Falando à agência Tass nesta sexta-feira, o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, criticou a decisão de Washington de não retornar ao Tratado Open Skies como outro erro político.
“Os Estados Unidos cometeram outro erro político, desferindo mais um golpe no sistema de segurança europeu. Demos uma chance a eles [os americanos], mas eles não aproveitaram”, ressaltou.
“Eles continuam a espalhar falácias sobre as alegadas violações do tratado pela Rússia, o que é completamente absurdo. É inútil repetir nossa posição, quem quiser saber disso pode fazê-lo facilmente, mas o fato é que ninguém em Washington está disposto a fazê-lo”, enfatizou Ryabkov.
Um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA confirmou à Tass na quinta-feira que os Estados Unidos não planejavam voltar a aderir ao Tratado Open Skies “devido ao fracasso da Rússia em tomar quaisquer ações para voltar ao cumprimento.” O porta-voz acrescentou que “o comportamento da Rússia, incluindo suas ações recentes em relação à Ucrânia, não é o de um parceiro comprometido com a construção de confiança.”
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia anunciou em 15 de janeiro que Moscou estava lançando procedimentos internos para se retirar do Tratado Open Skies, citando a falta de progresso na remoção de obstáculos para a continuidade das funções do tratado após a retirada de Washington em novembro de 2020. O Departamento de Estado dos EUA disse em abril que as autoridades americanas ainda não haviam tomado uma decisão final sobre a retomada do acordo.
Durante anos, os EUA culparam a Rússia por implementar seletivamente o Tratado e violar várias de suas disposições. Moscou, por sua vez, apresentou reivindicações contra a implementação do acordo por Washington. Em 19 de maio, a Duma russa (a câmara baixa do parlamento) aprovou por unanimidade um projeto de lei denunciando o tratado. O Conselho da Federação (a câmara alta do parlamento) deve considerar o projeto de lei em 2 de junho.
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Dependência da Assembleia Federal
O vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia também notou que “as datas para a conclusão dos procedimentos para a denúncia da Rússia do Tratado Open Skies agora dependem do Conselho da Federação (câmara alta do parlamento) e da decisão do presidente Vladimir Putin. Dito isso, tudo pode ser concluído antes da cúpula de junho”.
“Tudo é possível. Repito, isso não depende da postura do ministério das Relações Exteriores. Agora, depende da Assembleia Federal, no caso, do Conselho da Federação, porque a Duma do Estado já tomou a decisão. E, claro, tudo depende do presidente”, disse Ryabkov em resposta a uma pergunta sobre o assunto.
Ele confirmou que a vice-secretária de Estado dos EUA, Wendy Sherman, o informou sobre a decisão de Washington de não voltar a aderir ao tratado.
Ryabkov também ressaltou que a Rússia não se desviou do cronograma de procedimentos para a saída do acordo. Ele lembrou que em janeiro, quando esses procedimentos foram lançados, esperava-se que estivessem concluídos até o final da primavera. “Há vários passos importantes, praticamente finais a serem dados. No dia 31 de maio será realizada uma reunião da Comissão de Relações Exteriores do Conselho da Federação, durante a qual o assunto será tratado. Então, alguns dias depois, se der tudo certo e as decisões correspondentes forem tomadas pela comissão, a lei já aprovada pela Duma será submetida à aprovação do Conselho da Federação em plenário”, explicou.
Se aprovado, o documento será submetido ao presidente para ser assinado, acrescentou o diplomata sênior. “Estas são as etapas mais importantes que ainda temos pela frente. Sob esse ponto de vista, cumprimos integralmente o cronograma. Não há nada inesperado para os Estados Unidos, aliados dos EUA, parceiros dos Estados Unidos ou nossos aliados”, concluiu.
Em 15 de janeiro, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia anunciou que Moscou havia lançado procedimentos internos de estado para deixar o Tratado Open Skies. A agência diplomática russa explicou a medida pela ausência de progresso na remoção de obstáculos para a continuação do tratado sob as novas condições após a saída dos EUA do acordo em novembro de 2020. O Departamento de Estado dos EUA disse em abril que Washington ainda não havia decidido se renovaria o Tratado.
Fonte: Tass.