Por José Antonio Mariano* |
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A inundação dos túneis do sistema ferroviário de Berlim em abril/maio de 1945, permanece envolta numa nuvem de obscuridade; quem mandou alagar os túneis onde se encontravam centenas de civis e soldados alemães feridos?
“A multidão está em pânico, tentando conter a água que sobe, deixando crianças e feridos para trás. As pessoas estão sendo pisoteadas; a água as cobre. Ela sobe um metro ou mais e depois escoa lentamente. O pânico dura horas. Muitos se afogam”. Untersturmführer (segundo-tenente) Kroemer, oficial da Divisão Panzer Müncheberg.
“No sistema subterrâneo, um som como trovão distante foi percebido. De repente, macas foram reviradas, armários de remédios revirados, soldados e enfermeiras submergiram em gritos de medo sob o dilúvio verde-acinzentado, que corria denso com o vermelho de sangue”. Capitão Michael Angelo Musmanno, Marinha dos EUA.
A 27 de abril de 1945, Berlim vivia o mesmo drama de tantas outras cidades europeias, principalmente do leste, até pouco tempo ocupadas pelos alemães. As cenas eram dantescas, dignas da magnitude da guerra que caminhava célere para o fim. Por toda a parte, esqueletos de edifícios a mostra, varados pelos canhonaços russos, veículos civis e militares capotados, cavalos descarnados pelos famintos habitantes de Berlim, nos raros momentos em que uma sombra de trégua se anunciava. Dos 4,3 milhões que viviam na cidade em 1939, 2,8 milhões ainda a habitavam em 1945[1]. Agora, eles lutavam para sobreviver em meio aos escombros que formavam monturos de mais de dois metros de altura, entupindo as outrora belas aléias berlinenses já severamente castigadas não só pelos combates da capital mas pelos duros golpes das forças aéreas aliadas, que a visitavam desde 1940.
Crateras imensas, inundadas de água proveniente das tubulações estouradas, porões de prédios cheios de pessoas doentes, apavoradas, feridas, semivivas que tentavam respirar um ar enfumaçado, poluído pelo cheiro acre da pólvora e pelo odor ligeiramente adocicado que emanava dos cadáveres, percebido apenas por aqueles que não estavam entorpecidos pela dor dilacerante e pelo álcool. Entre esses últimos estavam os soldados russos disparando suas armas, muitas vezes à esmo, demolindo casas com berlinenses dentro, tripulando tanques, bebendo e, sempre que a oportunidade se apresentava, violentando mulheres, crianças e anciãs, numa torrente de bestialidades que se amplificaram a partir de Nemmesdorf (atual Mayakovskoye, Rússia), quando, seis meses antes, os soldados do 2º Corpo de Tanques da Guarda, do General Alexei Semionovich Burdeinei (1908-1987), unidade do 5º Exército de Tanques de Guardas, do General Vasily Timofeyevich Volsky (1897-1946), chacinaram 72 alemãs – estuprando-as e assassinando-as com requintes de perversidade – além de cinquenta prisioneiros franceses e belgas.
Em meu livro “Enquanto formos vivos, a Polônia não perecerá”, afirmo: “Os estertores do Reich de Mil Anos podem ser divididos em duas fases. A primeira – a Batalha de Berlim – começa em 16, vai até 22 de abril e consistiu no rompimento das defesas das colinas Seelow e na corrida até a periferia da capital. A segunda – a Batalha por Berlim – vai de 23 de abril até a rendição oficial da Alemanha em 8 de maio. A primeira expiração da Alemanha terminara. A segunda, e fatal, começava. Mais de 1,5 milhão de soldados se preparavam para assaltar a área de defesa de Berlim”[2]. A batalha pelo “cérebro e coração da Alemanha” já ia para o seu quinto dia. A maré vermelha que inundava Berlim era formada pela 1ª Frente Bielorrussa, do já afamado Marechal Georgy Konstantinovich Zhukov (1896-1974), com seus seis exércitos, e a 1ª Frente Ucraniana, do Marechal Ivan Stepanovich Konev (1897-1973) com seus três exércitos.
Tal inundação não ocorria só metaforicamente, mas literalmente também. “O novo posto de comando está nos túneis S-Bahn, na estação ferroviária Anhalter. A estação parece um campo de batalha. Mulheres e crianças se amontoam nos nichos, algumas sentadas em cadeiras dobráveis, ouvindo os sons da batalha. Granadas atingem o teto, deslocando placas de cimento que se estatelam no chão. O hospital improvisado continua seus trabalhos. De repente uma surpresa: água. Ela espirra no nosso posto de comando. Gritos, muitos gritos e imprecações. As pessoas estão lutando em torno das escadas que alcançam os poços de ventilação da rua acima. Água borbulhante inunda os túneis. A multidão está em pânico, tentando conter a água que sobe, deixando crianças e feridos para trás. As pessoas estão sendo pisoteadas; a água as cobre. Ela sobe um metro ou mais e depois escoa lentamente. O pânico dura horas. Muitos se afogam. O motivo: por ordem de alguém, os engenheiros explodiram a câmara de controle das anteparas de segurança no Canal Landwehr, entre as pontes Schöneberger e Möckern, a fim de inundar os túneis, numa tentativa de impedir os russos. O tempo todo os combates pesados continuam acima do solo”.
Esse relato é do Untersturmführer (segundo-tenente) Kroemer, oficial da Divisão Panzer Müncheberg, do General Werner Mummert (1897-1950), naquele momento defendendo o setor sul da chamada zona de defesa Zitadelle, o último círculo de defesa alemão, área onde se situava o Reichstag e o Führerbunker. Ele aparece no livro de Tony Le Tissier “Berlin Battlefield Guide (2008)” e em “Defeat in the East: Russia conquers – January to May, 1945 (1951)”, de Jürgen Thorwald – autor de um livro prefaciado por Hermann Goering (Luftmacht Deutschland. Luftwaffe, Industrie, Luftfahrt, 1939) e que passou a guerra escrevendo para jornais das SS e do NSDAP – ensejando uma controvérsia que perdura até hoje entre os historiadores e estudiosos da II Guerra. Qual a importância de inundar os túneis do metrô de Berlin? Havia uma necessidade tática para isso? Quem a executou e, principalmente, de quem partiu tal ordem visto que, àquela altura, os túneis estavam repletos de civis e soldados como o diário de Kroemer demonstra?
A lógica que vigorava na Alemanha nazista direcionava a responsabilidade por uma ação como aquela para Hitler, a única autoridade capaz de emiti-la e vê-la, de fato, realizada. Mas, no caos em que se convertera Berlim, há muitas dúvidas sobre se tal ordem partiu do Führerbunker, um ambiente claustrofóbico e não menos caótico que a capital alemã e que se constituía no resíduo de 6.500 m2 do que já fora um império que se estendera de Narvik à Trípoli, de Brest à Stalingrado.
Também há que se considerar iniciativas individuais de comandantes alemães principalmente depois da morte de Hitler porque mesmo a data referida por Kroemer – 27 de abril – não parece ser exatamente a correta, visto que relatos mais críveis apontam a explosão das comportas para os dias 2 ou 3 de maio. Os próprios soviéticos podem ter sido os autores do feito, fosse porque imaginavam que afogar soldados alemães que utilizavam as redes de túneis para se locomover entre os setores da cidade (pouco importando a vida de civis) evitaria combates desnecessários, fosse porque, ao encontrarem cargas explosivas alojadas nas comportas que não tiveram tempo de ser acionadas pelos alemães, detonaram-nas como medida defensiva.
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É tentador imaginar Hitler ordenando a inundação dos túneis independente de quem neles estivessem abrigados. Afinal, sua mentalidade niilista e rancorosa – nutria profundo ressentimento pelo povo alemão que fora incapaz de se revelar à altura de suas ambições – combinava perfeitamente com esse tipo de conduta. Le Tissier, desta vez em outro livro – “Race for the Reichstag: The 1945 Battle for Berlin (2010)” – assegura que a Führerflutungsbefehl (ordem de inundação de Hitler) foi emitida pelo morador mais ilustre do Führerbunker em 21 de abril de 1945, com a intenção de interromper todo o tráfego nos túneis U-Bahn e S-Bahn de Berlim e erguer barricadas em vários pontos de tais túneis.
A dar-se crédito ao relato de Kroemer, passaram-se seis dias, quase uma semana, para que as ordens de Hitler fossem cumpridas. Mesmo levando em conta o caos absoluto que imperava em Berlim, levar seis dias para acatar uma diretriz que emanava do bunker era flertar com o perigo. Se as explosões tiverem ocorrido, de fato, ainda no final de abril, é mais crível que as ordens tenham sido dadas na noite de 25 para 26 de abril conforme o descrito pelo Capitão Gerhard Boldt (1918-1981), oficial do General Hans Krebs (1898-1945), chefe do Estado-Maior do OKH (Alto Comando do Exército). Segundo ele, “quando chegamos para a conversa, Hitler se levantou e o seguimos até a sala de conferências (…). Independente do destino dos famintos, sedentos e moribundos, ele estava decidido a adiar ainda mais o fim inevitável e, em seguida, deu uma das ordens mais desumanas entre todas as suas ordens: como os russos haviam repetidamente jogado os alemães de volta às suas linhas avançando através do metrô e outras ferrovias em túneis a fim de atacar as forças alemãs pela retaguarda, ele agora detalhava unidades especiais para abrir as eclusas do rio Spree, inundando os túneis ferroviários ao sul da Chancelaria do Reich. Estes túneis estavam cheios de civis e milhares de feridos. Sua ordem insana custou a vida de muitas pessoas”[3].
Provavelmente baseado no dito de Boldt, Michael Angelo Musmanno (1897-1968), capitão da Marinha Americana, jurista presente em Nuremberg, fala da Führerbefehl dirigida a Krebs. Nela, Hitler ordenava que se “abrissem as comportas”. Musmanno teria, ainda, ouvido de um médico alemão feito prisioneiro que no bunker discutia-se tal possibilidade. A descrição do capitão americano sobre as torrentes de água que inundaram os túneis do U-Bahn é particularmente dramática: “No sistema subterrâneo, um som como trovão distante foi percebido. De repente, macas e armários de remédios foram revirados, soldados e enfermeiras submergiram com gritos de medo sob o dilúvio verde-acinzentado, que corria denso com o vermelho de sangue”[4]. Tal relato, embora vívido, obviamente não foi vivenciado por Musmanno que se baseou em entrevistas coletadas junto aos últimos residentes do bunker, em 1948. Que a inundação ocorreu a partir de uma ação premeditada não resta dúvida, mas as questões quando e por ordem de quem ainda permanecem obscuras.
Walter Schneider, que entre 1945 a 1963, foi diretor da Berliner Verkehrsbetriebe (BVG), a empresa que gerenciava (e ainda gerencia) o transporte público de Berlim, afirmou que a ordem existiu e que a orientação era implementá-la até o último momento possível. Em um de seus livros, Le Tissier guia o leitor por um tour pela capital alemã, apontando os locais onde os fatos, segundo ele, ocorreram no dia 27 de abril: “Agora você chega a um grande bunker, que era o centro de comunicações da Reichsbahn. Ao lado, fica o prédio da sede da Bundesbahn (rodovia federal). Em algum lugar abaixo de você, está a antepara de segurança para impedir a inundação dos túneis do S-Bahn que passam sob o canal neste momento. É aqui que os engenheiros da Waffen-SS tentaram inundar o sistema subterrâneo detonando o teto do túnel sob o canal”[5].
E isso parece inequívoco. Testemunhas relatam que, quando um engenheiro ferroviário tentou interromper os preparativos para implantação dos explosivos, foi simplesmente baleado pela SS. Um outro funcionário da Deutsche Reichsbahn (DRB), instruído a proteger a comporta norte do Canal Landwehr, foi expulso do local por um destacamento da SS – não sem antes entregar cópias dos planos de construção do túnel. Rudolf Kreger, à época diretor de construção do Reichsbahn, faz referência a uma “ordem de explosão”, observando que a SS esvaziou os túneis da Anhalter Bahnhof da população que nela se abrigava, brandindo a Führerflutungsbefehl que ordenava a explosão sob o Canal Landwehr.
Testemunhas
Kreger, entretanto, mostrou-se incapaz de dizer de quem fora a decisão. Então, se Hitler foi o responsável pela emissão da ordem, esta só poderia ter sido emitida nos dias 21 ou a 25/26 de abril, e cumprida imediatamente bem de acordo com o padrão da “obediência devida e irrestrita” a que os soldados alemães, notadamente da SS, estavam acostumados. O problema é que informes acerca das explosões ocorridas no início de maio – 2 ou 3 – parecem ser muito mais consistentes e, se esse for o caso, ou as ordens de Hitler foram cumpridas apenas depois de sua morte ou ele nunca as emitiu.
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Pessoas presentes no bunker e mais próximas de Hitler poderiam confirmar se o ditador ordenou ou não a ação. E elas foram entrevistadas. Duas delas eram os SS brigadeführers Wilhelm Mohnke (1911-2001) e Gustav Krukenberg (1888- 1980). Este último era comandante da 33ª Divisão de Granadeiros SS Charlemagne (1ª Francesa) e remanescentes da 11ª Divisão de Granadeiros Panzer de Voluntários SS Nordland, subordinado a Mohnke. Este liderava um grupo de combate (Kampfgruppe, KGr), formado a partir de um misto de unidades desfalcadas de infantaria e panzer (como as de Krukenberg), em ação na Zitadelle.
Segundo Antony Beevor, “Mohnke também disse a Krukenberg naquela manhã [1º de maio] que temia que as tropas soviéticas entrassem nos túneis do U-Bahn e subissem atrás da Chancelaria do Reich. ‘Como primeira prioridade’, escreveu Krukenberg, ‘enviei um grupo de sapadores de Nordland pelo U-Bahn em direção à Potsdamerplatz’.”[6] O autor prossegue afirmando que a hora e a data da explosão variam enormemente, “mas isso provavelmente se deve ao saque de relógios e à existência confusa e noturna de todos aqueles que se abrigam em bunkers e túneis. Os relatos mais confiáveis apontam para uma explosão ocorrida no início da manhã de 2 de maio”. Sem mencionar explicitamente a data ou a ordem de Hitler, o historiador britânico levanta tal questão quando questiona o tempo levado pelas SS para dar cumprimento a suposta ordem: “Isso sugere [a utilização de] uma carga surpreendentemente atrasada [prevista para explodir posteriormente] ou que o destacamento de sapadores de Nordland experimentou consideráveis dificuldades no desempenho de sua tarefa”.
Os jornalistas James Preston O’Donnell e Uwe Bahnsen encontraram Mohnke trabalhando com caminhões pequenos de entrega e aluguel de trailers em Barsbüttel, no Estado de Schleswig-Holstein, então Alemanha Ocidental, no final dos anos 1970. À pergunta sobre se sabia de uma ordem para inundar os túneis do U-Bahn, ele respondeu: “Li vários relatos sombrios a respeito. Tudo pertence à mitologia mais selvagem de Berlim, em maio de 1945. Que eu saiba, nunca houve tal Führerrbefehl. Acredito que o boato tenha sido lançado porque, em 24 de abril, Martin Bormann – possivelmente por ordem de Hitler, mas provavelmente por conta própria – telefonou para o pessoal do BVG para saber se seria possível inundar os túneis como medida militar. Os especialistas disseram que tais inundações, fáceis de executar, não serviriam a nenhum propósito militar útil. Na maioria dos lugares, as águas não subiriam mais do que um metro acima do nível da pista. Isso não poderia impedir seriamente as tropas, mas poderia colocar em pânico os vários milhares de refugiados que lá estavam. Bormann, portanto, abandonou o plano. Quando eu estava sendo interrogado pelos russos, eles também levantaram esse assunto. Mas logo desistiram, e eu concluí que deviam ter sido convencidos pelo argumento técnico. Pode ter havido lugares em que a água entrou, mas o trecho que atravessamos era tão seco e arenoso quanto um deserto, até mesmo onde estávamos perto e abaixo do nível do [rio] Spree – naquele ponto em que nos deparamos com os inflexíveis guardas do BVG”[7], [8]. Mohnke era um dedicado membro da SS. Fora um dos eleitos para compor a “guarda pretoriana” de Hitler, seus guarda-costas, em janeiro de 1933, uma unidade formada pelos mais leais entre os SS. Sua carreira foi pontuada por alguns episódios sangrentos de massacres de prisioneiros aliados ocorridos na Polônia, França (tanto em 1940 como em 1944), pelos quais chegou a ser indiciado, mas nunca preso. Suas alegações, portanto, precisam levar isso em conta uma vez que, como vários de seus contemporâneos das SS, Mohnke talvez tentasse preservar a figura de Hitler ao negar que uma ordem tão draconiana como essa saísse de suas tintas.
Óbvio que, por sua personalidade, Hitler não teria tido nenhum escrúpulo em mandar afogar berlinenses aterrorizados a fim de ganhar mais alguns minutos de vida. Mas mesmo o maior – talvez – dos seus biógrafos, Joachim Fest, não assegura que o tirano tenha lançado tal ordem: “Por causa das linhas telefônicas caídas, alguns policiais não ouviram as notícias da rendição. Outros confiaram nas últimas ordens recebidas e mantiveram suas posições a qualquer custo. ‘Proclamações’ e boatos não significavam nada para eles; como soldados, eles precisavam de ordens. Algumas unidades condenadas – alguns milhares de soldados – consideraram todas as negociações como ‘traição’ e estavam determinadas a continuar lutando. Em 2 de maio, uma dessas unidades explodiu o túnel sob o Canal Landwehr, no qual incontáveis feridos e civis procuraram abrigo”[9]. Não há nada nesse trecho ou em qualquer outro que leve a acreditar em alguma ordem de Hitler a esse respeito.
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Além disso, há uma outra questão que foge à maioria dos historiadores que se debruçaram sobre o evento. Na Berlim de 1945 (como ainda hoje), há dois sistemas ferroviários independentes que funcionam pelo menos parcialmente no subsolo. Existe o U-Bahn, que é predominantemente subterrâneo e foi (e é) administrado pela BVG, e o S-Bahn, que corre predominantemente acima do solo, e que, em 1945, era gerenciado pela Deutsche Reichsbahn (Deutsche Bahn hoje). Um fator chave nessa discussão é que ambos usam sistemas de trilhos e túneis diferentes e, mesmo onde se cruzam em uma estação de baldeação, o fazem em níveis fisicamente diferentes.
Portanto, não é certo que inundações em uma seção de um sistema resultem automaticamente em inundações no outro sistema, como parece ser assumido por Beevor que diz: “A explosão levou à inundação de 25 quilômetros de túneis S-Bahn e também U-Bahn, depois que a água penetrou através de um eixo de conexão”.
Parece claro, portanto, que a inundação ocorreu nas primeiras horas da manhã de 2 de maio. E um dos trabalhos que confirmam essa hipótese é a publicação de Karen Meyer. No final de 1989, em plena efervescência da queda do Muro de Berlim e com ele o comunismo europeu, Meyer, funcionária da Administração Municipal de Kreuzberg, bairro do centro de Berlim, foi encarregada de conduzir pesquisas relacionadas aos eventos de abril/maio de 1945, a fim de apoiar o plano da administração de erguer um memorial às vítimas das inundações.
No prefácio de sua publicação[10], ela ressalva que, à medida que aprofundava suas pesquisas, ficava evidente algumas deficiências muito graves na “história oficial”, com relatos não confirmados, testemunhas que não estavam bem localizadas para referendar o que diziam ter visto, informes de segunda ou terceira mão, datas e fatos confusos, escamoteados, marginalizados, super ou subdimensionados. O que ela pôde apurar com razoável grau de certeza é a data da explosão (2 de maio), do túnel S-Bahn sob o canal Landwehr, com a morte de aproximadamente cem a duzentas pessoas, e consequente inundação da linha norte-sul do S- Bahn e, através da estação Friedrichstrasse, da linha C do metrô (U-Bahn) e, posteriormente, outras linhas do complexo.
O objetivo era muito evidente: frear o avanço russo. Anthony Read e David Fisher asseveram: “Os túneis U-Bahn e S-Bahn estavam se tornando cada vez mais importantes para os defensores dos postos de comando subterrâneos. [O General Erich] Bärenfänger [(1915-1945), um dos comandantes de setor do Grupo Mohnke] já havia se estabelecido na estação Schillingstrasse U-Bahn, abaixo da Frankfurter Allee, perto da Alexanderplatz. Agora, Mummert transferiu o posto de comando da Divisão Müncheberg para a estação S-Bahn, abaixo da principal estação Anhalter. Ambos estavam a menos de um quilômetro da Chancelaria.”[11]
Em seu trabalho, Meyer assegura que as águas não constituiriam um fator importante de interdição nos túneis porque não atingiriam volume suficiente para tal. Quando inquirido pelos jornalistas, Mohnke alegou o mesmo. Para ele, o nível da água atingiria, no máximo, um metro, o que seria insuficiente para deter os russos, mesmo levando em conta o volume de água presente no rio Spree e no Canal Landwehr, bem como o nível natural das águas subterrâneas no centro de Berlim.
Referindo-se à inundação, Fest observa: “Uma grande catástrofe foi evitada porque as torrentes de água que foram liberadas drenaram rapidamente. As pessoas diziam que até a natureza estava cansada da matança constante”. O Untersturmführer Kroemer, da Divisão Müncheberg, confirma essas impressões quando redige em seu diário que as águas entraram rapidamente, atingiram um pico de profundidade de cerca de um metro e drenaram também rapidamente. Somente dias depois é que o túnel se encheu completamente devido à pressão da água feita sobre os portões da eclusa do rio Spree.
De qualquer modo, a inundação, de fato, não impediu, sequer retardou, a progressão das forças soviéticas. Uma análise do mapa da situação de então mostra que os pontos a serem alvos de demolição deveriam ter sido os túneis do U-Bahn sob o rio e o canal Spree. Diante disso, destruir o túnel do S-Bahn sob o Canal Landwehr era um exercício de futilidade tática. O fato de que esse ato tenha resultado em inundações secundárias no sistema U-Bahn, embora dificilmente dissuadisse os soviéticos caso estes pretendessem de fato usar tais túneis (o que não pretendiam), deveria ser considerado, no máximo, um dano colateral. Deve-se ter em mente que a suposta ordem de inundação de Hitler dizia respeito ao sistema U-Bahn, não o S-Bahn.
Era com o U-Bahn que Mohnke e Krukenberg estavam preocupados, o que fazia todo sentido porque a estação mais próxima do S-Bahn é a Potsdamer Platz e, na data da reunião de Mohnke e Krukenberg (1º de maio), essa área já estava nas mãos dos soviéticos. A estação mais próxima é a da Unter den Linden, que ainda estava em mãos alemãs, tomada por uma companhia sanitária da Nordland que guardava quatro trens com feridos alemães. O que àquela altura fazia sentido seria demolir o túnel U-Bahn nas proximidades de Potsdamer Platz, já que a linha “A” da U-Bahn – que deveria ser utilizada pelos soviéticos, caso decidissem avançar pelos túneis – favorecia o acesso à Chancelaria e ao Führerbunker.
Sem registros russos
O tamanho da confusão em que se encontrava o comando alemão pode ser avaliado pela conferência da situação de 25/26 de abril, aquela a que Boldt dizia estar presente e cujo testemunho serviu de base para que Musmanno alegasse existir uma Führerflutungsbefehl. Segundo Boldt, “ele [Hitler] agora detalhava unidades especiais para abrir as eclusas do rio Spree, inundando os túneis ferroviários ao sul da Chancelaria do Reich”.
Ora, Boldt era um soldado experiente, detentor da Cruz de Cavaleiro da Cruz de Ferro a ele concedida em agosto de 1943 por extrema bravura no front, servindo na 58ª Divisão de Infantaria (General Curt Siewert, 1899-1983). Também serviu no staff do lendário General Reinhard Gehlen (1902-1979), chefe dos Exércitos Estrangeiros do Leste (Fremde Heere Ost, FHO), organização de inteligência na frente leste. Com esses predicados é difícil entender como Boldt – a crer que tenha presenciado o que diz que presenciou – possa ter cometido um erro tão cabal de geografia já que ao sul da Chancelaria do Reich não se encontra o Spree, que fica ao norte, mas o Canal Landwehr.
Além disso, a referência a “abrir as comportas” – como referido por Musmanno, atribuída a Boldt – não tem relação com o que realmente aconteceu; a explosão do túnel sob o Canal Landwehr. Mas, apesar desse erro gritante, o jornal Heim und Welt (que mais tarde transformou-se em uma revista feminina) relatou em sua edição de 24 de fevereiro de 1952 que “… em 27 de abril de 1945, foi emitida uma ordem do Führerbunker cuja implementação resultaria em uma catástrofe. Para impedir ou pelo menos atrasar as incursões do invasor no centro da cidade, os túneis subterrâneos dos S e U-Bahn foram inundados”.
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Não é de admirar que vários autores não acreditem que Boldt estivesse presente na aludida reunião. Um escritor britânico, Pierre Stephen Robert Payne, em uma resenha sobre o livro de Boldt “Hitler: The last ten days – An eye-witness account”, escrita para a revista New York Times Review Book, de 1973, assegurou: “Gerhard Boldt constrói os últimos dias de Hitler a partir de fontes já publicadas – uma vez que ele não estava lá”[12].
Outras fontes, contudo, colocam Boldt no Führerbunker. É o caso do texto “The End in Wannsee”[13], que relata sua partida para Wannsee, em 30 de abril de 1945, a pedido de Hitler. A cidade, que ficou notória por sediar a conferência de janeiro de 1942, de onde se lançou a “Solução Final” do problema judeu, havia sido pouco atingida pelos combates e abrigava grandes estoques de alimentos, álcool, tabaco, roupas e equipamentos da Organização Todt. Boldt e outros soldados e oficiais alemães esperavam romper as linhas soviéticas e alcançar os Aliados ocidentais a partir da cidade.
Toda a discussão gira em torno do fato que, para os alemães, era necessário impedir os russos de entrar no sistema de túneis com o fito de acabar com os bolsões de resistência. Por mais endurecidas que fossem as tropas de Stalin, e por mais experientes que fossem em combates em áreas confinadas, a própria e dura experiência de lutar por bairros, quarteirões, ruas e casas de Berlim já era insano o suficiente. Aventurar-se em túneis cuja disposição desconheciam era flertar com um perigo ainda maior do que enfrentavam. Além disso, os soviéticos há muito haviam adotado a tática de simplesmente explodir paredes e demolir prédios com seus ocupantes dentro, não perdendo muito tempo em combates cruentos, principalmente nas fases finais da batalha de Berlim.
Assim, seria mais prático para os homens de Zhukov inundar os túneis e afogar militares e civis, evitando lutas desnecessárias. Os soviéticos se constituem, portanto, no terceiro elemento a ser considerado (depois de Hitler e de uma ação isolada de oficiais nazistas). De uma perspectiva puramente militar, parece ser bastante racional que o Exército Vermelho implementasse essa medida para “expulsar” os últimos remanescentes de resistência de seus bastiões, sem se dar ao trabalho de investir contra os túneis. Se os soviéticos possuíam o conhecimento local necessário para posicionar os explosivos no túnel é outra questão.
O que chama muito a atenção, entretanto, é a inexistência de relatórios soviéticos sobre as explosões, algo intrigante se for considerado o fato de que a Batalha de Berlim foi uma das mais escrutinadas, historiadas e louvadas pelos soviéticos. Se estes provocaram a inundação dos túneis, tal ato – se foi registrado – está perdido em arquivos da era soviética que ainda não foram liberados (se é que serão). Fica-se assim com a ideia muito a gosto da propaganda soviética de que a inundação foi obra dos nazistas, figurando como mais um dos inúmeros horrendos exemplos do que a ideologia nacional-socialista era capaz mesmo nos seus últimos suspiros.
As baixas registradas pela inundação são, como de hábito em todos os conflitos, contraditórias e com uma larga margem entre o mínimo e o máximo. Beevor nota que “as estimativas de vítimas variavam entre cerca de cinquenta e quinze mil”. E prossegue: “Vários berlinenses estão convencidos de que as novas autoridades soviéticas levaram as vítimas a um pequeno porto de canal perto do Anhalter Bahnhof e as enterraram sob os escombros. Estimativas mais conservadoras, geralmente em torno da marca de cem, baseiam-se no fato de que, embora existissem muitos milhares de civis nos túneis, além de vários ‘trens hospitalares’, que eram vagões de metrô cheios de feridos, a água não subiu rapidamente, uma vez que estava se espalhando em muitas direções diferentes. Mulheres e crianças correndo pelos túneis escuros quando a água da enchente subia estavam naturalmente aterrorizadas. Alguns relatam ter visto soldados exaustos e feridos deslizarem sob a água, assim como muitos que estavam procurando esquecimento numa garrafa. Isso pode ter sido verdade em alguns casos, mas é difícil acreditar nas altas estimativas de baixas. A água na maioria dos lugares tinha menos de um metro e meio de profundidade e havia tempo de sobra para evacuar os chamados ‘trens hospitalares’ perto da estação Stadtmitte U-Bahn. Também é mais do que provável que muitos dos corpos recuperados fossem de soldados e civis que já haviam morrido de seus ferimentos em uma das estações subterrâneas e deixados de lado em túneis adjacentes. A água da enchente levaria os corpos e ninguém teria tempo depois para distinguir a verdadeira causa da morte. Alguns dos mortos eram quase certamente homens das SS. Eles podem ter acabado entre os cinquenta ou mais enterrados no cemitério judeu na Gross Hamburgerstrasse”. Justa ironia!
A inundação dos túneis do metrô de Berlim foi um dos últimos capítulos brutais de uma guerra brutal em todos os sentidos. De tudo o que foi descrito o que se pode inferir é que:
- Os túneis foram inundados por volta dos dias 2 ou 3 de maio; a possibilidade aventada por alguns historiadores de que tal evento ocorreu nos dias 21 ou 25-26-27 de abril exige a existência de uma ordem de Hitler;
- Não havia uma ordem de inundação de Hitler ou, se havia, esta nunca foi executada ou, se foi, ocorreu depois da morte do Führer; todos os relatos a respeito referem-se a uma ordem de inundação deliberada do U-Bahn (o que teria feito algum sentido prático, mas que nunca aconteceu), e não a uma inundação do S-Bahn, que não fazia nenhum sentido tático para os alemães, mas que realmente aconteceu; isso levou a algumas inundações secundárias do U-Bahn, mas após a cessação das hostilidades;
- Tanto Mohnke como Krukenberg, que esteve em cativeiro soviético por dez anos, jamais fizeram menção a uma ordem de Hitler para explodir os túneis;
- É provável que os alemães tenham minado o túnel S-Bahn sob o Canal Landwehr, como o fizeram com todas as outras pontes e túneis para negar seus acessos aos atacantes;
- A área afetada pela explosão estava muito atrás das linhas russas em 2 de maio; sendo assim faz muito mais sentido que a ordem para a demolição tenha sido dada por um comandante soviético local, depois que as tropas russas encontraram as cargas preparadas; se assim o fez foi motivado pela ideia de eliminar a resistência alemã nos túneis; essa hipótese se reforça pelo fato de que os soviéticos não tinham informações sobre quais tropas estavam nos túneis e nem sua capacidade de combate bem como não estavam familiarizados com o sistema ferroviário de Berlim; sendo assim não sabiam que o S-Bahn e o U-Bahn são complexos fisicamente separados, e foi apenas a presença acidental do túnel de pedestres na Friedrichstrasse Bahnhof, cinco quilômetros ao norte, que permitiu que a água da inundação passasse do S-Bahn para o U-Bahn;
- O fato de registros soviéticos a respeito não serem conhecidos, demonstra o quanto as tropas de Zhukov podem estar envolvidas no evento; se tais registros existirem, seus autores foram claramente “convencidos a permanecerem calados”; Meyer relata no prefácio de seu livro que não encontrou documentos relacionados aos eventos nos Arquivos do Estado de Berlim, mas eles deveriam estar lá porque embora listados no catálogo geral, não estavam fisicamente presentes;
- Até 1990, os principais arquivos e materiais relacionados às atividades de pós-guerra do BVG e da Deutsche Reichsbahn, estavam sob controle da Alemanha Oriental, o que quer dizer que estavam sob controle de Moscou; com o fim da URSS e a reunificação alemã é provável que em algum momento eles sejam liberados e a verdade sobre a inundação dos túneis do sistema ferroviário de Berlim em 1945 emerja de suas sombrias águas.
Imagens
Bibliografia
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Notas
[1] BERLIN POPULATION STATISTICS. Em Wikipedia, The Free Encyclopedia, Disponível em: https://bit.ly/36RYGWv. Acesso em: 2 fev. 2020.
[2] MARIANO, JOSE ANTONIO. Enquanto formos vivos, a Polônia não perecerá – a Polônia nos campos de batalha da II Guerra Mundial. São Paulo, Brasil: Self, T&T, 2020.
[3] BOLDT, Gerhard. Die letzten Tage der Reichskanzlei [Os últimos dias da chancelaria do Reich]. Berlim, Alemanha: Rowohlt Verlag, 1947.
[4] MUSMANNO, Michael A. Ten days to die. Nova York, EUA: Doubleday, 1950.
[5] LE TISSIER, Tony. Berlin Battlefield Guide. Barnsley, Inglaterra: Pen & Sword Books, 2008.
[6] BEEVOR, Antony. Berlim, 1945: A queda. Rio de Janeiro, Brasil: Record, 2004.
[7] O’DONNELL, James Preston. The Bunker: The history of the Reich Chancellery Group. Boston, EUA: Houghton Mifflin, 1978.
[8] BAHNSEN, Uwe. Die Katakombe – Das Ende in der Reichskanzlei [O bunker – O fim da Chancelaria do Reich]. Stuttgart, Alemanha: Deutsche Verlags-Anstalt, 1975.
[9] FEST, Joachim. Inside Hitler’s bunker. Nova York, EUA: Farrar, Strauss e Giroux, 2004.
[10] MEYER, Karen. Die Flutung des Berliner S-Bahn-Tunnels in letzten Kriegstagen: Rekonstruktion und Legenden [As inundações do túnel S-Bahn de Berlim nos últimos dias da guerra: reconstrução e lendas]. Berlim, Alemanha: GVE Verlag, 1992.
[11] READ, Anthony; FISHER, David. The fall of Berlin. Nova York, EUA: W. W. Norton & Co, 1993.
[12] PAYNE, Robert. Hitler à la Mode – Alan Bullock. The New York Times Review Book, Nova York, EUA: 28 jun. 1973. Disponível em: https://www.nybooks.com/articles/1973/06/28/hitler-a-la-mode/. Acesso em 16 fev. 2020.
[13] HAUS DER WANNSEE-KONFERENZ – GEDENK UND BILDUNGSSTÄTTE. [Casa da Conferência de Wannsee – Memorial e centro educacional]. Berlim, Alemanha: 10 out 2004. Disponível em: https://bit.ly/2OZ8Yhk. Acesso em: 16 fev. 2020.
*José Antonio Mariano é jornalista, psicanalista, pesquisador e historiador militar amador. Mariano é autor do livro “Enquanto formos vivos, a Polônia não perecerá – a Polônia nos campos de batalha da II Guerra Mundial”, além de diversos artigos sobre história militar.
SEnsacional…estou aprendendo muito…parabéns porter pessoas assim como vcs.
Claudioney, eu é que agradeço por nos acompanhar! Um abraço!