O estado de crise e a condição de refém

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Exercício de situação de reféns na Carolina do Sul, EUA (Foto: James Burnette/DoD/EUA).

Exercício de situação de reféns na Carolina do Sul, EUA (Foto: James Burnette/DoD/EUA).

Situações com reféns exigem cuidado. Pelo lado do refém, é fundamental controlar o medo, mantendo a calma, o que diminui a possibilidade de violência física. Pelo lado da equipe de resgate, o sucesso depende do entrosamento da equipe, boa comunicação e coordenação.


Uma crise ou incidente com refém ocorre quando um indivíduo procura evitar a sua detenção, capturando pessoas e ameaçando-as de lesões, com o intuito de deter ou fazer sucumbir a ação policial. Nesta situação, os mecanismos de controle da pessoa acuada não ajudarão a resolver a crise.

O indivíduo está agindo e respondendo sob uma imensa carga emocional, em lugar de uma conduta racional, frente a uma situação altamente estressante.

A situação é tida como uma ameaça às carências emocionais, psicológicas e físicas do indivíduo, gerando sintomas de retração, sentimento de isolamento e distância dos sistemas comuns de ajuda.

As características da crise são:

  • Mudança do convívio social;
  • Intensa reação emocional;
  • Falta de perspectiva;
  • Condução ineficaz de soluções de problemas;
  • Problemas físicos;
  • Comportamento impulsivo, improdutivo e frequentemente inapropriado; e
  • Capacidade reduzida de atentar-se aos fatos.

Vivendo momentos críticos, o refém torce para que tudo dê certo porque do captor depende a sua sobrevivência; o tomador de refém, por outro lado, vê o refém como passaporte para a liberdade.

A sobrevivência dos dois grupos depende do comportamento que o refém adota nos primeiros momentos da crise. As situações violentas provocam, quase que imediatamente, a perda da racionalidade e a explosão do emocional.

Dominando o lado emocional, o refém se relaciona mais equilibradamente com o seu captor ou com a situação que estão vivendo. Assim, deixa de transferir para o tomador de refém a expectativa de violência provocada por fantasias de perseguição.

Não se deve esquecer de que o tomador de refém também está sob forte emoção. A transferência dessas fantasias força-o a corresponder à irracional expectativa de violência.


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Controlar o medo, portanto, é fundamental. Ao superar as fantasias, o refém cria um ambiente mais positivo, diminuindo a possibilidade de violência física.

Reféns sem muita noção da realidade, como crianças ao entrarem em pânico, quase sempre se saem melhor dessas situações.

Gritos ou choro convulsivo podem provocar uma explosão emocional do tomador de refém. Atitudes ou gestos que se oponham à autoridade que ele desempenha no momento, também.

Quando reféns tomados ou sequestrados ficam presos durante muitos dias, uma síndrome peculiar (Síndrome de Estocolmo) se manifesta, especialmente porque surge uma indefinição do papel da autoridade, que se mescla com o do refém. Nos primeiros momentos da crise, porém, essa interação nunca ocorre. A racionalidade é sempre frágil, as emoções explodem de todo lado. Esses momentos são, por isso, os mais perigosos.

Finalmente, cumpre reconhecer que controlar o medo é sempre difícil, principalmente para aqueles que rejeitam o contato com a própria impotência. Esses tentam transformar-se em heróis e ninguém se acalma.

O sucesso de qualquer plano de resgate de refém está ligado ao entrosamento da equipe especializada, boa comunicação e coordenação das manobras táticas sob um comando único (gerenciador da crise). Nestas situações a equipe consiste em:

  • Gabinete de crise bem integrado com a doutrina e o sistema de gerenciar situações deste gênero;
  • Time tático especialmente treinado e equipado com armas e táticas de resgate;
  • Equipe de negociação treinada em psicologia e técnicas e táticas de negociação.
  • A estratégia, em geral, para se chegar a situações em que haja reféns, consiste em três fases:

1ª fase: fase de confrontação e confinamento. Começa no local onde o captor está isolado e sem meios de fugir;

2ª fase: fase móvel. É iniciada quando o captor exige um veículo ou qualquer outro meio de fuga e é atendido. Isto só deve acontecer quando é taticamente vantajoso para a continuação da negociação;

3ª fase: mudança de local. É a mesma situação da primeira fase, só que em um novo local (transferência da crise).

Em razão da natureza e complexidade da situação do refém, a equipe tem que ter ações muito bem coordenadas. Cada membro da equipe, atuando sob o comando do líder, tem um vital papel a executar.

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