Guerra das Malvinas: a Operação Algeciras

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Por Albert Caballé Marimón*

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Navio de patrulha britânico HMS Forth próximo a Gibraltar (Foto: Royal Navy)

Em 1982, depois de invadir as Malvinas e constatar que os britânicos montaram uma grande força-tarefa para retomar as ilhas, a Armada Argentina idealizou um plano que pretendia contrapor a tradição naval britânica com engenhosidade. Assim foi concebida a Operação Algeciras.


Em dois de abril de 1982, quando a Argentina invadiu as Ilhas Malvinas, situadas a 12.000 km de distância da Grã-Bretanha, muitos deram o fato como consumado acreditando que não haveria muito que os britânicos pudessem fazer além de protestos na ONU e negociações diplomáticas.

Como sabemos hoje, não foi isso o que ocorreu. Em poucas semanas os britânicos montaram uma força-tarefa e lançaram a “Operação Corporate”, uma expedição para recuperar as ilhas e reafirmar a soberania britânica sobre elas.

O almirante Jorge Anaya, o então comandante da Armada Argentina e membro da junta militar que administrava o país, foi o principal arquiteto do plano de tomada das ilhas. Ao trabalhar nos planos de defesa da Armada, Anaya concebeu uma ideia audaciosa: atingir a Marinha Real onde ela menos esperava – afundando um de seus navios numa de suas próprias bases na Europa.

Motivação

Em 1982 o mundo vivia a Guerra Fria, e um dos temores da OTAN era uma invasão da Europa Ocidental pelo Pacto de Varsóvia num ataque relâmpago em alta velocidade que evitasse a chegada a tempo de reforços dos EUA. Embora hoje em dia tal invasão possa ser discutida, na época era tida como uma ameaça real, e um dos objetivos da OTAN era, se não rechaçar tal ataque, ao menos ser capaz de atrasa-lo por tempo suficiente para a chegada dos reforços. Neste plano, as forças navais eram uma peça importante. A Royal Navy comprometeu um número significativo de navios na Operação Corporate e, sendo a marinha mais poderosa da Europa, isso implicava numa redução da disponibilidade de navios para a OTAN, o que poderia afetar seus planos de defesa.

Para alguns analistas, essa foi a motivação de Anaya ao conceber um ataque a uma base europeia: fazer com que a OTAN, diante de uma demonstração de vulnerabilidade da Royal Navy na Europa, forçasse os britânicos a trazer de volta pelo menos parte da força-tarefa. Para outros a razão foi que, como a força-tarefa dependia de um enorme esforço logístico, se fossem atingidos em casa os britânicos seriam forçados a trazer de volta alguns navios para garantir a proteção de suas instalações.

Qualquer que fosse o caso, a expectativa do almirante Anaya era reduzir o tamanho da força-tarefa e assim melhorar o equilíbrio de forças. Embora a Argentina tivesse a vantagem de lutar no “quintal de casa”, a força-tarefa britânica, mesmo com suas dificuldades, era um oponente considerável.

O ataque não poderia ser realizado a qualquer navio. Além da agressão a um navio civil provocar protestos e atrair a antipatia internacional, o afundamento de um vaso de guerra britânico teria um impacto muito maior para as intenções argentinas. Assim, o alvo deveria ser um navio de combate da Royal Navy.

Com isso em mente, os argentinos começaram a analisar alvos. A segurança na própria Grã-Bretanha foi considerada muito rígida, mas havia uma alternativa interessante: Gibraltar, enclave britânico na Espanha, seria um ambiente muito mais favorável para a operação. Os argentinos não teriam problemas com o idioma e atrairiam menos atenção.

Um operador incomum

Para executar a operação, o homem escolhido foi Maximo Nicoletti, natural de Mendoza, próxima à fronteira com o Chile, mas criado em Puerto Madryn, cidade costeira argentina. Seu pai servira nos comandos navais da Regia Marina Italiana na Segunda Guerra Mundial. Assim, talvez por influência paterna, Nicoletti tornou-se mergulhador. No entanto, ele tinha um histórico um tanto incomum para um mergulhador realizando uma operação para a Armada Argentina.

Na década de 1970, Nicoletti ingressou nos Montoneros, grupo terrorista de esquerda argentino. Lá, foi responsável por diversas ações contra o governo militar; particularmente duas ficaram bastante conhecidas. Na primeira, em novembro de 1974, ele colocou uma carga de explosivos no barco do temido chefe da Polícia Federal Argentina, o comissário-geral Alberto Villar. A explosão matou Villar e sua esposa. Na segunda ação, em setembro de 1975, ele instalou explosivos sob o casco do ARA Santísima Trinidad, um destroier Type 42 em construção. O navio não foi perdido, mas os danos atrasaram a conclusão do navio por um ano. Nicoletti, portanto, não era exatamente uma pessoa querida pela Armada Argentina.

Capturado pelos militares, ele acabou atuando como delator e colaborou na detenção de vários de seus ex-companheiros. Isso fez com que suas relações com as autoridades argentinas melhorassem até o ponto em que, em 1978, durante as tensões com o Chile sobre o Canal Beagle, ele foi incumbido de realizar um ataque, similar ao que realizara ao Santísima Trinidad, contra um navio chileno. A questão com os chilenos acabou resolvida de forma pacífica e o ataque não foi realizado. Depois disso ele foi enviado à Venezuela para realizar atividades de inteligência para a Armada. Foi descoberto, suas funções se encerraram e ele foi morar nos Estados Unidos, em Miami.

Na tarde da invasão das ilhas pela Argentina, Nicoletti ligou para seus contatos em Buenos Aires, pressupondo que suas habilidades poderiam ser necessárias. No dia seguinte, ele recebeu um telefonema ordenando seu retorno à Argentina.

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Montagem da equipe e planejamento da operação

Anaya delegou a organização ao almirante Eduardo Morris Girling, comandante do Serviço de Inteligência Naval. Girling seria responsável pelo planejamento da operação e seleção de integrantes. Mesmo assim, o almirante Anaya se manteve no comando direto da operação.

A operação não seria simples e eles acharam que Nicoletti seria o homem ideal executa-la. Além da experiência como ex-guerrilheiro e não sendo membro das forças armadas, se ele fosse descoberto o governo argentino poderia facilmente negar qualquer envolvimento.

Além de Nicoletti, o comando foi composto por outros dois ex-Montoneros: Antonio Latorre, conhecido como “El Pelado Diego”, e outro ex-guerrilheiro com experiência como mergulhador conhecido apenas como “El Marciano”. A equipe foi complementada por Hector Rosales, membro do serviço de inteligência argentino e ex-oficial da Armada, que não participaria do ataque mas atuaria como elo de ligação. Todos viajariam com passaportes falsos, o que, supostamente, desvincularia totalmente a operação do governo argentino. As falsificações foram feitas por Víctor Basterra, outro ex-Montonero.

O plano consistia em estabelecer uma “base de operações” na cidade portuária de Algeciras, do outro lado da baía de Gibraltar; a equipe se passaria por um grupo de turistas em viagem de pesca, o que seria a cobertura perfeita para passar muito tempo num barco analisando a base britânica. Uma vez avaliada a situação e o meio ambiente, aguardariam a entrada de um navio britânico na base, consultariam Buenos Aires e agiriam de acordo com as ordens recebidas.

Para realizar o ataque, seriam empregadas duas minas magnéticas italianas com 25 kg de explosivo cada uma. Três minas seriam enviadas à Espanha através do serviço de mala diplomática, cujo sigilo evitaria a sua descoberta.

O ataque seria realizado numa noite escura para minimizar a possibilidade de serem descobertos. Eles se aproximariam com um bote a uma distância segura e Nicoletti e El Marciano, os mergulhadores, instalariam as minas, enquanto Latorre permaneceria no bote com instruções para afunda-lo e fugir sozinho caso os mergulhadores não retornassem após um prazo estipulado. Ao término da missão, eles viajariam para Barcelona e de lá seguiriam para a Itália, de onde finalmente regressariam à Argentina.

Execução

Nicoletti e Latorre viajaram em 24 de abril. Eles partiram do aeroporto Ezeiza (Buenos Aires) para Paris, de onde seguiriam num voo para Málaga. No entanto, nessa etapa ocorreu um contratempo. A falsificação dos passaportes não foi bem-feita; aparentemente, ao observa-los à contraluz, era possível ver a marca do fabricante do papel. Isso foi percebido pelas autoridades francesas, mas apesar disso, eles foram autorizados a seguir viagem. Neste ponto não está claro se Nicoletti e Latorre foram questionados pelos agentes da imigração francesa, ou se eles não chegaram a saber do fato.

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Ficaram alguns dias em Málaga e seguiram para Madri, onde se reuniram com Rosales e El Marciano. A seguir encontraram-se com o adido naval argentino para coletar as minas, que ele já recebera da embaixada.

Para se deslocar pela Espanha, alugaram um carro em Málaga e dois em Madri. Além do equipamento de mergulho militar de circuito fechado, eles tinham que transportar as três minas (75 kg), que, com 60 cm de diâmetro cada uma, eram bastante volumosas. Havia o agravante da Copa do Mundo de futebol que seria realizada em breve na Espanha. Como temiam-se atentados terroristas da ETA, havia muita preocupação com e segurança e controles nas estradas.

Embora não fosse difícil criar uma justificativa plausível para o equipamento de mergulho militar, não havia meio de explicar os explosivos, por isso a viagem era bastante arriscada. Assim, o primeiro veículo seria seguido pelo segundo a dez minutos e finalmente pelo terceiro, no qual transportaram as minas, a vinte minutos. O objetivo era burlar os controles da estrada, de forma que o veículo com as minas tivesse tempo, em caso de necessidade, de desviar seu percurso sem levantar suspeitas.

Em Algeciras, compraram um bote de borracha e equipamento de pesca no “El Corte Inglés” (cadeia de lojas de departamentos espanhola). Começaram então a reconhecer a baía e a refinar seus planos enquanto aguardavam uma oportunidade de atacar. Nas incursões de reconhecimento identificaram que as medidas de segurança britânicas eram bem menores do que eles esperavam e portanto concluíram que a operação era finalmente viável.

A primeira oportunidade surgiu quando um caça minas britânico chegou à base, mas Anaya o considerou um alvo muito modesto. Nicoletti sugeriu afundarem um grande petroleiro de bandeira não britânica, pois isso bloquearia o porto, mas Anaya não autorizou. Um derramamento de óleo e o consequente desastre ambiental causariam indignação na Espanha e nos países do Mediterrâneo.

Durante alguns dias, eles continuaram com a sua rotina de renovar o aluguel dos veículos. Alguns alvos potenciais surgiram – entre eles um destroier e um navio de transporte de suprimentos inglês ­–, mas havia algumas iniciativas de mediação de paz em curso que poderiam encerrar o conflito de forma pacífica. Um ataque a Gibraltar prejudicaria as negociações, e Anaya não deu autorização.

No dia 2 de maio, o submarino britânico HMS Conqueror atacou e afundou o cruzador argentino ARA General Belgrano, causando um grande número de baixas. Isso fechou os canais diplomáticos e no dia seguinte, 3 de maio, Anaya deu luz verde a Nicoletti. Na noite de segunda-feira, 9 de maio, o HMS Ariadne, fragata classe Leander, chegou a Gibraltar, tornando-se o alvo ideal.

O ataque foi marcado para a noite seguinte (10 de maio). A equipe iria à baía por volta das 18h00 fingindo pescar; à meia-noite, os mergulhadores nadariam até a fragata, plantariam as minas e voltariam às 05h00 da manhã seguinte. As minas seriam programadas para detonar depois disso.

Na manhã do dia 10, Latorre e Rosales foram à agência renovar o aluguel dos veículos para a fuga na manhã do dia 11. Nicoletti e El Marciano foram dormir para estarem descansados para o trabalho durante a noite. Enquanto estavam na agência aguardando o trâmite da renovação do aluguel, a polícia espanhola chegou e prendeu Latorre e Rosales; logo em seguida, às 12h30, policiais foram ao hotel e prenderam Nicoletti e El Marciano enquanto dormiam. Apesar das ordens em contrário, Nicoletti imediatamente confessou à polícia espanhola que eles eram agentes argentinos e qual era o seu objetivo.

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Segundo Nicoletti, eles foram bem tratados pelos policiais. Ele contou que, quando o acordaram no hotel, ele perguntou: “acho que perdemos, certo?”, ao que o policial teria respondido “sim, meu chapa”. Mais tarde, depois de explicar quem eram e quais os objetivos da missão, um dos policiais teria comentado, brincando: “se eu soubesse que você ia afundar um navio inglês, teria deixado”.

O presidente do governo espanhol, Leopoldo Calvo Sotelo, estava em Málaga na ocasião, e ao ser informado da situação, ficou num dilema. A Espanha tinha ingressado recentemente na OTAN, e portanto era aliada dos britânicos. Ao mesmo tempo, Sotelo não queria antagonizar a Argentina, país com quem a Espanha mantinha boas relações. Portanto, decidiu que o melhor seria adotar o máximo de discrição possível e resolveu rapidamente deportar os argentinos sem maiores comentários.

Para evitar vazamentos, Sotelo ordenou que todos, os argentinos e os policiais, embarcassem em seu próprio avião e decolassem imediatamente para Madri. Isso ocorreu às quatro da tarde, pouco mais de três horas após a prisão. De Madri, a equipe argentina seguiu para as Ilhas Canárias, acompanhados pela polícia, onde fizeram uma escala antes de seguir para Buenos Aires, então já viajando sozinhos.

A Operação Algeciras estava encerrada.

O que deu errado?

Há diversos pontos em aberto a respeito dessa operação, e não se pode esperar que haja nenhuma divulgação oficial de informações. Como a polícia espanhola entrou no circuito? Há algumas hipóteses, e provavelmente a equipe argentina cometeu alguns erros básicos.

Como foi mencionado, devido à realização da Copa do Mundo na Espanha, a polícia estava alerta para atividades terroristas e pedia que a população estivesse vigilante e relatasse situações incomuns ou suspeitas. A equipe de Nicoletti precisou renovar o aluguel de veículos várias vezes e eles agiam de forma não usual, levantando suspeitas.

Uma versão diz que o agente de uma locadora, Manuel Rojas, percebeu que eles tinham chaves de veículos alugados em outras agências; notou que eles sempre efetuavam os pagamentos em dinheiro com dólares americanos; e que eles nunca chegavam nos horários que diziam que chegariam, aparecendo sempre duas horas mais cedo ou duas horas mais tarde. Com essa suspeita, Rojas alertou a polícia, que pediu que ele os avisasse da próxima vez que o grupo viesse renovar o aluguel. Assim, naquela manhã de 10 de maio, ele chamou a polícia.

De acordo com outra versão, alguns dias antes da operação uma quadrilha composta por uruguaios e argentinos assaltou um banco, e a polícia pediu às empresas do ramo de viagens e turismo que estivessem alertas a suspeitos com essas características.

No entanto, segundo Nigel West, autor britânico especializado em operações especiais, a inteligência britânica sabia da missão por que monitorava as ligações telefônicas entre a embaixada argentina em Madri e Buenos Aires. Segundo ele, após discussões no gabinete britânico sobre a confiabilidade da Espanha, as informações foram repassadas a Madri e a polícia foi acionada.

Há ainda uma versão que diz que a inteligência britânica interceptou mensagens entre Buenos Aires e o grupo em Algeciras. Existe ainda a possibilidade das autoridades de imigração francesas, quando perceberam os passaportes falsos, terem alertado os espanhóis e os britânicos.

Há muitas hipóteses e nenhuma comprovação; o mais provável é que os detalhes jamais serão esclarecidos. Não se sabe o que ocorreria se a operação tivesse sido bem sucedida. Certamente seria um baque forte no moral dos britânicos, embora dificilmente alterasse o resultado da guerra. Mas o fato é que fracassou.

O destino de Nicoletti

Aparentemente, Nicoletti manteve uma ligação com a Armada Argentina de 1983 até pelo menos 1989 como instrutor de mergulho da Prefectura Naval (a guarda costeira argentina).

Depois disso, ele migrou para o crime comum. No dia 28 de fevereiro de 1994, como líder de uma quadrilha composta por dois ex-membros da Armada, três agentes da Polícia Federal, dois ex-suboficiais do Exército e um agente do Serviço de Inteligência Naval, ele assaltou um carro blindado, levantando o equivalente a um milhão e oitocentos mil dólares americanos. E, ao que tudo indica, esta não foi uma ação isolada.

Nas buscas realizadas pela polícia, foram encontrados uniformes militares, equipamentos de comunicação, documentos de identidade, caixas de projéteis, pistolas, fuzis e metralhadoras. Nicoletti foi preso em maio daquele ano no sul da Argentina. Ele estava de posse de 120 mil pesos.

Cinco anos depois ele foi solto em circunstâncias não muito bem esclarecidas e, em 2010, como o seu caso prescreveu sem ter sido concluído, ele exigiu na justiça que os 120 mil pesos lhe fossem devolvidos, devidamente corrigidos.

Infelizmente não obtive informações mais atualizadas.

Referências


*Albert Caballé Marimón possui formação superior em marketing, é fotógrafo profissional e editor do blog Velho General. Já atuou na cobertura de eventos como a Feira LAAD, o Exercício CRUZEX e a Operação Acolhida. É colaborador do Canal Arte da Guerra e da revista Tecnologia & Defesa. Pode ser contatado através do e-mail caballe@gmail.com.


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10 comentários

  1. Matéria excelente! Conhecia sobre a operação, mas nãoswus detalhes. Ex- guerrilheiros contra o império Britânico recebendo ordens de militarea ×é um grande enredo de thriller político.

    1. Apesar de ser oficial de Marinha, nunca ouvi falar dessa operação. Meus cumprimentos ao articulista pela qualidade e exclusividade da matéria.

  2. Em 19 de setembro de 1941, homens-rã italianos, utilizando torpedos tripulados, atacaram navios britânicos em Gibraltar, afundando o petroleiro “Denbydale” (que estava ancorado dentro do porto) e os cargueiros “Durham” e “Fiona Shell”, fundeados na baía de Gibraltar. Esses torpedos tripulados (dois homens-rã) tinham minas que eram largadas no mar, para ficar abaixo do casco do navio.
    Outros ataques foram realizados em 1941 e 1942, sem sucesso. Em 1942, um navio italiano, o “Olterra”, fundeado em Algeciras, teve seu casco modificado para poder abrir em baixo d’água e, com isso, os torpedos tripulados podiam ser lançados de forma furtiva. Em maio de 1943, foi realizado um bem-sucedido ataque a Gibraltar, com três torpedos tripulados, comandados pelo capitão-de-corveta Notari, saindo do “Olterra”. Cada torpedo transportava uma ogiva explosiva dupla e eles conseguiram afundar o cargueiro “Camerata” e avariar seriamente o “Pat Harrison” e o “Mahsud”. Os três navios estavam fundeados na baía de Gibraltar. Em agosto, novo ataque bem sucedido foi feito, afundando mais três navios. Fonte: T. Waldron, J. Gleeson, “Mini-submarinos”. In: História Ilustrada da 2ª Guerra Mundial, Armas, nº 18, pp.8-27

    Como foi aludido no texto acima, Nicoletti era filho de um ex-integrante dos comandos anfíbios italianos e, apesar de não ter encontrado referência a alguém com esse sobrenome na fonte citada, me parece ser muito provável, dadas as semelhanças, que ele tenha se inspirado nesses ataques feitos na 2ª Guerra.

    1. Exatamente Rudnei, uma das referências mencionam a possibilidade da ação argentina ter sido inspirada no filme “The Silent Enemy” de 1958, que é baseado justamente na ação italiana. Obrigado por comentar, forte abraço!

  3. Incrível esta história ! O ataque foi frustrado assim como as bombas que acertaram o navio inglês e não explodiram. Rs

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