Três caças MiG-31 com sistemas Kinzhal serão colocados em alerta 24 horas por dia no enclave do Báltico, em um movimento que parece destinado a mostrar a capacidade da Rússia de ameaçar ativos da OTAN.

O Ministério da Defesa da Rússia informou nesta quinta-feira (18 de agosto) que enviou caças armados com mísseis hipersônicos de última geração para a região báltica mais ocidental do país, medida tomada em meio a crescentes tensões com o Ocidente sobre a ação de Moscou na Ucrânia.

Três caças MiG-31 com mísseis Kinzhal chegaram à base aérea de Chkalovsk, no enclave de Kaliningrado, no Báltico, como parte de “medidas adicionais de dissuasão estratégica”. O ministério disse que as aeronaves serão colocadas em alerta 24 horas por dia. Um vídeo divulgado pelo ministério mostrou os caças chegando à base, mas não carregando os mísseis, que aparentemente foram entregues separadamente.

A implantação de mísseis Kinzhal em Kaliningrado, quando a campanha da Rússia na Ucrânia se aproxima do sexto mês, parece destinada a mostrar a capacidade russa de ameaçar os ativos da OTAN. A região faz fronteira com a Polônia e a Lituânia, ambos membros da aliança.

O Kinzhal tem um alcance de até 2.000 km (cerca de 1.250 milhas) e voa a cerca de 10 vezes a velocidade do som, dificultando a interceptação. A Rússia usou esse míssil vezes para atingir alvos na Ucrânia.

A localização de Kaliningrado a colocou na vanguarda dos esforços de Moscou para combater o que descreveu como políticas hostis da OTAN. O Kremlin reforçou metodicamente suas forças ali, equipando-as com armas de última geração, incluindo mísseis Iskander de precisão e uma série de sistemas de defesa aérea.

Caso haja uma escalada da guerra, Kaliningrado seria uma importante plataforma de lançamento para as operações russas. Kaliningrado é tido por alguns como um “porta-aviões inafundável” da Rússia no meio do território da OTAN.

“Os eventos na Ucrânia demonstraram que um confronto com o Ocidente coletivo é uma possibilidade real”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Ivan Nechayev, na quinta-feira, enfatizando que um “confronto direto com os EUA e a OTAN não é do nosso interesse”.

Em um briefing de imprensa, Nechayev disse: “A Rússia, como potência nuclear, continuará a agir com máxima responsabilidade” e “a doutrina militar russa prevê uma resposta nuclear apenas em retaliação a uma agressão envolvendo armas de destruição em massa ou em uma situação em que a própria existência do Estado russo está ameaçada”.

Os militares russos estão equipados com armas convencionais que “permitem implementar plenamente os objetivos estabelecidos pelo presidente russo”, acrescentou o porta-voz. “Partimos da suposição de que os EUA e a OTAN estão cientes de onde sua retórica antirrussa agressiva com ênfase no possível uso de armas nucleares pode levar”, disse Nechayev.

Ele disse que a Rússia acredita que “uma guerra nuclear não pode ser vencida e nunca deve ser travada”, uma visão reafirmada por cinco potências nucleares no início deste ano.

Mais cedo nesta quinta-feira, o Ministério da Defesa da Finlândia havia informado que dois jatos russos MiG-31 são suspeitos de violar seu espaço aéreo perto da cidade de Porvoo, no Golfo da Finlândia, a 150 quilômetros da Rússia. Autoridades do país disseram que iriam conduzir uma investigação.