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A existência de pessoas como Liviu Librescu, Jussara Aparecido de Melo e Heley de Abreu Silva Batista deve ser celebrada, ao mesmo tempo em que é importante adotar condutas e atitudes, como estar PREPARADO, ATENTO e TREINADO, que podem salvar vidas.
Quando ocorrem trágicos eventos de agressor(es) ativo(s) em escolas ou creches (principalmente), há imediatamente uma busca por palestras ou informações a respeito de medidas para, ao menos, mitigar a vitimização de potenciais ocorrências similares. De qualquer forma, levar em consideração que algum incidente pode ocorrer (estando nós no cenário) deveria ser algo constante, bem como a difusão de informações sobre uma rotina.
Agressores ativos não dependem somente de armas de fogo para seu intento. Lâminas (como o ocorrido em 16 de fevereiro na pequena cidade de Villach, na Áustria) ou mesmo veículos (como exemplo Munique, na Alemanha, no dia 13 de fevereiro) são meios utilizados para causar mortes e/ou ferimentos. Em Nice (região sul da França), em 14 de julho de 2016, um terrorista do Estado Islâmico fazendo uso de um caminhão invadiu uma via (Promenade des Anglais, em tradução livre, “Passeio dos Ingleses”, uma avenida de aproximadamente sete quilômetros) onde pessoas estavam presentes para a comemoração do Dia da Bastilha e a queima de fogos que ocorreria. Resultou, dessa bestial ação, um total de 86 mortos e 458 feridos. Momentos antes desse atentado, a atitude do condutor de acelerar e frear repetidamente o veículo nas proximidades chegou a chamar a atenção de algumas pessoas.
As ruas, as escolas, hospitais, áreas de concentração pública, eventos e o próprio local de trabalho são ambientes onde podem ocorrer eventos com agressores ativos e iniciativas devem ser tomadas antes da chegada das forças policiais (ou até mesmo da oportunidade de seu acionamento).
Das opções de aprendizado (recebendo informações de palestras dedicadas ao corpo discente de estabelecimentos de ensino, bem como buscando outros cursos ofertados por instituições oficiais), acabamos por encontrar uma fonte que proporcionou uma interessante gama de condutas respaldadas por amplas análises: a Texas State University (Universidade Estadual do Texas). Na instituição citada, há um programa (na verdade um centro de treinamento) chamado ALERRT (Advanced Law Enforcement Rapid Response Training). Conforme enfatizam, “o ALERRT Center na Texas State University foi criado em 2002 como uma parceria (…) para atender à necessidade de treinamento de resposta a atiradores ativos para socorristas. Em 2013, o ALERRT da Texas State foi nomeado como o Padrão Nacional em Treinamento de Resposta a Atiradores Ativos pelo FBI”. Há diversos cursos disponíveis (inclusive na modalidade à distância) e optamos por um, inicialmente, chamado CRASE (Civilian Response to Active Shooter Events, Resposta Civil a Eventos de Atiradores Ativos, sendo que foi possível a obtenção do certificado de instrutor).
É muito importante que o cidadão internalize informações e condutas com a finalidade de preservar a própria integridade física (e, por que não, a de terceiros), antes mesmo que uma equipe policial possa intervir e fazer cessar o intento homicida. Por sinal, esse é o foco do CRASE. Há ações que devem ser imediatamente tomadas, mesmo que demoremos um pouco para perceber exatamente o que está ocorrendo no ambiente. Quanto mais rápido entendermos o que ocorre e adotarmos condutas, menor será a possibilidade de nos tornarmos vítimas.
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LIVRO RECOMENDADO:
Segurança Escolar: Prevenção multidisciplinar contra-ataques ativos
• Adriano Enrico Ratti de Andrade e Valmor Saraiva Racorti (Autores)
• Edição Português
• Capa comum
A mente humana pode nos pregar algumas peças. Assim, podemos mencionar o chamado viés cognitivo. Explica Jaíne Jehniffer que o “viés cognitivo é um erro recorrente que o cérebro humano comete ao se basear em pré-julgamentos nas tomadas de decisões”. Esse ponto (viés cognitivo) é tão importante que profissionais da área de inteligência devem considerá-lo antes de emitir análises:
“Vieses cognitivos são erros sistemáticos que ocorrem como uma estratégia de simplificação no processamento da informação e que se repetem de forma previsível em circunstâncias particulares. Na atividade de inteligência, essas estratégias mentais representam risco para uma exitosa análise de inteligência. Profissionais de inteligência são treinados a desenvolver capacidades variadas, mas, muitas vezes, não são ensinados a ter consciência de seus modelos mentais, a analisar seu próprio processamento de informações e a questionar seus pressupostos analíticos. Portanto, estão vulneráveis a cometer erros de análise oriundos de vieses cognitivos.”
(Ambros, Christiano Cruz, e Daniel Boeira Lodetti. 2019. “VIESES COGNITIVOS NA ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA: CONCEITOS, CATEGORIAS E MÉTODOS DE MITIGAÇÃO”. Revista Brasileira De Inteligência, nº 14. Brasília, Brasil)
Existem diversos tipos de vieses cognitivos. Sobre o tema abordado, importante citar o chamado viés da normalidade.
“O viés da normalidade é um tipo de viés cognitivo que faz com que normalizemos situações perigosas. Sendo assim, tendemos a acreditar que uma situação não é tão perigosa quanto aparenta.
Esse mecanismo do cérebro de normalizar as situações é vantajoso em certos casos, evitando que fiquemos desesperados a cada sinal de perigo. Por exemplo, por causa do perigo de sofrer um grave acidente de carro, poderíamos deixar de dirigir (…).
Contudo esse viés é ruim em outras situações, podendo trazer graves consequências (…).
O viés da normalidade é um viés cognitivo que nos leva a ver um desastre como algo sem grandes impactos na nossa vida. Na prática isso quer dizer que nosso cérebro tem dificuldade em identificar de forma rápida situações de grande perigo e de reagir para solucionar a situação.
(…) tendemos a subestimar a possibilidade de ocorrência de uma catástrofe e as consequências de uma situação de emergência. Neste caso, os avisos de atenção não tem utilidade e os riscos de que mais pessoas sem afetadas é maior.
(…) suponhamos que o governo emitiu um alerta sobre um furacão iminente. No entanto, algumas pessoas se recusaram a evacuar a região e não tomaram as precauções necessárias por achar que será ‘apenas mais um furacão’. O furacão vem com força e resulta na morte de várias pessoas. Mortes estas que poderiam ser evitadas se essas pessoas tivessem tomado as precauções indicadas. Mas quando elas perceberam o real perigo, já era tarde.
(…)
Evitar vieses cognitivos não é fácil, pois geralmente não percebemos quando estamos sendo guiados por eles. (…) O primeiro passo para evitar o viés da normalidade é se informar sobre a situação antes de tomar uma decisão. (…) Mas se você identificar que realmente existe perigo, então não ignore a situação”.
(Jaíne Jehniffer, Viés da Normalidade: o que é e como funciona)
O processo cognitivo para percebermos uma ameaça, portanto, poderá demandar um breve período. Após nos cientificarmos que há um risco iminente para nossa integridade e de terceiros, é importante adotarmos uma conduta: afastarmo-nos, o mais rapidamente possível, do local. Encontrando-se em ambiente fechado, fugir rapidamente, procurando uma saída segura e, na ausência desta, uma alternativa. Na impossibilidade de fuga, manter-se escondido, dificultando a visualização por parte dos agressores, criando barreiras físicas, fechando a porta da sala onde se encontra, por exemplo, bloqueando-a com os objetos disponíveis. Em último caso, defender-se de forma incisiva e contundente. Tais iniciativas, aparentemente simples (porém importantes), surgiram após a análise de inúmeros incidentes pelo ALERRT Center.
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Entre os diversos incidentes estudados, destaca-se o da Virginia Tech (Instituto Politécnico e Universidade Estadual da Virgínia). Em 16 de abril de 2007, às 07h15, um agressor efetuou disparos nos alojamentos (dormitórios), causando duas baixas. Posteriormente rumou para o edifício onde funcionava o curso de engenharia (Norris Hall).
O ataque começou na Sala 206. O agressor entrou e começou a disparar. As pessoas na sala não tiveram tempo de tomar qualquer medida prévia ou mesmo alguma chance de reação. A porta estava e continuou aberta, fazendo com que o agressor retornasse. Novamente, efetuou inúmeros disparos. 92% das pessoas presentes na sala foram feridas e 77% foram mortas. A Sala 207 foi a segunda a ser invadida. O agressor, após disparar, saiu para o corredor, objetivando atingir quem por lá passasse. Ao tentar retornar para a sala, encontrou a porta bloqueada. Os alunos usaram seus corpos para tal. O agressor conseguiu abrir a porta parcialmente (aproximadamente um centímetro) e também passou a efetuar disparos na região da maçaneta. Essa última ação não aumentou o número de feridos (ninguém foi atingido). Na Sala 207, 85% dos presentes foram feridos e 38% foram mortos. Na Sala 211, restou esclarecido que o professor ouviu os disparos que ocorriam e determinou para um aluno telefonar para a polícia. Houve a tentativa de bloquear a porta com uma mesa, o que não aconteceu a tempo, permitindo ao agressor adentrar e fazer uso de armas de fogo. Depois, foi ao corredor, disparou e retornou à Sala 211, onde atirou novamente nos presentes. Ali, 100% das pessoas foram baleadas (e 67% foram mortas).
Restavam duas salas. Várias condutas merecem destaque no que ocorreu nos minutos seguintes.
Na 204, encontrava-se o professor Liviu Librescu com seus alunos. Este senhor, um professor de engenharia mecânica, à época com 76 anos de idade, já havia vivenciado quando criança uma das experiências mais aterradoras que estão registradas na História: o Holocausto. Nascido em 1930 na Romênia, foi internado em um campo de concentração na Transnístria (estado separatista no Leste Europeu, pertencente à Moldávia) e, depois, no Gueto de Focșani. Ao perceber o que estava ocorrendo, o professor imediatamente bloqueou a porta com o próprio corpo e gritou para que os alunos fugissem pelas janelas. O agressor, tentando ingressar na sala, efetuou disparos na direção da porta, ferindo mortalmente o heroico docente. A maioria dos alunos obteve sucesso no intento da fuga, sobrevivendo. Na Sala 204, 36% dos presentes receberam ferimentos por disparo de arma de fogo, culminando em 14% de óbitos. É inegável que aquela criança judia que sobreviveu ao Holocausto, agora como um idoso professor, havia contribuído para que diversas vidas fossem salvas, mesmo que ao custo da sua própria. Aproximadamente 2/3 dos alunos presentes sobreviveram graças ao seu sacrifício.
Na Sala 205, houve tempo para reação: um bloqueio foi feito. A mesa grande e pesada do professor foi empurrada na porta. Os alunos abaixaram-se e ela foi mantida no lugar. O agressor não conseguiu adentrar e, mesmo atirando, não feriu ninguém. Houve 100% de sobrevivência dos presentes. O conceito de “evitar, negar, defender” encontrou, ali, guarida. Atitudes como essa, bem como a do professor Liviu Librescu, salvaram vidas em um incidente crítico.
O incidente na Virginia Tech teve como resultado dois óbitos nos alojamentos e 30 no edifício do curso de engenharia. O agressor acabou optando pelo suicido.
Por mais rude que pareça inicialmente mencionar, um ponto também é lembrado pelo ALERRT Center: o fato de eventualmente estarmos feridos por disparos de arma de fogo, não significa necessariamente que possamos estar incapazes de tomar outras atitudes (como fugir se possível for, tentar criar obstáculos que impeçam ou dificultem o adentramento do agressor no ambiente ou, mesmo, de lutar). Isso é enfatizado, com total razão, para que jamais se esmoreça no intento de salvar a própria vida. Havendo força e condição, é necessário promover um esforço extremo.
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É adequado consignar alguns bons exemplos em relação à prevenção. Principalmente um aspecto que, pessoalmente, considero importante: improvisar NÃO é a mesma coisa que fazer uso de “meios de fortuna” para uma adequação. Improvisa-se algo (ou mesmo uma conduta) e consegue-se eventualmente um resultado que atenderá momentaneamente sua expectativa (mas não significa que essa mesma conduta possa ser repetida com idêntica eficácia). Escoteiros, por exemplo, não fazem improvisações. Pelo conhecimento adquirido, habilidades desenvolvidas e treinamento, conseguem trazer soluções fazendo uso daquilo que lhes é disponível (meios de fortuna). Para esse resultado, treinaram e adquiriram conhecimentos. Portanto, não é nenhum improviso feito que, se sabe lá como, deu certo. Da mesma forma que tudo, mesmo que passe despercebido para uma maioria que observa, é planejado, bem como é levado em conta qualquer tipo de problema que possa ocorrer.
Para que uma atividade escoteira ocorra fora da sede, mesmo que um passeio, existem medidas prévias que são adotadas. Além do reconhecimento do local, são levantadas informações relevantes para a segurança de todos os jovens envolvidos que transcendem a mera consulta da previsão climática: se existirão eventos simultâneos nas proximidades e impacto destes no trânsito/eventual sobrecarga em atendimentos de emergência, hospitais mais próximos com atendimento emergencial/pediátrico, bem como o prévio conhecimento do itinerário até os mesmos, postos policiais e estações de bombeiros nas imediações (no que é possível prever o tempo de resposta no caso de acionamento), histórico de acidentes com ofídios e locais com atendimento sorológico próximo, comunicação (eficiência em relação ao sinal de operadoras de telefonia, bem como o uso de radiocomunicação para os envolvidos) etc.
Assim como, mesmo em atividades curtas, um olhar mais atento perceberá que a maior parte dos adultos envolvidos nas atividades, conhecidos como escotistas, estará quase que invariavelmente carregando uma pequena bolsa. Por exemplo, entre vários a serem positivamente citados, no Grupo Desbravador (GE 08 – SC Desbravador), nas atividades com escoteiros, observa-se que, além do uso de radiocomunicadores, adquiridos às expensas dos próprios escotistas, haverá bolsas compactas que contêm desde material de primeiros socorros, bandagens compressivas e torniquetes, à maca dobrável e lâminas específicas para atendimento emergencial/pré-hospitalar.
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Um ponto a considerar positivamente no uso de radiocomunicadores mesmo que todos estejam utilizando telefone celular e contato coletivo por intermédio de aplicativo: não se perde, em momento algum, a percepção do que ocorre no entorno. No caso de um agressor ativo, ao invés de permanecer olhando a tela de um celular, consegue-se comunicação simultânea, verificando-se o que ocorre ao redor, otimizando a resposta na retirada emergencial das crianças (EVITAR). Havendo a impossibilidade da primeira alternativa e migrando-se para a segunda (NEGAR), o rádio permanecerá em silêncio (à exceção da disponibilidade de acessórios, como fone de ouvido), podendo ser utilizado o celular (no modo silencioso).
É importante, também, mencionar que os escotistas conhecem e percebem eventuais necessidades específicas de atenção em relação aos jovens, o que facilita muito a conduta em respostas emergenciais. Assim sendo, se já é designado um adulto para um determinado número de jovens conforme o ramo (faixa etária), em alguns casos, a maior presença de escotistas ou de pais que se façam presentes acompanhando a atividade, o que é sempre desejável, também é um fator de segurança a considerar. São condutas que podem ser facilmente adotadas por outras entidades ou incorporadas quando do planejamento de qualquer evento.
Se foram mencionadas as ações de EVITAR e NEGAR, no mesmo município do grupo escoteiro citado, há uma excelente opção em relação ao DEFENDER: chama-se Krav Magá. Método eficiente baseado na experiência e vivência de Imi Lichtenfeld, permite o desenvolvimento de diversas habilidades (tanto motoras como cognitivas, particularmente a percepção de ameaça/cenário, decisão de conduta e resposta rápida) úteis para a preservação da própria integridade. Entre os praticantes com grande notoriedade, encontramos o israelense Kobi Lichtenstein que pessoalmente, além de liderar a Federação Sul-Americana de Krav Magá, participa dos exames em que o corpo discente é submetido para progressão de faixas (e, portanto, para a obtenção paulatina de mais habilidades), como recentemente ocorreu em Joinville-SC.
Permitindo a participação de pessoas de variadas faixas etárias, é uma opção excelente para a melhora no condicionamento físico, percepção/resposta a ameaças. Apesar da técnica ser adotada por diversas forças policiais e militares ao redor do mundo, é perfeitamente adequada para que o cidadão possa se defender em circunstâncias que podem se apresentar no dia a dia. É um investimento que contempla tanto a saúde (física e mental) como a segurança. Trata-se de uma opção extremamente acessível e eficiente quando o cidadão pensa na última hipótese que lhe resta quando necessita preservar sua vida.
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Além da constante preocupação nos treinos para que se obtenha uma grande percepção (e vigilância) de potenciais ameaças (percepção de intenção, bem como do cenário ao redor), há uma ênfase na preparação física, o que também é extremamente adequado e técnico. Quanto maior a preparação física, menor será a degradação das habilidades em circunstâncias críticas (que são cansativas/estressantes), bem como menos afetada será a capacidade de percepção de cenário/tomada de decisões.
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Existem excelentes artigos e literatura para aprofundamento sobre o tema. Pelo histórico profissional dos autores e pelas informações disponibilizadas, indicamos o livro Segurança Escolar: Prevenção multidisciplinar contra ataques ativos (Adriano Enrico Ratti de Andrade e Valmor Saraiva Racorti, Ícone Editora, 2023). Os autores possuem vasta experiência profissional na Polícia Militar do Estado de São Paulo. Portanto suas percepções na obra, além da robustez das informações, trazem a experiência de quem vivenciou na prática (ou seja, presencialmente) centenas de respostas a incidentes críticos, não se limitando, portanto, à reprodução de estatísticas ou análises de reportagens.
Antes deste, existiram diversos outros artigos a respeito do tema. Esperamos que outros continuem a manter a iniciativa, difundido informações no futuro, com adequada rotina, havendo ênfase na prevenção/preparação (de instituições ou mesmo, de cada um, como cidadão). Assim sendo, será sempre bem-vinda toda e qualquer informação que possa preservar vidas. Palestras ministradas por instituições policiais ou especialistas devem, sempre que possível, ser fomentadas. Existem sempre outros aspectos a comentar sobre o tema, bem como o treinamento e formação de protocolos (em escolas, hospitais, instituições etc.) são adequados.
Uma ação importante é recordar e celebrar as pessoas que, por seus atos, salvaram vidas. Apesar de muitos terem o interesse de saber os nomes dos agressores nesses incidentes, trata-se de uma informação irrelevante e totalmente negativa. Em primeiro lugar não há qualquer motivação que justifique ceifar vidas inocentes. Da mesma forma, propicia mitigar, com essa negativa de informação, o incentivo para a reprodução do ato. Mais que o nome de um agressor, é importante lembrar do professor Liviu Librescu, que deu sua vida para salvar seus alunos. Da professora Jussara Aparecido de Melo que, em meio ao caos que reinava, teve a capacidade de manter a calma dos alunos, construir uma barricada para impedir a abertura da porta da sala de aula (as portas da escola, em Suzano, não tinham a possibilidade de serem trancadas por dentro), desligar a luz e fazer com que os alunos ficassem em silêncio. Sua ação é digna de todo reconhecimento (bem como dos professores que, como ela elencou, tentaram bloquear a porta com os próprios corpos para que seus alunos tivessem a integridade preservada).
A ação do corpo docente da Escola Estadual Professor Raul Brasil (em Suzano–SP), em março de 2019, foi primordial, até que a chegada da Polícia Militar colocasse fim às agressões. A professora Heley de Abreu Silva Batista, respeitada por tratar os alunos como se seus filhos fossem, que ao ver a ação de um agressor na creche onde trabalhava em Janaúba-MG, após conseguir fazer com que parte dos alunos fugissem da área de risco, impediu-o de chegar aos demais. Deu sua vida para que a integridade de seus alunos fosse preservada na Creche Gente Inocente, em 5 de outubro de 2017. São heróis cuja existência deveria ser celebrada por toda sociedade. Eles e diversas outras pessoas que tiveram atitude em circunstâncias similares.
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Da memorização de palavras que se traduzem em condutas (Evitar/Correr – Negar/Esconder – Defender/Lutar), do planejamento de pequenos passeios em família ou mesmo nas escolas (tendo como exemplo, as cautelas previamente adotadas nas atividades escoteiras), do incentivo a práticas que nos possibilitem ampliar a percepção do cenário ao nosso redor e fomentem uma eficaz resposta defensiva (como o Krav Magá propicia) ao salutar debate, difusão de informações e treinamento, estar PREPARADO, ATENTO e TREINADO pode salvar vidas. A começar pela própria.