Com centenas de milhares de missões, mais de um milhão de toneladas de bombas lançadas, 900 aviões perdidos e mais de mil tripulantes mortos, feridos ou capturados, o resultado prático da Operação Rolling Thunder foi nulo.
Em 1965, a situação militar do Vietnã do Sul estava se deteriorando rapidamente. Até então, os Estados Unidos limitavam-se a realizar ataques aéreos e a enviar munições e equipamentos militares para os sul-vietnamitas, mas a guerrilha montada pelo Norte estava, aos poucos, destruindo a capacidade de combate do Sul. Para tentar inverter o rumo que a situação estava tomando, o presidente LYNDON JOHNSON –, que havia assumido a presidência em 1963 após o assassinato do Presidente KENNEDY –, Decidiu então que enviaria tropas para o Vietnã do Sul. Neste sentido, 3.500 fuzileiros navais desembarcaram no país em 8 de março de 1965.
Nas semanas seguintes, as ações de guerrilha que o Vietnã do Norte estava operando no Vietnã do Sul aumentaram ainda mais a sua intensidade. Desta feita, os comandantes militares orientaram o presidente JOHNSON a iniciar operações de bombardeio intenso e concentrado a alvos muito específicos. No entanto, JOHNSON optou por ouvir seus conselheiros políticos, ignorando as orientações dos militares envolvidos na guerra e, ao invés de autorizar os bombardeios dos alvos designados pelos seus comandantes, preferiu adotar a chamada “Estratégia da Persuasão”.
De acordo com essa estratégia, os EUA deveriam atacar com força alvos de importância média, mantendo os alvos realmente importantes como reféns. Basicamente, o que o presidente JOHNSON queria era mostrar ao Vietnã do Norte que, se quisesse, poderia destruir aquilo que era considerado realmente importante para o esforço de guerra do país. Tal estratégia foi a forma que os assessores políticos da Casa Branca encontraram para tentar persuadir o Norte a diminuir suas ações de guerrilha no Sul e, eventualmente, tentar trazê-los para a mesa de negociações.
Assim, em março de 1965, teve início a Operação Rolling Thunder, inicialmente programada para durar apenas seis semanas, mas que se prolongaria por três anos e oito meses. A postura do presidente JOHNSON, ao ignorar o apelo dos comandantes militares e ouvir apenas seus assessores políticos, levou a uma série de ataques aéreos relativamente custosos contra alvos verdadeiramente inúteis, como clareiras no meio de florestas, pontes em zonas rurais e trilhos que mal se viam do céu.
Somente em julho, após três meses do início dos ataques, o presidente JOHNSON autorizou o bombardeio dos depósitos de petróleo e das refinarias norte-vietnamitas, mas o impacto destes foi mínimo, uma vez que Hanói havia tido tempo suficiente para esconder suas reservas de petróleo em pequenos depósitos espalhados pelo país. Como o próprio JOHNSON externou algumas vezes, o objetivo dessa operação era enviar um recado para Hanói, mas este sinal foi completamente ignorado e o Vietnã do Norte aumentou ainda mais suas ações de guerrilha no Sul ao longo de 1965. No final deste mesmo ano, após nove meses de operação, os EUA haviam perdido 170 aviões, estando os norte-vietnamitas cada vez mais bem armados com mísseis antiaéreos provenientes da União Soviética e, em menor escala, da China.
Durante a realização dessa operação, os pilotos americanos possuíam duas opções: ou se aproximavam do alvo voando muito alto, sujeitando-se aos mísseis antiaéreos, ou se aproximavam voando baixo, tornando suas aeronaves vulneráveis às baterias antiaéreas. Nos primeiros meses da Operação Rolling Thunder, a taxa de sucesso dos norte-vietnamitas era de 1 para 30, ou seja, para cada 30 mísseis disparados, um avião era destruído. Todavia, nos anos seguintes, essa taxa se reduziu para 1 em 50, tendo em vista as novas táticas e equipamentos empregados pelos EUA.
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Em 1967, o Vietnã do Norte já detinha cerca de 25 batalhões antiaéreos, cada um formado por, no mínimo, seis lançadores de mísseis e muitas peças de artilharia antiaérea. Equipamentos que recebiam alertas antecipados por meio de 200 radares soviéticos de longo alcance, que cobriam praticamente todo o país, entregavam aos norte-vietnamitas, em média, 40 minutos de alerta antecipado.
A situação somente começou a se alterar a partir do final 1967, quando os EUA passaram a operar equipamentos eletrônicos mais sofisticados, capazes de identificar, com maior precisão, os radares através das ondas que emitiam. Dispunham, também, de contramedidas eletrônicas que atrapalhavam a leitura dos radares soviéticos, dificultando que os aviões fossem travados no alvo. Iniciou-se, desta feita, uma autêntica guerra tecnológica nos céus do Vietnã, com os EUA aprimorando suas tecnologias para detecção de radares inimigos e de contramedidas eletrônicas, e com a URSS desenvolvendo técnicas para tornar seus radares menos suscetíveis a interferências deste tipo.
Grande parte das aeronaves que participaram dessa operação decolavam da Tailândia e eram reabastecidas sobre o Laos antes de avançarem contra seus alvos, com as aeronaves retornando para suas bases, primeiro, pelo Golfo de Tonkin, depois, rumando para o sul, e, finalmente, para o oeste. Para proteger os bombardeiros e os caças-bombardeiros, a Força Aérea criou os “Force Packages”; já a Marinha criou os “Alpha Strikes” – grandes grupos de caças que envolviam os aviões de ataque para impedir a aproximação de aviões inimigos e, também, para atrapalhar a leitura dos radares soviéticos –, mas, mesmo assim, em 1967, os EUA perderam um total de 362 aviões, por nada que fosse realmente significativo. Estas perdas e a sensação de que estavam atacando alvos inúteis irritavam, profundamente, os comandantes militares e principalmente os aviadores, que arriscavam suas vidas por nada que fosse realmente importante.
O presidente JOHNSON, pressionado por seus assessores políticos e por seus comandantes, em algumas ocasiões, autorizava ataques contra alvos estratégicos e importantes, mas logo acabava-se, ao final, retornando para a “Estratégia de Persuasão”. Ao longo dos três anos e oito meses que a Operação Rolling Thunder durou, as opiniões dos militares eram raramente consideradas durante as reuniões para a designação dos alvos, com Washington dando prioridade aos assessores políticos do Presidente, que insistiam na estratégia equivocada de enviar “sinais” às lideranças de Hanói. Além disso, a Força Aérea, a Marinha e os Fuzileiros Navais enfrentavam outros problemas de ordem mais prática, como os relacionados ao clima do Vietnã, que, constantemente, passa por períodos de chuvas ininterruptas, resultando em alvos encobertos e de difícil localização.
Em 1967, após mais de dois anos de operação, a administração do presidente JOHNSON tomou consciência da futilidade dessas operações (considerando a forma restritiva como estavam sendo conduzidas). As tensões entre os assessores políticos e os militares estavam atingindo um ponto extremo, com Washington insistindo em não dar “carta branca” para os militares atacarem alvos realmente importantes. No final de 1967, começaram a dar uma ênfase maior a ataques contra corredores por onde os norte-vietnamitas enviavam armas, soldados e munições para as suas guerrilhas no Sul. O governo se conscientizou que ataques a refinarias e fábricas eram inúteis, pois Hanói havia dispersado sua linha de produção por pequenas aldeias, cidades e até mesmo grutas.
Em novembro de 1968, a Força Aérea, a Marinha e os Fuzileiros Navais tinham realizado mais de 330.000 missões de ataque no âmbito da Operação Rolling Thunder e lançaram mais de um milhão de toneladas de bombas, mais do que as 500.000 toneladas de bombas que foram lançadas contra o Japão durante toda a Segunda Guerra Mundial. Mais de 900 aviões foram perdidos e mais de 1.000 aviadores e tripulantes foram mortos, feridos ou capturados. Do lado norte-vietnamita, os bombardeios foram, ainda assim, relativamente destrutivos, estimando-se que mais de 100.000 civis foram mortos por ação direta desses ataques. Porém, o resultado prático, sob a exclusiva ótica militar, foi praticamente nulo, devido à insistência do presidente em ignorar as recomendações de seus comandantes militares.
” Se vai fazer o mal faça de uma vez” ( Maquiavel). Quando se lida com orientais, tem de se bater forte, duro e sem parar.
Orientais só entendem uma lingua: força! O que para nós ocidentais é considerado moral, para eles é sinal de fraqueza. Uma guerra é vencida, por guerreiros ferozes,não pelo coral da igreja! As pessoas, tem dificuldade em entender isto,pois na guerra ou nas relações internacionais, para vencermos, temos de fazer tudo o que é considerado imoral em nossas relações interpessoais.
Mas como dizem os operadores do ISDF:” Se tiver de haver uma viúva no combate, que seja a do adversário!”