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Por Vinio Cintra e Oliveira* |
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A Guerra do Paraguai, travada entre o Paraguai de Solano López e a Tríplice Aliança, formada por Brasil, Argentina e Uruguai, dizimou aquele país. Nela se destacaram alguns importantes líderes militares dos três aliados; a guerra terminou 150 anos atrás; mas o que diria Sun Tzu, que viveu há 2.500 anos, a esses líderes, se assistisse ao conflito?
Já dizia 500 anos antes de Cristo o famoso general chinês Sun Tzu, em seus poemas sintetizados no livro A Arte da Guerra que:
“O inimigo deve ser isolado, desmoralizado e a força de resistência quebrada, de preferência deve-se vencer seus exércitos sem batalha e lhe derrubar o estado. Recorrer as forças armadas quando e só se não puder domina-lo por outra maneira e no menor espaço de tempo possível, com a mínima perda de vidas e esforço assim vence-lo como o mínimo possível de baixas para si e para o inimigo.”
Tivesse nosso idolatrado general de olhos puxados, que foi lido nestes últimos 2.500 anos por infindáveis gerações de guerreiros de todas as nacionalidades e conotações ideológicas, assistido de camarote à Guerra do Paraguai, diria a alguns de seus protagonistas os versos que escreveu.
Desta forma, ao ditador e tirano Solano López diria que:
- As armas são sempre motivo de maus pressentimentos;
- A maior das habilidades é vencer o inimigo sem lutar;
- A influência moral é o que leva o povo a estar de acordo com seus superiores;
- Não permita que os inimigos se juntem;
- Um soberano rodeado de pessoas certas prospera, aquele que não conseguir isto cairá na ruína;
- A unidade nacional deve ser conseguida graças a um governo de bem-estar do povo e não a sua opressão;
- Assim como também disse Li Chuan, “não permita a matança”;
- Se não podes vencer não empregue suas tropas e se não estiveres em perigo não combatas;
- A invencibilidade está na defesa, a possibilidade de vitória no ataque;
- A guerra é um acontecimento tão grave que os homens não devem nela entrar sem antes se preparar com a devida cautela e com profunda reflexão;
- A guerra é uma questão vital para o estado, por ser o campo onde se determina a vida ou a morte, o caminho para a glória ou a ruína, é importante estuda-la com muito cuidado em todos seus detalhes;
- Gente morrerá porque a comida lhe foi retirada ou impossibilitada de a receber, além disto muitos vão adoecer.
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Aos Aliados diria:
- A vitória é o principal objetivo da guerra e se tardar a ser alcançada as armas embotam-se e o moral baixa;
- O essencial da guerra é a vitória e não a prolongação das operações;
- Quando um exército trava campanhas demoradas as reservas do estado nunca são suficientes e com os cofres esgotados e o ardor esmorecido os vizinhos tiram proveito disto;
- Na guerra é importante se tirar proveito da rapidez, pois não há guerra prolongada de que qualquer país se beneficie;
- Quando se verificam concentrações de tropas, os preços de todos os artigos sobem já que todos cobiçam os lucros anormais que podem conseguir;
- Onde os exércitos estiverem os preços são altos e quando os preços sobem a riqueza do povo se esvai;
- Na guerra o ideal é tomar um estado intacto, pois arruinando-o seu valor diminui;
- É preferível capturar o exército inimigo a destruí-lo;
- Aquele cuja força é insuficiente defende-se e ataca quando sua força é abundante;
- Na guerra é de suma importância atacar a estratégia do inimigo, a primeira guerra que se ganha é a da cabeça;
- Busque o vazio, ataque nos espaços livres, circunde o que está defendido, golpeie onde não é esperado;
- Vencer batalhas e tomar objetivos sem que com isto se explore os acontecimentos é lamentável, um atraso dispendioso;
- Quando se equipa um exército de cem mil homens e se envia para uma campanha distante, as despesas compartilhadas pelo polo e pelo tesouro sobem a mil peças de ouro por dia. Haverá nervosismo entre o povo;
- O comandante preza acima de tudo a liberdade de ação e odeia situações estáticas, os cercos além de dispendiosos em vidas e tempo levam à abdicação do espírito de iniciativa;
- Na guerra os números em si não dão vantagem e agir apenas baseado neles pode ser um engodo;
- O general sábio faz a guerra de movimento e para ele o fim da guerra é a vitória e não uma série de operações a conduzir brilhantemente. É de seu conhecimento que as guerras demoradas esgotam o tesouro.
Ao comandante geral dos aliados e presidente argentino General Mitre diria em especial:
- O verdadeiro objetivo da guerra é a paz;
- Um comandante deve ter sabedoria, coragem, sinceridade, humanidade e exigência;
- Lembre-se das implicações econômicas da guerra;
- Dirigir muitos é quase igual dirigir poucos, depende de organização;
- Aparente inferioridade e provoque a arrogância do inimigo, nunca seja você o arrogante;
- Quando sem qualquer prévia troca de impressão o inimigo pede uma suspensão das hostilidades, ele trama alguma coisa, cuidado;
- Assim como a água se adapta ao terreno, na guerra há que se adaptar de conformidade com as posições e táticas dos inimigos.
A todos entretanto vale como ensinamento que quando se assassina um individuo todos concordam que é crime mas quando algum louco, geralmente um tirano, promove o assassinato de uma nação, como ocorreu no Paraguai, ainda há outros loucos, geralmente revisionistas, que não consideram ser errado e até o aplaudem como correto.
Vinio Cintra e Oliveira é médico de profissão e historiador amador. Com especial interesse pela Guerra do Paraguai, possui mais de 400 livros sobre o assunto e esteve diversas vezes em sítios históricos. É autor do livro (ainda não publicado) “A Saga dos Andrade”, no qual narra a história de sua família, com capítulos dedicados ao período Guerra do Paraguai.
oq vcs acham do agorismo? e oq eles tiraram da arte da guerra para criar o livro New Libertarian Manifesto escrito por Samuel Edward Konkin III?
Brendo, eu não conheço a teoria agorista, e não sei dizer se é baseada em qualquer conceito de Sun Tzu/Arte da Guerra.
Bah, mas que artigo de naipe! Adorei. O autor foi muito, mas muito feliz mesmo, ao fazer a relação dos fatos com o pensamento de Sun Tzu.
Isso me faz um leitor assíduo e interessado nos artigos publicados pelo Velho (e bom) General aos seus assinantes e leitores.
Muito obrigado ao autor pela maravilha de artigo (isto que se diz “amador”. Imagine se fosse “profissional- catedrático”…).
Abraços a todos que ajudam a espalhar a boa semente do Velho (e bom) General.
Realmente, o Vinio foi muito feliz neste artigo. Ele é um estudioso e grande conhecedor da Guerra do Paraguai, com uma biblioteca mais de 400 livros sobre o assunto e viagens de pesquisa a locais de batalhas. Muito obrigado por nos acompanhar, um forte abraço!
Excelente artigo, mal posso esperar pelo livro!
Como sempre nosso amigo Vinio nos presenteia com seu vasto conhecimento! Um abraço do eterno “The Impaler”.