Por José Antonio Mariano*
A FUGA DO SMS GOEBEN E DO SMS BRESLAU
Logo no início da I Guerra Mundial, dois cruzadores alemães colocam em xeque a posição de dominância britânica no Mediterrâneo, realizam surtidas contra portos franceses, colocam o Almirantado em polvorosa e escapam para águas turcas, colocando-se sob a bandeira de Constantinopla. Como resultado, a Turquia entra na guerra ao lado dos Impérios Centrais, abrem o flanco turco-russo no leste do Mediterrâneo e arrastam a guerra para o Oriente Médio que consumiu homens e recursos Aliados vitais para a defesa da França, prolongando o conflito, nas palavras do General Erich Ludendorff (1865 -1937), por no mínimo dois anos.
“O SMS Goeben levou aos povos do Oriente Médio mais matança, mais miséria e mais ruína do que qualquer coisa que já tenha sido carregada em um tombadilho de navio” (Winston Churchill)
Pouco depois das 17 horas do dia 10 de agosto de 1914, o Contra-Almirante Wilhelm Anton Souchon (1864-1946), da Marinha Imperial Alemã, chega ao Estreito de Dardanelos, na Turquia (então Império Otomano), a frente de um esquadrão naval composto pelo cruzador de batalha SMS Goeben e pelo cruzador ligeiro SMS Breslau, dando fim a um dos eventos mais singulares, dramáticos e menos conhecidos de toda a I Guerra Mundial, com repercussões nos campos político e militar que ajudaram a definir o resultado do grande conflito. Singrando vagarosamente as águas turcas, Souchon e sua exausta tripulação aguardam a autorização oficial de Constantinopla (atual Istambul) para fundear seus navios e descansar após uma “corrida de galgos” pelo Mediterrâneo contra a Royal Navy, que entrou para a história dos embates navais como um dos menos sangrentos e mais emocionantes, com falhas de comunicação entre os Aliados, fintas e despistamentos empreendidos pelos alemães, ardis políticos, declarações de guerra comunicadas tardiamente, dois navios alemães – com tripulantes alemães – doados aos turcos e uma Turquia desejosa de uma guerra que, imaginava, lhe devolveria a condição de potência, ao menos na região balcânica.
Essa condição o então Império Otomano havia perdido em consequência da I Guerra Balcânica (8 de outubro de 1912 a 30 de maio de 1913) quando seu território foi abocanhado pela Liga Balcânica formada por Bulgária, Grécia, Sérvia e Montenegro. Nem a II Guerra Balcânica (29 de junho a 10 de agosto de 1913) foi capaz de devolver aos turcos o território e o prestígio perdidos. Abalados, uma sombra do que foram, quando chegaram a ter sob o seu domínio toda faixa costeira do norte da África, Egito e Bálcãs, os turcos precisavam se rearticular para voltar a ter peso na política europeia, nem que para isso fosse necessário uma nova crise na região. E nos anos em que as guerras balcânicas ocorreram, a intensa movimentação nas principais capitais europeias dava mostras do conflito que se desenhava e que não atingiria somente as fronteiras turcas.
A 4 de novembro de 1912, enquanto a guerra rugia nos Bálcãs, saiam do porto de Kiel os dois mais novos navios da Marinha Imperial: o cruzador de batalha Goeben, comissionado em 2 de julho de 1912, e o cruzador leve Breslau, comissionado em 10 de maio do mesmo ano. Juntos, formavam a Mittelmeerdivision (Divisão do Mediterrâneo), a mais nova força naval criada pelo Kaiser a fim de projetar poder naquelas águas e apoiar seus aliados.
Sob o comando do Almirante Konrad Trummler (1864-1936), os navios chegaram a Malta em 15 de novembro, realizando um tour de demonstração pelas águas do Adriático, Tirreno, Egeu e outros mares, ancorando em vários portos amigos do Império Austro-Húngaro e da Turquia, docas de futuros inimigos – num total de mais de 80 paradas – além das colônias alemãs em Jaffa e Haifa, no que é hoje o Estado de Israel. Com isso, Berlim pretendia não só deixar claro aos britânicos que o Mediterrâneo não seria um lago da Rainha, como daria a Viena o necessário apoio diante de uma Rússia que avançava em direção aos Bálcãs.
A presença do esquadrão de Trummler não chegou a ser um fator de dissuasão, mas cumpriu seu papel de mostrar o pavilhão do Kaiser naquelas águas, algo que se mostraria de grande valor pouco menos de dois anos depois quando a Europa seria tragada pela guerra. A intrincada política de alianças estabelecida entre os Estados europeus fez com que cada país envolvido pelas mesmas tivesse de cumprir seu papel quando Gavrilo Princip (1894-1918), anarquista sérvio- bósnio, manobrado pela organização secreta sérvia Mão Negra, assassinou o Arquiduque Franz Ferdinand da Áustria, em Sarajevo, em 28 de junho de 1914.
Em resposta ao atentado, Viena emitiu um ultimato ao governo sérvio que, em todas as linhas, subscrevia uma declaração de guerra. Decorrido um mês desde o assassinato do príncipe austríaco, declarou guerra à Sérvia e invadiu seu território. As engrenagens da guerra começam a se movimentar e logo adquirem ritmo e volume próprios.
A notícia dos primeiros embates colhe a Mittelmeerdivision nos portos de Jaffa e Haifa agora sob as ordens do Almirante Wilhelm Souchon. O ânimo do oficial alemão foi retratado pelo Tenente- Comandante David J. Chessum, da Marinha Real da Nova Zelândia, em um artigo publicado em 2002 no site “The Great War Primary Documents Archive”, com um título um pouco exagerado: “Um ensaio sobre o Almirante Souchon, o homem que mudou o mundo”. Segundo ele, “ao ouvir a notícia do assassinato do arquiduque e sua consorte, Souchon compreendeu imediatamente a possibilidade de que aquilo pudesse envolver a Alemanha na guerra.
Portanto, fez arranjos urgentes para que os tubos de caldeiras de substituição e técnicos alemães qualificados fossem enviados para o Mediterrâneo a fim de promover reparos temporários nos barcos”. Afinal, havia dois anos que esses navios não voltavam aos seus portos originais.
O PODER DE FOGO DA MITTELMEERDIVISION
Apesar de novos, dois anos visitando países e promovendo a presença da Marinha Imperial no Mediterrâneo pesaram sobre as máquinas alemãs. O SMS Breslau, assim batizado em homenagem a cidade do mesmo nome (hoje Wrocław, na Polônia), era um dos quatro cruzadores leves da classe Magdeburg (os outros eram o SMS Strassburg e o SMS Stralsund).
Construído pela AG Vulcan (em Stettin, atual Szeczin, Polônia), foi lançado em 1911 e comissionado em 1912. Com 138,7 metros e deslocamento de 4.550 toneladas, era movido por motores a vapor alimentados por 1.200 toneladas de carvão abrigadas em 11 caldeiras, o que lhe permitia atingir a velocidade de 27,5 nós (50,9 km/h), permitindo um alcance de 5.820 milhas náuticas (10.780 km). Com uma tripulação de 18 oficiais e 336 marinheiros, o barco era armado com 12 canhões de 105 mm (1.800 disparos, 150 granadas por boca) e um par de tubos de torpedo de 50 mm com cinco disparos.
De construção inovadora, sua hidrodinâmica lhe permitia maximizar a potência das turbinas AEG-Vulcan tendo sido desenhado para suportar uma couraça baseada num cinturão blindado de aço-níquel de 60 mm que o circundava abaixo da linha d’água. Não bastasse isso, as estruturas das torres e o deck eram revestidos por placas blindadas de 100 e 60 mm respectivamente.
Mas a principal belonave da Mittelmeerdivision era o SMS Goeben. Segundo de dois cruzadores de batalha classe Moltke, construído pela Blohm & Voss, de Hamburgo, e lançado em 1911, homenageava o General August Karl von Goeben (1816-1880), veterano da Guerra Franco-Prussiana. Sucessor da classe SMS Von der Tann, o Goeben era maior, mais protegido em termos de blindagem e possuía duas vezes mais armas. Maior e mais robusto que o modelo britânico de sua classe – o HMS Indefatigable –, o Goeben atingia 186,6 metros (contra 179,8 metros do britânico), deslocando 25.400 toneladas. Suas quatro turbinas a vapor Parsons, nutridas pelas 24 caldeiras Schulz-Thornycroft, lhe permitiam cobrir 4.120 milhas náuticas (7.630 km), a 25,5 nós (47,2km/h).
Mas era seu armamento que o tornava um adversário temível. Das forjas da Krupp, tradicional fornecedora de material bélico aos alemães, saíram os dez canhões SK L/50 de 280 mm que constituíam seu armamento principal. O secundário era formado em torno dos 12 canhões SK L/45 de 150 mm, 12 dos mesmos SK L/45 de 88 mm e 4 tubos de torpedos de 50 mm. Quarenta e três oficiais e 1.010 marujos operavam o navio. Às vésperas da guerra, estava para ser substituído no esquadrão pelo SMS Moltke.
Assim que a notícia do assassinato do príncipe austríaco chega a Souchon, ele ordena ao Goeben que rume para Pola, na Croácia austro-húngara, a fim de providenciar os reparos nos tubos das caldeiras que haviam sido enviados previamente da Alemanha. Em 18 dias de um trabalho duro e extenuante, sob o sol abrasador de julho, a tripulação do navio efetua a troca de 4.000 tubos, garantindo que o Goeben continuasse a desenvolver sua velocidade. Por volta do dia 16 do mês seguinte, em plena Crise de Julho entre Viena e Belgrado, o Goeben se encontra com o Breslau no porto de Trieste, para reabastecer-se de carvão.
Roma está indecisa e inicia sua ação dilatória com vistas a não se comprometer num conflito cuja configuração, embora claramente desenhada, não deixa entrever quem dela poderia sair vitorioso. Sem conseguir carvão em Trieste, os navios rumam, no dia 1º de agosto, para Brindisi, no “salto” da bota italiana onde, desta vez sem procrastinar, Roma nega o fornecimento do produto. O périplo de Souchon prossegue até Messina onde mais uma vez os italianos se mostram reticentes, só sendo convencidos a fornecer o combustível depois de uma dura negociação, quase um ultimato, do veterano diplomata Bernhard Heinrich Karl Martin von Bülow (1849-1929), embaixador alemão em Roma.
AS “FORÇAS SUPERIORES“ DE CHURCHILL
Liderando 1.400 homens altamente treinados e motivados, Souchon já havia recebido instruções gerais de Berlim para atacar interesses coloniais franceses na Argélia e em seguida atravessar Gibraltar e se reunir a Esquadra de Alto-Mar da Marinha Imperial no Atlântico Norte, tão logo as hostilidades fossem abertas. Em que pese o fato de o Império Austro-Húngaro ter se mobilizado contra a Sérvia, o fato é que, àquela altura (1º de agosto), Berlim ainda não havia entrado oficialmente no conflito contra as potências ocidentais, estando em “estado de guerra” apenas contra Moscou.
Londres e Paris, contudo, sabiam que era uma questão de dias, se não horas, para que isso ocorresse. Do Almirantado britânico chega, no dia 30 de julho, a ordem ao Almirante Sir Archibald Berkeley Milne (1855-1938), comandante da Frota do Mediterrâneo, para que mantenha os barcos alemães na mais estreita vigilância. Com seu QG estabelecido em La Valleta, Malta, Milne dispõe de uma considerável esquadra composta por 3 modernos cruzadores de batalha (HMS Indefatigable, HMS Inflexible e HMS Indomitable), 4 cruzadores blindados (HMS Defence, HMS Black Prince, HMS Warrior e HMS Duke of Edinburgh), 4 leves (HMS Chatham, HMS Dublin, HMS Gloucester e HMS Weymouth) e 14 destróieres, num total de 25 navios.
Frota do Mediterrâneo da Royal Navy
Fonte: http://www.naval-encyclopedia.com/ww1/royal-navy-1914
A esquadra mediterrânea da Grã-Bretanha é, por si só, um adversário de respeito. Mas a ela se junta, ainda, a Frota do Mediterrâneo da Marinha Francesa erguida em torno de dreadnoughts (DE) e pré- dreadnoughts (PD).
Sob o comando do Vice-Almirante Augustin Manuel Hubert Gaston Boué de Lapeyrère (1852-1924), a frota alinhava uma força principal formada por quatro DE’s (Coubert, Jean-Bart, France e Paris) mais o cruzador Jurien de La Graviere; pelo 1° Esquadrão de Batalha, com a 1ª Divisão (PD’s Danton, Diderot e Vergniaud), e com a 2ª Divisão (PD’s Voltaire, Condorcet e Mirabeau), pelo 2º Esquadrão de Batalha, com a 1ª Divisão (PD’s Verité, Republique e Patrie) e com a 2ª Divisão (PD’s Justice e Democratie).
De Lapeyrère contava ainda com dois esquadrões de cruzadores com 7 navios, duas divisões auxiliares com outros 7 navios entre cruzadores e velhos dreadnoughts, 6 esquadrões de barcos torpedeiros com 35 barcos, dois de destróieres com 5 navios e duas flotilhas de submarinos com 15 naus. Na reserva, um velho caça-minas, um destróier e um cruzador. A desproporção descomunal de forças predizia uma vida muito difícil para os alemães, mas a preocupação dos Aliados não era de modo algum exagerada.
A sucessão de eventos que culminaram no aportamento do Goeben e do Breslau em Constantinopla – e que começaram com a vigilância dos britânicos, no dia 30 de julho, em torno dos alemães que tentavam se reabastecer de carvão nos portos italianos – continuaram no dia 2 de agosto quando o Contra-Almirante Sir Ernest Charles Thomas Troubridge (1862-1926), liderando o 1º Esquadrão de Cruzadores Blindados (Defence, Black Prince, Duke of Edinburgh e Warrior), cinco cruzadores e oito destróieres, chega ao Adriático.
O jogo de gato e rato entre os Aliados ocidentais e os alemães teve início. Quando Troubridge se posiciona na entrada do Adriático, recebe um comunicado do Almirante Milne, avisando-o de que Souchon fora avistado pelo cônsul britânico em Taranto, na margem oeste do “salto” da bota italiana.
Temendo que os navios alemães possam fugir para o Atlântico (antevendo as ordens originais de Berlim) e se reunir a Esquadra de Alto-Mar do Kaiser, o Almirantado ordena que o Indomitable e o Indefatigable sejam enviados a Gibraltar, a fim de cortar essa rota. Souchon, contudo, tem suas ordens gerais e cabe a ele detalhá-las. Depois do reabastecimento em Messina, decide dar cumprimento a elas e bombardear os portos franceses na Argélia.
Os britânicos também têm suas ordens. Emitidas no mesmo dia 30 de julho por Winston Churchill (1874-1965), então Primeiro Lorde do Almirantado, elas consistem em – além de manter vigilância sobre os barcos alemães – proteger os transportes que levariam as tropas do 19° Corpo de Exército Francês (General Charles Émile Moinier, 1855-1919), que sairiam da Argélia para a Europa. Churchill fez questão de enfatizar, ainda, que Milne não deveria dar combate aos alemães “caso esses se apresentassem com forças superiores, a não ser que conjugasse esforços com a Marinha Francesa”.
Churchill sabia das capacidades dos barcos alemães e não queria expor seus cruzadores de batalha sem o apoio dos couraçados franceses. Assim, ressaltou que “a velocidade dos seus esquadrões (de Milne) é suficiente para que você escolha o momento de dar combate, e […] aguardar reforços”.
Entretanto, um dos fatores que mais influenciaram no desenrolar dos acontecimentos se fez pela primeira vez presente: a falha, quando não falta absoluta, de comunicação entre franceses e ingleses impossibilita que coordenem suas ações tanto no que diz respeito à perseguição aos alemães quanto no cumprimento dos objetivos previamente traçados entre as marinhas. Paris havia adiado o envio de tropas para a Europa, mas o fato não chegou ao conhecimento dos britânicos que seguiam o plano original.
A TURQUIA PERMANECE NEUTRA
No dia 3 de agosto, com a guerra declarada entre Alemanha e França, o cruzador Chatham chega ao Estreito de Messina a fim de vigiar o Goeben e o Breslau. Não os encontra porque, no mesmo dia, Souchon partira para os portos franceses de Bona (atual Annaba) e Philipeville (atual Skikda), na Argélia. Ao longo do litoral africano, Souchon é surpreendido por uma comunicação de Berlim: ele deve virar suas belonaves e rumar para leste, na direção de Constantinopla, uma vez que Berlim havia celebrado uma aliança militar com a Turquia.
Prestes a abrir fogo, Souchon considera a possibilidade de abortar incontinenti a missão original, mas segundo as próprias palavras de Souchon “virar imediatamente estando à beira da ação ansiosamente aguardada pelos homens, era mais do que eu poderia fazer”. Sendo assim, e desobedecendo as ordens de Berlim, Souchon prossegue e, no dia 4, aproxima-se do porto de Philipeville com o Goeben ostentando a Cruz de Santo André, pavilhão da Marinha Imperial Russa. Quando atinge a posição de fogo, hasteia a bandeira alemã e devasta o cais e as instalações portuárias com suas peças de 150 mm. Mais a oeste, as bocas também de 150 mm do Breslau destroem o porto de Bonne. Seriam os primeiros e últimos disparos que o Goeben faria contra os Aliados ocidentais no Mediterrâneo.
Também no dia 3, cumprindo um acordo anglo-francês de pré-guerra que ditava que a França deveria concentrar toda a sua frota no Mediterrâneo e deixar à Royal Navy a segurança da costa atlântica francesa, de Lapeyrère destaca três esquadrões para proteger o novo embarque das tropas argelinas para a França, mas ainda padecendo de falhas na comunicação com os ingleses e supondo que a frota alemã se encontrava a oeste de Gibraltar, envia um grupamento de interceptação. A essa altura, Souchon, depois de maltratar os portos franceses, já virara sua proa para leste e às 9h30 do dia 4 passa as mesmas águas pelas quais singravam o Indefatigable e o Indomitable, que navegavam para Gibraltar a fim de impedir que os alemães escapassem para o Atlântico.
Passando a oito mil metros uns dos outros, a tensão podia ser sentida entre as tripulações. Não trocaram saudações e nem canhonaços visto que por àquelas horas, Theobald Theodor Friedrich Alfred von Bethmann- Hollweg (1856-1921), Ministro dos Negócios Estrangeiros do Kaiser, estava recebendo das mãos do embaixador britânico em Berlim, Sir William Edward Goschen (1847-1924) um ultimato exigindo que as tropas alemãs cessassem seu avanço pela cidade belga de Liége e retrocedessem às linhas originais. Caso isso não ocorresse até às 23h00 de Londres daquele dia 4, a Grã-Bretanha declararia guerra à Alemanha.
Ordens e contraordens começaram a se cruzar. Tão logo avista os barcos alemães, Milne relata o contato ao Almirantado, mas, inexplicavelmente, não informa que os cruzadores inimigos rumam para leste. Churchill, acreditando que Souchon ainda ameaçava os transportes franceses, autoriza Milne a engajar os alemães caso esses atacassem os comboios de tropas. No entanto, uma reunião do gabinete de guerra britânico decide que as hostilidades não podem ser abertas sem uma declaração formal de guerra. Por conta disso, às 14h00, Churchill é obrigado a cancelar a ordem que autoriza o ataque, endossando, entretanto, a diretiva que manda Milne continuar acompanhando a esquadra alemã que rapidamente se distancia.
O hercúleo trabalho de reequipamento da tripulação do Goeben, realizado em julho, mostra a que veio e a velocidade do navio se impôs graças também a toda tripulação livre disponível – oficiais inclusive – que desce às caldeiras para alimentá-las. Debaixo de um calor infernal e de um alarido ensurdecedor, os homens do Goeben fazem o navio chegar a Messina no dia 5 de agosto. Mais uma rodada de irritantes negociações é iniciada com Roma a fim de que as naus sejam reabastecidas de carvão e mais uma vez a relutância de Roma colabora para que o drama da frota alemã se estenda.
Sob extrema tensão física e mental, a tripulação dos barcos alemães se vê a braços com a imensa tarefa de encher os depósitos de carvão. Mas para isso é necessário, primeiro, obter o carvão, material que foi mais uma vez negado pelos italianos. Durante todos os dias 5 e 6 de agosto, a tripulação de Souchon requisita o carvão de navios alemães atracados, mas a noite do dia 6 chega com apenas 1.400 toneladas nos depósitos, insuficiente para atingir Constantinopla. E as más notícias não param de chegar. No dia 6, Souchon fica sabendo que Roma, tendo em vista sua neutralidade, não poderia permitir que ele continuasse em seus portos e que, por conta disso, tinha 24 horas para se retirar das águas italianas.
Como se não bastasse, Berlim informa que o Império Austro-Húngaro, em guerra aberta contra a Sérvia, não poderá prestar nenhum auxílio à esquadra alemã e que, embora a aliança militar tenha sido estabelecida com Constantinopla, a Turquia permanece neutra, o que impossibilita aos alemães refugiar-se em sua orla. Diante da alternativa de procurar refúgio em Pola, e provavelmente permanecer preso para o resto da guerra, pela segunda vez Souchon desobedece a uma ordem direta de Berlim e escolhe dirigir-se para Constantinopla de qualquer maneira, com o objetivo de, segundo o próprio, “forçar o Império Otomano, mesmo contra sua vontade, a entrar e espalhar a guerra no Mar Negro, lutando contra seu antigo inimigo, a Rússia”.
ALEMÃES NOS PORTOS TURCOS
Enquanto Souchon lida com todas essas variáveis, Milne chega ao estreito de Messina, no dia 5. Orientado a respeitar a neutralidade italiana, mantém seus cruzadores de batalha a oeste da posição alemã e envia o cruzador leve Dublin ao Adriático onde o esquadrão de Troubridge ainda se encontra.
Da mesma forma que Milne no começo da caçada, Troubridge recebe ordens para não combater seriamente contra “forças superiores”. Por sua vez, Milne, ainda acreditando que Souchon fosse atacar os transportes franceses, desloca o Inflexible e o Indefatigable para a saída norte do estreito, enquanto na saída sul posiciona o cruzador leve Gloucester.
Contando todas as armas, a força de Troubridge não só é superada como é vulnerável aos canhões do Goeben, razão pela qual o almirante inglês considera que sua única chance seria localizar e engajar o barco alemão com torpedos dos seus destróieres, tendo-o a leste da posição do seu esquadrão, e sob a luz favorável do amanhecer. O problema é que, além do barco alemão ser mais veloz, cinco dos destróieres não dispõem de carvão suficiente para uma perseguição em alta velocidade, o que significa que Souchon poderia ditar o alcance da batalha se avistasse a esquadra britânica antes de ser visto. Quando o Goeben e o Breslau surgem no Mediterrâneo oriental, são apenas monitorados pelo Gloucester.
No dia 7, por volta das 4h00, Troubridge percebe que não será capaz de interceptar os navios alemães antes da luz do dia e sinaliza a Milne suas intenções de parar a perseguição, consciente da ordem ambígua de Churchill para evitar envolver uma “força superior”. Novamente as comunicações truncadas exerceram seu papel e até às 10h00 Troubridge não recebe uma resposta. Diante da lentidão dos britânicos, Souchon se retira para Zakinthos (Mar Jônico), onde reabastece seus barcos, ainda perseguido pelo Gloucester.
Seu comandante, o Capitão Howard Kelly (mais tarde Almirante Sir William Archibald Howard Kelly, 1873-1952) tenta atrair o Goeben, atirando contra o Breslau que guarda a retaguarda do cruzador de batalha alemão, ao largo do Cabo Matapan, na Grécia, esperando que o navio principal venha em auxílio do irmão.
O cruzador leve alemão encaixa um petardo no costado do navio britânico sem grandes danos. Finalmente, Milne ordena ao Gloucester que cesse a perseguição, acreditando que Souchon está promovendo uma finta e que breve virará para oeste ainda com a intenção de atacar os comboios de tropas e se retirar para o Atlântico. Ao Capitão Kelly é muito claro, entretanto, que o Goeben está escapando.
Pouco depois da meia-noite de 8 de agosto, Milne leva seus três cruzadores de batalha e o cruzador leve Weymouth para leste, novamente tentando encontrar Souchon. Às 14h00, recebe uma mensagem do Almirantado afirmando que a Grã- Bretanha estava em guerra com a Áustria. Diante dessa informação incorreta, já que a declaração de guerra só ocorreria a 12 de agosto, Milne escolhe proteger o mar Adriático em vez de procurar o Goeben, antevendo ações da Marinha Austro-Húngara. Quando recebe a informação correta, no dia 9, Milne volta à caça ao navio alemão que já havia deixado o Cabo Matapan para trás.
Tanto Milne como, surpreendentemente, Londres, não concebem a ideia de que Souchon ruma para os Dardanelos. Imaginam que como o almirante alemão havia se recusado a internar seus navios em um porto amigo como Pola, não tinha o menor sentido fazer o mesmo na Turquia. Pensando nisso, Milne resolve guardar a saída do Egeu, esperando que a esquadra alemã volte sobre os “próprios passos” a caminho de Gibraltar. Souchon, contudo, havia feito um recompletamento de carvão na ilha Donouza, no arquipélago das Egéias, Grécia, e retomara a viagem a Constantinopla.
Às 17h00 do dia 10 de agosto, Souchon chega aos Dardanelos. Cansado, mas obstinado, ele está disposto a violar a soberania turca e internar temporariamente seus navios nos portos otomanos, confiando que seu governo chegará a um acordo. Por hora, ele próprio tenta negociar para penetrar as águas turcas. Ocorre que a Turquia ainda é um país neutro e se Souchon forçasse a entrada nos portos otomanos, poderia passar pela mesma experiência de Messina.
Seguindo as instruções de Berlim, Souchon avisa aos turcos que seu governo considera a hipótese de vender os barcos alemães por um valor simbólico à Turquia, uma oferta tentadora já que como os navios foram construídos a preços vultosos (o Breslau a 7.961.000 marcos e Goeben a 41.564.000 marcos, valores de 1912), suas incorporações compensariam o prejuízo que a Turquia absorvera ao ter comprado e não levado os couraçados Sultão Osman I e Reşadiye.
Originalmente encomendado pelo Brasil, o Sultão Osman I foi adquirido pelos turcos depois que o Rio de Janeiro ficou sem verba com o navio quase concluído. Já o Reşadiye atendia a requisitos da própria Marinha Turca.
Ambos custaram 6 milhões de libras esterlinas, levantadas a partir de impostos sobre o cigarro e o pão e não foram entregues por um Churchill que, já prevendo o conflito, requisitou os barcos que passaram a Royal Navy, respectivamente como HMS Agincourt (30.250 toneladas, 14 canhões de 305mm como armamento principal) e HMS Erin (25.250 toneladas, 10 peças de 345mm mais artilharia secundária).
SOB A BANDEIRA DO CRESCENTE
Enquanto a proposta de Souchon é analisada pelo governo otomano, o arquiteto do acordo militar turco-alemão, Ismail Enver Pasha (1881-1922), Ministro da Guerra e admirador da Alemanha, toma uma atitude unilateral e sem comunicar ao gabinete envia um torpedeiro aos navios que lhes sinaliza um “siga-me”.
Pasha era membro do grupo conhecido como “Three Pashas” – o triunvirato formado por ele, Mehmed Talaat Pasha (1874-1921), Grão-Vizir (Primeiro- Ministro) e Ministro do Interior, e Ahmed Djemal Pasha (1872-1922), Ministro da Marinha – que governava a Turquia durante a I Guerra.
Usando seu prestígio pessoal ele autoriza a entrada dos alemães e, com isso, incorpora os cruzadores à frágil Marinha Turca no dia 16 de agosto, quando o Goeben passa a se chamar Yavuz Sultam Selim, e o Breslau, Midilli.
Junto com os navios, toda a guarnição alemã passa a ser “turca” ostentando, inclusive, o tradicional fez dos militares. No dia 9 de setembro, Souchon é nomeado Comandante-em-Chefe da Marinha Turca, abrindo um novo capítulo na história da guerra, dos barcos alemães e de toda a armada otomana até então equipada e treinada pela Royal Navy.
Com a nomeação de Souchon, a rota de colisão com a Rússia está criada, pois o almirante alemão não titubearia em reestruturar as forças navais turcas e colocá-las em combate contra os russos, negando a esses liberdade de ação no Mar Negro.
Londres tentou manter Constantinopla fora da guerra ao oferecer ao governo turco mil libras esterlinas por dia, enquanto durasse a guerra (de 28 de julho de 1914 a 11 de novembro de 1918, foram 1567 dias corridos). A oferta não convence os turcos e os navios alemães passam a constituir o núcleo da marinha, que conta ainda com dois velhos couraçados de 1891 – o Turgut Reis (ex- SMS Weissenburg) e o Barbaros Hayreddin (ex-SMS Kurfürst Friedrich Wilhelm) – e o ainda mais velho Mesudiye (ex-HMS Superb), um ironclad de 1874.
A força ainda contava com dois cruzadores ligeiros, o Hamidiye, construído em Newcastle, Grã-Bretanha sob encomenda otomana e comissionado em 1904, e Mecidiye, construído na Filadélfia, EUA, também sob contrato turco e comissionado em 1903. Oito destróieres (dois fora de serviço), e 8 torpedeiros (um fora de serviço), construídos na Alemanha e na França, e um grupo de minagem complementavam a esquadra.
Mas uma marinha não se faz apenas com navios e o estado em que Souchon encontrou a força que agora comandaria era lastimável. Se o material flutuante era sofrível, as instalações de defesa, a equipagem e o nível de aprestamento da força eram indigentes. Nem parecia que a Marinha Otomana havia sido treinada pela Royal Navy.
Mas havia e talvez aí residissem os motivos pelos quais a esquadra turca estava em tão péssimo estado. Depois da Guerra Turco-Grega de 1897 (que resultou na vitória militar de Constantinopla, mas também numa vitória política de Atenas), o comandante da Marinha Otomana, Hasan Rami Pasha (1842-1923) pressionou para que o governo aumentasse os gastos com a frota, resultando na compra dos cruzadores Hamidiye e Mecidiye.
Mas foi somente com a ascensão do sultão Mehmet Reşad (1844-1918), em 1909, que se tornou evidente a necessidade de o Império possuir uma marinha que rivalizasse com da a da Grécia. O problema era que o Império não tinha nenhum perito naval.
Foi nesse cenário que o Almirante Sir Douglas Austin Gamble (1856-1934), chegou à Turquia, em 1909, como chefe da primeira missão naval britânica. Gamble reduziu o número de oficiais, enviou outros para treinamento na Grã-Bretanha, realizou exercícios navais, mas se indispôs com os ministros otomanos sobre organização e principalmene finanças. Renunciou em janeiro de 1910, dando lugar ao Almirante Hugh Pigot Williams (1858-1934).
Entretanto, preocupado com o fato de todo o trabalho de modernização e ampliação da frota estar em mãos estangeiras, o Ministério da Marinha nomeou o Capitão Mehmet Arif Bey (1882-1926) para a supervisão dos trabalhos. Em protesto, o Almirante Williams renunciou em 1911. A próxima vez que Williams viu a Turquia foi a bordo do HMS Irresistible que forçou os Dardanelos em 18 de março de 1915.
Somente em junho de 1912 é que chegou a Istambul o Almirante Arthur Henry Limpus (1863-1931). O oficial europeu chegou num momento em que o governo turco, preocupado com a modernização da Marinha Grega, que havia adquirido dos estaleiros italianos de Livorno, o cruzador blindado classe Pisa de 10 mil toneladas HHMS Georgios Averof, lançou um programa de 10 anos para reequipar sua força, destinando um orçamento de 5 milhões de liras turcas.
Entretanto, sem dinheiro, restou ao governo a compra dos barcos alemães (que viriam a ser o Turgut Reis e Barbaros Hayreddin) por 1,07 milhão de liras cada. Pouco depois se juntaram a frota quatro novos destroyers – Yadigar-i Millet, Muavenet-i Milliye, Numune-i Hamiyet e Gayret-i Vataniye – encomendados aos estaleiros alemães a um custo total de 480 mil liras. Mas o grande acontecimento para a Marinha Turca se daria dois anos depois quando seriam entregues o Sultão Osman I e o Reşadiye.
Entretanto, na manhã de 1º de agosto de 1914, funcionários do estaleiro Armstrong se reuniram com os oficiais militares locais e na tarde do mesmo dia, as docas foram tomadas por tropas britânicas.
A tripulação turca, já desdobrada no Sultão Osman I foi, humilhantemente e de forma bastante desrespeitosa, obrigada a abandonar a embarcação que seu governo já havia saldado. No dia 3, Churchill declarou que o governo britânico tinha embargado os dois navios de guerra e no dia seguinte os incorporou à Royal Navy.
COMBATES NO MAR NEGRO
Mas o sequestro dos navios foi o epílogo de uma conduta no mínimo questionável dos britânicos em relação aos turcos no que diz respeito à assessoria que seus oficiais deveriam prestar a fim de tornar a Marinha Turca uma força relevante. Quando os alemães conheceram o estado em que se encontrava a esquadra, ficaram boquiabertos. Seu despreparo era gritante, seus canhões navais, os que funcionavam, usavam apenas cargas de exercício e estavam, quase todos, sem condições de uso, com as culatras enferrujadas que só abriam à força de marteladas.
As baterias terrestres se encontravam nas mesmas condições e ainda utilizavam pólvora negra que, além de fazer muita fumaça, deixava enorme quantidade de sujeira nos canos, que sem manutenção adequada não passavam de peças de decoração. Os barcos torpedeiros operavam torpedos sem cargas explosivas e mais tarde foi constatado que os ingleses, deliberadamente, modificavam os seus mecanismos de disparo, tornando sua operação um risco para os barcos.
Isso ficou demonstrado num exercício quando um torpedeiro disparou a arma que partiu à velocidade normal de 40km/h para, pouco mais adiante, desviar-se bruscamente retornando em direção ao torpedeiro disparador, que conseguiu milagrosamente desviar a tempo. Tantos erros e omissões não poderiam ser simples acaso e realmente não faziam parte do profissionalismo britânico. De fato, o que a missão inglesa fez foi sabotar, decididamente, os esforços dos turcos de erguer uma marinha de combate.
Era esse o estado em que encontrava a frota turca ao tempo em que Souchon tomou-a sob seu comando. E tão logo a assumiu, as desavenças com o comando turco, que tanto minaram as relações com os oficiais ingleses, tiveram início.
Em suas memórias, Rauf Bey (1881-1964), que fora capitão do Hamidiye na Primeira Guerra Balcânica e chegara a Chefe do Estado-Maior Naval, revela que Souchon era um tanto irascível com os oficiais turcos, não os respeitava como iguais e chegava mesmo a destrata-los.
A tensão era constante. Quando Djemal Pasha, Ministro da Marinha, estava na Palestina com o 4º Exército Turco, Bey se queixou de que Souchon aproveitou sua ausência e virtualmente tomou toda a direção da Marinha Turca para si. Nas palavras do próprio Bey, “este almirante não reconhece nossa autoridade e nem se reporta a Enver Pasha, insistindo que cabe somente a ele e ao Quartel-General alemão a responsabilidade pela administração e condução das operações”.
Sob esse clima, e a poucas semanas de entrar oficialmente em guerra com a Rússia (o que ocorreria no dia 2 de novembro, seguido três dias depois pela declaração de guerra à França e à Grã-Bretanha), a ordem de batalha da frota turca era a seguinte:
Tão logo ficou evidente aos Aliados que os dois navios alemães serviriam sob a bandeira turca, Londres, Paris e Moscou deixaram claro que não reconheciam a compra dos barcos por Constantinopla e que assim que as embarcações saíssem do Bósforo ou mesmo dos Dardanelos, atacariam com tudo o que tinham independente de a Turquia estar ou não neutra. Londres estava engasgada com a fuga espetacular das belonaves e queria de qualquer modo recuperar um pouco do prestígio perdido.
Por seu turno, o Goeben e o Breslau, liderando todas as ações principais – e várias secundárias – permaneceram nos próximos quatro anos com a mão no pescoço russo, fazendo Moscou manter importantes navios em sua Frota do Mar Negro que poderiam ter sido deslocados para outras frentes, como a do Báltico onde enfrentariam os alemães.
Com efeito, a dupla de navios bombardeou instalações portuárias, campos de petróleo e cidades, escoltou tropas terrestres, forneceu apoio de fogo ao Exército, afundou várias embarcações inimigas, cortou cabos submarinos de comunicação, surpreendeu e frustrou comandos russos que tentavam explodir instalações turcas, auxiliou os turcos na defesa dos Dardanelos contra ingleses e franceses e até ajudou a localizar instalações de rádio inimigas, cujos espiões monitoravam as movimentações de navios nos portos turcos.
Era uma questão pouco tempo para que as forças russas e turcas se enfrentassem. Com a manobra da aquisição dos barcos alemães, a frota turca se robustece e obriga os russos a deslocarem algumas unidades de outras esquadras para fazer frente aos dois modernos cruzadores alemães.
Antes mesmo da declaração oficial de guerra, a esquadra russa roçava a orla do litoral otomano, numa flagrante violação da soberania de Constantinopla. É durante uma patrulha em 27 de outubro de 1914 que um torpedeiro turco flagra um lança-minas russo em frente ao Bósforo prestes a semear seus engenhos. O momento pelo qual Souchon esperava chegou. Ele finalmente enfrentaria a Marinha Russa e sabia que não seria um passeio. Ainda que não fosse a principal frota da Marinha Imperial Russa, a esquadra do Mar Negro era muito superior à Marinha Turca, sobretudo em poder de fogo.
Sob comando do Vice-Almirante Aleksandr Vasílievich Kolchak (1874-1920), a frota russa alinhava 2 cruzadores ligeiros, 8 couraçados, 29 destróieres, 12 destróieres-torpedeiros e 16 submarinos, mais uma flotilha de lança-minas e dragas. Além disso, nos arsenais de Nikolaievsky estavam em construção três supercouraçados, o primeiro com previsão de ir à água em 1915.
Continua na Parte II
*José Antonio Mariano é jornalista, psicanalista, pesquisador e historiador militar amador.
Parabéns , pela narrativa e pelas pesquisas históricas , que nos mostram fatos desconhecidos da Grande Guerra , abraços .
Muito obrigado Roberto, vou transmitir ao Mariano, o autor!
Roberto…
Fico muito feliz por ter lhe agradado o artigo. A I Guerra é um dos meus objetos de interesse sobretudo pelo que tem de “psicologicamente traumática” para as gerações que mal se “curaram” das feridas por ela produzidas e já embarcaram numa guerra mais violenta ainda! Abraço grande e continue prestigiando “Velho General”. Tem muita coisa boa vindo por aí!