Teste duríssimo para os contendores, a competição Combate Tático Desarmado é, nas palavras de um competidor, “o mais próximo de uma briga de rua”.
Origem
O Combate Tático Desarmado foi concebido por mim através de um corpo de experiências e ideias adquiridas em 30 anos praticando modalidades de combate corpo a corpo, sendo 25 anos de prática dedicada exclusivamente ao Jiu Jitsu, sete anos lutando MMA, e uma experiência no Exército.
E como sempre apreciei sobremaneira o combate real e tudo aquilo que estivesse correlacionado, quis o Senhor do destino que eu conhecesse o Jiu Jitsu, o que me despertou enorme simpatia pela prática já no primeiro contato; e mesmo depois de tanto tempo treinando, ainda mantenho a mesma empolgação do dia em que iniciei.
De forma alguma seria ousadia minha dizer que o Jiu Jitsu desenvolvido pela família Gracie é a melhor plataforma de combate tático desarmado que existe, e, com os ensinamentos do mestre Hélio Gracie de um combate real, mais a minha necessidade de treinar, competir e estudar o real combate, algo direcionava a minha atenção para o desenvolvimento de uma competição de Jiu Jitsu com poucas e diferenciadas regras, usando roupas do dia a dia.
E, assim, iniciou-se uma verdadeira saga mental e física para criar algo que se tornasse a máxima da legítima defesa, e com o passar do tempo, vi que era possível não apenas desenvolver, mas inovar criando uma competição que pudesse simular uma ocorrência policial ou um ambiente de guerra.
Na continuidade das informações descritas nas linhas acima, criei uma área de competição totalmente hostil, que é um tatame coberto com grossa camada de barro e pedra, algo nunca antes visto, e os competidores deste literal palco de guerra seriam os mais qualificados “cascas grossas”, aqueles que são conhecidos como a ponta de lança na defesa da sociedade, os operadores de segurança pública e forças armadas.
É inevitável que durante os combates ocorram lesões, pois, conforme já disseram alguns operadores que participaram do evento, “é o mais próximo de uma briga de rua”.
Esteja sempre pronto, pois é parte do protocolo encarar a realidade de um combate (ipsis litteris) e também as suas consequências.
LIVRO RECOMENDADO:
Carlos Gracie: O criador de uma dinastia
• Reila Gracie (Autor)
• Em português
• Capa comum
Dificuldade extrema
O Combate Tático Desarmado não foi desenvolvido para ser fácil, fato que merece ser observado e está relatado nas linhas abaixo.
É um teste difícil, lutar em uma competição que terá o atrito de barro, pedras, usar coturno e uniforme tático, e, se vencer, seguir adiante com cortes e outras lesões, fadiga, e a cada nova luta enfrentar um adversário ainda mais difícil que o anterior, que está sedento pelo próximo combate e espera uma vitória assim como um predador espera pela sua presa.
O público costuma apresentar um olhar de espanto, preocupação, e até um certo medo, pois são reações notadamente perceptíveis de quem tem o primeiro contato com o Combate Tático Desarmado, já que em um primeiro momento, é difícil entender, aos olhos do senso comum, como se entreter com guerreiros combatendo em um cenário surreal, um tanto quanto atípico para os moldes competitivos convencionais aos quais estão acostumados, e que continua chamando a atenção para uma das regras, que obriga dar continuidade mesmo com as roupas rasgadas ou sem o coturno, caso saia durante o combate.
Mas o olhar de espanto do público agora cede espaço para admiração, pois são testemunhas oculares de combates de alta intensidade.
Mas tal espanto também se manifesta naqueles que participam lutando no evento pela primeira vez, pois enquanto o público tem seu senso comum literalmente invadido por uma grande carga de adrenalina e emoções que os fazem vibrar e curtir cada queda ou finalização aplicada, os guerreiros competidores também recebem seu saldo de emoções com altas doses de reações químicas acontecendo em seus corpos, com picos de adrenalina e cortisol resultando em um estado profundo de atenção máxima fazendo-os entrar no modo “lutar pra vencer até as últimas consequências”, comportamento comumente conhecido por “mentalidade de combate”.
Tempos difíceis
Durante os combates surgem cortes e outras lesões, e notadamente os comandantes das instituições que estes operadores representam, o público presente e também os telespectadores, seguem atentos na competição ao admirarem a força e tenacidade que estes operadores demonstram, e isto só faz com que o espírito meritocrático se manifeste incontestavelmente nos campeões de cada edição, que se diferenciam não só pelo seu alto nível técnico de combate corpo a corpo ou condicionamento físico, mas por apresentarem um grau elevadíssimo de uma conduta resiliente, fruto de uma mentalidade diferenciada que os faz ser “os primeiros entre os iguais”, fenômeno resultante de uma expressão que diz, “a mente sobre a matéria”.
O evento é difícil, meritocrático ao extremo, e tenham a certeza de que foi realmente desenvolvido para ser um teste ingrato, mas quem o vence, pode ter por um breve momento (até a edição seguinte) a certeza que suas capacidades técnicas e convicções de combate corpo a corpo estão atualizadas, e pode, sim, ser considerado um mestre do Combate Tático Desarmado.
O Combate Tático Desarmado como competição de Jiu Jitsu para policiais e forças armadas trará ao competidor o entendimento de que seu tempo deve ser dedicado ao treinamento, seja ele de âmbito físico ou intelectual (o equilíbrio entre ambos é o indicado), e o adestramento bélico e de combate corpo a corpo deve ser encarado de maneira ímpar, pois o homem em sua essência deve estar sempre preparado para eventuais guerras.
Portanto, tenha consciência de que o resultado deste processo servirá não apenas para sustentar sua vida nos momentos mais difíceis, mas também a integridade daqueles que o ombreiam diariamente, ao passo em que tudo isso honra a sua existência, a instituição representada, apraz seus comandantes e, por fim, Você será um dos guardiões dos valores morais que nem o tempo conseguirá apagar. Compreenda que “só o Jiu Jitsu salva” [1].
Um brinde aos tempos mais difíceis, pois eles são nossos melhores mestres.
Acompanhe a competição Combate Tático Desarmado pelo Instagram (@combatetaticodesarmado) e YouTube (https://www.youtube.com/@combatetaticodesarmado/featured).
[1] Alusão à frase “Só Jesus salva”, mas o texto não tenciona relativizar o poder espiritual de Cristo.
Bom dia,tudo que meche com a mente e o corpo é maravilhoso.
Excelente artigo, e ótima oportunidade a comunidade do jiu-jitsu de difundir mais uma competição atrelada a esta arte marcial incrível, que salvou a minha vida e minha maneira de conduzir a vida, quero parabenizar ao Juliano pela criação deste tipo de evento, algo sem igual, próximo de ser brutal, e ao mesmo tempo genial.
Torço para que esta competição cresça e atinja porque não, nível internacional, acompanho os vídeos e os assisto com muita alegria, pois é o mais próximo do combate real, que Deus o abençoe, vida longa ao “Combate tático desarmado”.
“seriam os mais qualificados “cascas grossas”, aqueles que são conhecidos como a ponta de lança na defesa da sociedade, os operadores de segurança pública e forças armadas.”
Ponta de lança na defesa da sociedade? Menos, não?
Quanto a esta modalidade de contato físico entre homens barbados, isso não “meche” comigo não.
Regina quem seria então a ponta de lança na defesa da sociedade?
Estes homens são policiais militares, civis, federais, municipais, e também atuantes das forças armadas.
Se não são eles, seria quem?
Quais homens são então a ponta de lança da defesa da sociedade?
Homens de cabelo azul? Homens obesos, que não aguentam o peso do próprio corpo? Homens que não conseguem andar uma milha? Homens modernos urbanos?
Quem seria Regina Amaral? Quem seria?
Quem é capaz de defender a sociedade do crime por exemplo?
Se um ladrão entrar em sua residência, quem seria capaz de conte-lo? O homem que usa calças apertadas e faz a sobrancelha ou este tipo de homem; militar e bem preparado fisicamente?
Francamente.
O conceito de sociedade é muito mais amplo do que este na qual esta precisa de policiais e de homens das forças armadas para defendê-la. Seu conceito é bastante estreito. Pense em ampliá-lo um pouquinho mais. Não lhe fará mal. Ao contrário. Quando um ladrão entrou em minha casa, não encontrei ninguém, nem de calças apertadas, nem de calças largas para me defender. E quando um policial, sem mandato judicial, entrou, a ponta pés, derrubando a porta da minha casa, eu não sabia a quem recorrer. Certamente não seria nem ao traficante, nem ao miliciano e nem ao pastor, mas também não seria à polícia. Nossa sociedade se encontra muito doente e não serão esses “cascas grossas” que poderão defendê-la. Eu poderia fazer uma pergunta, igualmente capciosa, do tipo: “se um policial for vítima de bala perdida, quem seria capaz de retirá-la? Outro policial despreparado ou um médico competente que muitas vezes trabalha em regime exaustivo sem material adequado? E os professores? Melhor ainda, as professoras? Que, além de ensinar, precisam amparar crianças de comunidades onde a violência campeia, dia sim, outro também? A cura para a nossa sociedade depende de um trabalho intensivo e muito complexo envolvendo as pessoas certas. pessoas que têm conhecimento, e que estudaram. Jamais da força bruta, esta que é parte integrante e indissociável da doença que a acomete.
Sem dúvidas o melhor evento de luta agarrada na atualidade, vai dominar o Brasil.
Orgulho em fazer parte dessa história.
Parabéns ao mestre idealizador Ninja.
Oss