A linguagem como ferramenta geopolítica: a Esfinge moderna

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Imagem gerada por inteligência artificial.

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A comunicação é um elemento fundamental da vida humana, e a linguagem é a ferramenta que nos permite interagir com o mundo; a inteligência artificial trará impactos para a comunicação e organização social, com repercussões geopolíticas.


Introdução

A comunicação é um elemento fundamental da vida humana, e a linguagem é a ferramenta que nos permite interagir com o mundo ao nosso redor. Através da linguagem, expressamos nossos pensamentos, sentimentos e ideias, e construímos relações com outras pessoas. Este artigo explora a evolução da linguagem desde a imitação animal até a inteligência artificial, examinando suas implicações na sociedade. Aborda a natureza da linguagem, suas origens e funções, e como a tecnologia molda sua forma e uso. O texto também discute as consequências da inteligência artificial para o futuro da comunicação e da organização social. Também mostra suas repercussões geopolíticas.

A imitação como forma de comunicação

A compreensão da linguagem, como forma primordial de comunicação entre os seres vivos, tem experimentado um crescimento exponencial e assombroso ao longo do tempo. No entanto, mesmo com todos os avanços científicos e tecnológicos, a linguagem permanece um mistério fascinante e complexo, com muitos aspectos ainda por serem totalmente elucidados. Um exemplo interessante dessa complexidade pode ser observado no comportamento de alguns pássaros, como o Papagaio-Verdadeiro (Amazona aestiva) e o Sabiá-Laranjeira (Turdus rufiventris), que têm a habilidade de imitar a vocalização de outros pássaros. Essa imitação, contudo, não é um mero exercício de repetição, mas sim um comportamento que possui motivos e funções específicas, ainda pouco compreendidas.

A imitação, em qualquer tipo de contexto, sempre foi objeto de controvérsia e debate entre os estudiosos. Em alguns casos, a imitação pode ser vista como uma forma de aprendizagem e socialização, enquanto em outros, pode ser interpretada como uma manifestação de agressividade ou dominação. Um exemplo disso é a intimidação sistemática (bullying), caracterizada pela reprodução da fala do outro, ipsis litteris ou caricaturando os modos de expressão, também conhecida como arremedo. Esse tipo de imitação pode causar danos psicológicos graves à vítima, afetando sua autoestima, autoconfiança e bem-estar emocional.

Desde a antiguidade, os filósofos gregos já se preocupavam em entender a natureza da imitação e suas implicações éticas e estéticas. Platão, por exemplo, tinha uma visão negativa da mimésis, que considerava uma cópia imperfeita da realidade, enquanto Aristóteles via a imitação como uma forma de aprendizagem e conhecimento, capaz de despertar emoções e sensações no espectador. Essas visões, embora diferentes, têm em comum a preocupação com a relação entre a imitação e a realidade, e a importância da imitação como uma forma de expressão artística e cultural.

A crescente compreensão da linguagem, apesar de seus mistérios persistentes, desempenha um papel crucial na geopolítica, uma vez que sua influência se estende à comunicação, ao poder e à influência entre as nações, onde a capacidade de articular e interpretar mensagens precisamente pode moldar o curso das relações internacionais. Além disso, é fundamental reconhecer a imitação e o mimetismo como fenômenos presentes tanto na natureza quanto na sociedade, os quais podem ser habilmente empregados como ferramentas geopolíticas, servindo a propósitos diversos que vão desde a intimidação e a assimilação cultural, até a disseminação de propaganda, alterando assim as dinâmicas de poder e os padrões de interação global.

A linguagem como expressão do mundo

A compreensão da linguagem humana é um fenômeno complexo que se desenvolve a partir das relações interpessoais e do modo como os indivíduos experimentam e percebem o mundo em torno de si. Tal compreensão não se restringe apenas à mera decodificação de símbolos linguísticos, mas também envolve a captura de nuances sutis que refletem o modo de sentir e viver o mundo consigo mesmo e com os outros. Dessa forma, a linguagem se torna um instrumento fundamental para a expressão do pensamento comum sobre o mundo, em um processo educativo que se estende ao longo da vida.

É importante ressaltar que a linguagem não se limita à mera comunicação de ideias, mas também serve como meio de construção e negociação do significado das coisas. A linguagem é otimizada para a comunicação em que o contexto é comum àqueles que se comunicam, ou seja, ela se adapta às circunstâncias sociais, culturais e históricas em que se insere. Nessa perspectiva, a linguagem é um sistema dinâmico e flexível que permite aos indivíduos se comunicarem de forma eficaz e criativa, mesmo quando as palavras não são suficientes para expressar o que se deseja transmitir.

Nesse sentido, a expressão popular “para o bom entendedor, meia palavra basta” ganha um novo significado quando se trata da linguagem humana. O contexto que envolve a comunicação completa o sentido do som que se emite, ou seja, as palavras não são isoladas, mas estão inseridas em um contexto maior que as dota de significado. Assim, a compreensão da linguagem depende não apenas da decodificação das palavras, mas também da interpretação do contexto em que elas se inserem.

A linguagem, servindo como uma expressão cultural, codifica o modo único de sentir e viver de um povo, tornando-se não apenas um marcador cultural significativo, mas também um poderoso instrumento de identidade nacional. É através desta que as pessoas podem se conectar, compartilhar ideias e preservar suas tradições, o que enfatiza a importância da linguagem na manutenção da coesão social. Além disso, a otimização da linguagem para a comunicação em contextos específicos é igualmente essencial, pois permite uma compreensão mais profunda e uma interação mais eficaz entre indivíduos de diferentes origens culturais, promovendo assim a compreensão intercultural e a harmonia global.

A escrita e a fragmentação da linguagem

A linguagem, enquanto fenômeno complexo e multidimensional, constitui-se como um todo integrado, uma expressão abrangente do mundo que habitamos e uma construção coletiva elaborada ao longo do tempo. Tal perspectiva é corroborada pelo ditado popular “Uma andorinha só não faz verão”, que enfatiza a importância dos comportamentos coletivos na criação e manutenção de sistemas linguísticos. Nesse sentido, é possível afirmar que as mudanças de contexto, sejam elas sociais, culturais ou tecnológicas, têm o potencial de modificar não apenas os comportamentos humanos, mas também as próprias estruturas e dinâmicas da linguagem.

Um exemplo paradigmático dessa transformação é a invenção da escrita, a qual trouxe uma mudança revolucionária na linguagem humana. Ao experimentar simular a presença do interlocutor por meio de palavras grafadas, a escrita criou uma distância física e temporal entre os interlocutores, possibilitando a transmissão de mensagens além dos limites espaço-temporal impostos pela oralidade. Tal distanciamento, por sua vez, teve profundas implicações na organização social, tanto no que se refere às relações interpessoais quanto às estruturas de poder e conhecimento.

Em primeiro lugar, a escrita provocou um deslocamento da tradição oral como principal meio de transmissão de saberes e valores culturais. Com a fixação das palavras em suportes materiais, a importância da memória individual e coletiva foi gradualmente suplantada pela autoridade do texto escrito. Nesse novo cenário, as garantias de acordos e compromissos passaram a ser estabelecidas por meio de documentos e contratos, tornando-se mais sofisticadas e burocráticas.

Em segundo lugar, a escrita modificou substancialmente os processos de aprendizagem e ensino. Se antes a aprendizagem do ofício se dava principalmente pela convivência direta com o mestre, a partir da disseminação da escrita, os aprendizes passaram a ter acesso aos conhecimentos por meio da leitura de livros e manuais. Essa transformação deu origem a uma nova categoria social: a dos letrados, especialistas na codificação e decodificação de textos escritos, os quais se dedicavam ao estudo e à produção de conhecimento em diversas áreas do saber.

A evolução da linguagem, um processo em constante transformação moldado por mudanças sociais, tecnológicas e históricas, teve um de seus marcos mais significativos com a invenção da escrita, que não só revolucionou a linguagem em si, como também teve um profundo impacto na geopolítica global, possibilitando não apenas a preservação do conhecimento, mas também a comunicação à distância, interligando assim diferentes regiões e culturas, e criando um novo cenário de interações e trocas de informações que, por sua vez, influenciaram na configuração de novas estruturas de poder e relações internacionais.

O telefone e a simulação da conversa

O advento dos primeiros telefones trouxe consigo uma experiência inédita e peculiar para a comunicação humana, ao permitir que as pessoas se engajassem em conversas com indivíduos ausentes de seu campo visual imediato. Essa nova forma de interação desafiou as normas estabelecidas da comunicação interpessoal, uma vez que os participantes da conversa já não estavam mais fisicamente presentes um para o outro. Inicialmente, os usuários mantinham os gestos e expressões faciais característicos de uma conversa cara a cara, revelando a persistência de hábitos enraizados na nossa natureza social. No entanto, o telefone, como um dispositivo de comunicação mediada, introduziu uma fragmentação e simulação da conversa direta entre os interlocutores, dando início a uma nova era nas dinâmicas da interação humana.

À medida em que a tecnologia evoluiu, a conversa por vídeo emergiu como uma extensão natural do telefone, buscando aproximar ainda mais a experiência da comunicação mediada àquela da comunicação presencial. Através da transmissão de áudio e vídeo em tempo real, as pessoas passaram a ter a oportunidade de se ver e ouvir mutuamente, mesmo estando distantes geograficamente. Essa inovação representou um avanço significativo na busca por uma comunicação mais rica e envolvente, contribuindo para a diminuição das barreiras impostas pela distância física. Entretanto, é importante considerar que cada forma de interação traz consigo ganhos e perdas, e a conversa por vídeo não é exceção.


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Por um lado, a conversa por vídeo permite uma comunicação mais completa, na qual os interlocutores podem acessar informações visuais e auditivas que auxiliam na compreensão do conteúdo e na avaliação do contexto emocional da conversa. Além disso, a possibilidade de se ver e ser visto pode contribuir para a construção de um sentimento de proximidade e conexão entre as pessoas, mesmo que estas estejam separadas por longas distâncias. Por outro lado, a conversa por vídeo também impõe limitações à comunicação, uma vez que certos aspectos da interação presencial não podem ser plenamente replicados nesse formato. Por exemplo, o compartilhamento de experiências sensoriais, como o cheiro e o sabor de uma refeição, permanecem fora do alcance da conversa por vídeo, o que pode afetar a qualidade e o significado da interação.

As novas tecnologias de comunicação, especificamente o telefone e as videochamadas, tiveram um impacto significativo na dinâmica social e nas relações internacionais, fragmentando e simulando a conversa presencial de maneira até então inédita. Essa revolução na forma como as pessoas se comunicam não só alterou a maneira como nós interagimos uns com os outros em nosso cotidiano, mas também redefiniu as relações geopolíticas, permitindo que indivíduos, empresas e governos se conectem de forma instantânea, independente das distâncias geográficas. Essa interconectividade global tem profundas implicações nos aspectos políticos, econômicos e culturais, criando tanto oportunidades quanto desafios. Por um lado, ela fomenta a cooperação internacional, facilita o comércio global e promove o intercâmbio cultural; por outro, pode intensificar conflitos, desigualdades e ameaças à segurança, exigindo, portanto, uma abordagem equilibrada e reflexiva para maximizar seus benefícios e minimizar seus riscos.

A inteligência artificial e o futuro da linguagem

A era atual traz consigo uma nova forma de comunicação e simulação, um avanço que promete ser tão revolucionário quanto os anteriores, se não mais, devido ao seu caráter abrangente que integra a escrita, o áudio e o vídeo em uma relação pessoal e bidirecional. Esta nova modalidade de comunicação busca imitar o mais próximo possível a linguagem humana, conhecida como “linguagem natural”. A história das tecnologias, inclusive aquelas consideradas mais disruptivas, fornece um valioso contexto para compreender que novas linguagens serão desenvolvidas, e que estas mudanças inevitavelmente alterarão os contextos, comportamentos e o mundo em geral.

A evolução das tecnologias de comunicação tem sido um processo contínuo e transformador, desde a invenção da escrita até a era digital atual. Cada novo avanço tem trazido consigo não apenas novas formas de expressão, mas também mudanças profundas nas estruturas sociais, econômicas e culturais. A escrita permitiu a preservação e disseminação do conhecimento além das barreiras do tempo e do espaço. A imprensa facilitou a disseminação de informações em larga escala, contribuindo para a formação de sociedades mais informadas e democráticas. A televisão e a rádio trouxeram a comunicação em massa e a cultura popular para o lar das pessoas.

Agora, estamos diante de outro grande salto tecnológico. A comunicação e simulação baseadas na linguagem natural prometem não apenas facilitar a interação humana, mas também criar formas de experimentar e compreender o mundo. Esta tecnologia permite que as pessoas interajam com sistemas digitais de uma forma mais intuitiva e natural, aproximando a interação homem-máquina da interação humana. Esta nova forma de comunicação tem o potencial de transformar diversos setores, desde a educação e a saúde até o entretenimento e o comércio.

No entanto, é importante destacar que a introdução de novas tecnologias de comunicação também gera desafios e implicações éticas. Elas podem alterar as dinâmicas de poder, amplificar desigualdades e criar riscos para a privacidade e a segurança. Assim, é fundamental que a adoção destas tecnologias seja acompanhada por uma reflexão crítica e por estratégias de regulamentação efetivas.

A inteligência artificial, em particular sua habilidade de processar e gerar linguagem natural, emergiu como uma nova fronteira geopolítica, interligando aspectos de poder, cultura e economia em um único panorama global. Esta tecnologia, ao permitir que máquinas compreendam e comuniquem em linguagem humana, não apenas revoluciona a maneira como nossa sociedade interage com a informação, mas também redefine os limites do poder, ao oferecer novos meios de controle e influência. Além disso, a inteligência artificial tem implicações profundas para a cultura, uma vez que possibilita a preservação, disseminação e até mesmo a criação de novas formas de expressão cultural. Por fim, no âmbito econômico, a inteligência artificial promove uma transformação radical, gerando novos mercados, serviços e oportunidades, ao mesmo tempo em que desafia as estruturas econômicas tradicionais, exigindo uma reavaliação das relações de trabalho e da distribuição de riqueza, em um cenário onde as fronteiras entre nações se tornam cada vez mais difusas e interdependentes.

A Esfinge da Inteligência Artificial: Decifra-me ou Devoro-te!

A perspectiva pragmática acerca das mudanças, elucidada pela célebre frase “Se queremos que tudo fique como está, é preciso que tudo mude”, atribuída a Giuseppe Tomasi di Lampedusa em sua obra O Leopardo, aponta, de forma infeliz, para a permanência do status quo em relação à distribuição de poder global. Tal visão se sustenta na observação da significativa quantidade de investimentos realizados por corporações de grande porte no setor de inteligência artificial (IA). Essa tendência sugere que essas entidades continuarão a ocupar uma posição hegemônica no cenário econômico mundial, graças à gestão e manipulação de nossos comportamentos por meio dessas tecnologias.

Além disso, é importante ressaltar que já nos encontramos em um ponto de não retorno no que diz respeito ao uso da IA. Essa afirmação se baseia na profunda integração dessas tecnologias em diversos setores da sociedade, como saúde, educação, transporte e entretenimento, entre outros. Essa omnipresença da IA torna impensável um retorno a um estado anterior à sua implementação, o que nos coloca diante de um desafio complexo: como lidar com as implicações éticas, sociais e econômicas dessa realidade?

Nesse contexto, a figura mitológica da Esfinge emerge como um símbolo da situação atual. A criatura pode ser vista como uma representação das demandas e desafios impostos pela era da IA. A frase “Decifra-me ou devoro-te!” pode ser interpretada como um apelo à ação, uma exigência por respostas e soluções para os problemas gerados pela adoção dessas tecnologias.

Portanto, é fundamental que a sociedade, em conjunto com as corporações e os governos, se empenhe em decifrar os enigmas da IA, buscando compreender suas implicações e desenvolver estratégias para mitigar riscos e maximizar benefícios. Caso contrário, corremos o risco de sermos “devorados” pelas consequências negativas dessa revolução tecnológica, como a ampliação das desigualdades sociais e econômicas, a perda de privacidade e a manipulação de nossos comportamentos.

A visão pragmática sobre as mudanças, a realidade do domínio das corporações no cenário econômico mundial por meio da IA e o desafio representado pela Esfinge exigem uma reflexão profunda e uma ação concertada. É necessário que sejam estabelecidas normas e regulamentações que garantam o uso ético e responsável dessas tecnologias, além de se investir em educação e pesquisa para que a sociedade esteja preparada para enfrentar os desafios da era da IA. Ao fazermos isso, poderemos, de fato, buscar um futuro em que as mudanças trazidas pela IA possam beneficiar a todos, e não apenas a um punhado de indivíduos e corporações.

Em um cenário global cada vez mais interconectado e dependente de tecnologias avançadas, a inteligência artificial emerge como um elemento-chave na dinâmica geopolítica contemporânea, encapsulando tanto o potencial de controle e hegemonia por parte das grandes corporações quanto os desafios e ameaças inerentes a sua aplicação. A visão pragmática sugere que essas corporações, armadas com a IA, podem não apenas manter o controle do mundo econômico, mas também exercer influência significativa sobre o comportamento das pessoas, o que, por conseguinte, pode reconfigurar as relações de poder e as estruturas geopolíticas existentes.

No entanto, tal como a enigmática Esfinge da mitologia grega, a IA apresenta um desafio geopolítico complexo e multidimensional: decifrar seus enigmas e aprender a utilizá-la de maneira ética e responsável para o bem-estar da humanidade, ou correr o risco de ser dominado pelas implicações não intencionais ou negativas de seu desenvolvimento e implementação desgovernados. Assim, é fundamental que os agentes geopolíticos, sejam eles estados, organizações internacionais ou entidades do setor privado, trabalhem em conjunto para desvendar os mistérios da IA e assegurar que seu emprego respeite os princípios éticos e os interesses coletivos, de modo a evitar que o controle e a hegemonia concentrem-se nas mãos de poucos e a ameaça à estabilidade e à segurança global seja minimizada.

Conclusão

A linguagem, em constante evolução, molda e é moldada pelas relações interpessoais e pelas tecnologias de comunicação. A imitação, presente na natureza e na sociedade humana, desde a reprodução vocal de pássaros até o bullying, demonstra sua força como ferramenta de comunicação e expressão. A escrita, revolucionária por permitir a comunicação à distância, distanciou-se da tradição oral, mas possibilitou a especialização do conhecimento. O telefone e a videochamada fragmentaram e simularam a conversa presencial, cada um com suas vantagens e desvantagens.

A inteligência artificial, com sua capacidade de imitar a linguagem natural, representa a próxima grande mudança na comunicação. Apesar das promessas de avanço, a concentração de investimentos em grandes corporações levanta preocupações sobre o controle do mundo econômico e da informação. Nesse contexto, a citação de Lampedusa, “Se queremos que tudo fique como está, é preciso que tudo mude”, soa como um aviso: para navegar pelas mudanças trazidas pela inteligência artificial, é preciso estarmos conscientes das implicações sociais e éticas dessa tecnologia. A Esfinge, com seu enigma “Decifra-me ou devoro-te!”, nos convida a decifrar o código da inteligência artificial, para que possamos usá-la em nosso benefício e evitar sermos devorados por seus efeitos negativos.

A linguagem, um instrumento de poder, influência e identidade cultural, está sendo transformada pelas novas tecnologias de comunicação, o que, por sua vez, impacta significativamente a geopolítica, criando uma nova fronteira representada pela inteligência artificial. Essa nova fronteira traz consigo desafios e oportunidades, destacando a importância da compreensão da linguagem e seu uso estratégico para a navegação no cenário geopolítico do futuro. À medida em que a IA evolui e se integra cada vez mais às nossas vidas, ela tem o potencial de moldar e remodelar as relações de poder e influência entre as nações, tornando-se elemento-chave na geopolítica. Portanto, a capacidade de dominar a linguagem e adaptá-la às novas tecnologias, bem como compreender as implicações geopolíticas da IA, se torna fundamental para os atores internacionais que desejam exercer influência e preservar sua identidade cultural no palco mundial.

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2 comentários

  1. Parabenizo o autor pelo excelente texto, contribuindo para o debate da importantíssima questão da comunicação na sociedade, que primariamente permite criar e desenvolver a estrutura de pertencimento dos indivíduos a um grupo.
    Não à toa, o movimento de desconstrução da linguagem, especialmente da norma culta, é objetivo primário na guerra cultural deflagrada pelos ditos progressistas contra o modelo que julgam opressivo, rompendo a construção do pertencimento social que citei anteriormente e procurando reconstruir uma situação idealizada, sobre a devastação cultural promovida. O idealismo gerou mais massacres ao longo do história que as invasões mongóis… .
    Permita-me sugerir como fonte de estudo e reflexão a obra “A origem da linguagem” de Eugen Rosenstock-Huessy.

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