Chefe da inteligência americana diz que a China consideraria a clareza estratégica dos EUA “desestabilizadora”

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Avril Haines, Diretora de Inteligência Nacional dos EUA, posição que supervisiona todas as agências de inteligência americanas (Foto: Carolyn Kaster/AP).

Avril Haines, Diretora de Inteligência Nacional dos EUA, posição que supervisiona todas as agências de inteligência americanas (Foto: Carolyn Kaster/AP).

A chefe da comunidade de inteligência dos Estados Unidos disse na quinta-feira em uma audiência no Senado que Pequim iria encontrar uma mudança na política dos EUA para Taiwan, de ambigüidade para uma clareza “desestabilizadora”.

“Os chineses achariam isso profundamente desestabilizador”, disse Avril Haines, diretora de Inteligência Nacional em uma audiência perante o Comitê de Serviços Armados do Senado, quando questionada sobre a possível reação da China ao fato de os EUA adotarem um compromisso explícito de defender Taiwan.

“Isso solidificaria as percepções chinesas de que os EUA estão empenhados em restringir a ascensão da China, inclusive por meio da força militar, e provavelmente faria com que Pequim minasse agressivamente os interesses dos EUA em todo o mundo”, disse ela.

Questionada pelo presidente do comitê, Jack Reed, se uma mudança da ambigüidade estratégica precipitaria uma onda de “maior separação de Taiwan da China”, Haines respondeu: “Acho que isso é possível”.

“Eu diria que já Taiwan está endurecendo até certo ponto em relação à independência, visto que eles estão assistindo, essencialmente, o que aconteceu em Hong Kong, e eu acho que é um desafio crescente”, ela acrescentou.

Por sua vez, Scott Berrier, diretor da Agência de Inteligência de Defesa dos EUA, disse ao comitê que o objetivo do presidente chinês Xi Jinping é unificar Taiwan com a China.

“Não sabemos se ele realmente tomou uma decisão sobre como ou quando fazer isso”, disse Berrier, observando que sua agência notou um aumento nas atividades militares chinesas no mar e no espaço aéreo em torno de Taiwan no ano passado.

Ele também observou que, com tudo o que está acontecendo na China agora, Hong Kong e Tibete também são alguns dos principais problemas com os quais os EUA precisam lidar.



Solicitada a comentar sobre a avaliação do comandante da Ásia-Pacífico dos EUA, Philip Davidson, no mesmo comitê no início de março, de que a China poderia invadir Taiwan dentro de um prazo de seis anos, Haines disse que preferia discutir o assunto em uma sessão a portas fechadas.

Os EUA adotaram a “ambiguidade estratégica” na defesa de Taiwan para manter o status quo em todo o Estreito de Taiwan, mantendo ambos os lados do estreito tentando adivinhar as possíveis ações que os EUA tomariam caso o status quo fosse violado.

No entanto, alguns especialistas nos círculos da política de defesa dos EUA pediram a Washington que reconsiderasse essa política devido ao comportamento cada vez mais agressivo da China, incluindo surtidas militares quase diárias perto de Taiwan.

Davidson também disse em uma audiência no Senado em março que a ambigüidade estratégica dos EUA em relação a Taiwan deve ser reavaliada.

Richard Haass e David Sacks, do think tank americano Council on Foreign Relations, escreveram um artigo em setembro de 2020 no qual argumentam que a ambigüidade dificilmente deteria uma China cada vez mais assertiva e com capacidades militares crescentes.

“Chegou a hora de os Estados Unidos introduzirem uma política de clareza estratégica”, disse o artigo, intitulado “O apoio americano a Taiwan deve ser inequívoco”.

Fonte: Focus Taiwan.

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