Os protestos na Califórnia analisados como guerra psicológica e engenharia de crises de segurança pública; financiados estrategicamente, buscam desestabilizar o governo e manipular a opinião pública através da violência orquestrada.
Os protestos que irromperam em Los Angeles a partir de 6 de junho, contra as políticas de deportação do governo Donald Trump, transcendem a mera expressão de descontentamento popular. Uma análise sob a ótica dos princípios das Operações Psicológicas (Op Psc) revela uma complexa e calculada manobra de guerra psicológica, cujo objetivo central é não apenas moldar a opinião pública e influenciar a política, mas também provocar artificialmente uma crise na segurança pública através da violência, instrumentalizando o caos para alcançar fins estratégicos.
As Op Psc são ações planejadas para influenciar opiniões, sentimentos e condutas. Elas aplicam os princípios da guerra ao domínio da mente humana. O que se desenrola na Califórnia, com as revelações sobre financiamento e ligações ideológicas dos movimentos, é um exemplo contundente de como a desestabilização interna pode ser um objetivo estratégico da guerra híbrida. A violência nos protestos, nesse contexto, não é um efeito colateral, mas um método. Observando-se os relatórios do Heritage Foundation e do Network Contagion Research Institute (NCRI) publicados pelo The New York Times, pode-se identificar a aplicação dos princípios das operações psicológicas.
Vamos examinar como os princípios das Op Psc se manifestam nessa onda de eventos, focando na intenção de gerar uma crise de segurança pública:
• Princípio de Objetivo: Toda operação de guerra informacional visa um propósito claro. Nesses protestos, o objetivo primário transcende a reversão das deportações. Ele se expande para destruir a “vontade de resistência” do governo às políticas atuais e, crucialmente, criar um ambiente de instabilidade e desordem que possa ser explorado para deslegitimar a autoridade e forçar concessões. A provocação de confrontos e o fomento à desobediência civil que escalam para a violência são táticas que visam a sobrecarregar o aparato de segurança e gerar uma crise percebida.
• Princípio de Ofensiva: As ações dos movimentos possuem um caráter nitidamente ofensivo, buscando as vulnerabilidades tanto do governo quanto do sistema de segurança. A organização de protestos maciços que podem facilmente se tornar violentos, a “vigilância” ativa que desafia diretamente a atuação de agentes da lei, e a disseminação de narrativas polarizadoras, constituem uma ofensiva psicológica e operacional. Ao levar “nossos meios ao seu próprio terreno” – a manutenção da ordem e o controle territorial –, impõe-se uma pressão contínua que busca exaurir e desacreditar as forças de segurança, gerando atritos e confrontos como parte da estratégia para a crise.
• Princípio de Massa: Há uma notável concentração de meios (recursos financeiros, humanos e organizacionais) para maximizar o impacto e a percepção de força. Dentro dos Estados Unidos, identifica-se o financiamento das ações por parte do governo do estado da Califórnia e da Fundação Ford. O financiamento externo tem sido recebido através de entidades ligadas ao Partido Comunista Chinês como a Coalition for Humane Immigrant Rights of Los Angeles (CHIRLA), Unión del Barrio, Community Self-Defense Coalition (CSO) e Party for Socialism and Liberation (PSL). Essa “massa” de recursos e ativistas é usada não apenas para mobilizar, mas para garantir a escala dos protestos que podem degenerar para a violência, tornando-os um desafio considerável para a segurança pública e amplificando o caos.
• Princípio de Economia de Forças: Apesar da concentração de recursos, a sua dosagem e adequação são evidentes. O PSL é um partido político e movimento que tem se destacado por suas conexões e financiamento substancial de Neville Roy Singham, bilionário socialista com laços apontados ao Partido Comunista Chinês (PCC). Após a venda de sua empresa em 2017, Singham teria injetado milhões de dólares em causas ligadas ao PSL, ao People’s Forum e outros canais ideológicos associados a ele. O PSL é descrito como parte de um “ecossistema revolucionário” com alinhamento a narrativas pró-China, conforme relatórios da imprensa internacional e investigações da Heritage Foundation e do Network Contagion Research Institute (NCRI). Os fundos milionários, como os injetados por Singham no PSL e em outras organizações pró-China, são direcionados a movimentos-chave que podem gerar o máximo de impacto político e, mais importante, de instabilidade social com um mínimo de desperdício. A escolha de táticas que, embora aparentemente “civis”, têm o potencial de evoluir para o confronto e a desordem, é otimizada para sobrecarregar as forças de segurança e criar a percepção de uma crise incontrolável.
• Princípio de Manobra: A flexibilidade e a oportunidade são cruciais. A capacidade desses movimentos de se adaptar e capitalizar a “oportunidade da comoção popular” diante das deportações, transformando-a em terreno fértil para a desordem, reflete este princípio. A articulação entre diferentes grupos, alguns mais antigos e estabelecidos CHIRLA, outros com agendas mais radicais (Unión del Barrio), permite uma manobra tática fluida que pode escalar a violência. O Immigration and Customs Enforcement (ICE) é uma agência federal de aplicação da lei do governo dos Estados Unidos, responsável pela segurança das fronteiras, controle da imigração dentro do país, detenção e deportação de imigrantes indocumentados; essa agência tem sido alvo do emprego sistemático de violência como uma tática adaptativa que visa a provocar confrontos e a esgotar as forças de segurança, criando focos de tensão e instabilidade generalizada.
LIVRO RECOMENDADO:
A Arquitetura do Caos: Guerra Híbrida, Operações Psicológicas e Manipulação Digital
• Lucio Massafferri Salles (Autor)
• Capa comum
• Edição Português
• Princípio de Segurança: Este é um dos princípios mais críticos em campo. Considerando que as operações psicológicas não devem dar a conhecer seus verdadeiros fins, a complexa rede de financiamento e as conexões ideológicas com entidades estrangeiras (como o Partido Comunista Chinês, via Singham) são frequentemente ocultadas ou minimizadas. A narrativa de “defesa dos imigrantes” e “justiça social” é a face pública, enquanto as motivações mais profundas – incluindo a desestabilização da segurança pública como tática – são mantidas em segundo plano. A segurança aqui também significa que a provocação da crise de segurança não deve ser percebida como intencional pelo grande público, para que a culpa recaia sobre o governo ou as forças de segurança.
• Princípio de Surpresa: Embora a questão da deportação seja conhecida, a intensidade, a escala e, crucialmente, a transição da manifestação para a violência intencional gerou um elemento de surpresa nas autoridades e na população. A articulação de um “ecossistema revolucionário” com apoio externo, que escala a confrontação, pode ter colocado o público e as autoridades em uma situação de incerteza e inibição de respostas eficazes, concedendo vantagem aos que orquestram a operação, especialmente ao forçar reações policiais que podem ser usadas para escalar a tensão e justificar mais caos.
• Princípio de Unidade de Comando: A existência de “cinco grandes fontes” de financiamento e a coordenação entre “mais de 50 organizações comunitárias” na Community Self-Defense Coalition sugerem existência de uma unidade de propósito e de comando, mesmo que descentralizado, na execução. Essa estrutura permite uma coordenação e harmonia que visam a um objetivo comum: a promoção da agenda antideportação e uma narrativa subjacente que pode servir a interesses mais amplos. Essa unidade é vital para orquestrar uma crise de segurança, permitindo que ações violentas sejam coordenadas para sobrecarregar o sistema.
• Princípio de Simplicidade: A mensagem para o público-alvo é mantida simples e com ideias-força emocionalmente potentes: “direitos dos imigrantes”, “contra a injustiça das deportações”. Essa simplicidade minimiza confusões entre os apoiadores e o público em geral, facilitando a adesão e a execução das ações, incluindo aquelas que contribuem para a instabilidade da segurança pública. A simplicidade serve para ocultar a complexidade e os objetivos mais profundos de desestabilização, focando no ideal para justificar o caos.
Conclusão: Emprego de Guerra Psicológica para a Engenharia de Crises de Segurança Pública
Diante da aplicação coerente e interligada desses princípios das Operações Psicológicas – desde a definição de objetivos políticos e de desestabilização da segurança, até a coordenação e a dissimulação dos verdadeiros interesses por trás da violência –, os protestos em Los Angeles, com suas reveladas conexões financeiras e ideológicas, podem ser claramente caracterizados como um emprego de guerra psicológica com o propósito de orquestrar crises na segurança pública.
Não se trata simplesmente de manifestações democráticas espontâneas; é uma campanha induzida de forma sofisticada, com financiamento estratégico e agendas ocultas, que busca manipular a opinião pública e, por meio da provocação da violência e da sobrecarga das instituições de segurança, atingir objetivos políticos e, potencialmente, geopolíticos. A “guerra sem fumaça” apontada pelo The New York Times, que dissemina conteúdo pró-China por meio de organizações de esquerda e que ganha “caráter violento diferente diante da oportunidade de comoção popular”, é a essência dessa tática de desestabilização. A verdadeira batalha se trava na percepção e na mente dos cidadãos, e a capacidade de uma sociedade em identificar e reagir a essas operações é crucial para a sua própria segurança e estabilidade.
Agora eu deixo a você a pergunta: Será que eventos violentos similares, que levam a crises na segurança pública nas democracias da América Latina e da Europa, possuem a mesma dinâmica de emprego de financiamento, execução e utilização de princípios das Operações Psicológicas?
Publicado na CNN Portugal.
Sou admirador do Coronel Montenegro, suas análises e comentários constroem um diferencial qualitativo frente a confusão opinativa que invade a rede. Parabéns ao Velho General por abrir espaço a ele pois, parece-me, que o Coronel foi afastado de outro canal.