Os futuros cruzadores da US Navy

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Por Albert Caballé Marimón*

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O cruzador de mísseis guiados da classe Ticonderoga USS Cape St. George (CG-71) durante o Exercício RIMPAC 2014 (Foto: US Navy/Ensign Joseph Pfaff)

Publicado originalmente no site Defense News em 17 de setembro de 2018, traduzido e adaptado para o português por Albert Caballé Marimón


A US Navy (Marinha dos EUA) está se movimentando rapidamente para adquirir um novo grande navio de superfície em substituição dos cruzadores antigos, um navio que, segundo seus líderes e especialistas, precisará ser suficientemente espaçoso para acomodar futuras atualizações de sistemas de armas.

O escritório do OPNAV N96 (Office of the Chief of Naval Operations, ou Escritório do Chefe de Operações Navais), convocou uma “grande equipe de avaliação de requisitos de combatentes de superfície” para avaliar como deverá ser o seu próximo grande navio e o que ele precisará fazer. O objetivo, de acordo com o contra-almirante N96, Ron Boxall, será comprar o primeiro substituto dos atuais cruzadores em 2023 ou 2024.

O processo de aquisição deve começar formalmente no próximo ano, assim que o desenvolvimento do documento de capacidades estiver concluído, mas alguns fatores importantes estão impulsionando o requisito de tamanho, disse Boxall.

A frota está avançando em direção a projetos que possam ser atualizados sem necessidade de grandes revisões. Para tanto a US Navy acredita que vai precisar de muita potência extra para futuras armas de maior consumo de energia, tais como canhões eletromagnéticos e armas a laser.

“Precisamos algo que possa acomodar [tamanho, peso, potência e refrigeração], por isso provavelmente ele será um pouco maior”, disse Boxall. “Flexibilidade, adaptabilidade e capacidade de receber atualizações rapidamente são requisitos essenciais. Tem que ter espaço para crescer”.

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“Energia será mais importante, não apenas para o radar de defesa aérea e antimísseis, mas para armas de energia direcionada, como rail guns e coisas do tipo. Quanta energia? Não sabemos. Mas temos que ser adaptáveis”.

Ele também quer que áreas como o CIC (Combat Information Center, o Centro de Informações de Combate) possam substituir grandes consoles e computadores sem necessidade de fazer buracos no casco. Isso significa que o navio terá que ser projetado com alguma espécie de painel removível, além de ter espaço extra para adicionar novos consoles e sistemas caso sejam necessários no futuro.

Os futuros mísseis também levam à necessidade de um navio maior. Mísseis disparados por combatentes de superfície precisarão voar mais longe e mais rápido. Isso significa que os sistemas de lançamento vertical terão que aumentar de tamanho para acomodar mísseis maiores.

“Esperamos precisar de espaço para mísseis de longo alcance. Serão maiores. Portanto, a ideia é criar uma célula maior que, mesmo que não seja usada para um grande míssil, pode ser utilizada para vários mísseis – quad-pack, eight-pack ou o que for”.

O novo navio vai incorporar o radar de defesa aérea e de mísseis Raytheon AN/SPY-6, da mesma forma que o novo DDG Flight III (atualização mais recente dos destroieres classe Arleigh Burke). O próximo grande combatente de superfície terá os mesmos requisitos da Flight III como base, mas com espaço para crescer depois, disse ele. Essa abordagem, usando um conjunto de requisitos existente e adaptando-o para uso em cascos posteriores, serviu bem à US Navy no passado.

Boxall apontou a alteração dos destroieres classe Spruance para os cruzadores da classe Ticonderoga como um exemplo do que a US Navy está tentando fazer, mas acrescentou que o novo navio provavelmente vai incorporar elementos tanto dos DDG atuais como dos classe Zumwalt que estão entrando em serviço.

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“Olhamos para o que já existe”, disse ele, “examinamos o casco do DDG-1000 – há algumas coisas que gostamos e outras que faríamos de maneira diferente. Tem coisas no DDG Flight III que gostamos e coisas que não gostamos”.

“Portanto eu acho que teremos uma mescla de várias coisas diferentes. [Espaço, potência, peso e refrigeração], capacidade de hospedar uma equipe de comando maior e armas maiores. Maior que um DDG Flight III”.

Drones

A capacidade de hospedar veículos não tripulados será essencial para qualquer futuro navio, disse Boxall. A US Navy iniciou o processo de incorporação de drones a quase todos os aspectos do combate, de sensores de longo alcance a drones de reabastecimento aéreo, como o MQ-25, até a criação de datalinks em voo caso outros links forem comprometidos.

Projetar um combatente de superfície com isso em mente será a chave para o sucesso, disse Bryan McGrath, ex-comandante de destroieres e diretor geral da consultoria de defesa The FerryBridge Group.

“O crucial para mim é que, além do tamanho, sensores e armas, este navio deve ser capaz de acomodar vários veículos aéreos não tripulados de longo alcance e média altitude capazes de estender drasticamente o alcance dos sensores e das armas do navio”.

“Para que o conceito de frota de Operações Marítimas Distribuídas obtenha sucesso, precisamos quebrar a dependência das forças de superfície distribuídas de fontes externas de vigilância e reconhecimento de inteligência. Elas precisam de ISR (Intelligence, Surveillance, and Reconnaissance, Inteligência, Vigilância e Reconhecimento) robusto e orgânico”.

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Os ativos ISR dos porta-aviões podem desempenhar essas funções para a frota, mas nos últimos anos a força de superfície vem argumentando que pode ser mais eficaz em ambientes anti-acesso, como o Mar do Sul da China, se puder atuar de forma independente do porta-aviões e se espalhar, criando múltiplas ameaças e estressando as capacidades de ISR e seleção de alvos da China.

A força de superfície tem avançado na integração de drones nos últimos anos. Em agosto de 2017, o MQ-8 Fire Scout, um helicóptero não tripulado capaz de voar a partir do convés de cruzadores, destroieres ou LCS (Littoral Combat Ship, navio de combate costeiro) foi usado para abater um alvo com um Harpoon lançado do LCS USS Coronado.

As grandes distâncias em que os navios precisarão atuar no futuro, portanto, significam que os drones de longo alcance serão fundamentais para a eficácia nesse cenário.


*Albert Caballé Marimón possui formação superior em marketing, é fotógrafo profissional e editor do blog Velho General. Já atuou na cobertura de eventos como a Feira LAAD, o Exercício CRUZEX e a Operação Acolhida. É colaborador do Canal Arte da Guerra e da revista Tecnologia & Defesa. Pode ser contatado pelo e-mail: caballe@gmail.com


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2 comentários

  1. Os drones serão VTOL para pousarem de volta? Quanto a energia, talvez já estejam planejando um reator de fusão a frio, porque se não os ambientalistas vão exigir que os navios sejam movidos a óleo de girassol ??

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