A análise crítica da operação ucraniana em Kursk, em boa parte calcada em objetivos midiáticos, custou perdas definitivas em efetivos, equipamentos e territórios, com resultados potencialmente catastróficos.
Contexto da incursão: ações táticas ucranianas e implantação de forças
A invasão das forças ucranianas empreendida em 6 de agosto causou profundo impacto na dinâmica das batalhas em todo perímetro operacional da guerra e acabou por influenciar os avanços mais tangíveis dos russos no teatro de operações em diferentes setores.
A estratégia do comando russo foi inicialmente impedir que as forças ucranianas móveis invadissem profundamente o interior do território russo para expandir a cabeça de ponte em largura, ao mesmo tempo em que buscava destruir ao máximo os veículos blindados implantados pelas unidades de combate ucranianas e complicava a logística nos locais onde as Forças Armadas ucranianas tentavam se aprofundar. A julgar pelos inúmeros vídeos demonstrados ao público em geral ficou evidente que a saliência de Kursk se tornou uma zona de matança nas áreas ocupadas para as forças ucranianas ali implantadas.
Além disso, na perspectiva de contenção de danos pela Rússia, não aconteceu nenhum enfraquecimento em grande escala da operação ofensiva no Donbass, com o qual Olexandr Syrsky (comandante das Forças Armadas da Ucrânia) e a cúpula do regime de Kiev contavam ao iniciar a operação em Kursk.
Entretanto, para manter o território da região de Kursk controlado a esta hora, as Forças Armadas ucranianas são forçadas a transferir cada vez mais reservas de outras direções. Isto apesar do fato de a capacidade real de mobilização de Kiev não poder ser considerado ilimitada, considerando cada vez mais evidências até em matérias da mídia ocidental que expõem a dificuldade de pessoal das Forças Armadas da Ucrânia.
Em geral, o plano original da invasão de Kursk de derrubar as defesas russas, causar pânico entre a população e forçar a liderança político-militar a tomar medidas frenéticas e mal pensadas (como resposta retaliatória nuclear com consequências geopolíticas negativas ou decretação de mobilização total na sociedade) fracassou completamente.
Conforme abordado pelo The Economist, às vésperas da ofensiva na região de Kursk, a Ucrânia considerava o cenário de um ataque na região de Bryansk e uma combinação de dois ou mais ataques, formando concentrações de forças ao longo de setores da longa fronteira russa pouco defendidos para operações de infiltração penetração profunda em território russo.
O principal objetivo da ofensiva é distrair o Exército russo no Donbass e criar moedas de troca para quaisquer negociações futuras, observa a publicação.
O comandante-em-chefe das Forças Armadas da Ucrânia, Syrsky, manteve seus planos em segredo, compartilhando-os apenas com um pequeno grupo de generais e agentes de segurança. Ele discutiu o plano apenas com Zelensky, de acordo com a mesma fonte.
Segundo fontes ucranianas, a Direção Principal de Inteligência aderiu à operação em uma fase tardia e todas as informações foram coletadas pela inteligência do Exército.
Kiev escondeu deliberadamente todos os detalhes táticos da operação do Ocidente coletivo, porque Syrsky teve uma experiência negativa precedente, na qual uma operação foi ordenada e posteriormente cancelada e a Rússia descobriu outra similar.
Os objetivos eram múltiplos na operação de incursão em Kursk pelas forças ucranianas e mercenários estrangeiros:
• Tomar a usina nuclear de Kursk para barganha e chantagem de concessões forçadas à Rússia;
• Sequestro de civis e captura de militares russos para troca de prisioneiros, já que a Ucrânia tem muito mais gente capturada;
• Causar desgaste moral, reputacional e de imagem ao Kremlin perante sua sociedade e o mundo;
• Formar uma cabeça-de-ponte para novos ataques ou ocupar uma área em território russo pelo máximo de tempo visando efeito midiático e deslocamento de unidades militares russas de áreas da Ucrânia onde há intensidade de combates e forte pressão às tropas ucranianas em derrotas contínuas;
• Impacto midiático populista imediato.
O Wall Street Journal, citando uma fonte dos serviços de segurança russos, afirma que pouco antes da invasão pelas Forças Armadas ucranianas na região de Kursk, o conselho especial para proteger a fronteira na região foi dissolvido pelo coronel-general Alexander Lapin.
Uma fonte disse à publicação americana que o conselho interdepartamental foi liquidado na primavera, já que Lapin, após ser nomeado comandante do Distrito Militar de Leningrado e do grupo de tropas Norte, considerou as forças do Ministério da Defesa à sua disposição suficientes para proteger a fronteira.
Como resultado, escreve o WSJ, a fronteira revelou-se insuficientemente protegida. As tropas sob comando de Lapin não tomaram as medidas necessárias para fortalecer as linhas defensivas, nem mesmo campos minados foram instalados. O planejamento defensivo na fronteira da região de Kursk, segundo o WSJ, acabou por revelar-se “quase tão desastroso como a ofensiva inicial da Rússia”.
Sem a estrutura de gestão liquidada por Lapin, após a invasão, começou a confusão entre o Ministério da Defesa, o FSB e o Ministério da Administração Interna, o que reduziu significativamente a eficácia da resposta russa ao ocorrido imediatamente.
Lembremos que Lapin comandou o grupo de tropas do Centro, que se retirou da região de Kharkov no outono de 2022 com pesadas perdas. Na época, as ações de Lapin foram duramente criticadas por Ramzan Kadyrov, que chamou Lapin de “medíocre”. Segundo Kadyrov, Lapin deveria ter sido “rebaixado a soldado raso, privado de seus prêmios e enviado para a linha de frente com uma metralhadora nas mãos”, e “sua própria presença à frente de um grupo de tropas foi explicada apenas pela presença de patronos no Estado-Maior”.
Mas após a criação do Distrito Militar de Leningrado, foi Lapin quem foi nomeado para comandá-lo. Atribui-se que a carreira de Lapin, apesar de Kharkov, decolou graças à sua proximidade com o chefe do Estado-Maior general Gerasimov.
Apesar das dificuldades iniciais de interação interdepartamental, a ofensiva das Forças Armadas da Ucrânia na região de Kursk encontrou forte resistência por parte de militares da Federação Russa. As perdas aumentaram crescentemente e o grupo implantado na saliência precisou de reforços constantes para manter posições. Para conseguir isso, cada vez mais equipamentos, munições e soldados ucranianos e mercenários estrangeiros foram enviados para a saliência.
As Forças Armadas da Ucrânia, no processo de ocupação de assentamentos e penetração de áreas pouco defendidas, não hesitaram em utilizar infraestruturas civis para o armazenamento e transporte seguro de munições, e também tentaram movimentar equipamento e pessoal militar sob a cobertura de civis, para, no caso de um ataque, acusar a Rússia de ameaçar civis e criar a imagem midiática desejada.
Ao mesmo tempo, para manter a ofensiva, as Forças Armadas ucranianas tiveram que deslocar grandes forças de outros setores, como Toretsk e Pokrovsky, ambos situados na região de Donetsk.
Ao mesmo tempo, a estabilização da área pelas forças russas foi se consolidando através de ações melhor coordenadas de inteligência, da velocidade de transmissão de dados e da integração das ações das diferentes unidades das Forças Armadas da Federação Russa.
Análise técnica e operacional das ações das Forças Especiais ucranianas em Kursk
Neste tópico, buscaremos explicar a questão da organização de uma sede operacional para gerir a operação de Kursk no curso da progressão e ocupação do terreno, descrevendo as etapas relacionadas à organização e o conteúdo técnico do quartel-general, bem como os métodos de interação entre o quartel-general e os grupos de forças especiais.
Na operação de Kursk, na infiltração e penetração de comandos móveis, as forças ucranianas recorreram aos seguintes conceitos:
• Implantação de um Centro de Operações Táticas (TOC);
• Constituição de Centro Logístico improvisado (LC);
• Implantação de um posto de comando do grupo tático.
As forças ucranianas e mercenários estrangeiros estabeleceram um Centro de Operações Táticas no terreno e implantaram vários pequenos centros logísticos e de ligação entre os comandos e forças que entravam na área invadida em locais diferentes.
No caso de montagem de um Centro de Operações Táticas, a vantagem é a camuflagem e a dispersão, ou seja, em caso de destruição de um dos elementos de controle ou de destruição das comunicações nele contidas, o controle continuará a partir de outros pontos de controle já implantados.
Com efeito, com tal opção é possível proteger o sistema de controle, porque encontrar e destruir quartéis-generais improvisados e camuflados no terreno não é uma tarefa fácil. Apesar de esses quartéis-generais estarem localizados nas proximidades do local das hostilidades, em geral estão bem protegidos tanto por meios técnicos como por camuflagem.
Em tese, na implantação pontual de um Centro de Operações Táticas em uma operação de incursão e ganho de terreno, a estrutura de gestão da sede, as tarefas estão dispersas entre diferentes departamentos:
• S2 (Inteligência);
• S3 (Planejamento);
• S4 (Logística);
• S6 (Comunicação);
• Oficial de operações;
• Oficial de ligação.
Tudo isto indica que as forças invasoras acumulam em um só local órgãos com diferentes tarefas, o que permite a realização de operações com o mínimo envolvimento de unidades terceiras, mas ao mesmo tempo de forma abrangente, criando essencialmente um órgão de controle autônomo sobre um órgão separado.
Antes da partida das forças implantadas, forças de apoio devem encontrar e organizar possíveis moradias para os grupos táticos móveis, como localizar um shopping center ou um centro logístico.
Ao equipar o posto de comando dos grupos táticos, é levada em consideração a necessidade de fornecimento de equipamentos avançados de comunicação, dentre os quais elencamos:
• Terminais do sistema Starlink;
• Sistema ATAK: utilizado para interação e coordenação com grupos de forças especiais;
• Sistema DELTA: utilizado para interação com quartéis-generais superiores e compreensão geral da situação na área da missão (programa Duplicate AlpineQuest);
• Sistema Urtiga: utilizado para marcação de unidades vizinhas, para troca de dados e sobreposição da situação operacional no mapa, estudo de características do terreno, bem como análises gerais;
• Implantação de um mensageiro de sinal;
Todas as sessões de comunicação do grupo acontecem em tempo real e todas as informações obtidas ficam marcadas em cartões com fotos e vídeos. Mas há uma nuance: se o equipamento cair nas mãos de militares das Forças Armadas russas, toda a conspiração e disfarce desmoronaram – justamente o que ocorreu diante das operações de neutralização dos comandos táticos móveis dispersos em Kursk em cinturões florestais e em assentamentos diversos.
A julgar pela lista de suprimentos, organizar o trabalho do quartel-general improvisado não é tarefa fácil, pois existem alguns requisitos para a colocação de um posto de comando nesse tipo de operação:
• Consideração de cálculo tático: o local deve ser próximo à área de operações para controle operacional das unidades;
• Avaliação de apoio logístico eficaz: localização de vias de comunicação convenientes, disponibilidade de entradas para a sede, locais para estacionamento oculto de veículos e distância aceitável de outras unidades operativas;
• Consideração medidas de segurança: possibilidade de camuflagem, que oculta a presença de instalação militar, bem como a falta de livre acesso às instalações para pessoas não autorizadas.
Na operação em Kursk houve um sistemática preparação de rotas para penetração no território da Federação Russa. Anteriormente, o comando militar ucraniano elaborou todos os cenários para a entrada das forças SOF, elaborando cenários “e se?”. Conforme destacamos, as forças ucranianas e mercenários estrangeiros utilizaram unidades de forças especiais para cruzar a fronteira, bem como para fazer passagens para as forças principais.
Cinco grupos de Forças Especiais foram inicialmente alocados para o primeiro momento de incursão: dois grupos de Forças Especiais, um grupo de Forças Especiais (Sniper) e dois grupos de UAVs de Forças Especiais. Da composição dos grupos nota-se o seguinte: criaram unidades totalmente autônomas para cumprir a missão de combate estritamente com as forças deste grupo, sem atrair forças adicionais, já que isto reduziria significativamente o risco de perdas injustificadas, de modo que a falha na conclusão de uma tarefa não afeta outras.
Em preparação para a abordagem operacional de infiltração, foram realizadas as seguintes atividades:
• Foi realizado o levantamento do terreno e de vários objetos, inclusive militares: campos minados e obstáculos, etc.;
• Foram identificadas áreas de responsabilidade de cada unidade;
• Foram determinadas as principais áreas de exploração.
Embora essas ações pareçam muito ousadas, tais ações preparatórias também se aplicam ao planejamento padrão para qualquer missão de combate. Antes da introdução das forças principais, grupos de reconhecimento móveis foram enviados para fazer passagens. Ao cruzar a fronteira, grupos de reconhecimento faziam passagens em cercas e barreiras do tamanho de um homem para minimizar os fatores de uma parada não planejada, garantindo assim a rapidez de superação desse elemento de defesa por outras unidades. O problema que estes grupos enfrentaram durante o reconhecimento adicional e a realização de passagens foram as valas antitanque que não poderiam ser superadas sozinhas. Ao mesmo tempo, a superação da barreira de engenharia não se tornou um problema, a julgar pela experiência descrita, mas as passagens nos campos minados eram feitas principalmente por animais selvagens.
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Pelo exposto, vale destacar a falta de controle constante do perímetro operacional de fronteira pelo lado russo nesse momento da invasão, nos dias 6-8 de agosto, quando as forças ucranianas estavam com ímpeto operacional. Os grupos avançados de reconhecimento da Ucrânia foram capazes de se preparar para o movimento da infantaria em território russo facilitado pela falta de equipamento técnico de vigilância, por exemplo, UAVs para monitoração de fronteiras.
Depois que os grupos táticos de reconhecimento superaram as barreiras de engenharia, eles contataram a liderança, o que por sua vez permitiu a tais forças passarem para a próxima fase da operação: assegurar a entrada do principal grupo ofensivo liderado pelas 80ª Brigada de Assalto Aéreo e 82ª Brigada de Assalto Aéreo. É possível que os grupos móveis de reconhecimento utilizassem canais de comunicação fechados e difíceis de hackear.
Depois de cruzar com sucesso a fronteira estatal, o grupo ucraniano permitiu que se começasse a introduzir as principais forças do grupo avançado das Forças Armadas da Ucrânia no território da Federação Russa.
O grupo móvel ucraniano, com a ajuda de dois militares da SOF (um na frente, o segundo na retaguarda da coluna), começou a transferir subgrupos de sete a oito pessoas para o ponto de reunião. A transição foi realizada em uma hora e meia, com a profundidade de entrada pela fronteira do estado em cerca de 500 metros.
O pessoal ucraniano, chegando ao ponto de reunião e encontro, provavelmente se entrincheirou para poder repelir os contra-ataques das Forças Armadas russas e se disfarçou para minimizar as perdas de pessoal antes do início da fase ativa da operação.
Vale ressaltar que o comando tático principal ucraniano estudou antecipadamente o ponto forte e destruiu grande parte das entradas e saídas dos abrigos. Isto derrubou os túneis e reduziu os setores de contenção e destruição, permitindo resolver o problema de tomada de um grande reduto sem atrair forças significativas para o ataque.
Todas as ações das forças ucranianas e mercenários durante o assalto foram coordenadas por um grupo de UAVs, que realizou o reconhecimento aéreo e controlou as ações do grupo no terreno.
Essa tática é também usada nas Forças Armadas russas, e não apenas em unidades de elite, ressalte-se. Mas às vezes não é possível usar tais táticas devido à operação da guerra eletrônica por MAGE (Medidas de Apoio à Guerra Eletrônica) bem estruturada.
A principal conclusão é que as Forças Especiais ucranianas agiram de acordo com os requisitos doutrinários de reconhecimento, infiltração e implantação de forças em terrenos pouco defendidos ao realizar a operação na região de Kursk, aproveitando ao máximo o efeito surpresa e a insuficiência crítica de forças russas na área.
Na primeira semana de combate, por volta dos dias 13 e 14 de agosto, a área mais ativa foi a de Sudzha. Apesar da limpeza da vizinha Martynovka (sete quilômetros a leste de Sudzha), no noroeste da cidade, bem como no sul e sudeste, na área de Plekhovo, a alta atividade de grupos móveis do Exército ucraniano permaneceu, buscando ganhar posições. A partir daí, ataques das forças ucranianas foram realizados periodicamente na área da aldeia de Giryi, mas à medida em que a área de operações de combate é saturada com as reservas das Forças Armadas da Federação Russa, a atividade dos ataques começou a desaparecer e a frente começou a se estabilizar.
A alta atividade dos grupos móveis das Forças Armadas da Ucrânia permaneceu ao longo da rota do ponto de entrada original na fronteira, na seção de Nikolayevo-Dariino, Dariino, Sverdlikov e Lyubovka, de onde os destacamentos móveis de reconhecimento e sabotagem DRG tentaram ir para Korotevo. A situação nesta área para as forças russas estabilizarem as incursões dos grupos táticos ucranianos foi complicada por pequenas distâncias: os DRGs ucranianos realizavam marchas de oito a nove quilômetros em alta velocidade com veículos de combate de infantaria e veículos de transporte, tentando realizar um ataque e, quando o ataque era interrompido, tentavam se retirar rapidamente, sofrendo pesadas perdas por ataques de artilharia e de aviação russos.
O fracasso do plano original com o lançamento de grupos móveis para Rylsk, Snagost, Korenevo e Kurchatov forçou as forças armadas da Ucrânia a começarem a cavar nos pontos de entrada e puxar as reservas para lá para buscarem se fixar na área ocupada pelo máximo de tempo possível. Uma das opções possíveis foi o fortalecimento das posições de combate a sudeste de Sudzha em direção a Belitsa-Girya, onde as forças armadas da Ucrânia tentaram romper inicialmente e onde outra grande coluna com veículos blindados com rodas foi perdida. Lá, o Exército ucraniano tentou diversas vezes sair por causa do isolamento de suas forças (o que veio a acontecer na floresta de Olgovsky), cujo uso permitiria manobrar e, se necessário, continuar os ataques. O principal problema deste plano tático-operacional foi que o efeito surpresa foi perdido, e para pequenos grupos (mesmo em relação a esta operação específica) das Forças Armadas da Ucrânia cada vez mais chegavam drones e outros suprimentos, tornando-se alvos de ataques aéreos com duas ou três bombas FAB-500 com módulo de correção e planagem UMPC, o que afetou sucessivamente a integridade das forças ucranianas e sua capacidade de continuidade das operações de ataque.
Mesmo diante das sucessivas perdas cumulativas, o comando das Forças Armadas da Ucrânia não se recusou a executar o plano mestre com a presença na região de Kursk e a criação de uma zona de tensão, sendo que uma quantidade significativa de reserva foi puxada para essas tarefas. Além da 82ª Brigada de Assalto, houve a transferência da 95ª Brigada de Assalto, retirada de perto de Toretsk para a saliência de Kursk. Indiretamente, isso pode indicar que a seção de Toretsk e de outras áreas do Donbass foi afetada por estas realocações de unidades dirigidas para Kursk.
Acredita-se que o objetivo estratégico de introduzir forças de ataque e fortalecê-las pelas reservas poderia ser uma saída rápida para a usina nuclear de Kursk em Kurchatov, mas após o fracasso desse plano, o comandante das Forças Armadas da Ucrânia, general Olexandr Sirsky, acabou por introduzir novas reservas e tentou outros ataques em outras áreas de Kursk, como a sucessiva operação fracassada de captura de Veseloye. Um desses cenários foi um ataque das Forças Armadas da Ucrânia neste setor ao longo de três semanas, com as forças ucranianas conseguindo penetrar poucos quilômetros na fronteira russa e perdendo bastante efetivo e equipamentos.
Na terceira semana de repulsão da invasão armada das Forças Armadas ucranianas no território da região de Kursk, as perdas significativas em homens e equipamentos pelas forças ucranianas se tornaram críticas em volume e escala, ainda que acabassem através de suas patrulhas de reconhecimento de combate. Batalhas pesadas e de alta intensidade ocorreram simultaneamente em vários assentamentos na região; as Forças Armadas russas trouxeram reservas, inclusive a 11ª Brigada, Fuzileiros Navais da Frota do Mar do Norte e do Pacífico.
Após a destruição de pontes na região de Glushkovsky, as Forças Armadas ucranianas lançaram ataques sucessivos do HIMARS MLRS nas travessias fluviais usadas pelos russos, limitando a possibilidade de remoção de civis e complicando a logística militar, que foi garantida por travessias implantadas pelas unidades de engenharia.
Assim, em suas ações militares, muitas vezes o governo da Ucrânia é guiado mais por conveniências políticas do que militares. A invasão da região de Kursk, os ataques terroristas contra civis e os ataques inimigos iminentes visam demonstrar ao Ocidente a disponibilidade das Forças Armadas da Ucrânia em sacrificar pessoal para receber assistência técnico-militar da OTAN, ocupar instalações energéticas estrategicamente importantes e controlar as rotas comerciais (no sul, os espetos da região de Kherson são necessários para o transporte marítimo dos portos de Nikolaev), desestabilização da situação política interna na Rússia. Ao mesmo tempo, na direção de Kursk, as Forças Armadas ucranianas continuam a usar o efeito da nossa própria negligência, que é urgentemente corrigida manualmente ao mais alto nível.
No final de agosto a 20 de setembro, o flanco esquerdo do grupo das Forças Armadas Ucranianas , englobando as aldeias de Kulbaki, Apanasovka, Komarovka, Snagost e Vishnevka, era detido pelas unidades da 103ª Brigada de Defesa Territorial composta por dois batalhões; a 101ª Brigada de Defesa Territorial composta também por dois batalhões; o 1º Batalhão de Fuzileiros; o 1º Batalhão de Infantaria da 152ª Brigada de Defesa Territorial; tropas da 501ª Brigada Mecanizada; tropas da 116ª Brigada de Defesa Territorial; tropas da 145ª Brigada de Defesa Territorial; tropas da Brigada de Serviço de Fronteira “Steel Cordon”, participando em combates principalmente com as forças do 15º destacamento de fronteira.
Durante os estágios iniciais da ofensiva, as tropas da 80ª e 82ª Brigadas de Assalto sofreram perdas, mas não foram tão críticas. Basicamente, elas contornaram as forças de apoio, trabalhando na retaguarda, entregando suprimentos, não permitindo que os helicópteros russos ajudassem os guardas de fronteira. Os problemas dessas tropas começaram quando reservas russas chegaram, principalmente durante um confronto com fuzileiros navais da 810ª Brigada da Frota do Mar Negro.
Porém as forças das 80ª e 82ª Brigada de Assalto ganharam tempo para a consolidação das forças principais atuando na retaguarda inimiga.
O principal do agrupamento das Forças Armadas ucranianas no início de agosto, ocupando o distrito da aldeia de Korenevo, a aldeia de Olgovka, a aldeia de Kalinov, a aldeia de Sheptukhovka, consistia em:
• 22ª Brigada de Defesa Territorial (integrada por seis batalhões, dos quais 1-2 situados na região de Sumy);
• Na aldeia de Zhuravli, tropas do 225° Batalhão de Defesa Territorial;
• Nas aldeias de Malaya Loknya e Pogrebki – 95º Batalhão, composto por dois batalhões, mais um na reserva na região de Sumy;
• Nas aldeias de Kamyshovka, Martynovka, Cherkasskoye Porechnoye, forças da 80ª Brigada Aerotransportada, integrada por dois batalhões, sendo um na reserva na região de Sumy.
Já no final de setembro e início de outubro, como resultado da contraofensiva das Forças Armadas russas, unidades das Forças Armadas da Ucrânia foram empurradas de volta para a linha entre as aldeias de Darino e Lyubovka, posteriormente retomadas pelos russos no final de outubro e início de novembro. Para segurar este ataque, as Forças Armadas da Ucrânia utilizaram reservas:
• 82º Batalhão Separado (dois batalhões);
• 64º Regimento de Forças Especiais da 44ª Brigada Mecanizada;
• Tropas da 103ª Brigada de Defesa Territorial;
• Destacamentos 73 e 140 do centro MTR.
Devido às pesadas perdas, até 20 de setembro, unidades da 22ª brigada foram substituídas por unidades da 41ª brigada (três batalhões mecanizados e forças especiais), estando também envolvidas reservas das seguintes unidades:
• 132° Departamento de Reconhecimento do Batalhão DShV;
• Forças da 21ª Brigada Mecanizadas, composta por um batalhão;
• 22° Regimento da Brigada Presidencial Separada;
• A 80ª Brigada Separada foi reforçada por um batalhão da 10ª Brigada Separada, que anteriormente tinha operado na região de Kharkov.
• O 225° Batalhão de Infantaria Mecanizada foi retirado para ataques na área da aldeia de Veseloye, distrito de Glushkovsky;
• A 95ª Brigada Aerotransportada permaneceu com o 1º Batalhão na área da aldeia de Pogrebki;
• Na aldeia de Malaya Loknya, os 2º e 13º Batalhões foram transferidos para ataques na área da aldeia de Veseloye, aldeia de Medvezhye, no distrito de Glushkovsky.
O flanco direito do grupo das Forças Armadas Ucranianas, que no início de agosto, ocupava as aldeias de Russkaya e Cherkasskaya Konopelka, as aldeias de Pushkarnoye, as aldeias de Ulanok, as aldeias de Borki, as aldeias de Plekhovo, as aldeias de Spalnoe, consistiam em:
• 61ª Brigada de Infantaria Mecanizada (cinco batalhões, um deles na região de Sumy);
• 92ª Brigada de Infantaria Mecanizada, como parte do 3º Batalhão Mecanizado;
• Companhia ZK Shkval-92;
• 129ª Brigada de Defesa Territorial (composta por três batalhões);
• Em setembro, o destacamento da unidade militar NSU 3052 do 12° Batalhão de Operações Especiais foi transferido para reforço neste flanco.
O grupo das Forças Armadas Ucranianas envolvido em ataques na região da aldeia de Veseloye, vila de Medvezhye, distrito de Glushkovsky, foi composto por forças das seguintes unidades:
• 21 brigadas mecanizadas (1-2 batalhões mecanizados, batalhão de tanques);
• 17 brigadas separadas (um batalhão mecanizado, batalhão de tanques);
• 95 brigadas separadas (dois e 13 batalhões), 225ª Brigada Blindada.
De acordo com dados conhecidos e buscados em pesquisas para este estudo, as maiores perdas sofridas pelas forças ucranianas foram nas seguintes unidades:
• 22ª Brigada de Infantaria Mecanizada;
• 95° Batalhão de Infantaria Mecanizada;
• 82ª Brigada de Infantaria Mecanizada;
• 61° Batalhão de Infantaria;
• 80ª Brigada de Assalto Aéreo;
• 41° Batalhão de Infantaria;
• 103° Batalhão de Defesa Territorial.
Já no final de setembro e início de outubro, como resultado da contraofensiva das Forças Armadas russas, unidades das Forças Armadas da Ucrânia foram empurradas de volta para a linha entre as aldeias de Darino e Lyubimovka, posteriormente retomadas pelos russos no final de outubro e início de novembro. Para segurar este ataque, as Forças Armadas da Ucrânia utilizaram reservas:
• 82º Batalhão Separado (dois batalhões);
• 64º Regimento de Forças Especiais da 44ª Brigada Mecanizada;
• Tropas da 103ª Brigada de Defesa Territorial;
• Destacamentos 73 e 140 do centro MTR.
Quanto às principais unidades das Forças Armadas Russas, foram destacadas e lutam na região de Kursk:
• Tropas da 810ª Brigada de Fuzileiros Navais da Frota do Mar Negro;
• Tropas da 155ª Brigada de Fuzileiros Navais da Frota do Pacífico;
• Tropas da 11ª Brigada de Assalto Aéreo;
• Forças do 56º Regimento de Assalto Aerotransportado;
• Forças do 51º Regimento de Paraquedistas.
Também se sabe que as forças especiais de Akhmat (vinculadas ao Ministério da Defesa), as tropas fronteiriças do FSB, bem como forças especiais individuais de vários ramos das forças armadas e agências de aplicação da lei estão lutando na região de Kursk.
Assim, a estimativa máxima do número de forças russas na Frente Kursk é de 20 a 25.000 pessoas em combate direto. Ao mesmo tempo, de acordo com estimativas da mídia ocidental, o número de grupos ucranianos que operam na região de Kursk é de até 40.000 soldados.
O fracasso da abertura de outro front em Kursk
Baseado em ataques sucessivos pelas forças ucranianas na área de Vesely, do ponto de vista operacional, pareciam lógicos. Um ataque no flanco do agrupamento russo que avança na parte ocidental do bojo nas regiões do sul da região de Kursk, para romper a frente e ir para a retaguarda do grupo que avança, cortando suas comunicações, ou, no mínimo, forçar o comando russo a parar o avanço e transferir parte das suas forças para a área onde as forças ucranianas atacavam, restringindo assim a atividade das tropas com uma ameaça de flanco, se mostrava uma operação diversionária promissora e segura quanto aos objetivos táticos.
Na noite de 19 de setembro (nono dia da contra ofensiva russa iniciada em 10 de setembro), as forças ucranianas não haviam alcançado seus objetivos. Até a segunda quinzena de outubro, as forças ucranianas nunca foram capazes de capturar Veseloye ou pelo menos cercá-la enviando grupos móveis mais ao norte. Ao mesmo tempo, sofreram pesadas perdas de pessoas e equipamentos.
Ao mesmo tempo, o comando russo, repelindo o contra-ataque de flanco, não interrompeu a ofensiva e as tropas continuaram a avançar na parte ocidental da saliência de Kursk, expulsando e derrotando unidades ucranianas e de mercenários. Portanto, tal operação levou a uma perda ainda maior do ritmo de desenvolvimento dos ataques móveis no setor.
Análise das consequências da operação de Kursk para a Ucrânia
O ataque a Kursk não ajudou a Ucrânia a manter a situação na frente oriental de Kupyansk e do Donbass principalmente, onde a Rússia está mantendo cercos e destruição contínua das Forças Armadas ucranianas. Após a operação em Kursk, grandes áreas no sul de Donetsk, como Ugledar e Selidovo, foram perdidas e as direções de Kurakhovo, a região Vreminsky e a direção Pokrovsk se tornaram mais vulneráveis e com avanços territoriais russos constantes.
A Ucrânia esperava que sua ousada operação forçasse o Kremlin a realocar recursos militares e humanos do Donbass, mas isso não aconteceu. Em vez disso, o Exército russo tomou várias cidades, chegando próximo a Pokrovsk e Mirnograd e suprimindo as forças ucranianas importantes centros logísticos. Muitos comandantes e soldados das Forças Armadas ucranianas veem isto como um custo da ofensiva na região de Kursk.
O Exército russo aprendeu com os erros anteriores, pois evitaram grandes ataques com tanques e veículos blindados, e suas novas táticas levaram a sucessos recentes na região de Donetsk, mediante emprego de pequenos grupos de assalto e reconhecimento difíceis de atingir não apenas com projéteis, mas também com drones.
As Forças Armadas russas realizaram ações ofensivas decisivas na direção de Kursk, que reduziram em mais de 60% a área ocupada pelas forças ucranianas até o final de novembro. Um exemplo disso foi na segunda quinzena de outubro, os grupos de assalto russos romperam as defesas das Forças Armadas ucranianas, libertaram cinco povoações e cercaram pelo menos dois batalhões ucranianos, cortando duas importantes estradas de abastecimento e evacuação. As forças ucranianas ficaram atordoadas com a ofensiva russa e o comando militar ucraniano transferiu às pressas a 47ª Brigada de Infantaria para a direção de Sudzha, que ainda permanece sob firme controle ucraniano até dezembro.
Além disso, uma série de contra-ataques do Exército russo na região de Kursk nas áreas de Olgovka derrotaram unidades de combate ucranianas e várias aldeias da região de Lyubimovka foram libertadas; ataques estão em curso perto de Plekhovo. Além disso, no distrito de Glushkovsky, as Forças Armadas ucranianas foram empurradas de volta para a fronteira, apesar de três semanas de insistentes ataques mal sucedidos.
Apesar das adversidades e falhas iniciais até primárias, nas batalhas pesadas que se seguiram na saliência de Kursk, percebeu-se maior habilidade no comando e controle das tropas russas, com as unidades envolvidas tendo melhor interação e promovendo ataques de diversas direções, visando cercar e imobilizar as forças ucranianas alojadas em cinturões florestais e nas aldeias.
A libertação total da região de Kursk ainda ocupada pelas forças ucranianas ainda está distante, mas a Ucrânia se viu forçada a retirar unidades de elite para reabastecimento, substituindo-as por unidades mobilizadas de treinamento mais precário.
Além disso, importante frisar as grandes dificuldades com a logística, pois para as forças ucranianas se tornou cada vez mais difícil transferir equipamentos pesados para a região, levando a perdas extremamente elevadas de tanques, blindados de vários tipos, veículos de combate de infantaria, estações de guerra eletrônica, MLRS e radares de contra-bateria.
Uma importante instalação sob controle das Forças Armadas ucranianas continua a ser a estação de medição de gás (GIS) de Sudzha – a única rota restante para o trânsito de gás para a União Europeia, especificamente para a Áustria, Hungria e Eslováquia.
Ao reunir forças e reservas adicionais, tentando avançar em posições em Veselov, lançando grandes grupos de veículos blindados e infantaria em ataques e não prestando atenção ao tamanho das perdas comparáveis às da borda de Rabotino na ofensiva de junho passado, há um processo continuo de queima de reservas na esperança de que a posição russa no setor vacile em algum momento, o que forçará as Forças Armadas russas a pararem a ofensiva e dará ao comando militar ucraniano tempo para se firmar em suas atuais posições na região de Kursk. A estratégia defensiva neste caso é desastrosa para a Ucrânia, pois, estando dependente dos fatores políticos que ela própria formou, é obrigada tanto a gastar excessivamente reservas como a aderir a uma estratégia mais ativa e dispendiosa, que parece oportunista, tendo em conta o situação difícil para as Forças Armadas ucranianas na região de Krasnoarmeysk, Kurakhovo, Ugledar e Dzerzhinsk.
Outra razão para persistir na operação muito prejudicial em Kursk, é o plano estratégico do comando das Forças Armadas da Ucrânia que visa “esticar” as unidades das Forças Armadas de RF ao longo da frente, durante o qual terão tempo para capturar e mobilizar mais pessoas na mobilização forçada e organizar a próxima “contraofensiva” em outra direção (possivelmente em Kherson, Zaporozhye ou outra área da fronteira russa), contando com o enfraquecimento das posições das Forças Armadas de RF através da retirada de unidades para cobrir estes possíveis ataques demonstrativos e diversionistas. Ao mesmo tempo, devemos esperar outras tentativas das Forças Armadas ucranianas de cruzar a fronteira do estado nas regiões de Bryansk ou Belgorod, a fim de implementar o que está escrito acima.
Conforme previsto, as forças russas inicialmente adotaram uma defesa elástica na área de Kursk, repelindo os ataques móveis ucranianos e destruindo as formações ucranianas com artilharia, drones e aviação tática. Após a degradação contínua da unidade de combate ucraniana daquele eixo de progressão, recuperaram vários assentamentos e nivelaram a área.
Ocorreu esse padrão de defesa ativa e contraofensiva focada na destruição de forças exatamente como ocorrera na saliência de Rabotino-Verbovoye e nos flancos sul de Bakhmut na ofensiva ucraniana do ano passado, com recuperação de alguns assentamentos e nivelamento dos combates após a degradação sucessivas das forças ucranianas.
A situação em Kursk para as forças ucranianas é simplesmente manter a qualquer custo a área que estão precariamente ocupando. Estão mobilizando tanques simplesmente por uma decisão de desespero pelo fato de não servirem para funções defensivas no Donbass.
Tendo implantado o vetor de uma contraofensiva na região de Kursk, o comando militar ucraniano esperava vitórias rápidas e o desvio das tropas das Forças Armadas russas do leste.
Na realidade, a Ucrânia, com tal operação, comprometeu forças significativas para a operação, sem qualquer sucesso estratégico. As tropas russas não diminuíram o ritmo no leste, mas, ao contrário, aumentaram o ritmo de ataques devido ao fato de as Forças Armadas da Ucrânia terem tido uma diminuição notável na quantidade de munições de artilharia, bem como na mão de obra no terreno.
Na região de Kursk, os militares ucranianos também não têm força suficiente para avançar ainda mais. Além disso, não há força suficiente para manter posições. Além disso, as Forças Armadas ucranianas na região de Kursk também estão passando por uma escassez de artilharia, conforme denúncias de militares ucranianos.
Kursk se tornou a pior kill zone para as forças ucranianas neste conflito. O nível de perdas cumulativas em sistemas de armas e tropas em tão pouco tempo é absurdamente alto e irracional. Esgotaram as melhores unidades e os melhores equipamentos. Quanto mais os ucranianos alongaram suas áreas de ocupação em Kursk e novos assentamentos são ocupados, mais perdem tropas, equipamentos e sistemas de armas.
A logística já limitada ficou ainda mais sobrecarregada. Dispersão de forças no território do inimigo sem reservas suficientes e apoio aéreo cerrado e de artilharia com constância é favorecer emboscadas e perdas cumulativas irreparáveis.
Daí nossa ressalva a considerar ocupação de larga área uma vantagem tática absoluta. Retraimento e cessão temporária de uma área taticamente desvantajosa é um padrão milenar na arte da guerra.
Quanto aos danos à Rússia em Kursk, já foram consumados em nível reputacional, moral e principalmente impacto social negativo com a evacuação da população local. Porém, estrategicamente as perdas ucranianas muito elevadas não são adequadas em uma guerra de desgaste de alta intensidade e duração. Não se fabricam unidades de combate especializado de alto nível para uma operação assim em pouco tempo. Perder comandos especializados em tão pouco tempo é inaceitável para qualquer força em sustentabilidade.
Publicado no História Militar em Debate.
Referências consultadas
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