Marinha da Indonésia acredita que detritos encontrados na área de buscas neste sábado pertencem ao submarino; mesmo com poucas esperanças de encontrar a tripulação com vida, as equipes de buscas continuam trabalhando. Se não houve pane elétrica, o Nanggala teria capacidade para produzir suprimento de ar até segunda-feira.
A marinha da Indonésia anunciou neste sábado que detritos do submarino KRI Nanggala 402, desaparecido na quarta-feira, foram encontrados na área de buscas, com itens que incluem tapetes de oração, uma garrafa de graxa de lubrificação do periscópio e partes de um sistema de torpedos. “Nos últimos dias, encontramos detritos e coisas do submarino [perto de onde] ele estava prestes a mergulhar”, disse o almirante Yudo Margono, comandante da marinha, em entrevista coletiva em Bali, onde foram exibidos os itens encontrados.
Margono afirmou que está convencido de que os objetos pertencem ao Nanggala: “Essas coisas não pertencem a pessoas comuns, estavam em um raio de 10 milhas náuticas [de onde o submarino fez o último contato] e não havia outras embarcações navegando”. Ele acrescentou que não é possível prever as condições da tripulação.
Margono informou ainda que, com as evidências encontradas, que ele acredita pertencerem ao submarino, a Marinha da Indonésia muda o status de “submarino perdido” para “submarino afundado”.
Acredita-se que o Nanggala afundou em uma área com aproximadamente 850 metros de profundidade, o que estaria muito além de sua capacidade operacional máxima ou da profundidade de esmagamento de 500 metros. Ainda assim, Margono disse que o esforço de resgate vai continuar. “Estamos preparando uma evacuação médica para as tripulações que ainda podem estar seguras”, disse ele.
Margono disse que a Marinha acredita que a embarcação pode ter sofrido uma pane elétrica e que, nesse cenário, havia suprimento de ar suficiente apenas para três dias. Esse período expirou às 03h00 da manhã (hora local) deste sábado. No entanto, se o submarino não tiver sofrido uma queda de energia e os membros da tripulação continuarem vivos, haveria eletricidade suficiente para produzir um suprimento de ar por cinco dias (até a manhã de segunda-feira).
As equipes de busca mantêm as esperanças. Navios de Singapura e da Malásia estão correndo para o local para se juntar aos esforços de resgate, que, além da Marinha da Indonésia, conta com navios australianos, incluindo uma fragata com capacidade de sonar e uma aeronave americana P-8 Poseidon, que chegou na manhã deste sábado.
Se a localização do submarino for confirmada, um submersível remotamente operado (DSRV, Deep-submergence Rescue Vehicle), acoplado ao navio MV Swift Rescue, de Singapura, será implantado, disse Margono. Ele pode descer a uma profundidade de 1.000 metros. As equipes de resgate provavelmente teriam que romper o casco ou a torre, pois o Nanggala não possui sistema de acoplamento para resgate.
Alguns analistas sugerem dúvidas quanto à idade e condições de manutenção do submarino. Em entrevista ao jornal South China Morning Post, Collin Koh Swee Lean, pesquisador do Institute of Defence and Strategic Studies, disse que o submarino desapareceu “em grande parte [devido ao] envelhecimento do equipamento militar, embora acidentes submarinos também possam ser atribuídos a fatores humanos – erros na operação da embarcação, ou mesmo trabalho de manutenção errôneo feito no submarino enquanto ele está atracado”.
Já para Zachary Abuza, professor de estudos do sudeste asiático do National War College, de Washington, também em entrevista ao South China Morning Post, as águas quentes da Indonésia podem afetar a frota de submarinos do país. De acordo com ele, “submarinos duram menos em águas tropicais devido às águas mais quentes, e a Indonésia não tem um grande histórico de cuidados com seus navios”.
Segundo Ridzwan Rahmat, analista da Janes, o incidente poderia ter sido evitado se a embarcação não estivesse sobrecarregada ou mantida em serviço por tanto tempo. De acordo com ele, o ciclo de vida típico de um submarino é de 30 a 35 anos. O Nanggala foi construído em 1977 e comissionado na Marinha da Indonésia em 1981. Rahmat disse que ele já deveria ter sido desativado, mas devido a questões orçamentárias, decidiu-se atualizá-lo na Coréia do Sul.
Muito complicada a situação. Águas consideradas não favoráveis, alguns anos a mais de uso para o tipo de embarcação, histórico de manutenção não muito confiável. Que não seja um ARA San Juan versão indonésia. Forte abraço!