O destino de Nicolás Maduro

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Albert-VF1 Por Albert Caballé Marimón*

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Nicolás Maduro, presidente da Venezuela (Foto: Ariana Cubillos/AP).

Os EUA formalmente acusaram Nicolás Maduro pelos crimes de tráfico de drogas, entre outros. O Departamento de Estado americano ofereceu recompensas substanciais por sua captura, bem como a de outros membros de alto escalão do governo venezuelano. Qualquer que seja o destino de Maduro, assim como, infelizmente, o da Venezuela, não parece nada promissor.


Promotores de Miami e Nova York apresentaram acusações criminais de tráfico de drogas e de lavagem de dinheiro contra o presidente venezuelano Nicolás Maduro e membros de seu governo. As acusações também incluem crimes relacionados a tráfico de armas e narcoterrorismo, cujas sentenças mínimas são de pelo menos cinquenta anos.

As autoridades dos EUA afirmam que Maduro é líder de um grupo de traficantes de cocaína chamado “O Cartel dos Sóis” (Cártel de los Soles), que envolve políticos e membros das forças armadas e do judiciário, incluindo o chefe da Suprema Corte do país.

Ao mesmo tempo, o Departamento de Estado americano anunciou uma recompensa de até US$ 15 milhões por informações que levem à prisão ou condenação de Maduro. As recompensas se estendem também à informações que levem a Diosdado Cabello, presidente da Assembleia Nacional Constituinte; Hugo Armando Carbajal, ex-diretor o serviço de inteligência militar; Cliver Antonio Alcalá, general do exército venezuelano; e Tareck Zaidan, Ministro da Indústria e da Produção Nacional da Venezuela. O total dos prêmios oferecidos chega aos US$ 55 milhões.

O regime de Maduro é acusado de dar permissão às FARC, da Colômbia, para usar o espaço aéreo venezuelano em voos de contrabando de drogas, além de permitir a produção de cocaína em território da Venezuela. Estima-se que de 200 a 250 toneladas métricas de cocaína são enviadas para fora do país anualmente com anuência de membros do governo do país.

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A legislação dos EUA diz que líderes em exercício do mandato são geralmente imunes a esse tipo de acusação. No entanto, dado que tanto os EUA como dezenas de países não mais reconhecem Maduro como chefe de estado, isso parece ter deixado de ser um impedimento. O regime de Maduro é amplamente acusado de violar os direitos humanos, incluindo tortura, detenção e assassinato de cidadãos venezuelanos.

Maduro coloca-se como um ícone da esquerda latino-americana, acusando os EUA de procurar pretextos para controlar as reservas de petróleo venezuelanas, as maiores do mundo.

Observando que o governo Trump não reconhece Maduro como presidente legítimo da Venezuela, o procurador-geral de Nova York, William Barr, comparou o caso à acusação ao general Manuel Antonio Noriega, do Panamá, em 1988. Naquela ocasião os Estados Unidos também não reconheciam Noriega como líder do Panamá. Em 1989 tropas americanas invadiram o país e o levaram a julgamento nos EUA.

Analistas especulam que essas ações podem aumentar as chances de reeleição de Trump no estado da Flórida, onde ele ganhou por uma margem estreita em 2016 e no qual venezuelanos, cubanos e nicaraguenses, fugitivos de regimes autoritários, têm força política.

Por outro lado, há analistas que acreditam que isso pode fragmentar a coalizão liderada pelos EUA contra Maduro, caso aliados europeus e latino-americanos concluam que o governo Trump está exagerando.


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A rede CNN chegou a informar que o Departamento de Estado iria designar a Venezuela como um estado patrocinador do terrorismo. A designação como organização terrorista pode ser utilizada para justificar um ataque militar em território estrangeiro, como aconteceu recentemente na Síria, na operação que matou Abu Bakr Al-Baghdadi, do ISIL, ou no Iraque, no ataque que resultou na morte de Qassem Soleimani, líder da Força Quds iraniana.

No entanto, a própria CNN noticiou mais tarde que o Departamento de Estado informou nesta quinta-feira (26 de março) que isso não seria feito agora. A não designação pode ter sido apenas uma questão de estratégia, pois ao invés disso, foram usadas leis destinadas a sancionar traficantes internacionais e narcoterroristas.

A lista de criminosos e terroristas para os quais os EUA oferecem recompensa é extensa, e o destino dos relacionados é invariavelmente trágico. Fizeram parte dessa lista, entre muitos outros, nomes como Saddam Hussein, do Iraque, Osama Bin Laden, da Al-Qaeda e Abu Bakr al-Baghdadi do ISIL. Todos foram executados, seja após julgamento, seja por meio de ataques militares.

No caso de Maduro, quer seja classificado como traficante ou como terrorista, seu destino não parece ser auspicioso. Resta saber quanto tempo levará, e, depois, como ficará a situação da Venezuela. Para o país, infelizmente, tal como o de seu atual ditador, o futuro tampouco parece promissor.


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*Albert Caballé Marimón possui formação superior em marketing, é fotógrafo profissional e editor do blog Velho General. Já atuou na cobertura de eventos como a Feira LAAD, o Exercício CRUZEX e a Operação Acolhida. É colaborador da revista Tecnologia & Defesa e do Canal Arte da Guerra, onde, entre outras atividades, mantém uma resenha semanal de filmes e documentários militares. Entre suas atividades, já proferiu palestras para os cadetes da Academia da Força Aérea. Pode ser contatado através do e-mail caballe@gmail.com.


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7 comentários

  1. Maduro é um crápula. Sanguinário cruel e frio. Eterniza-se no poder corrompendo a tudo e a todos. Uma chaga na América latina.

  2. Intervenções militares são um assunto muito complicado. Quando uma nação vizinha perde sua soberania nacional, perdem todos os países da região. Abrem-se perigosos precedentes para intervenções em mais nações, a nossa inclusive. Sim, é bom não se iludir com palavras doces em tempos de calmaria, pois quando a situação aperta, cada Chefe de Estado vai olhar para seus interesses. Forte abraço!

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