Por Gen Bda Luiz Eduardo Rocha Paiva* |
“O Brasil é uma nação sem consciência da sua própria grandeza e das riquezas presentes em seu território [–] refletindo ainda [a] ausência de um projeto nacional”.
General de Exército Villas Bôas – 22 de junho de 2017
Em 4 de dezembro do corrente, houve o lançamento do Instituto General Villas Bôas (IGVB), em Brasília, em cerimônia com a presença de autoridades dos três Poderes da União, empresários e representantes da sociedade civil.
O Instituto será uma associação civil, de caráter privado e social, apartidário e sem fins econômicos, concebido com base em três pilares – Acervo do General Villas Bôas, Tecnologias Assistivas e Projeto Nacional.
O primeiro pilar será a guarda e conservação do acervo do General Villas Bôas, um rico material sobre geopolítica, estratégia, liderança e doutrina militar. Terá um repositório da vida e da carreira profissional do ilustre chefe militar, que construiu exemplos de autoridade moral, patriotismo, civismo, liderança e senso de responsabilidade política e social para com o Brasil, sendo um dos fiadores da paz interna nos conturbados anos da política nacional, de 2015 a 2018.
O segundo pilar – Tecnologias Assistivas – vai estimular e participar do debate acerca do desenvolvimento, acesso e popularização de novas tecnologias e inovações voltadas para a melhoria da saúde pública no Brasil. Pretende contribuir para a melhoria da qualidade de vida das pessoas com necessidades especiais e visa favorecer o pleno exercício de sua cidadania, por meio da ampliação e manutenção do acesso ao mercado profissional. Promoverá discussões e estudos sobre os direitos, possibilidades e capacidades disponíveis às pessoas com qualquer tipo de deficiência, com o objetivo de universalizar o acesso a todos os atores que contribuam com a plena cidadania.
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Finalmente, o terceiro pilar contempla um antigo anseio do General Villas Bôas, compartilhado com muitos dos seus pares das Forças Armadas, corroborado, também, por amplos segmentos da sociedade – um Projeto de Nação. Assim se batizou a sonhada Grande Estratégia Brasileira, algo que só existiu em algumas oportunidades, mas sem continuidade, nas três décadas após a Segunda Guerra Mundial. O Projeto terá a finalidade de, por meio de suas propostas, criar condições favoráveis ao Estado para cumprir seu papel de facilitador, e não gestor, do desenvolvimento responsável e contínuo, garantidor de uma segurança efetiva para o Brasil e fiador do bem-estar e da paz social, tudo isso visando proporcionar a justa felicidade ao povo brasileiro.
O Projeto de Nação – a Grande Estratégia Nacional – irá propor:
- Uma saudável visão de futuro ao país; os objetivos políticos do Estado, decorrentes do constante na Constituição Federal de 1988;
- Os rumos gerais a serem trilhados nos campos político, econômico, militar, científico-tecnológico e psicossocial, que abarcam os objetivos; e,
- As diretrizes estratégicas aos setores do Estado, enquadradas nos rumos gerais e orientadas aos objetivos políticos.
Para cumprir tal roteiro e garantir a gestão estratégica, que assegure uma governança efetiva, o Projeto de Nação vai propor modelos gerais, porém flexíveis, de construção de cenários, elaboração de planejamento estratégico e orientações para sua implementação.
Como sempre defendeu o General Villas Bôas, um Projeto de Nação só será possível se a nação se mantiver disposta a superar o quadro de corrupção endêmica, a degradante impunidade e a lógica da predominância do conflito sobre o debate respeitoso de ideias. São desafios que requerem perseverança, firmeza e intolerância cívica na luta pela higienização moral da sociedade e da liderança nacional, em todos os segmentos. Será preciso, ainda, cicatrizar a ferida aberta que compromete a coesão interna, fruto da luta ideológica com suas injustificáveis e ilegítimas intolerâncias ao contraditório nos temas e debates políticos e sociais e na administração de muitos setores da vida nacional.
A virtude está no centro. Os extremos são viciosos, como sempre disseram os filósofos e sábios. O centro político é democrático e liberal na economia, mas assume a responsabilidade social com os mais necessitados. É, também, conservador e evolucionista, mas não imobilista no tocante a costumes e tradições.
Villas Bôas certa vez disse: “Façam o país que vocês desejam, vocês idealizam e vocês merecem”. Como condutor de corações e mentes, que sempre foi, ele se apresenta, com o Instituto que leva o seu nome, para seguir conosco nessa nobre e dignificante empreitada.
*Luiz Eduardo Rocha Paiva é general-de-brigada , aspirante a oficial pela AMAN em 1973 e promovido a general-de-brigada 2003. Entre seus muitos altos estudos, possui doutorado, mestrado e pós-graduação pela ECEME, ESAO e FGV. Estagiou na 101ª Air Assault Division, do Exército dos EUA, foi Observador Militar da ONU em El Salvador e fez o Curso de Estado-Maior na Escola Superior de Guerra do Exército Argentino. Comandou o 5º Batalhão de Infantaria Leve (Regimento Itororó), em Lorena/SP, quando cumpriu missão de pacificação em conflito entre o MST e fazendeiros no sul do Pará, em 1998. Foi Chefe da Assessoria Especial do Gabinete do Comandante do Exército, comandou a ECEME e foi Secretário-Geral do Exército. É Professor Emérito da ECEME, membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil e colaborador do Centro de Estudos Estratégicos do Exército. Recebeu diversas condecorações e medalhas nacionais e estrangeiras e publica artigos sobre temas políticos e estratégicos em jornais e revistas nacionais e estrangeiras.
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Mais vinte anos, general? Os anteriores custaram ao país inflação de 3 dígitos, dívida externa “impagável”, sociedade de joelhos, impunidade, país humilhado no exterior, violência sem parada.
PROJETO DE PAÍS OU PROJETO DE FORÇAS ARMADAS?
“O Brasil é uma nação sem consciência da sua própria grandeza e das riquezas presentes em seu território [–] refletindo ainda [a] ausência de um projeto nacional”. (General Rocha Paiva)
Sim, e os “nossos” militares – muito devido à inveja que sempre tiveram da FEB – constituem Forças sem consciência do que é ser militar.
Não admira o próprio Estado-Maior do Exército ter concluído em corajoso relatório (2010) que as crises de identidade dos militares determinaram uma “perda do sentido de serventia perante a sociedade” – expressa no fato de os oficiais – cujos salários estão no mesmo nível das cinco maiores Forças Armadas do mundo, e são também os mais desiguais, considerando o soldo dos praças – trabalharem boa parte do ano em regime de meio expediente, o que impede o pleno exercício da profissão e passa um “atestado de irrelevância e precária imprescindibilidade”.
(O processo de transformação do Exército, EME, 2010, 19-20).
Muito bom artigo, admiro muito o Generais R. Paiva e V. Boas, se puderem publiquem mais artigos do Gen. Rocha Paiva.
Está nos planos, Lucas. Grato pelo comentário, forte abraço!
Bela atitude. Precisamos de mais ações como esta que valorizem o histórico da “persona”, da geopolítica, da história da nação e das ações futuras.
Esse tipo de ação é corriqueiro em países como EUA.
Precisamos de mais atitudes como essa em prol do país. Vamos acompanhar. Forte abraço!