A “Alucinante” Situação Francesa

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Imagem meramente ilustrativa, gerada por inteligência artificial.

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A França vive uma crise política “alucinante” sob Emmanuel Macron, com demissões ministeriais, polêmicas judiciais e aprovação em queda; o país agoniza entre extremos, sem soluções aparentes, prevendo um futuro incerto e desafiador.


A realidade política francesa admite apenas o qualificativo “alucinante” como síntese. Nada traduz melhor a agonia generalizada desse belo país que vive sob tormentas agudas que foram pioradas com o anúncio da demissão do sétimo primeiro-ministro do presidente Emmanuel Macron na última segunda-feira, 6 de outubro de 2025, apenas 27 dias após assumir a função.

Adicione-se a isso a controversa e inimaginável condenação do presidente Nicolas Sarkozy a cinco anos de prisão em regime fechado sem um veredicto completamente convincente. A fúria de Jean-Luc Mélenchon no fomento de movimentos de contestação à ordem em todo o país. O entusiasmo de Marine Le Pen para impor novas eleições legislativas para ver o seu partido, o Reagrupamento Nacional, enfim, chegar à dianteira da representação parlamentar. Sem contar a pressão de todas as partes para a realização de eleições presidenciais antecipadas, subentendendo-se uma vacância da presidência a partir da demissão voluntária presidente Emmanuel Macron.

Impressiona, constrange e assusta esse empilhamento de crises. Nem a penúria da pandemia causou tamanho mal-estar. Menos ainda a assertividade dos Coletes Amarelos chegou a condenar tão fortemente a atuação do governo e do presidente impondo à França tamanha angústia.

Tempos difíceis, tempos horríveis, tempos macronianos. Que parecem chegar à exaustão. Pois, imediatamente após a reeleição de 2022, a aceitação popular do presidente Emmanuel Macron já figurava em apenas 32%. Chegando a 17% em meados de 2025. E podendo tornar-se negativa em breve.


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Sem contar que 70% dos franceses desejam a sua destituição. Voluntária ou não. E mais de 90% da classe política requer o mesmo. Muita vez, sem, claramente, dizer. Somente tornando irrespirável o ambiente no Élysée.

Apenas o rei Luis XVI, o marechal Philippe Pétain e o general De Gaulle receberam tamanho nível de desafeição.

Mas é bom lembrar do resultado.

O rei foi conduzido à guilhotina.

O marechal Pétain, à prisão perpétua.

O general De Gaulle, após o referendum de 1969, a abandonar tudo e partir.

Ainda não se sabe qual o destino da presidência de Emmanuel Macron tampouco do próprio Emmanuel Macron.

Seguro é que, agora, qualquer movimento virou arriscado.

Dissolver a Assembleia Nacional e convocar novas eleições parlamentares nessa ambiência de anomia vai simplesmente abrir caminhos seguros para extremos à direita e à esquerda ancorados em Marine Le Pen e Jean-Luc Mélenchon ampliarem as suas margens de decisão no poder.

Destituir-se o presidente Emmanuel Macron do Élysée em favor de eleições presidenciais antecipadas tende a tornar a situação ainda pior pois existem dezenas — perto da centena — de candidatos virtuais a presidente da França, cada qual com uma saída simples para problemas insolúveis de um país à beira da falésia.

Que fazer?

Ninguém na França nem algures parece saber.

Só se sabe que vai piorar muito antes de talvez melhorar.

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1 comentário

  1. Na França, tal como no Brasil, o intervencionismo da juristocracia e da burocracia não eleita na atividade política gera monstros.

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