A Rússia implantou bombardeiros com capacidade nuclear no Mediterrâneo pela primeira vez, disse o Ministério da Defesa. Três bombardeiros de longo alcance Tupolev Tu-22M3 foram enviados para a Base Aérea Russa de Hmeimim, no oeste da Síria, após melhorias nas pistas.
As aeronaves participarão de exercícios de treinamento no leste do Mediterrâneo antes de retornar à Rússia, disse o ministério. A implantação demonstra uma extensão do alcance de ataque nuclear baseado em aeronaves da Rússia no Oriente Médio e na região do Mediterrâneo. Moscou já voou com Tu-22 em missões de combate na Síria antes, mas eles não estavam baseados no país.
Hmeimim foi construída em 2015 como a base central de operações do exército russo em apoio ao presidente sírio, Bashar al-Assad, em meio à guerra civil no país. O Kremlin mantém a base como ponto principal de sua presença militar de longo prazo na Síria, ao lado da base naval de Tartus.
A base aérea permitiu a Moscou estender seu alcance ao norte da África, onde interveio na Líbia em apoio a Khalifa Hifter em sua ofensiva de 2019-20 contra o governo líbio apoiado pela ONU em Trípoli.
LIVRO RECOMENDADO
- Klester Cavalcanti (Autor)
- Em português
- Kindle ou Capa comum
A Rússia transportou milhares de mercenários sírios e seus próprios contratados paramilitares do Wagner Group para a Líbia via Hmeimim e mostra pouco interesse em retirar suas forças do país do norte da África, apesar das exigências do cessar-fogo apoiado pela ONU.
A grande maioria dos comandantes militares seniores da Rússia ganhou experiência de combate na Síria e incorporou essa experiência em treinamentos e exercícios, afirmou o presidente Vladimir Putin em Sochi em maio passado.
O uso da Síria por Moscou para projetar seu poder no Mediterrâneo tem sido observado de perto por estrategistas militares ocidentais.
O chefe das forças dos EUA na África, general Stephen Townsend, alertou o Congresso no ano passado que a introdução de aviões de caça na Líbia pela Rússia poderia prenunciar a chegada das defesas aéreas russas, um movimento que provavelmente dificultaria o acesso da OTAN ao seu flanco sul.
LIVRO RECOMENDADO
Prisioneiros da geografia: 10 mapas que explicam tudo o que você precisa saber sobre política global
• Tim Marshall (Autor)
• Em Português
• Kindle ou Capa comum
Essa preocupação ajudou a estimular Washington a liderar um esforço diplomático para diminuir a espiral da guerra por procuração da Líbia no ano passado.
Washington continuou a reforçar laços militares com os vizinhos do oeste da Líbia em meio às incursões da Rússia na região, movimentos que o comandante das forças dos EUA no Oriente Médio, o general Kenneth “Frank” McKenzie, descreveu como oportunistas.
McKenzie defendeu vendas adicionais de armas para aliados dos EUA na região como uma forma de diminuir o interesse dos governos locais na tecnologia militar russa e reduzir sua dependência das forças dos EUA, segundo o Al-Monitor.
Em novembro passado, o Exército dos EUA anunciou que estava consolidando o comando de suas forças na Europa e na África em um único quartel-general. O movimento tinha como objetivo escorar o flanco sul da OTAN.
Fonte: Al-Monitor.