Por Sam LaGrone*
Meios navais modernos, o submarino Kazan e a fragata Almirante Gorshkov visitam Cuba e possivelmente a Venezuela; porta-voz da Defesa dos EUA diz que trata-se de atividade naval de rotina que “não preocupa”.
Um submarino nuclear russo que transporta mísseis guiados com alcance de 1.000 milhas náuticas está operando na costa leste dos EUA como parte de exercícios de mísseis russos no Atlântico.
O Kazan, um submarino de mísseis guiados da classe Yasen-M, faz parte de um grupo de ação naval que o Ministério da Defesa russo implantou no Atlântico. O grupo tem como destino o Caribe como parte de exercícios militares ordenados pelo Kremlin no contexto da guerra na Ucrânia, segundo o Ministério da Defesa.
Na terça-feira, o Kazan e a avançada fragata de mísseis guiados Almirante Gorshkov testaram mísseis antinavio virtualmente no Atlântico em alvos com um alcance de mais de 350 milhas antes de retomar seu trânsito para uma visita previamente agendada ao porto de Havana na quarta-feira, disse o Ministério da Defesa russo em um comunicado.
Observadores de navios americanos estão rastreando o grupo de ação russo na costa. O grupo estava operando a leste de Florida Keys na tarde de terça-feira e está sob vigilância de pelo menos três destróieres de mísseis guiados dos EUA e uma aeronave antissubmarino P-8A Poseidon, de acordo com dados públicos de voos e rastreamento de navios.
Um porta-voz da Marinha americana direcionou o USNI News ao gabinete do Secretário de Defesa quando questionado sobre os navios de guerra dos EUA. Um porta-voz do Pentágono não confirmou os detalhes, mas deu uma declaração na segunda-feira sobre os exercícios russos.
“A Rússia conduzirá atividades navais e aéreas intensificadas perto dos Estados Unidos. Estas ações provavelmente culminarão em um exercício naval russo global neste outono. Esperamos que a Rússia envie temporariamente navios de combate para a região do Caribe e esses navios provavelmente farão escalas em Cuba e possivelmente na Venezuela”, diz um comunicado da OSD (Office of the Secretary of Defense, escritório do Secretário da Defesa).
“Também pode haver algumas implantações de aeronaves ou voos na região. Os destacamentos da Rússia fazem parte da atividade naval de rotina e não estamos preocupados com os destacamentos da Rússia, que não representam uma ameaça direta para os Estados Unidos.”
Embora os navios russos que operam nas Caraíbas não sejam novos, o submarino e a fragata estão entre os navios de guerra russos mais avançados e sua presença é a maior visita de navios da Marinha russa à região em anos. Por exemplo, no ano passado, o navio-escola Perekop navegou para Havana.
Os modernos Kazan e Gorshkov possuem uma variedade de armas antinavio e de ataque terrestre. Embora não esteja claro quais armas os dois navios usaram durante o teste de terça-feira, ambos podem usar o míssil de cruzeiro de ataque terrestre 3M-54 Kalibr NK com alcance de 1.600 milhas, o míssil antinavio P-800 Oniks e o míssil hipersônico 3M-22 Zircon.
De acordo com um relatório do think tank britânico RUSI, o Kazan poderia colocar em campo até 32 P-800, 40 Kalibr e um número desconhecido de Zircon. O Kalibr, inspirado nos mísseis de ataque terrestre Tomahawk dos EUA, é uma arma fundamental para os submarinos da classe Yasen.
A operação silenciosa e o carregamento de armas dos submarinos de 13.800 toneladas são as razões que as autoridades norte-americanas usaram para descrever os barcos como alguns dos mais capazes do mundo.
Para os classe Yasen, “as missões de ataque de longo alcance parecem ser… uma tarefa primordial. Isto provavelmente exigirá uma mudança na forma como a OTAN gere o desafio da guerra antissubmarina no Extremo Norte, dado que está sendo implementada uma estratégia de defesa de barreiras na região Groenlândia-Islândia-Reino Unido. A lacuna pode, na verdade, fazer pouco para impactar os submarinos russos, que podem ter pouca necessidade de atravessar esta barreira para atingir seus fins operacionais”, de acordo com o RUSI.
No ano passado, o então comandante do Comando Norte dos EUA, general Glen VanHerck, disse que a implantação de submarinos com mísseis de cruzeiro ao largo da costa dos EUA está aumentando e é uma preocupação crescente para a defesa interna. “[O risco] está aumentando absolutamente. No último ano, a Rússia também colocou seus [classe Yasen] no Pacífico”, disse ele.
“Agora não só no Atlântico, mas também no Pacífico e é apenas uma questão de tempo – provavelmente um ano ou dois – até que isso seja uma ameaça persistente, 24 horas por dia … Esse impacto reduziu o espaço de decisão para um líder nacional sênior em tempos de crise.”
Publicado no USNI News.
*Sam LaGrone é editor do USNI News. Ele cobre legislação, aquisições e operações para os Serviços Marítimos desde 2009 e serviu na Marinha dos EUA, no Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA e na Marinha do Canadá.
