O TCG Anadolu, primeiro porta-UCAV da Turquia (e do mundo)

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O primeiro “porta-drones” do mundo e o maior navio de guerra da Turquia, o navio de assalto anfíbio multifuncional TCG Anadolu, em 6 de dezembro de 2022 (Agência Anadolu).

O primeiro “porta-drones” do mundo e o maior navio de guerra da Turquia, o navio de assalto anfíbio multifuncional TCG Anadolu, em 6 de dezembro de 2022 (Agência Anadolu).

Originalmente projetado para emprego com os caças F-35B, com a exclusão da Turquia do projeto o novo navio de guerra da Marinha do país inova ao ser comissionado como primeiro “porta-drones” a entrar em operação.


O TCG Anadolu, o maior navio de guerra da Turquia e primeiro “porta-UCAV” (sigla para Unmanned Combat Aerial Vehicle, ou Veículo Aéreo de Combate Não Tripulado) do mundo, foi entregue à marinha do país na segunda-feira. Construído no estaleiro Sedef, com sede em Istambul, pode transportar helicópteros, drones, veículos terrestres, embarcações leves e pessoal.

Durante a cerimônia de entrega, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse que o TCG Anadolu é o primeiro navio de guerra do mundo de seu tipo, podendo operar com os UCAV turcos Bayraktar TB3 e Kizilelma e com as aeronaves de ataque leve Hürjet.

O novo navio permitirá à Turquia realizar operações militares e humanitárias em qualquer ponto do planeta, que também pode transportar veículos blindados, disse Erdogan, acrescentando que o armamento, sistemas de gerenciamento de combate, guerra eletrônica, busca e rastreamento infravermelho, busca eletro-óptica, alerta a laser, sistemas de defesa contra torpedos e radares foram todos desenvolvidos localmente.

Ainda de acordo com o presidente turco, 131 empresas tomaram parte na construção do navio, acrescentando que ele pode transportar um batalhão para qualquer região em crise no Egeu, Mediterrâneo e Mar Negro. A nova embarcação também inclui uma instalação hospitalar completa e duas salas de cirurgia. De acordo com Erdogan, na segunda-feira houve uma cerimônia de corte de aço para três novos navios de guerra do projeto MILGEM (programa de navios de guerra da Turquia gerenciado pela Marinha do país) que serão construídos em 36 meses, e os sistemas de armas e sensores dos navios serão produzidos localmente.

Segundo Erdogan, uma diplomacia poderosa só é possível devido a uma forte indústria de defesa, acrescentando que a Turquia iniciará mais projetos na indústria de defesa.

Importância para a Turquia

Um navio como o TCG Anadolu tem potencial para criar impacto além das águas territoriais do país, uma evolução para as Forças Armadas turcas em um momento em que o mundo vive um período conturbado. O poderio militar turco avançou muito em relação ao período da Guerra Fria, quando suas forças armadas eram projetadas para bloquear divisões da União Soviética.

O novo navio mostra que a marinha turca agora visa equipar sua frota com capacidades de combate robótico, e, além disso, o Anadolu representa uma adição importante ao portfólio de produtos da indústria de defesa turca, em complemento aos agora famosos drones Bayraktar, por exemplo.

Parte significativa da capacidade de aviação naval do TCG Anadolu consistirá em veículos aéreos de combate não tripulados, diferenciando-o de outros navios de assalto anfíbios, por exemplo, da classe Juan Carlos I e derivados nas marinhas espanhola e australiana. Diversos meios de comunicação inclusive vêm usando o termo “porta-drones” para se referir ao Anadolu.


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A ideia de um “porta-UCAV”

O caça F-35 é produzido em variantes como o F-35B, capaz de decolagem curta e pouso vertical, e o F-35C, com recursos para decolagem assistida por catapulta (CATOBAR). A variante “C” foi projetada para uso em porta-aviões convencionais, enquanto a “B” seria a opção adequada para operação em navios-doca, porta-helicópteros e navios de assalto anfíbio.

Como parte do programa F-35, esperava-se que a Turquia viesse a possuir uma frota de aeronaves F-35A e F-35B, sendo que estes últimos iriam operar com o TCG Anadolu. No entanto, a exclusão do país do projeto inviabilizou a aquisição dessas aeronaves.  Dessa forma, os turcos apresentaram uma solução ambiciosa que uniu o projeto do TCG Anadolu com a crescente capacidade de UAV do país.

Sem dúvida o Bayraktar TB2 é o sistema turco mais conhecido e amplamente divulgado, contando agora com ampla experiência de combate, da Líbia ao Nagorno-Karabakh e, ultimamente, na Ucrânia. No entanto, o TB3, uma espécie de versão naval do TB2 melhorada, deverá formar a principal capacidade de combate robótico do Anadolu. O TB3 pode ser facilmente implantado em navios de assalto anfíbios devido ao design de asa dobrável. Com capacidade de carga de 280 quilos, pode carregar 130 quilos a mais que o TB2 a velocidades de cruzeiro e máxima mais altas com um motor PD170 nativo.

Recentemente chamaram a atenção as tecnologias do motor turbofan, estações internas de armas e certificação de mísseis do UCAV Kizilelma. O Baykar Kizilelma é uma aeronave a jato, monomotor, de baixa observabilidade, com capacidade para operação em porta-aviões, sendo desenvolvida como parte do chamado Projeto MIUS. Espera-se que o Kizilelma, tal como o TB3, também seja implantado no TCG Anadolu em algum momento.

Novas capacidades

Com quase 30 mil toneladas, espera-se que o Anadolu seja uma “ferramenta diplomática” considerável. Militarmente falando, o navio deverá proporcionar flexibilidade às Forças Armadas turcas. Navios de guerra como o TCG Anadolu geralmente atuam em conjunto com grupos-tarefa. Nas Marinhas americana e britânica, grupos-tarefa baseados em porta-aviões são chamados de grupos de ataque (Carrier Strike Groups, CSG), enquanto os grupos formados em torno de navios de assalto anfíbios americanos são conhecidos como Amphibious Ready Groups (ARG).

Será interessante acompanhar o formato adotado pela Marinha turca quando o TCG Anadolu efetivamente entrar em operação. Embora seja considerado um operador de veículos aéreos não tripulados, suas raízes anfíbias não devem ser negligenciadas. Unidades anfíbias navais turcas realizaram muitas operações, desde operações de segurança interna até operações transfronteiriças na Síria. Assim, o Anadolu representará uma nova etapa para as unidades anfíbias turcas.

Finalmente, é também um navio de guerra ideal para missões de coalizão, com três centros de operação. Sua rampa de voo e recursos avançados permitem uma ampla gama de operações de aviação naval, possibilitando que sirva como navio de guerra de grande prestígio para a Turquia, com potencial inclusive para operar como centro de comando de operações conjuntas da OTAN.

Especificações



Produzido com material da Agência Anadolu.

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