Por Robinson Farinazzo*
Antes de iniciar a leitura, assista a este vídeo.
Bem pessoal, Vocês viram no vídeo acima que os EUA vem pressionando o Brasil no sentido de ajuda-los em sua política com relação à Venezuela. Como nosso País tem resistido aos pleitos americanos, eu penso que nossa soberania, que é a capacidade de uma nação determinar seus rumos, vai bem obrigado.
Mas há uma coisa que esse pessoal que vive falando em ação militar contra a Venezuela ainda não se tocou, que é como isso poderia influenciar seu dia à dia.
Vamos supor que Você tenha um filho de 19 anos de idade, o qual criou com todo carinho. Um garoto, que assiste séries adolescentes na Netflix, te pede dinheiro pro Uber e gosta de acordar tarde, enfim, que tem toda uma vida pela frente.
Muito bem, pois ele será convocado. Seu cabelo será cortado, receberá vacinação contra doenças tropicais e um uniforme cujo caimento perfeito ou não em seu corpo não fará muita diferença. Se der sorte, receberá um treinamento rigoroso, do qual reclamará bastante mas que talvez salve sua vida um dia. Se não, vai pra guerra com a noção básica, pois há pressa em montar contingentes e repor as perdas dos primeiros dias. Toda guerra é assim.
Pode ser que ele volte um dia, inteiro, ao menos na aparência, se os seus nervos não tiverem sido destruídos pelo horror e levem anos para percebermos até que finalmente chegue o dia em que ele estoure em fúria contra si ou contra a sociedade.
Ou pode ser que ele volte sem um braço, uma perna, ou ambos, e sua vida nunca mais seja a mesma. Mesmo assim, seus pais ainda serão uns felizardos. Porque pode ser que ele não volte, e os pobres pais ainda darão graças à Deus se tiverem um corpo para enterrar.
O tempo se passará, ninguém sabe quanto tempo isso pode durar, outros pais chorarão sozinhos num quarto vazio, mas isso ainda não é tudo, pois restará uma conta para ser saldada. A inflação retornará, o Estado terá muitas pensões para pagar e a vida levará muito tempo para voltar a ser boa. Mas isso ainda não é o pior.
O pior, para os pais do soldado morto, será quando eles virem nos jornais a notícia que o regime odioso que seu filho morreu em vão tentando derrubar voltou ao poder pela força das urnas, porque é assim que a vida é.
*Robinson Farinazzo é Capitão-de-Fragata (FN) da reserva da Marinha do Brasil. Expert em tecnologia aeronáutica, piloto de aviões e graduado em Administração de Empresas, atuou em diversos cargos em sua carreira militar, especializando-se através de cursos, seminários , simpósios e intensa experiência de campo. Natural de Catanduva-SP em 1966, é palestrante e articulista, com textos publicados em várias revistas e sites especializados. Seu estilo busca primar pela concisão, otimismo e assertividade.
Excelente artigo, comandante!
Agradeço em nome do Comandante!
Que não se enganem os “encantados” pelos combates vividos em livros e videogames, ansiosos por combater. O cmte Farinazzo deu uma pequena amostra dos resultados da guerra, ninguém ganha de fato com uma guerra, ela só se faz necessária quando depender dela sua liberdade e sua vida, isso serve para a pessoa, aos seus e para o Estado.
Exatamente Jayme, é preciso estar pronto, como um seguro: torcer para que nunca seja necessário. Um abraço!
Uma dose de lucidez em meio aos devaneios de pessoas empolgadas que ainda estão no clima das eleições.
Pé no chão não faz mal a ninguém! Obrigado por comentar!