Passagem de Comando ADESG 2022

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O coronel Antônio Celente, presidente da ADESG para o Biênio 2022/2023, durante a cerimônia de posse (Acervo pessoal).

O coronel Antônio Celente, presidente da ADESG para o Biênio 2022/2023, durante a cerimônia de posse (Acervo pessoal).

Discurso de posse à presidência nacional da ADESG pelo Coronel reformado da Aeronáutica Antonio Celente Videira (presidente para o Biênio 2022/2023).


Sete de outubro, dia de Nossa Senhora do Rosário, data em que estava me preparando para me afastar, formalmente, do Sistema ESG/ADESG, a pátria me fez o último chamado.

O general-de-divisão Adilson Carlos Katibe me convoca em seu gabinete e, na presença do contra-almirante Gilberto Cezar Lourenço pede-me para montar uma chapa, objetivando concorrer à Diretoria Executiva da ADESG, para o biênio 2022/2023.

Naquele momento, houve uma transfiguração em meu ser. Como poderia dizer não para o meu comandante? Seria prudente eu sugerir outros nomes, apesar de tê-lo feito em outros momentos?

Foi um instante de aceitação e acatamento, muito porque os meus colegas que compunham a Diretoria atual e que se despedem, também, já tinham cogitado o meu nome para tal função.

Ao deixar o Gabinete do general Katibe, que ficara conversando com o almirante Lourenço, desci as escadas do centenário prédio que servira de Escola da Artilharia de Costa, na Velha República, e ambiente onde fora criado o Rito Maçônico Brasileiro, em 1914, cujo protagonista foi o general de engenharia Lauro Nina Sodré e Silva, por ironia, pai do primeiro Presidente da ADESG Nacional, almirante Benjamin de Almeida Sodré.

Ainda naquele 7 de outubro, chegando ao térreo do prédio, olhei para o Pão de Açúcar, penhasco que abençoa a nossa querida ESG.

É o Santuário Natural que, todos os dias, ao chegar na Escola, sensibiliza aqueles que estão sintonizados com as coisas sagradas. Naquele instante, às 16h30, aproximava-se uma frente fria no Rio de Janeiro. As nuvens pareciam conversar com aquele esplendoroso altar de granito, afogando-o em uma massa fria, mas aplainando suas curvas pontiagudas e saudando o espectador que admirava aquele lindo fenômeno.

Naquele espaço de tempo, diante da estampa de forças telúricas da natureza, a metamorfose se fez ostentada, muito porque a missão da ADESG Nacional é algo que ultrapassa os limites de uma divisão funcional ou mesmo de uma organização militar ou empresarial, para se caracterizar naquilo que os sábios denominam de elasticidade cívico-patriótica.

Moisés diante da Sarça Ardente titubeou, no Monte Sinai, mas foi amparado, não só por Forças Supremas do Alto, mas, e sobretudo, por assessores leais e competentes que acreditaram nas profecias dos antigos. Desde pastores, passando pelos sacerdotes levíticos até os guerreiros da tribo de JUDÁ, todos lhe cerraram fileiras para retirar os judeus do jugo egípcio e caminhar, durante 40 anos, no deserto escaldante.

Da mesma forma, general Katibe, no ato de arrebanhar assessores e companheiros para levar o desiderato da ADESG, confesso que, no início, tive uma certa dificuldade, mas, logo em seguida, foram se aproximando amigos e colegas que propiciaram, em um primeiro momento, montar a nossa equipe. A cada dia que passa, general Licínio, novos talentos têm se aproximado, trazendo ideias e inovações no campo processual, com aplicações objetivas e determinadas, consubstanciadas em boas práticas administrativas. São homens e mulheres com expertises específicas, que se complementam naquilo que se busca dentro de um plano de trabalho.

Além desses assessores de última hora que compõem a nossa Diretoria Executiva, faço questão de mencionar nossos delegados e delegadas, bem como os representantes das nossas delegacias espalhadas pelo território nacional, cuja dedicação e abnegação pelo trabalho adesguiano é digno de louvor.

A Cavalaria Templária era uma Ordem Religiosa-Militar, cuja função, em pleno início da idade média, protegia os peregrinos cristãos. Da mesma forma, nossos atuais delegados são pessoas de têmpera, possuidores de lealdade, coragem e espírito de sacrifício, como os Cavaleiros Pobres de Cristo, de outrora. Hoje, ao invés de protegerem peregrinos, resguardam o cidadão fadado a tornar-se um descrente e desesperançado no futuro do País.

Através dos Ciclos de Estudos de Política e Estratégia (CEPEs) e na realização de seminários, sobre temas conjunturais, estabelecem vórtices de luz guiadores a pontos significativos, desencadeadores de consciência e de lucidez, visando atenuar a escuridão mental hoje preexistente em tempos difíceis.

São nesses novos tempos que ostentam o temor e a incerteza.  O desiderato dos acontecimentos, de certa forma, nos transforma em máquinas não pensantes, obedecendo a uma cantilena mordaz, com bombardeios de notícias pavorosas.

É a guerra híbrida, revestida de narrativa falseada, mas com roupagem oficial. E o pior, a assimetria das fontes de emissão são verdadeiros Golias das comunicações, desprendendo farsas de conteúdo, robustecido por forte poder midiático. O medo e o pavor são armas letais a confinar o cidadão dentro de casa, enclausurado sob suas angústias e incertezas, tudo afetado pelo monitor da televisão.

Nesse novo jogo das conflagrações, em que as trincheiras estão dentro das redações dos jornais e no interior das reitorias universitárias, os estragos psicológicos se fazem sentir, com maior contundência, junto aos órgãos públicos e, pior, no seio da família.


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Por isso, a missão da ADESG deve ser considerada, para se contrapor a todo esse jogo, já que o mote da instituição é forjar o cidadão, para ter visão responsável de Brasil, promovendo o congraçamento entre a sociedade civil e militar, procurando sempre formatar a unidade patriótica do País.

Pitágoras já dizia que: “eduquem-se os adolescentes e os jovens, e não será preciso castigar o homem maduro”.

Esse é o dilema do estado social do país, sendo a Associação dos Diplomados da ESG o refrigério no desaquecimento das mentes torpes da juventude, às vezes, eivadas de impurezas ideológicas.

Diante dessas reflexões, o movimento de retorno da instituição ao seu local genuíno de nascimento, a ESG, marca um novo momento no seu caminhar.

Mas mergulhando na história, em 1962, quando a ADESG deixou as instalações da ESG, e foi para as amplas salas do 12º andar do Prédio do então Ministério da Fazenda, no centro do Rio de Janeiro, vivíamos o momento da interiorização do país, com o deslocamento da Capital da República para Brasília.

Estávamos no auge da Guerra Fria, o telefone vermelho estabelecia uma linha direta entre a Casa Branca e o Kremlin, a guerra do Vietnã chamava atenção do mundo, acompanhávamos a corrida espacial, enfim. Mas algo de assustador rondava o mundo, em especial a América do Sul. Estamos falando de ideologias exóticas à nossa cultura.

Naquele momento, a ADESG começa a se interiorizar pelo país promovendo ciclos de palestras, os denominados Ciclos de Estudos sobre Segurança e Desenvolvimento. Essa ação difundiu o pensamento da escola a todos rincões da pátria. De certa forma foram profícuos os resultados à sociedade.

Sessenta anos depois, em 2022, diante de altos e baixos contratempos, a Associação retorna à sua origem, voltando para as dependências da ESG. O cenário mundial é outro, com conformação diferente daqueles da década de 1960. Vivem-se os conceitos do globalismo, da ameaça à unidade nacional, da insegurança interna, do domínio financeiro do narcotráfico, da soltura de apenados, da fragilidade democrática, enfim, tudo sob o olhar de instituições consagradas.

Essa volta significa dizer que o seu caminho toma novo rumo. Os assuntos a serem tratados nas delegacias e representações vão promanar de um centro que agora estuda e troca experiências com inteligências diversas, a partir de instituições correlatas nacionais e internacionais.

Tanto o Método de Planejamento Estratégico como o seu pensamento doutrinário estarão alinhados com os mais vigentes conceitos do estudo cratológico.

Também, de certa forma, vive-se outro momento em que a tecnologia diminui o distanciamento entre a Diretoria Executiva e as delegacias. A utilização da plataforma WEBEX, as salas virtuais de altos estudos, os grupos de WhatsApp, o Instagram, os boletins informativos eletrônicos, a inteligência artificial e ainda o ferramental cibernético propiciarão meios de uma perfeita integração e cooperação entre a comunidade adesguiana. Isso permitirá o cumprimento da sua missão, ou seja, “difundir conceitos e estudos conjunturais relacionados com a Defesa, a Segurança e o Desenvolvimento, tudo sob a observação dos métodos e pesquisas da ESG”.

Certamente, general Katibe, a reunião promovida pela Escola no dia 7 de dezembro do ano passado, com os nossos delegados, em comemoração aos 70 anos da instituição, foi o início desse novo caminhar e conformou nos delegados um sentido mais acirrado de unidade nacional.

Para finalizar, nos deslocamos para a outubro de 1951, quando a segunda turma da ESG se dirigia de Vitória para o Rio de Janeiro, a bordo do navio Duque de Caxias, da Marinha do Brasil, encerrando uma visita de estudos ao quadrilátero ferrífero.

Na missa dominical, o capelão do navio, padre Noé, leu o trecho contido em Atos dos Apóstolos, Capítulo 4º, versículos 31 a 33, que dizia “e da multidão dos que criam, o coração era um e a alma uma; e nenhum dizia ser sua coisa alguma daquelas que possuía, mas dentre eles era comum”. Daí se consagra o lema ou slogan da ADESG que diz UM SÓ CORAÇÃO E UMA SÓ ALMA PELO BRASIL, que acompanha a instituição por toda a sua vida.

É interessante dizer que esse ato religioso ocorreu em alto mar, rodeado de água, o fluido universal, em pleno oceano, local do princípio da vida no planeta Terra, e que aquele sacerdote consegue enfatizar, no versículo, o momento de união e comunhão entre apóstolos. Nesse sentido, a mística dessa mensagem está calcada na conclamação da unidade dos brasileiros, aspecto invocado pela ADESG em suas atividades acadêmicas.

Concluo dizendo que as circunstâncias se renovam, as gerações se sucedem e os desafios se apresentam com nova roupagem. Desta forma, conclamo o cerramento de fileiras, como fora feito por nossos antepassados e chefes. Aos dirigentes atuais da ESG, tenente-brigadeiro Lourenço e general-de-divisão Katibe, coloco à disposição dos senhores os componentes da Diretoria Executiva, dos Conselhos eleitos e das delegacias e representações da nossa ADESG, para fortalecer e vivificar o compromisso funcional da ESG para com a nação.

Tenham em nós os combatentes que hão de empunhar a espada que atuará em corações e mentes. Por fim, transmitam aos seus e nossos superiores institucionais que a ADESG Nacional, ao retornar ao seu local de nascimento, consagra-se como uma guerreira de última hora, nos novos tempos.

Muito obrigado.

Antonio Celente Videira – Cel Ref Aer
Presidente da ADESG para o Biênio 2022/2023


Galeria de imagens da cerimônia de posse.

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