Por Albert Caballé Marimón* |
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Relativa ao programa das fragatas classe Tamandaré, a capitalização da EMGEPRON, empresa de gerenciamento de projetos ligada à Marinha do Brasil, é sem dúvida alguma um dos eventos mais importantes do ano para o Brasil na área de Defesa, se não for efetivamente o mais importante.
O programa prevê a construção, em Itajaí, no estado de Santa Catarina, de quatro modernos navios de combate com alto índice de nacionalização. As fragatas são de fundamental importância na defesa dos quase seis milhões de km2 da chamada Amazônia Azul e dos interesses brasileiros nela contidos.
O projeto deverá gerar seis mil empregos diretos e indiretos, movimentando a economia nacional e gerando um aporte de tecnologia que sem dúvida alguma contribuirá na evolução da base industrial envolvida.
É, portanto, uma honra para o blog Velho General publicar a íntegra da Ordem do Dia da EMGEPRON Nº 1/2020, datada de hoje, referente à Assinatura do Contrato do Programa Classe “Tamandaré”, assinada pelo diretor-presidente da empresa, o vice-almirante Edésio Teixeira Lima Júnior.
Rio de Janeiro, RJ, 5 de março de 2020.
ORDEM DO DIA Nº 1/2020
Assunto: Assinatura do Contrato do Programa Classe “Tamandaré”
Este é um momento de significante relevância no sentido da modernização do Poder Naval Brasileiro e do fortalecimento da Base Industrial de Defesa (BID) do nosso País, perfeitamente consonante com o que preconiza a Estratégia Nacional de Defesa (END).
Se buscarmos lições na História, notadamente no espaço deste complexo industrial naval em que nos situamos, vemos que a ciclos de aproximadamente cinquenta anos, a Marinha do Brasil (MB) busca dar grandes saltos de capacitação militar e tecnologia, que atendam não somente aos preceitos constitucionais da garantia da nossa defesa, integridade e soberania, mas também que tragam transbordamento de conhecimentos e benefícios socioeconômicos em prol do desenvolvimento da nação brasileira.
Assim ocorreu com a famosa “Esquadra de 1910”, que trouxe em seu bojo, além dos meios navais mais sofisticados de sua época, a necessidade de dotar o Brasil de uma infraestrutura industrial como esta do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ), no contexto de uma economia ainda basicamente agrícola pré-industrial. Facilmente se compreende o quanto esse audacioso e vultoso empreendimento contribuiu para o processo de industrialização nacional, que viria a se consolidar a partir da segunda metade do século XX.
No início dos anos 1970, com o Programa das Fragatas da Classe “Niterói”, que ainda constituem o cerne da capacidade de escolta da nossa Força, a MB passa a navegar nos mares dos conceitos da moderna guerra naval, com tecnologias de mísseis, guerra eletrônica, sistemas digitais e computação, além da introdução de métodos quantitativos e da pesquisa operacional na concepção do apoio logístico e da avaliação operacional dos seus meios. Uma vez mais, é inequívoca a contribuição que esse ambiente educacional-científico-tecnológico empreendeu ao fomento da ciência e da tecnologia nacionais, fazendo jus ao esforço da sociedade brasileira em constituir um Poder Naval compatível com a dimensão e as responsabilidades estratégicas do Brasil.
Hoje, com a formalização do contrato de aquisição das Fragatas da Classe “Tamandaré”, passamos a ser conduzidos por uma terceira onda de expectativas e oportunidades de alavancagens operativa, tecnológica, logística e industrial, com repercussão direta sobre a matriz econômica brasileira, o que resultará em considerável efeito multiplicador sobre a economia como um todo, haja vista a atração de conhecimentos e a obrigatoriedade da participação da indústria nacional nas cadeias produtivas que se formarão em função da Sociedade de Propósito Específico (SPE) Águas Azuis Construção Naval Ltda., uma empresa nacional de defesa. Desta feita, diferentemente das ondas anteriores, não dependeremos de capitais internacionais, o próprio Estado Brasileiro, por meio da capitalização de uma de suas empresas estratégicas de defesa, a EMGEPRON, garantirá a sustentabilidade financeira desse verdadeiro e necessário “Investimento de Estado”.
Neste contexto, gostaria de ressaltar a forma harmônica, cooperativa e profissional como a Diretoria-Geral do Material da Marinha (DGMM), por intermédio da Diretoria de Gestão de Programas da Marinha (DGePM) e da sua rede de Diretorias Especializadas (DE), conduziram, como também outros setores da MB, de forma direta ou indireta, em conjunto com a EMGEPRON, o delicado e complexo processo de negociações que culminou nesta solenidade. De igual modo, gostaria de enfatizar a valorosa assessoria que tivemos por parte da Fundação Getúlio Vargas (FGV) na montagem do modelo de contratação. Por derradeiro, é justo mencionar a grande mobilização da Força de Trabalho da EMGEPRON que buscou capacitações inexistentes no âmbito da empresa para poder fazer frente ao desafio de estruturar e conduzir o Programa da Classe “Tamandaré”, sob os princípios da transparência, governança e integridade corporativas que preceituam a legislação brasileira.
Portanto, hoje, damos partida na execução desse estratégico contrato, com uma visão de parceria, de maneira que os navios sejam entregues na moldura de custos projetada, no cronograma definido, na qualidade e requisitos especificados pela MB.
Temos a certeza de que no horizonte dos próximos cinco anos, veremos, cruzando a boca da barra do Rio de Janeiro, o primeiro navio da classe, ostentando no mastro de combate, com orgulho, o pavilhão nacional e no espelho de popa o nome do patrono da Marinha do Brasil.
Viva a Marinha!
Viva o Brasil!
EDESIO TEIXEIRA LIMA JUNIOR
Vice-Almirante (RM1-IM)
Diretor-Presidente
*Albert Caballé Marimón possui formação superior em marketing, é fotógrafo profissional e editor do blog Velho General. Já atuou na cobertura de eventos como a Feira LAAD, o Exercício CRUZEX e a Operação Acolhida. É colaborador da revista Tecnologia & Defesa e do Canal Arte da Guerra, onde, entre outras atividades, mantém uma resenha semanal de filmes e documentários militares. Entre suas atividades, já proferiu palestras para os cadetes da Academia da Força Aérea. Pode ser contatado através do e-mail caballe@gmail.com.
BOA TARDE , GRANDE VELHO , vejo com preocupação mais alegria de a Marinha estar adquirindo novas corvetas mais ao mesmo tempo , para a guerra moderna desdentadas . Pq digo isso , comprar essas corvetas para armalas com o Mansup e o cea ceptor vejo com preocupação pq podem ser ate armas modernas mais com o alcance muito limitados . Gastar 9 bilhoes para esse tipo de compra acho muito dinheiro por pouco que ela vem a propor como armamento . O que o senhor acha a respeito .
Klecer, não sei se elas são “desdentadas”. Ademais, é preciso ver o que está no contrato. Vamos procurar investigar. Um abraço!