artificial.

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A guerra moderna é difusa e multidimensional, com a Guerra Russo-Ucraniana servindo como laboratório estratégico; o impacto da convergência de conceitos como guerrear irrestrito, ameaças híbridas, operações multidomínio e guerra cognitiva, estão evoluindo na doutrina militar brasileira.


O estudo dos conflitos contemporâneos evidencia que a guerra moderna ultrapassa os limites do combate convencional, tornando-se cada vez mais difusa, multidimensional e dependente da integração de forças e capacidades diversas. Nesse contexto, a Guerra Russo-Ucraniana emergiu como um laboratório estratégico, demonstrando o impacto da convergência entre conceitos como o de guerrear irrestrito, ameaças híbridas, operações multidomínio e guerra cognitiva.

Esse conflito revelou como os atores envolvidos exploraram diferentes domínios – terrestre, marítimo, aéreo, cibernético e espacial – para atingir seus objetivos estratégicos. A utilização de novas tecnologias militares, como drones FPV, inteligência artificial e redes autônomas, acelerou os ciclos de tomada de decisão e redefiniu o papel dos sistemas de comando e controle. Paralelamente, a militarização de infraestruturas digitais e o fortalecimento da guerra informacional evidenciaram que o campo de batalha se expandiu para as dimensões física, humana e informacional, exigindo abordagens adaptativas e multidisciplinares.

O conceito de Convergência de Operações, apresentado no Manual de Conceito Operacional do Exército Brasileiro – Operações de Convergência 2040 (Brasil, 2023), reforça essa necessidade de adaptação e aprofundamento doutrinário nesse tema, que a cada dia se mostra mais atual. O manual estabelece que a Força Terrestre brasileira deve ser estruturada para atuar em esforços conjuntos, combinados e interagências, promovendo efeitos sincronizados e escalonados para desequilibrar o inimigo.

Outro conceito recentemente apresentado pela doutrina do Exército Brasileiro é o referente às Operações de Moldagem, que nos foi trazido pelo recentemente publicado Manual de Operações (Brasil, 2025). As Operações de Moldagem seriam ações coordenadas, planejadas pelos níveis de comando mais altos e executadas em todos os níveis, com o objetivo de estabelecer e de preservar as condições estratégicas, operacionais e táticas necessárias para o sucesso das operações básicas. Elas visam, principalmente, a criar vantagens para as forças amigas e impedir que o adversário alcance a iniciativa estratégica. Tais operações podem variar em magnitude, tempo, intensidade e forças empregadas, ajustando-se conforme as fases da operação.

Os principais aspectos das operações de moldagem seriam as seguintes (Brasil, 2025):

• Estabelecer uma conectividade entre diferentes domínios, garantindo eficiência e precisão na execução dos ataques;

• Provocar uma degradação das capacidades adversárias, particularmente no nível estratégico-operacional, tais como sistemas de comando e controle, a infraestrutura de comunicações, os meios aéreos e antiaéreos, a infraestrutura da indústria de defesa, a infraestrutura logística do inimigo, particularmente de armazenamento e transportes, dentre outras capacidades.

A guerra Russo-Ucraniana apresenta paralelos diretos com esse conceito, fornecendo uma base empírica para avaliar a sua aplicabilidade na doutrina militar futura.

A progressão dos conflitos ao longo do tempo também se tornou mais complexa. O desenvolvimento de um embate não segue mais um ciclo linear de confrontação, mas incorpora elementos híbridos e multidomínio que alteram sua estrutura e dinâmica. Neste sentido, a análise da Guerra Russo-Ucraniana pode contribuir para identificar os fatores disruptivos dessa nova realidade, ao estabelecer uma convergência de capacidades convencionais em ambiente multidomínio, mescladas com ameaças híbridas, com o uso de todos os meios disponíveis, militares e não militares, letais e não letais, convencionais e irregulares.

Essa convergência capacidades nessa “operação de moldagem” vem demonstrando ser capaz de criar condições para compelir o inimigo a aceitar os interesses de quem possui o “objetivo positivo da guerra”, que segundo Clausewitz (2020, p. 54), seria a destruição da força do inimigo e a conquista dos objetivos políticos traçados.

No entanto, no contexto contemporâneo, a guerra não se limita ao uso da força bruta e nem se restringe à dimensão física. O emprego de ferramentas não letais, como a manipulação informacional, a guerra econômica e as operações psicológicas, demonstra que a capacidade de influenciar percepções pode ser tão decisiva quanto o poder destrutivo das armas convencionais. A hiperconectividade digital e o avanço tecnológico intensificam essa tendência, permitindo que atores estatais e não estatais influenciem diretamente o campo de batalha por meio de novas armas de baixo custo mas de grande impacto, como a guerra cognitiva e a disseminação estratégica de narrativas.

Diante dessa realidade, este artigo busca analisar a Guerra Russo-Ucraniana sob a perspectiva das operações em ambiente multidomínio e sua relação com o conceito de convergência. Além de examinar os impactos táticos, operacionais e estratégicos das novas tecnologias, o estudo explora como esses elementos podem auxiliar na evolução da doutrina militar brasileira para 2040, preparando a Força Terrestre para enfrentar os desafios do futuro.


LIVRO RECOMENDADO:

Unrestricted Warfare: China’s Master Plan to Destroy America

• Qiao Liang e Wang Xiangsui (Autores)
• Capa dura
• Edição Inglês


O Guerrear Irrestrito e a Expansão dos Limites do Conflito

A guerra, ao longo da história, tem sido moldada por mudanças tecnológicas, estratégicas e políticas. No entanto, a obra Unrestricted Warfare, de Liang e Xiangsui (2020), publicada originalmente em 1999, foi pioneira em introduzir uma nova concepção sobre os conflitos contemporâneos. Os autores já então argumentavam que a guerra moderna não se limita ao uso de forças militares convencionais, mas estava se encaminhando para incorporar uma ampla gama de métodos – militares e não militares, letais e não letais – para compelir o inimigo a aceitar os interesses de quem busca conquistar o objetivo positivo do conflito.

Sobre esse conceito de objetivo positivo, vale a pena rememorar a obra de Clausewitz. Em seu livro Da Guerra (Clausewitz, 2020) ele definiu o objetivo positivo de um conflito armado como sendo a destruição da força inimiga para alcançar os objetivos políticos desejados, enquanto o objetivo negativo iria se referir à preservação das próprias forças ao longo do conflito. Ou seja, na visão de Clausewitz não basta apenas de vencer o inimigo, mas de garantir que a própria capacidade de combate seja mantida para sustentar a guerra e conquistar os objetivos políticos e estratégicos.

Essa abordagem mais abrangente dos conflitos rompe com as barreiras tradicionais entre guerra e paz, deslocando o centro do confronto para além do campo de batalha convencional. Para Liang e Xiangsui, a “o guerrear irrestrito” se estruturaria em um conjunto de ações que extrapolaria o uso de forças armadas e incorporaria ataques financeiros, pressões comerciais, manipulação informacional, terrorismo, guerrear cibernético e outras formas de pressão estratégica.

Embora esses métodos não sejam uma novidade no âmbito das ciências militares, a maneira como Liang e Xiangsui os sistematizaram representou uma inovação fundamental para a compreensão dos conflitos modernos.

A dissolução das fronteiras entre guerra e paz reflete uma transformação fundamental na maneira como os conflitos são conduzidos. Historicamente, a guerra era vista como um evento delimitado por regras e convenções, mas no cenário atual, os métodos de combate se tornaram mais difusos e difíceis de identificar. O guerrear irrestrito permitiria que Estados e atores não estatais explorem vulnerabilidades do adversário sem recorrer a confrontos diretos, utilizando estratégias de guerra por procuração e ações assimétricas para minar a capacidade de resistência do inimigo.

Esse conceito tem sido aplicado em diversos contextos geopolíticos, desde operações de influência na política internacional até ataques cibernéticos contra infraestruturas críticas.

Na dinâmica global, o conceito de guerrear irrestrito tem se manifestado em diferentes formas. O emprego de ameaças híbridas – ações cibernéticas, terrorismo, sanções e propaganda estratégica – de forma coordenada com operações convencionais, exemplifica essa abordagem. Conflitos recentes demonstram como ataques hacker, campanhas de guerrear cognitivo e operações psicológicas, além das sanções econômicas e a guerra comercial, podem ser tão eficazes quanto o emprego direto da força militar. Além disso, a hiperconectividade digital e o avanço tecnológico ampliam ainda mais o alcance dessas estratégias, tornando o guerrear irrestrito uma estratégia que vem se mostrando essencial no contexto da disputa pelo poder global, particularmente no atual momento de transição da ordem hegemônica.

Alterando a Natureza dos Conflitos Armados: A Visão de Gerasimov

Valery Gerasimov é o chefe do Estado-Maior Geral das Forças Armadas russas. Muitos atribuem a ele a autoria de uma “Doutrina Gerasimov”, que balizaria a formulação das formas e métodos de um modelo russo de “Guerra Híbrida”, mas tal assertiva é sobejamente refutada por Coutinho (2023). Entretanto, em uma palestra sob o título de O Valor da Ciência está na Previsão, proferida pelo referido Gerasimov (2013), trouxe reflexões significativas sobre a necessidade de repensar as formas e métodos de condução dos conflitos armados.

Ao analisar os conflitos nos quais as forças da OTAN foram empregadas até a elaboração de sua palestra, Gerasimov destacou que tais embates não seguiam mais um padrão linear, caracterizando-se por um perfil difuso e complexo, exigindo abordagens inovadoras para garantir vantagem estratégica para contrapô-los. Neste sentido, sua visão enfatizava que a guerra não se limitaria ao combate direto, mas envolveria um conjunto de ações coordenadas que abrangeriam não apenas os domínios físicos, mas também os domínios político, econômico, informacional e humano.

A dissolução das fronteiras entre guerra e paz foi um dos pontos centrais de sua análise. A noção tradicional de guerra, restrita ao emprego de forças armadas em operações claramente definidas, não corresponde mais à realidade dos conflitos modernos. A interconectividade global, o avanço das tecnologias digitais e a multiplicação de atores estratégicos criaram um ambiente em que ações hostis podem ser conduzidas sem a necessidade de uma declaração formal de guerra. Isso se reflete na crescente importância das operações indiretas, que incluem medidas de influência política, guerra informacional e operações cibernéticas, ampliando consideravelmente o espectro das ameaças.

Em sua reflexão, Gerasimov abordou como a combinação de forças convencionais com o uso de medidas políticas, diplomáticas, econômicas e outras não-militares permite um impacto estratégico significativo sem necessidade de confrontação direta. Gerasimov identificou ainda um escalonamento do emprego de meios militares e não-militares ao longo das diversas fases do conflito: origem, escalada, crise, ações armadas, resolução e restauração da paz (Coutinho, 2023, Figura 3, p. 96).

Neste sentido, o ciclo de evolução de um conflito, na visão de Gerasimov, é muito mais complexo do que a forma como são apresentados os conceitos de “contínuo de competição” ou de “espectro dos conflitos”, conforme consta na Doutrina Militar de Defesa (DMiD) (Brasil, 2007). Na Figura 1 temos o esquema representativo do espectro dos conflitos, conforme a DMiD:


FIGURA 1: Espectro dos Conflitos, segundo a Doutrina Militar de Defesa (Brasil, 2007).

Já Gerasimov esquematizava o ciclo de evolução dos conflitos da seguinte forma:


FIGURA 2: Estágios principais no desenvolvimento de um conflito segundo Gerasimov (Coutinho, 2023).

Ao observar o atual estágio da Guerra Russo-Ucraniana, onde desde a assunção do presidente Trump se busca a implementação de um processo de negociação para resolução da crise, e tentarmos analisar a situação atual por meios dos esquemas das Figuras 1 e 2, vemos logo que o modelo proposto por Gerasimov é muito mais adequado e reflete muito melhor a caracterização do estágio atual do conflito e as medidas em curso, pois o modelo proposto pelo general russo integra as percepções tradicionais de guerra aos métodos não militares na condução de crises.

Outro ponto que merece destaque é revisão crítica dos conceitos que envolvem o emprego do termo “Guerra Híbrida”, conceito jamais utilizado por Gerasimov. Segundo Coutinho (2023), o conceito de Guerra Híbrida carece de precisão, sendo frequentemente utilizada para descrever fenômenos distintos sem uma categorização clara.

A análise do fenômeno que envolve o emprego das ameaças híbridas e da própria ideia da existência de uma “zona cinza” nos conflitos atuais deve ser observado por meio de uma rigorosa análise no âmbito das ciências militares, a fim de evitar simplificações que possam comprometer a compreensão estratégica dos conflitos. A dificuldade em estabelecer um enquadramento conceitual sólido decorre da própria natureza fluida dessas ameaças, que se adaptam às condições específicas de cada crise.

Neste sentido, o termo “ameaças híbridas” possui melhor conotação científica do que o de “guerra híbrida”. Como exemplo, o European Centre of Excellence for Countering Hybrid Threats (2023), define ameaças híbridas como sendo o emprego de meios militares e não militares, de forma encoberta ou explícita, incluindo desinformação, ataques cibernéticos, pressão econômica, implantação de grupos armados irregulares e uso de forças regulares.

Por sua vez, os chamados “Métodos Híbridos” seriam estratégias empregadas fazer confundir os limites entre guerra e paz, de forma a semear dúvidas nas mentes das populações-alvo (NATO, 2022).

A interseção entre o guerrear irrestrito, proposto por Liang e Xiangsui, e o modelo descrito por Gerasimov levanta questões fundamentais sobre complementaridade e sobreposição estratégica.

O conceito de guerrear irrestrito, conforme desenvolvido por Liang e Xiangsui (2020), propõe uma abordagem ampla na qual todos os meios disponíveis podem ser empregados para alcançar os objetivos políticos de um conflito. A relação entre essa lógica e as ameaças híbridas reside na multiplicidade de ferramentas utilizadas, incluindo ações militares e não militares, em uma estrutura que visa enfraquecer o inimigo sem necessariamente recorrer à destruição direta de suas forças. No entanto, enquanto a guerra irrestrita se concentra na aplicação estratégica dos meios, as ameaças híbridas frequentemente se manifestam nos níveis tático e operacional, gerando um debate sobre como essas abordagens se complementam ou se sobrepõem.

Casos recentes ilustram o impacto do emprego de ameaças híbridas, especialmente na Guerra Russo-Ucraniana. A utilização de forças convencionais combinada com operações informacionais, difusão de metanarrativas, ataques cibernéticos, sanções econômicas e até batalhas envolvendo taxas de importação e questões comerciais demonstram o efetivo emprego dessa abordagem na condução de conflitos atuais.

A presença de atores não estatais e o uso estratégico da desinformação reforçam a ideia de que a guerra não se limita mais ao campo de batalha físico, mas se estende para domínios imateriais que influenciam diretamente a percepção pública e as decisões políticas. Aqui, é essencial considerar o papel das metanarrativas como ferramenta central para moldar percepções e direcionar a opinião pública. Como destaca Coutinho (2025a), a mídia global desempenha um papel crucial na construção de metanarrativas, selecionando eventos e estruturando discursos estratégicos que favorecem determinados atores nos embates geopolíticos.

O “guerrear cognitivo” é reconhecido pela OTAN como a aplicação de meios em um sexto domínio operacional (NATO, 2024), o que se encaixa perfeitamente na lógica do emprego das ameaças híbridas nos conflitos atuais. Em vez de buscar apenas a supremacia militar no campo de batalha físico, as operações cognitivas visam influenciar diretamente a forma como os atores percebem a guerra. Como Coutinho (2025a) argumenta, a manipulação de percepções pode ser tão eficaz quanto o uso de força militar direta, pois afeta o processo de tomada de decisão e condiciona respostas estratégicas. Assim, o emprego coordenado de métodos híbridos com ferramentas cognitivas representa uma evolução nos modelos de confrontação, exigindo que as forças militares e de inteligência adaptem suas doutrinas à crescente importância da dimensão informacional.

As implicações estratégicas para o futuro dos conflitos são profundas. As tendências observadas indicam que os embates contemporâneos continuarão a evoluir na direção de modelos cada vez mais integrados, nos quais as operações convencionais serão complementadas por ações multidomínio.

O cenário global aponta para a necessidade de adaptação das forças militares e de inteligência, uma vez que a capacidade de conduzir operações apoiadas por métodos híbridos e pela guerra cognitiva se tornou um fator determinante na disputa pelo poder. A doutrina militar russa, influenciada pelas reflexões de Gerasimov, demonstra um esforço contínuo para integrar essas abordagens ao planejamento estratégico, antecipando desafios futuros e moldando a condução dos conflitos no século XXI.

Operações Multidomínio e Sua Sinergia Com Estratégias Irrestritas

O conceito de operações multidomínio surgiu da necessidade de adaptar as forças militares aos desafios do século XXI. Tradicionalmente, a guerra era conduzida em três domínios principais: terrestre, marítimo e aéreo. Entretanto, a evolução tecnológica e a mudança na natureza dos conflitos exigiram a incorporação de novos elementos estratégicos, incluindo os domínios cibernético, espacial e eletromagnético. Além da expansão dos domínios operacionais, as forças militares passaram a considerar a interação entre três dimensões interdependentes: física, informacional e humana.

A dimensão física refere-se ao ambiente material onde as operações ocorrem, incluindo forças militares, infraestrutura e terreno. A dimensão informacional abrange o fluxo de dados, comunicações estratégicas e controle do ambiente cognitivo, sendo essencial para influenciar percepções e processos decisórios. Já a dimensão humana envolve fatores sociopolíticos, psicológicos e culturais que afetam a conduta dos conflitos e a resiliência das forças em combate. Essa abordagem busca coordenar esforços em todos os domínios operacionais, garantindo sinergia entre capacidades convencionais e inovadoras, ao mesmo tempo em que integra as três dimensões para ampliar a efetividade das ações militares.

O Manual de Fundamentos Conceito Operacional do Exército Brasileiro – Operações de Convergência 2040, aprovado pela Portaria EME/C Ex Nº 971, de 10 de fevereiro de 2023 (Brasil, 2023), apresenta um modelo de emprego da Força Terrestre que se alinha diretamente com os desafios impostos pela guerra moderna. O conceito de Convergência de Operações estabelece que a Força Terrestre, como parte de uma Força Conjunta, deve contribuir para a garantia da soberania nacional, negando o acesso e a liberdade de ação a eventuais oponentes. Para isso, busca promover o desequilíbrio do inimigo por meio da convergência de efeitos letais e não letais, sincronizados e escalonados no tempo e no espaço.

Essa convergência ocorre simultaneamente em diversos domínios operacionais – terrestre, marítimo, aéreo, espacial, cibernético e eletromagnético – e nas três dimensões do combate: física, humana e informacional. O conceito também incorpora elementos da Estratégia Anti-acesso e Negação de Área (A2/AD, do termo em inglês Anti-Access/Area Denial) e das operações multidomínio, refletindo uma tendência mundial de adaptação das forças militares aos desafios do século XXI.

O conceito do guerrear irrestrito e o emprego de ameaças híbridas têm uma forte conexão com operações multidomínio e convergentes, pois transcendem os limites tradicionais do combate e exploram vulnerabilidades estratégicas nos diversos espaços operacionais. O cruzamento entre domínios físicos, virtuais e informacionais permite que atores estatais e não estatais conduzam campanhas simultâneas de impacto político-militar.

No contexto da Guerra Russo-Ucraniana, observamos uma aplicação prática desse conceito. O uso coordenado de drones FPV (First Person View), terminais de comunicações satelitais Starlink, drones de longo alcance para bombardeio estratégico, ataques cibernéticos contra infraestruturas críticas, operações de guerra eletrônica e a disputa pelo controle do ambiente informacional são exemplos claros de como múltiplos domínios estão sendo empregados de maneira integrada. A militarização de infraestruturas digitais, como o já citado Starlink, destaca como a hiperconectividade global tornou-se um componente essencial das operações militares contemporâneas. Isso sem falar no emprego de tecnologias quânticas e da Inteligência Artificial (IA) no processo decisório do comando e controle.


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Da guerra

• Carl Von Clausewitz (Autor)
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E justamente nesses campos é onde a tecnologia tem sido um fator-chave na expansão das operações multidomínio. O avanço da IA, elevadíssimas capacidades de processamento de dados, redes autônomas e guerra eletrônica redefinem os processos de tomada de decisão e aceleram os ciclos de OODA (do termo em inglês Observe, Orient, Decide and Act, Observar, Orientar, Decidir, Agir). Isso gera uma combinação de vantagens estratégicas e vulnerabilidades operacionais, exigindo contramedidas adaptáveis para lidar com ameaças emergentes.

O impacto das tecnologias emergentes inclui a ascensão de armas hipersônicas, alterando o equilíbrio estratégico e dificultando a defesa aérea convencional. O uso de drones estratégicos, drones FPV e drones navais como elementos essenciais no campo de batalha redefine a forma como os combates são conduzidos. A hiperconectividade global e a dependência de infraestruturas digitais militarizadas, como satélites e redes de comunicação seguras, criam vulnerabilidades em operações eletrônicas.

Esses avanços alteram não apenas a dinâmica dos confrontos, mas também impõem desafios à doutrina militar tradicional, exigindo uma adaptação contínua das capacidades operacionais. A convergência entre inteligência artificial, guerra eletrônica e operações cognitivas enfatiza como infraestrutura digital e domínio informacional estão completamente interligados.

As implicações futuras do conceito de operações multidomínio para forças armadas globais são amplas. A Expansão da Análise do Ambiente Operacional, conforme definido pela Portaria EME/C Ex Nº 971 (Brasil, 2023), insere-se nesse contexto ao estruturar os domínios operacionais em dimensões física, humana e informacional.

A evolução das operações multidomínio requer ferramentas analíticas capazes de mapear e interpretar variáveis estratégicas. Nesse sentido, metodologias como o JIPOE 2.0 (Joint Intelligence Preparation of the Operational Environment, Preparação Conjunta de Inteligência do Ambiente Operacional) e o PMESII-PT (Político, Militar, Econômico, Social, Informacional, Infraestrutura, Ambiental e Temporal) são essenciais para a compreensão do ambiente operacional, pois permitem uma análise integrada dos fatores que influenciam conflitos modernos. Para aprofundamento destas ferramentas de análise, recomendamos ler o artigo O poder das metanarrativas: uma análise à luz da doutrina das operações de informação (Coutinho, 2025a).

A aplicação das ferramentas JIPOE 2.0 e PMESII-PT pode fortalecer a análise do ambiente multidomínio no âmbito do planejamento estratégico.

Origens e Desdobramentos Estratégicos do Conflito Russo-Ucraniano

A guerra Russo-Ucraniana é um dos conflitos mais complexos da atualidade, influenciado por fatores históricos, geopolíticos e estratégicos que refletem a disputa pelo poder global. Desde 2014, com a anexação da Crimeia pela Rússia, as relações entre Moscou e Kiev passaram por uma escalada de tensões, culminando na invasão russa em fevereiro de 2022. Esse conflito se insere em um contexto maior de rivalidade entre potências globais, principalmente, de um lado, os Estados Unidos, a União Europeia e a aliança atlântica da OTAN, e de outro a Rússia, a China, o Irã e a Coreia do Norte, tendo a Ucrânia sido colocada como um agente proxy de interesses geopolíticos maiores.

Neste sentido, a Guerra Russo-Ucraniana vem sendo caracterizada, além do confronto direto entre as forças russas e ucranianas, pela participação de atores indiretos que influenciam o desenrolar das operações, seja por meio de apoio político, financeiro, militar ou pelo guerrear informacional.

O guerrear irrestrito e o emprego sistemático de ameaças híbridas têm sido amplamente utilizados como ferramentas estratégicas no conflito. A Rússia tem explorado múltiplas abordagens para alcançar seus objetivos, incluindo contramedidas econômicas contra as sanções ocidentais, como cortes no fornecimento de gás natural para a Europa, restrições à exportação de grãos e fertilizantes e a reorientação de seus fluxos comerciais para parceiros como China, Índia e Brasil. Além disso, a Rússia tem empregado operações informacionais e guerra cibernética como forma de minar a resistência ucraniana e desgastar o apoio internacional ao governo de Kiev. O uso de forças irregulares, campanhas de desinformação e ataques a infraestruturas críticas reforça a aplicação de métodos híbridos para desestabilizar o adversário.

Por outro lado, os Estados Unidos e seus aliados europeus têm mobilizado uma ampla gama de ações híbridas em apoio à Ucrânia, incluindo sanções econômicas contra a Rússia, bloqueio de ativos de oligarcas russos, restrições comerciais e estratégias para reduzir a dependência europeia de energia russa. Além disso, operações informacionais têm sido centrais na construção de metanarrativas que enquadram o conflito dentro de um espectro moral e estratégico favorável aos interesses ocidentais. A Ucrânia, por sua vez, também tem utilizado táticas híbridas, desde o uso intensivo de redes sociais para moldar narrativas favoráveis até a obtenção de apoio militar por meio de alianças estratégicas com países ocidentais e a eliminação física de lideranças inimigas, sejam russas ou ucranianas pró-Rússia.

Além dos atores principais, outros países têm desempenhado papéis indiretos na configuração do conflito. A China, embora mantenha uma postura cautelosa, tem fortalecido sua cooperação econômica e diplomática com Moscou, desafiando as sanções ocidentais ao ampliar seus laços comerciais com a Rússia. O Irã tem contribuído por meio do fornecimento de drones de ataque que têm sido amplamente utilizados pelas forças russas no campo de batalha. A Coreia do Norte, por sua vez, tem sido acusada de fornecer munições e armamentos convencionais para apoiar a campanha militar russa, e até efetivos militares para combater na expulsão de tropas ucranianas de território russo, como foi o caso em Kursk. Esses fatores demonstram que o conflito transcende a disputa direta entre Rússia e Ucrânia, envolvendo um intricado tabuleiro geopolítico no qual diferentes potências buscam consolidar seus interesses estratégicos.

As operações em ambiente multidomínio têm desempenhado um papel fundamental na condução do confronto, permitindo que ambos os lados explorem diferentes domínios para maximizar seus efeitos estratégicos. No campo terrestre, batalhas convencionais continuam sendo travadas com tanques, artilharia e tropas mecanizadas. No espaço aéreo, drones desempenham um papel crucial tanto no reconhecimento quanto em ataques estratégicos, sendo amplamente utilizados por ambos os lados. No domínio cibernético, ataques a redes de comunicação e infraestruturas críticas se tornaram um componente essencial da guerra moderna, buscando enfraquecer a capacidade de comando e controle do adversário. O domínio informacional também é um campo de batalha, onde narrativas estratégicas são criadas e disseminadas para influenciar a opinião pública e moldar percepções globais sobre o conflito.

O papel da China e dos Estados Unidos na disputa pelo poder global é um fator determinante para os desdobramentos da guerra Russo-Ucraniana.

Os Estados Unidos costumavam ser o principal fornecedor de armas e assistência militar à Ucrânia, buscando conter o avanço russo e reforçando suas alianças na Europa. Entretanto, após a eleição do presidente Trump, vem progressivamente colocando em dúvida sua função de patrocinador principal desta guerra por procuração. O novo papel dos Estados Unidos está agora mais voltado para a consolidação de um processo de negociação e o fim da guerra.

A China, por sua vez, adota uma posição mais cautelosa, evitando apoio direto à Rússia, mas fortalecendo sua cooperação econômica e diplomática com Moscou. Esse equilíbrio geopolítico destaca a complexidade do conflito, onde as decisões tomadas por esses atores indiretos podem influenciar seu desfecho e remodelar as relações internacionais.

Os desdobramentos estratégicos da guerra Russo-Ucraniana transcendem a esfera militar, afetando economias, cadeias de suprimentos globais e o equilíbrio de poder entre as nações. A interconexão entre o guerrear irrestrito, o emprego de ameaças híbridas e as operações em ambiente multidomínio evidencia como os conflitos contemporâneos se tornaram cada vez mais complexos.

O cenário atual demonstra que a guerra não se limita ao campo de batalha físico, mas se desdobra em múltiplos níveis estratégicos que exigem abordagens inovadoras para enfrentar os desafios do século XXI.

Integração dos Conceitos: A Guerra Russo-Ucraniana Como Laboratório Estratégico

A guerra Russo-Ucraniana tem se mostrado um marco na evolução dos conflitos modernos, evidenciando a convergência entre o guerrear irrestrito, o emprego de ameaças híbridas, as operações em ambiente multidomínio e o guerrear cognitivo. O cenário desse conflito não se restringe ao confronto direto entre forças convencionais, mas abrange uma ampla gama de estratégias, incluindo o uso de IA, redes autônomas, guerra informacional e militarização de infraestruturas digitais. Esse ambiente tornou-se um campo de experimentação para novas abordagens estratégicas e operacionais, permitindo que diferentes atores testassem tecnologias emergentes e metodologias inéditas na condução da guerra.

O conceito de guerrear irrestrito de Liang e Xiangsui (2020) pode ser identificado de forma abrangente, com ambos os lados em confronto empregando recursos políticos, econômicos e tecnológicos para alcançar seus objetivos estratégicos. As ameaças híbridas tornaram-se uma ferramenta essencial para contornar as limitações de um enfrentamento convencional, utilizando sanções econômicas, desinformação e operações cibernéticas como parte do esforço de guerra. O emprego de forças irregulares, campanhas de desinformação e ataques à infraestrutura crítica ilustram como esse modelo evoluiu dentro do contexto da Guerra Russo-Ucraniana.


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Gerasimov Doctrine: Russia’s Grand Strategy for Hybrid War

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As operações em ambiente multidomínio desempenharam um papel central nesse conflito, com o uso de drones estratégicos, guerra eletrônica avançada e inteligência artificial para acelerar ciclos de tomada de decisão. A militarização do espaço, exemplificada pelo uso do Starlink e pelo fortalecimento das capacidades satelitais de Rússia e EUA, demonstra como a hiperconectividade digital se tornou um componente fundamental na guerra contemporânea. Além disso, o domínio cibernético foi amplamente explorado, com ataques coordenados às redes de comunicação e às infraestruturas críticas, reforçando a importância da segurança informacional no planejamento militar.

O guerrear cognitivo tem sido uma peça fundamental na disputa pela opinião pública global. A construção de metanarrativas por meio de redes sociais, canais de informação e diplomacia estratégica tem moldado percepções sobre a legitimidade do conflito e os interesses das potências envolvidas. O controle das narrativas se tornou um fator determinante para a mobilização internacional e a obtenção de apoio político e militar, demonstrando como a guerra moderna transcende o campo de batalha físico e se expande para o domínio psicológico.

Os impactos desse conflito na multipolaridade e na evolução das doutrinas militares são profundos. A guerra Russo-Ucraniana acelerou um processo de reconfiguração das forças armadas globais, levando países a revisarem seus conceitos estratégicos e investirem em novas capacidades tecnológicas. A ascensão de armas hipersônicas, redes de comando e controle avançadas e sistemas de inteligência artificial aplicados ao reconhecimento automatizado de ameaças demonstra como as tendências militares estão se adaptando às exigências de um ambiente operacional mais dinâmico e interconectado. No nível estratégico, o emprego de drones de longo alcance tem viabilizado campanhas maciças (de ambos os lados) contra a infraestrutura civil e militar inimiga.

No nível tático, a guerra Russo-Ucraniana tem revelado uma verdadeira revolução no emprego de sistemas aéreos remotamente pilotados, como se verificou no recente caso da Operação Spider Web pelos ucranianos (Coutinho, 2025c).

De fato, drones FPV passaram a ser utilizados em larga escala tanto para reconhecimento quanto para ataques cirúrgicos a posições inimigas, até mesmo em alvos localizados a mais de seis mil quilômetros de distância, reduzindo a necessidade de exposição direta de tropas no campo de batalha.

A capacidade de adaptação tecnológica permitiu que drones comerciais fossem modificados para transportar cargas explosivas, gerando impactos significativos na doutrina militar de ambos os lados. A Rússia e a Ucrânia vêm investindo cada vez mais na ampliação de unidades especializadas no uso desses sistemas, tornando os drones um elemento essencial para o sucesso operacional no campo de batalha moderno.

O impacto dessa inovação se estende à guerra eletrônica, com sistemas de interferência e bloqueio de comunicações sendo amplamente empregados para neutralizar drones inimigos. A sofisticação dos equipamentos utilizados evidencia uma mudança estrutural na maneira como batalhas são conduzidas, exigindo que as forças militares adaptem seus protocolos e treinem tropas para operar nesse novo ambiente de guerra hiperconectada.

Refletindo sobre possíveis cenários futuros, o aprendizado obtido com a Guerra Russo-Ucraniana pode impactar diretamente conflitos emergentes e rivalidades estratégicas entre grandes potências. O avanço das capacidades autônomas, a integração de inteligência artificial nos processos militares e o fortalecimento das estratégias híbridas sugerem que os embates do futuro serão cada vez mais sofisticados e multidimensionais. Além disso, a militarização do espaço e o aumento da relevância das operações informacionais reforçam que os próximos conflitos estarão profundamente ligados à disputa pelo domínio tecnológico e à capacidade de influenciar percepções globais.

O conflito Russo-Ucraniano, portanto, não apenas redefine paradigmas militares, mas também molda a arquitetura estratégica do século XXI, consolidando novos modelos de guerra e provocando um reajuste na forma como os Estados projetam poder. O impacto desse embate continuará sendo analisado pelos planejadores militares e acadêmicos, influenciando a formulação de doutrinas, capacidades e estratégias que ditarão o rumo da segurança internacional nas próximas décadas.

Considerações Finais

O presente trabalho explorou a intersecção entre o guerrear irrestrito, o emprego de ameaças híbridas, as operações em ambiente multidomínio e o guerrear cognitivo, tendo como base o caso da Guerra Russo-Ucraniana. Ao longo desta análise, ficou evidente que os conflitos contemporâneos transcendem as dinâmicas tradicionais de combate, incorporando dimensões políticas, econômicas, informacionais e tecnológicas para moldar a condução estratégica dos embates.

A Guerra Russo-Ucraniana se consolidou como um laboratório estratégico para a aplicação desses conceitos, revelando um ambiente de confronto no qual atores estatais e não estatais utilizam uma ampla gama de recursos para atingir seus objetivos. O uso de sanções econômicas, guerra informacional e operações cibernéticas demonstra como métodos híbridos foram empregados para enfraquecer a capacidade adversária sem recorrer exclusivamente ao poder militar convencional. Além disso, as operações multidomínio mostraram que o campo de batalha moderno se estende além dos espaços físico e digital, incorporando elementos espaciais e informacionais como parte essencial da dinâmica dos confrontos.

O papel dos drones FPV, da inteligência artificial e das redes hiperconectadas destaca como a tecnologia tem redefinido não apenas a condução estratégica dos conflitos, mas também o nível tático das operações. O desenvolvimento de capacidades autônomas, o aprimoramento da guerra eletrônica e o uso crescente de metanarrativas para moldar percepções mostram que os desafios do século XXI exigem abordagens adaptativas e multifacetadas.

A convergência entre esses conceitos permite uma compreensão mais ampla dos conflitos modernos, oferecendo uma estrutura teórica para analisar futuras guerras e disputas geopolíticas. Os ensinamentos extraídos da Guerra Russo-Ucraniana não apenas influenciam novas doutrinas militares internacionais, mas também podem contribuir diretamente para o aprimoramento da concepção doutrinária do Exército Brasileiro para 2040.

O Manual de Fundamentos Conceito Operacional do Exército Brasileiro – Operações de Convergência 2040 estabelece que o Exército do Futuro deve empregar capacidades letais e não letais de forma sincronizada e escalonada para gerar o desequilíbrio estratégico do inimigo. Os achados deste artigo demonstram que o conceito de convergência de operações, ao integrar forças em múltiplos domínios e dimensões, é uma necessidade para a estruturação das capacidades militares do futuro.

Diante das transformações observadas, abre-se um campo de pesquisa sobre o futuro do guerrear, com foco na evolução das operações autônomas, no impacto da IA na tomada de decisão militar e na integração de capacidades multidomínio. A militarização do espaço e o aprofundamento da guerra informacional continuarão moldando os embates futuros, exigindo uma análise contínua sobre como os Estados e demais atores estratégicos poderão se adaptar a esse novo paradigma.

Assim, este estudo buscou contribuir para uma reflexão sobre os rumos da guerra no século XXI, destacando que os conflitos futuros tendem a ser cada vez mais integrados, dinâmicos e moldados por um amplo espectro de ferramentas estratégicas. Com isso, a transformação do guerrear se consolida como um dos temas centrais para o desenvolvimento de novas doutrinas e métodos operacionais, podendo servir de base para a experimentação e validação do conceito de convergência de operações ou das operações de moldagem na doutrina militar brasileira.

Referências

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