
Análise da Cúpula Rússia-EUA no Alasca, com foco na crise ucraniana, contexto estratégico e cenários potenciais, abordando objetivos, delegações e possíveis desdobramentos geopolíticos.
Reunião de Cúpula Rússia-EUA

Este relatório detalha os elementos cruciais que circundam uma iminente Cúpula Rússia-EUA, evento de alta relevância geopolítica programado para ocorrer na Base Conjunta Elmendorf–Richardson, no Alasca. A reunião contará com a presença das delegações de alto nível lideradas pelos presidentes Donald Trump e Vladimir Putin. O encontro acontece em um momento delicado, onde a dinâmica entre as duas potências é moldada por uma série de fatores estratégicos e táticos, com a crise ucraniana no centro das atenções.
A cúpula é precedida por acontecimentos significativos no campo estratégico, como o recente teste de mísseis de propulsão nuclear pela Rússia, o que adiciona uma camada de complexidade e demonstração de força ao cenário. Simultaneamente, a situação no terreno na Ucrânia, marcada pela ofensiva russa em Donetsk e o aumento dos ataques ucranianos com drones, serve como um pano de fundo tenso, influenciando diretamente as posições e os objetivos de cada delegação. Este contexto estabelece as bases para negociações que buscam não apenas abordar a crise atual, mas também redefinir as relações bilaterais e a segurança global.
Dados Conhecidos
• Local: Base Conjunta Elmendorf–Richardson (Alasca).
• Horário de Início: 11h30 horário local — 16h30 horário de Brasília (19h30 GMT).

• Delegação dos EUA: presidente Donald Trump, vice-presidente J. D. Vance, secretário de Estado Marco Rubio, secretário de Defesa Pete Hegseth, secretário do Tesouro Scott Bessent, e o enviado especial dos EUA Steve Witkoff.

• Delegação da Rússia: presidente Vladimir Putin, ministro das Relações Exteriores Sergei Lavrov, conselheiro para Política Externa Yuri Ushakov, ministro da Defesa Andrey Belousov, ministro das Finanças Anton Siluanov e o enviado especial Kirill Dmitriev.
Situação no Campo Estratégico
• Teste de míssil de propulsão nuclear: a Rússia realizou testes com seu novo míssil Burevestnik, justamente na semana da cúpula (entre 7 e 12 de agosto);
• As informações sobre o míssil são sigilosas. No entanto, estaria equipado com um motor a jato de fluxo direto, no qual o ar é aquecido pela energia de um pequeno reator nuclear, criando o empuxo necessário;
• De acordo com os planos da Rússia, sua principal vantagem deve ser o alcance extremamente longo, o que permitirá contornar as zonas de defesa aérea, mesmo sem usar uma ogiva nuclear.


Situação no Terreno

• A Rússia se encontra no auge de sua ofensiva de verão na região de Donetsk;
• Os ataques russos com armas de longo alcance contra a Ucrânia tem se limitado à alvos da indústria de defesa e alvos táticos;
• A Ucrânia não possui mais nenhum território russo sob sua posse, limitando suas “cartas” a serem colocadas à mesa;
• A Ucrânia vem aumentando seus ataques com drones de longo alcance, buscando alvos da infraestrutura de petróleo russa, tentando forçar uma resposta mais dura de Putin (por exemplo, ataques contra alvos civis) às vésperas da reunião com Trump.
Agenda Provável
• A cúpula focará principalmente na resolução da crise ucraniana, com outros temas também esperados para discussão;
• Putin e Trump abordarão a cooperação econômica bilateral e questões de segurança global;
• Após a reunião individual, os líderes continuarão as discussões durante um café da manhã de trabalho;
• A duração das conversas dependerá do progresso das discussões.
Objetivos Primários da Rússia no Encontro
• Buscar neutralidade da Ucrânia e impedir sua entrada na OTAN;
• Exigir controle sobre territórios ocupados e reconhecimento internacional da anexação da Crimeia e do corredor terrestre até ela;
• Pressionar por garantias de segurança que limitem o poder militar e alianças da Ucrânia.
Objetivos Secundários da Rússia no Encontro
• Participar de um encontro com mais “cartas na mão”, aproveitando os sucessos no campo de batalha;
• Usar o evento para enfraquecer a imagem da Ucrânia globalmente e aumentar a influência russa;
• Tentar obter alívio das sanções econômicas, nem que sejam as secundárias para seus aliados;
• Buscar uma eventual retomada de laços comerciais com os EUA.
Possíveis Desdobramentos
• Premissa: Putin cederá algum ganho para Trump, na medida em que uma cúpula desse nível não é algo trivial;
• Cenário 1 (Paz na Terra): Reunião posterior entre Trump e Zelensky, seguida de um encontro trilateral;
• Cenário 2 (Levando o Mundo à Maneira de Putin): Concessões feitas por Trump na cúpula levam a uma dificuldade de coordenação entre EUA, Europa e Ucrânia, mantendo o status quo atual do conflito por algum tempo;
• Cenário 3 (Mundo Cruel): Risco de impasse durante a cúpula e consequente colapso do processo e aplicação de novas sanções primárias e secundárias.
Conclusão
A cúpula Rússia-EUA delineia-se, portanto, como um ponto de inflexão decisivo para a crise ucraniana e para a ordem geopolítica global. Os objetivos primários e secundários da Rússia, que incluem a busca pela neutralidade da Ucrânia, o reconhecimento de territórios e o alívio de sanções, revelam uma estratégia clara de capitalizar os sucessos no campo de batalha para fortalecer sua posição. A dependência da duração das conversas ao progresso das discussões sublinha a incerteza e a complexidade das concessões e acordos potenciais, tornando cada detalhe das negociações crucial.
Os possíveis desdobramentos — desde um cenário “Paz na Terra”, com um encontro trilateral, passando por um “Levando o Mundo à Maneira de Putin”, que manteria o status quo do conflito, até um “Mundo Cruel”, com um colapso das negociações e novas sanções — evidenciam a magnitude dos riscos envolvidos. A reunião entre Trump e Putin, em meio a testes militares e avanços territoriais, representa um teste crítico para a diplomacia, com implicações profundas para a estabilidade regional e global, cujo resultado definirá os próximos capítulos das relações entre as grandes potências.
Publicado no Canal Telegram GRU! Geopolítica em Ação.








