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Narcoterroristas armadas assumem o controle de um estúdio da emissora de TV equatoriana TC Televisión durante uma transmissão ao vivo em Guayaquil, Equador, 9 de janeiro. 2024 (Reuters).

Narcoterroristas armadas assumem o controle de um estúdio da emissora de TV equatoriana TC Televisión durante uma transmissão ao vivo em Guayaquil, Equador, 9 de janeiro. 2024 (Reuters).

Os graves e atuais acontecimentos no Equador deveriam servir de alerta para o que tem ocorrido, há décadas, no Brasil.


As imagens da violência perpetrada no Equador percorrem o mundo e causam enorme consternação e perplexidade: a ousadia de narcoterroristas adentrando a uma emissora e a eternizada imagem de repórteres e funcionários da TC Televisión (Guayaquil) tomados como reféns. Um dos narcoterroristas avisa que estavam no ar para dizer que “não se brinca com a máfia” (sic). Apesar da transmissão ter sido interrompida no Equador, o sinal internacional permaneceu.

Estamos em janeiro de 2024 e muitos estão se perguntando: como chegamos a este ponto?

Uma das maiores virtudes humanas é a memória e a capacidade de aprender com experiências vividas, transformando-as em soluções. Mesmo que dolorosa, a lembrança de eventos traumáticos deve servir para o estudo de ações para evitar (ou, no mínimo mitigar) fatos similares no futuro. Mas esse tipo de evento não é algo tão contemporâneo assim: já ocorreu anos atrás em território nacional.

Que tal voltarmos ao ano de 2006, no Brasil? Dezoito anos atrás ocorreu algo similar ao que vemos hoje no Equador. A imagem de um narcoterrorista sendo divulgada por uma emissora. A reportagem “PCC sequestra jornalista e chantageia a Rede Globo”, veiculada em 13 de agosto de 2006 (Observatório da Imprensa), mostra as “reivindicações” de uma OrCrim (organização criminosa) sendo lidas por um narcoterrorista, sendo o vídeo divulgado.


Em 12 de agosto de 2006 uma equipe de jornalismo foi sequestrada por integrantes de uma OrCrim. O repórter Guilherme Portanova e o auxiliar técnico Alexandre Coelho Calado encontravam-se em uma padaria da Zona Sul de São Paulo-SP e foram levados por dois narcoterroristas. O técnico foi libertado perto da sede da emissora e portava um DVD. A libertação do repórter foi condicionada à exibição de um vídeo, que foi ao ar na madrugada de 13 de agosto. O texto lido pelo narcoterrorista (e exibido por decisão da emissora) teria sido elaborado com o auxílio de advogados (EGYPTO, Luiz. PCC sequestra jornalista e chantageia a Rede Globo. Observatório da Imprensa, 13 de agosto de 2006).

Com absoluta certeza, os vídeos de narcoterroristas atacando instalações policiais e viaturas no Equador (por vezes com o uso de lançadores de RPG, Rocket Propelled Grenade, granada propelida por foguete) causam assombro. E, se além das imagens que vimos, observássemos também uma aeronave da polícia sendo derrubada? Seria um choque! Ainda mais se a aeronave, com assoalho protegido por blindagem, fosse tripulada por experientes operadores, tendo em cada uma de suas portas laterais, quatro policiais que atuavam como artilheiros (door gunner). Já seria necessário arguir o motivo pelo qual uma aeronave policial devesse contar com vários tripulantes aptos (e extremamente proficientes) a efetuar disparos a partir daquele tipo de plataforma. Já deixo claro que não questiono, em absoluto, os operadores policiais (eu mesmo recebi, no decorrer da carreira, treinamento para esse tipo de atuação). Questiono o fato de como o poder público permitiu (por inércia, doutrinação, incompetência, ativismo, falta de percepção etc.) chegar um momento em que esse tipo de recurso fosse totalmente necessário para que o crime, em um grande centro urbano, fosse enfrentado. No Rio de Janeiro, como em vários outros estados, é fundamental contar com esse apoio.

No Brasil (não no Equador), um helicóptero foi derrubado por narcoterroristas em 2009. A aeronave era a Fênix 3 (um helicóptero AS 350 B2, da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, PMERJ, prefixo PR-EPM). Seus tripulantes, o capitão PM Marcelo Vaz, capitão PM Mendes (pilotos), cabo PM Fernandes, soldado PM Canazaro (ambos porta direita), cabo PM Patrício e soldado PM Stadler (ambos porta esquerda), haviam decolado para uma missão arriscada: na madrugada do dia 17 de outubro de 2009, narcoterroristas do complexo do Morro São João (com reforço de narcoterroristas vindos de outras regiões), resolveram “tomar” o Morro dos Macacos (combatendo integrantes da OrCrim que mantinha o domínio territorial daquele local). Policiais (sempre eles, sempre), no caso, policiais militares do 3º e 6º Batalhões da Polícia Militar, receberam a incumbência de fazer cessar o caos. Equipes do BOPE e do Batalhão de Choque foram chamadas para prestar apoio. Em determinado momento, uma fração policial ficou encurralada, com vários policiais feridos. A aeronave Fênix 3 procedeu em apoio. Tendo assoalho contando com blindagem (resistente ao calibre 7.62×51), foi atingida e recebeu um pequeno dano. Mesmo assim, descolou-se para reabastecimento e retornou para prestar apoio ao contingente policial. Impossível deixar de admirar e considerar como heróis os policiais que (no ar e em terra) vivem uma rotina como essa por anos. Nenhum deles é um “personagem de rede social”, postando imagens de si próprio e/ou frases motivacionais (por vezes evocando atos que jamais fariam). São pessoas de carne e osso, com famílias, que optaram por viver no limite para que o caos não se instale ou se amplie.

Continuando, os tripulantes retornaram com sua aeronave (que se fez acompanhar da Fênix 2, prefixo PP-EMA, necessário pela intensidade do evento que ocorria). No decorrer da missão, diversos disparos efetuados a partir do solo por narcoterroristas atingiram a lateral direita da aeronave, causando danos e ferindo os tripulantes. O capitão PM Marcelo tentou pousar, com o helicóptero (já em chamas) em autorrotação. Com a queda e destruição da aeronave, alguns tripulantes apresentaram ferimentos (por disparo de arma de fogo e queimaduras), bem como outros jaziam com o corpo carbonizado (possivelmente, alguns já estariam mortos, devido a ferimentos por arma de fogo antes do impacto da aeronave no solo).

Se causa assombro o que ocorre no Equador, por que motivo não causa consternação (até hoje) a aeronave na PMERJ ter sido derrubada em plena cidade do Rio de Janeiro? Qual o motivo de isso não ser lembrado? Dos vários e vários eventos em que a polícia (na maioria das vezes, única e exclusivamente ela) é acionada para ser o muro protetor da sociedade, da população honesta que deseja viver em paz e legalmente, qual desses fatos (eventos) realmente propiciou que os poderes constituídos promovessem ações de longo prazo, eficazes e isentas de cunho ideológico (ou ativismo), objetivando eliminar (ou ao menos mitigar) a tragédia que é termos áreas negadas por narcoterroristas, áreas estas com parca (ou nenhuma) influência ou governança estatal, onde a “lei que impera” é aquela ditada por criminosos?  Locais onde, inclusive, existe a narcocultura (sobre o que iremos falar em momento oportuno).

Para complementar (a questão de cunho ideológico), no “Wikifavelas” o tema da aeronave abatida é abordado como “Chacina do Morro dos Macacos” (equipe do Dicionário das Favelas Marielle Franco).


“‘A única coisa que consegui fazer foi pisar sobre meus amigos mortos para sair da aeronave’, diz sobrevivente de queda de helicóptero da PM”. O Globo. Rio, 20/07/2023. Reportagem de Vera Araújo (Imagem de Marcia Foletto/O Globo). Helicóptero da PM pega fogo após ser atacado por traficantes no Morro dos Macacos em 17/10/2009.

As imagens da tomada de diversos reféns no Equador foi algo que causou horror. Em outros locais e em outras épocas ocorreram, também, eventos similares. Um deles (que inclusive gerou filmes e documentários a respeito) foi a ação de terroristas na Índia, particularmente quando adentraram ao Hotel Taj Mahal, em Mumbai (ou, caso prefiram, Bombaim). O hotel foi um dos diversos alvos (cerca de 12) de terroristas, naquela cidade, no final de novembro de 2008.  Já em novembro de 2010, o presidente Barack Obama, hospedando-se no hotel, havia mencionado que “o Taj tem sido o símbolo da força e da resiliência do povo indiano”.

O ano de 2010, além da frase do ilustre hóspede, também testemunhou um evento em estabelecimento similar, mas no Brasil. Uma dezena de narcoterroristas em fuga adentraram a um hotel de luxo no Rio de Janeiro. Com aproximadamente 1.500 pessoas em seu interior, 25 (dos aproximadamente 250 funcionários) e seis hóspedes foram tomados como reféns. O grupo de narcoterroristas saía de um “baile” funk. Policiais do 23º Batalhão de Polícia Militar tentaram efetuar abordagem, sendo que os narcoterroristas, em total aproximado de 40, que estavam em vans escoltadas por aproximadamente 10 motocicletas, empreenderam fuga. Os narcoterroristas efetuaram diversos disparos contra os policiais, acabando por percorrer um longo trajeto. Os narcoterroristas começaram a se dispersar com a chegada de reforço policial e, parte dele adentrou ao hotel. Cinquenta homens do BOPE responderam ao chamado. Após horas de negociação, ocorreu a resolução deste evento.


Dez narcoterroristas em fuga adentraram ao Hotel Intercontinental em 2010. Segundo o gerente do hotel, havia 1.500 pessoas no interior do estabelecimento (destas, 250 funcionários) no momento da invasão. Trinta e uma pessoas (25 funcionários e seis hóspedes) foram mantidas reféns por cerca de duas horas (LEMOS, Rafael e RITTO, Cecília. Traficantes fazem 31 reféns em hotel de luxo no Rio. Veja, 21 de agosto de 2010).

O uso de artefatos explosivos improvisados em veículos, fato observado em nações que sofrem com terrorismo, ou em locais onde há deflagração de conflitos, eventos que no imaginário popular somente existiriam em distantes paragens, também já ocorreu no Brasil. Tente imaginar a explosão de um veículo, em uma manhã, ocasionada por um artefato em uma grande metrópole. Em 2010, no Rio de Janeiro, o filho do contraventor Rogério de Andrade (este último seria o alvo) foi morto na explosão que acabou com o veículo blindado em que se encontravam.


Se a utilização de artefatos explosivos improvisados em atentados, principalmente se perpetrados em grandes centros urbanos, pode sugerir ousadia, vale a pena recordar que há aproximadamente 13 anos ocorreu um evento desse tipo no Rio de Janeiro (BRISO, Caio Barretto. Atentado a bomba no Rio de Janeiro mata filho do contraventor Rogério de Andrade. Isto É, 8 de abril de 2010).

No Equador, porém, observamos ações em larga escala. Não “somente” alguns alvos, mas dezenas deles. A população daquele país é de aproximadamente 18 milhões de pessoas. A título de comparação, o estado de São Paulo possui cerca de 44 milhões de habitantes. São Paulo, a capital, possui uma população estimada de 12 milhões de pessoas e, a Grande São Paulo, quase 22 milhões. Não é exagero dizer, portanto, que a população paulista supera em número a do Equador. Seria assim difícil, pelo expressivo contingente populacional, “parar” a Grande São Paulo ou mesmo o Estado. Correto? Errado. 2006 foi o ano em que a mídia (nacional e internacional) divulgou as centenas de ataques, rebeliões em 73 estabelecimentos penais (53 rebeliões ocorreram simultaneamente em 14 de maio), mais de 90 ônibus incendiados e ataques a diversas instalações policiais efetuadas por uma OrCrim. As ruas da capital paulista ficaram, por dias, vazias. Para os policiais que vivenciaram essa época (eu fui um deles), não há qualquer exagero em afirmar que a capital do estado parecia estar deserta.


A memória de eventos críticos, bem como as lições aprendidas, deve possuir o caráter de promover efetivas melhorias (que na maioria das vezes exigirão um lapso de tempo prolongado para instrumentalização, não raro, medidas que demandarão mais de uma geração para demonstrar resultados perenes). Muitas vezes, entes políticos em sua maioria, apenas divulgam críticas e posicionamentos a respeito de ações do crime organizado em redes sociais. Ações, mais do que posicionamentos, bem como efetiva articulação, seriam mais producentes.  Da mesma forma, o ativismo promove uma guerra de narrativas, com clara demanda para somente um dos lados (TOMAZ, Kleber. Há 15 anos, São Paulo teve “lockdown” durante ataques de facção e revide de policiais. G1 SP, 15 de maio de 2021).

O que vemos hoje no Equador poderia servir para fazermos duas perguntas:

1ª) Já ocorreu no passado algo similar no Brasil? (sabemos que a resposta é sim);

2ª) Tendo ocorrido, exatamente quais medidas efetivas estão sendo adotadas no presente, para que tais ações não ocorram no futuro?

É preciso recordar que a maioria das medidas efetivas deve ter como ponto de partida o nível político.


Notícia veiculada em 2012 esclarece sobre a ordem (acompanhada da estruturação necessária para que fosse cumprida) para que policiais fossem assassinados (Facção deu ordem a criminosos para assassinar policiais em SP. Folha de São Paulo, 5 de outubro de 2012).

É fato o expressivo número de baixas policiais. O capitão PM Ricardo Savi, um dos mais experientes profissionais na área de vitimização policial no estado de São Paulo (coautor do livro Prazer em Conhecer: Departamento PM Vítima, 2020), em trabalho científico, demonstrou que, de 2013 a 2020, 470 policiais militares paulistas foram vítimas de homicídio. Cito este profissional pois, além de estudar e aprimorar-se em relação ao tema, não é um mero teórico ou estudioso que acompanha eventos por noticiário: ele atuou em centenas de casos de homicídios onde policiais figuravam como vítimas, juntamente com a Equipe PM Vítima. Também, juntamente com a equipe que liderava, produziu a redação de um Projeto de Lei (PL) que versa sobre a confecção de relatório a respeito de vitimização policial (fazendo com que estatísticas produzidas de forma questionável ou estudos com conclusões superficiais não sejam mais utilizados, dando lugar a um relatório oficial e fidedigno), permitindo que o estudo e conhecimento desse tipo de evento encontre real fundamentação técnica e, por conseguinte, tenham-se soluções efetivas pautadas na realidade. O PL ainda se encontra (após ter sido recebido por parlamentar que o considerou adequado) em tramitação, após ter dado entrada em 2019 na Assembleia Legislativa Paulista.

Se somarmos aos números citados (de 2013 a 2020), os do período subsequente, mais de 550 policiais militares paulistas foram vítimas de homicídio. Não é somente um número expressivo: é um número assombroso. Isso somente em São Paulo. O estado de Minas Gerais perdeu recentemente um de seus policiais, o sargento PM Roger Dias da Cunha (de 29 anos).  Houve grande comoção pela triste perda e um questionamento: como é que, em um país dito civilizado, os “suspeitos” de seu assassinato, mesmo tendo diversas passagens pela polícia, não estavam em uma prisão, cumprindo integralmente uma longa pena pelo que já fizeram?

Assim sendo, o que ocorre hoje no Equador deve servir de alerta para o que tem ocorrido, há décadas, em nosso país.

Referências

A missão – O combate – O acidente – Os heróis. Piloto Policial, 18 de outubro de 2009. Disponível em: https://www.pilotopolicial.com.br/a-missao-o-combate-o-acidente-os-herois/.

ARAÚJO, Vera. “A única coisa que consegui fazer foi pisar sobre meus amigos mortos para sair da aeronave”, diz sobrevivente de queda de helicóptero da PM. O Globo, 20 de julho de 2023. Disponível em: https://oglobo.globo.com/rio/noticia/2023/07/20/a-unica-coisa-que-eu-consegui-fazer-foi-pisar-sobre-meus-amigos-mortos-para-sair-da-aeronave-diz-sobrevivente-de-queda-de-helicoptero-da-pm.ghtml.

BARREIROS, Isabela. Taj Mahal Palace: Alvo de um atentado terrorista, hotel virou campo de guerra. Aventuras na História, 23 de dezembro de 2022. Disponível em:  https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/taj-mahal-palace-tower-o-estabelecimento-que-foi-alvo-de-um-ataque-terrorista-que-chocou-o-mundo.phtml.

BENITES, Afonso e PAGNAM, Rogério. Facção deu ordem a criminosos para assassinar policiais em SP. Folha de São Paulo, 5 de outubro de 2012. Disponível em: https://m.folha.uol.com.br/cotidiano/2012/10/1164164-faccao-deu-ordem-a-criminosos-para-assassinar-policiais-em-sp.shtml.

BRISO, Caio Barretto. Atentado a bomba no Rio mata filho do contraventor Rogério Andrade. Isto É, 8 de abril de 2010. Disponível em: https://istoe.com.br/63777_ATENTADO+A+BOMBA+NO+RIO+MATA+FILHO+DO+CONTRAVENTOR+ROGERIO+ANDRADE/.

EGYPTO, Luiz. PCC sequestra jornalistas e chantageia a Rede Globo. Observatório da Imprensa, 13 de agosto de 2006. Disponível em:  https://www.observatoriodaimprensa.com.br/educacao-e-cidadania/caderno-da-cidadania/pcc-seqestra-jornalista-e-chantageia-a-rede-globo/.

FABRI, Flávio César Montebello. A necessidade de um LEOKA nacional diante de estatísticas inúteis. DefesaNet. 9 de janeiro de 2020. Disponível em: https://www.defesanet.com.br/sof/flavio-fabri-a-necessidade-de-um-leoka-nacional-diante-de-estatisticas-inuteis/.

LEMOS, Rafael e RITTO, Cecília. Traficantes fazem 31 reféns em hotel de luxo no Rio. Veja, 21 de agosto de 2010. Disponível em: https://veja.abril.com.br/brasil/traficantes-fazem-31-refens-em-hotel-de-luxo-no-rio.

TOMAZ, Kleber. Há 15 anos, São Paulo teve “lockdown” durante ataques de facção e revide de policiais. G1 SP, 15 de maio de 2021. Disponível em: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2021/05/15/ha-15-anos-sao-paulo-teve-lockdown-durante-ataques-de-faccao-e-revide-de-policiais.ghtml.

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1 comentário

  1. quem gerencia a segurança pública, além de conviver com as visões simplistas de que “cadeia resolve” e de que o meliante é “vítima do sistema”, não percebeu que o crime organizado tem um projeto de poder: tomar o Estado.

    e está conseguindo seu intento: forças de segurança estão corrompidas, as próprias forças armadas já foram cooptadas. os escândalos publicados frequentemente nos jornais e tv’s não mostram casos isolados.

    décadas de inexistência de uma “política de segurança” adequada (seja lá o que isso queira dizer), mostra a negligência de todo o espectro político no seu planejamento, ou mesmo vontade de não fazer nada.

    e não sejamos românticos: nenhuma força policial deseja o fim do crime organizado (impossível) ou seu controle etc. reduzi-lo é perder poder político a longo prazo, perder influência por um grupo que também tem um projeto de poder: adentrar as estruturas do Estado para ter influência e obter vantagens.

    não sou especialista em nada. mas, pra mim, inês é morta; agora já era. nunca se combateu o CO porque não se viu “vantagem” nisso.

    nesse tema não existe “almoço grátis” nem “santos”. a corrupção alcança a todos. a “minha” pode…

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