Reuters, tradução e adaptação de Albert Caballé Marimón
Em questão de meses, Juan Guaidó passou de um virtual desconhecido na política venezuelana para a figura mais conhecida do país, assumindo a presidência do congresso controlado pela oposição e brevemente detido pela polícia do regime.
Em 23 de janeiro, o homem de 35 anos da costa caribenha da América do Sul entrou no cenário internacional com o desafio mais ousado ao governo do presidente socialista Nicolás Maduro em anos: declarou-se presidente interino, um movimento rapidamente reconhecido pelos Estados Unidos, Canadá e diversos países da América Latina.
Sua rápida ascensão aumentou as esperanças de que ele pudesse preencher um vácuo de liderança na oposição notoriamente dividida da Venezuela, que fracassou em várias tentativas de derrubar Maduro e seu antecessor, Hugo Chávez. Muitas de suas figuras mais proeminentes foram presas, exiladas ou impedidas de exercer cargos públicos.
O torcedor de beisebol que adora salsa tem animado a base da classe alta da oposição e conquistado muitos venezuelanos da classe trabalhadora, cansados do colapso econômico hiperinflacionário do país, que tomaram as ruas exigindo que Maduro renuncie.
No entanto, Guaidó ainda precisa do apoio das forças armadas para atingir seu objetivo de forçar novas eleições. Ele propôs anistia aos militares, mas disse que membros do governo Maduro que cometeram violações de direitos humanos deveriam ser punidos.
Guaidó assumiu o comando da Assembléia Nacional em 5 de janeiro apelando para que as forças armadas reconhecessem Maduro como “usurpador” após a eleição de maio de 2018, amplamente vista como fraudulenta.
O mais velho de seis filhos de uma família da classe trabalhadora no estado costeiro de Vargas, Guaidó sobreviveu a um deslizamento de terra devastador em 1999, que representou um dos primeiros testes aos 14 anos de governo de Chávez.
Ele cursou engenharia, mas se envolveu na política na faculdade e acabou estudando Administração Política na George Washington University, nos Estados Unidos. É casado com a jornalista Fabiana Rosales e tem uma filha de 1 ano de idade.
Por alguns anos, o foco da oposição – tanto de Guaidó quanto de seu mentor, Leopoldo López, o conhecido líder do partido “Voluntad Popular” (“Vontade Popular”), atualmente sob prisão domiciliar – está em expulsar Maduro do poder.
Representando o estado de Vargas para o “Voluntad Popular“, Guaidó assumiu a liderança do parlamento como parte de um acordo de divisão de poder entre os principais partidos de oposição da Venezuela. Ele disse pouco sobre as políticas que perseguiria como presidente, mas o “Voluntad Popular” se descreve como social-democrata de centro-esquerda.
Em 14 de janeiro, Guaidó foi arrastado para fora de seu carro na estrada e detido por agentes de inteligência, mas foi rapidamente libertado. Autoridades do governo disseram que os oficiais responsáveis seriam punidos.
Guaidó disse que não tem medo de ser preso, aumentando ainda mais sua popularidade entre os venezuelanos cansados de Maduro.
Guaidó quer mais é ser preso, mesmo! Diz que não tem medo, mas é pra provocar Maburro!!!