Incidente no Mar Negro: As reações na Rússia

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Destroier britânico HMS Defender (Foto: BatManS/Shutterstock).

Destroier britânico HMS Defender (Foto: BatManS/Shutterstock).

O Ministério da Defesa russo disse que a presença crescente da OTAN no Mar Negro quase levou a um confronto direto com a Rússia, e que a Frota do Mar Negro, agindo em cooperação com a Guarda de Fronteira do Serviço Federal de Segurança Russo (FSB), impediu uma violação da fronteira pelo contratorpedeiro britânico HMS Defender ao largo do Cabo Fiolent da Crimeia.

O destróier teria se aventurado a três quilômetros nas águas territoriais da Rússia. Um navio-patrulha da Guarda de Fronteira disparou tiros de advertência e um bombardeiro Sukhoi-24M lançou quatro bombas à frente do destróier. Após disso, o Defender deixou as águas territoriais da Rússia.

Londres afirmou que a embarcação estava em águas ucranianas, mas optou por evitar a escalada, dizendo que nenhum tiro de alerta foi disparado contra seu navio. No entanto, um correspondente da BBC a bordo enviou relatos que confirmam os alertas. O incidente aumentou as tensões pouco antes dos exercícios Sea Breeze 2021 no Mar Negro, cujo objetivo é demonstrar o apoio do Ocidente a Kiev.

“Obviamente, os britânicos tentaram exercer seu direito à chamada ‘passagem inocente’ pelas águas territoriais da Rússia. No entanto, o país-proprietário das águas territoriais pode limitar esta passagem por determinados trechos, e em 24 de abril o Ministério da Defesa russo emitiu uma declaração, que desencadeou protestos dos estados da OTAN”, disse o vice-diretor do Centro de Estudos Abrangentes e Europeus da Escola Superior de Economia, Vasily Kashin, ao jornal russo Kommersant.

De acordo com Kashin, “provavelmente, o objetivo da ação britânica foi mostrar que não reconhece essa declaração da mesma forma que não reconhece a soberania da Rússia sobre a Crimeia”. O analista observa que a forte reação russa era esperada, mas que, no entanto, o incidente não tem precedentes.


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O ex-diretor-geral do Escritório das Nações Unidas em Genebra, Sergey Ordzhonikidze, também disse que este incidente não tem precedentes. Falando ao periódico russo Izvestia, ele afirmou que “Eles mostraram ao navio britânico que a próxima bomba ou míssil poderia atingi-lo”, e acrescentou que “Agora haverá outra disputa. Apresentaremos uma nota de protesto, eles farão o mesmo e insistirão que o Defender estava cumprindo o direito de ‘passagem inocente’ estipulado pela convenção.”

O Kremlin classificou o incidente como provocação deliberada e planejada, disse o porta-voz presidencial russo Dmitry Peskov a repórteres na quinta-feira. “Consideramos que o contratorpedeiro britânico realizou uma provocação. Além disso, lamentamos, pois foi uma provocação deliberada e planejada”, disse ele.

As ações do Defender no Mar Negro violam o direito internacional e são inaceitáveis, continuou ele. “É claro que estamos preocupados com as ações do navio britânico. Consideramos que são inaceitáveis, pois violam o direito internacional”, enfatizou o porta-voz.

Segundo ele, a Guarda de Fronteira e as forças armadas da Rússia terão uma postura bastante dura se alguém tentar fazer provocações como esta no Mar Negro no futuro.

O vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Ryabkov, disse que a Rússia tem o direito de “bombardear no alvo”, se navios de guerra estrangeiros violam suas fronteiras marítimas.


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“O que podemos fazer? Podemos apelar ao bom senso, exigir respeito ao direito internacional. Se isso não ajudar, podemos bombardear não apenas na direção, mas também no alvo, se nossos colegas não entenderem.” Ryabkov afirmou que alerta “qualquer um que viole as fronteiras da Federação Russa sob o lema da ‘navegação livre’, contra tais passos provocativos, porque a segurança do nosso país está em primeiro lugar”.

Ele enfatizou que “A integridade territorial da Federação Russa é inviolável. A inviolabilidade de nossas fronteiras é um imperativo absoluto, vamos cuidar disso por meios diplomáticos, políticos e, se necessário, militares”.

O Ministério da Defesa russo mais tarde descreveu as ações do navio britânico como uma violação grosseira da Convenção da ONU sobre o Direito do Mar e instou o lado britânico a investigar as ações da tripulação.

Não houve incidentes como este entre russos e britânicos nas últimas décadas, disse o historiador militar Dmitry Boltenkov. “Nada parecido com isso foi visto no mundo nos últimos anos. Se um navio entra em águas territoriais de outro estado, após os avisos ele muda de rumo”.

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