Ataques direcionados a policiais: Desvendando a face da violência seletiva

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Policiais da ROTA, unidade de elite da Polícia Militar do Estado de São Paulo, durante uma operação no Guarujá, cidade do litoral paulista, em 2020 (Arquivo pessoal do autor).

Policiais da ROTA, unidade de elite da Polícia Militar do Estado de São Paulo, durante uma operação no Guarujá, cidade do litoral paulista, em 2020 (Arquivo pessoal do autor).

A violência direcionada a policiais requer resposta conjunta das autoridades, estratégias de segurança avançadas, treinamento contínuo e colaboração comunitária, tendo em mente que a segurança dos agentes que mantêm a ordem é uma prioridade fundamental.


O cenário global da segurança pública enfrenta um desafio alarmante: o aumento expressivo dos ataques violentos direcionados especificamente a policiais não apenas no Brasil, mas também nos Estados Unidos, Europa e em várias regiões da América Latina, principalmente em áreas dominadas pelo tráfico de drogas. Recentemente, um caso prático no Brasil exemplificou essa realidade perturbadora.

Dois policiais militares da ROTA, a tropa de elite da Polícia Militar do Estado de São Paulo, foram alvejados durante o patrulhamento em comunidades no litoral de São Paulo. Tragicamente, o soldado Reis não resistiu aos ferimentos e faleceu enquanto recebia atendimento, enquanto o cabo Fabiano Oliveira Marin Alfaya sobreviveu a um tiro na mão esquerda. Em outra ocorrência perturbadora, a cabo policial militar Najara Fátima Gomes de Barros foi vítima de disparos nas costas em um ataque direcionado em Santos-SP. Em ambos os casos, os policiais foram emboscados.

Esses incidentes chocantes não são meros confrontos casuais entre criminosos e policiais, mas exemplos flagrantes de violência direcionada. A violência direcionada é caracterizada pela seleção específica de um grupo ou indivíduo como alvo, com base em sua identidade ou afiliação. Nesse caso, os alvos são os próprios agentes da lei, aqueles encarregados de proteger a sociedade e fazer cumprir a ordem.

A situação é agravada pela profunda compreensão que os agressores têm das políticas e procedimentos operacionais da polícia. Os criminosos estão, muitas vezes, cientes das restrições que regem o uso da força por parte dos policiais, enquanto eles próprios não têm limitações semelhantes. Isso se manifesta através de provocações retóricas, como o desafiador “vá em frente, atire em mim”, que se tornou uma espécie de provocação nas ruas.

Muitos desses agressores possuem conhecimento prático das práticas padrão da polícia, obtido através de experiências pessoais e da observação das atividades de outros criminosos com os quais interagem. Infelizmente, o sistema carcerário também tem servido como ambiente de aprendizado, onde estratégias para evitar e evadir a polícia são compartilhadas e refinadas.

No enfrentamento dessa ameaça complexa e perigosa, dois fatores fundamentais se destacam como determinantes para separar vencedores de vítimas em cenários de ataque direcionado: mentalidade profissional e proficiência tática. Mentalidade profissional envolve a aceitação pessoal do perigo inerente à profissão policial e o compromisso de enfrentar esse desafio. Isso se constrói por meio da preparação mental, treinamento realista e desafiador, e um compromisso moral de proteger a si mesmo e a comunidade. Proficiência tática é a capacidade de executar com eficácia as habilidades táticas necessárias para enfrentar a ameaça.

Conforme apontado por especialistas, a “curva reacionária”, conceito definido por Bruce Siddle em seu livro Warriors Edge, é o tempo que um ser humano leva para perceber cognitivamente uma ameaça, combinar essa percepção com uma sequência de respostas e executá-las de forma eficaz e reflexiva. Quanto mais aguçada for a consciência situacional – a capacidade de um policial de reconhecer, em nível subconsciente, os sinais de perigo e agir de forma decisiva para lidar com a ameaça – e as habilidades táticas, mais rápido esse processo se inicia e maior é a probabilidade de agir sem hesitação, garantindo a vitória na luta.


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Em resumo, não existe uma receita tática infalível para garantir o sucesso em cenários de ataque direcionado a policiais, seja uma emboscada, uma tentativa de fuga ou uma evasão. A maior ameaça à comunidade policial nesse contexto é a complacência alimentada pela rotina. Cada parada de trânsito, serviço de mandado, atendimento de ocorrência ou abordagem deve ser executada com a mentalidade de que o perigo é real.

A busca por treinamento além das exigências obrigatórias é crucial. E, ao se engajar nesse treinamento, é vital praticar como se a sua vida e a de seus colegas dependesse da maestria da habilidade em questão. Esteja preparado e treine continuamente, lembrando-se que, quando a pior situação ocorrer, a adrenalina não o guiará magicamente para um ato heroico. Ao contrário, você sempre reagirá de acordo com o nível de treinamento e experiência que possui. Essa é a fronteira entre o sucesso e o fracasso.

A seleção de vítimas nesse contexto é um fator-chave. Tal como em um ambiente predatório, a escolha das vítimas é moldada pela percepção de oportunidade e vulnerabilidade. Alguns agressores podem ter planos premeditados, orquestrados com cúmplices, como no caso da policial Najara Gomes na cidade de Santos. Em outros casos, a seleção pode ocorrer de maneira aleatória, como no incidente em que a equipe da ROTA foi emboscada durante um patrulhamento.

Para enfrentar essa complexa e perigosa situação, é necessário um esforço conjunto das autoridades. Isso inclui o desenvolvimento de estratégias de segurança mais avançadas, o aprimoramento constante do treinamento dos policiais e a colaboração ativa com a comunidade para criar um ambiente seguro e protegido. O desafio é considerável, mas é imperativo vencer essa ameaça persistente e garantir a segurança dos agentes que se dedicam a manter a ordem em nossa sociedade.

A crescente ameaça da violência direcionada a policiais se espalha globalmente, incluindo o Brasil. Incidentes recentes revelam ataques deliberados contra agentes da lei, destacando a urgência de entender e enfrentar essa realidade. Agindo além de meros confrontos casuais, essa forma de violência seletiva coloca em risco aqueles que estão na linha de frente da proteção da sociedade.

Estar ciente da compreensão dos agressores sobre as regras de aplicação da lei, em combinação com a proficiência tática e a mentalidade profissional dos operadores de segurança pública, desempenha um papel vital na mitigação dessa ameaça. Enfrentar esse desafio requer uma resposta conjunta das autoridades, com estratégias de segurança avançadas, treinamento contínuo e colaboração comunitária. A segurança dos agentes que mantêm a ordem é uma prioridade fundamental.

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3 comentários

  1. Prezados boa tarde ! Venho externar minha opinião sincera de oficial R2 do Exercito após ter presenciado o crescimento do viés de esquerda , oriundo da contra-revolução de 1964, onde as forças auxiliares são colocados na ordem do dia , do infame processo de vilipendio das instituições, da família e dos valores que agregam a sociedade sã. De outro lado, a degradação dos valores , da educação e o crescimento infame do estado e de seu aparato distorcido de assistencialismo aparente criando a casta do funcionalismo publico repleto de beneficies escondido sob a imensa pobreza e degradação do povo e da nação. Como alavanca para a catalisação deste processo de degradação nacional, o apoio incondicional ao lupen proletariado é ferramenta clássica no processo de degradação social, sendo carta marcada o fortalecimento de facções e o chock com a parte sâ e ativa do estado; neste contexto, o rompimento do tecido social, o crescimentomdas facções dentro e fora dos presidios, fomentadas pelos idealistas da juristocracia social do Largo Sao Francisco, nos fazem chorar e lamentar a morte de policiais , juizes e aparato repressor do crescente poder consumidor do narco estado socialista. E frente a isto Generais e coroneis melancias, apreciam de braços cruzados sobre suas pensões o crescimento da barbárie; profetizada e combatida em 1964, agora mostra seus tentaculos e abraça de morte a sociedade brasileira estupefata e perplexa ante a covardia de seus militares melancia, como o General G. Dias e o General Dutra e outros que coabitam em torno do narco estado em expansao em troca de uma pensão gorda e o exilio em Madri, Paris ou USA, mas não em Cuba , Venezuela ou El Savador. Hipocritas e traidores, espero estar vivo para ver o povo lhes virar as costas em 7 de setembro.

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