Onde está o coração do Soldado?

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Farinazzo-04.png Por Robinson Farinazzo Casal*

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Foto: Velho General/Albert Caballé Marimón.

Batalhas só são ganhas quando nelas está presente o coração de um Exército. Então é natural que nos momentos de crise e incerteza as pessoas se voltem para os muros dos quartéis e perguntem onde está o hoje coração do nosso Soldado.

A resposta nunca lhes é dada por palavras, mas ela é sentida pelos espíritos atentos que conseguem ouvir o sibilar da mudança dos ventos.

O coração de um Exército é a alma de seu Povo e sempre estará onde vicejarem seus valores. Ele bate junto com cada pessoa humilde que pega o ônibus nos subúrbios as cinco da manhã para ir trabalhar. Está com o Lavrador que ara sua pequena propriedade de sol a sol com mãos calejadas e é obrigado a arcar com pesados impostos para pagar lagostas e auxílio moradia de altos funcionários;

O coração do Soldado não está com o magistrado inidôneo que solta o criminoso e manda prender quem precisa ir trabalhar para ganhar seu pão;

O coração do Soldado está sim com os que não roubam, com os justos, com os que respeitam a vontade inquebrantável de milhões de brasileiros que se manifestaram legitimamente nas urnas;

O coração do Soldado não está na fala empolada de juristas que interpretam a Constituição obedecendo servilmente à conveniência dos poderosos que lá os colocaram, não está com os governadores e prefeitos que enganam e roubam o povo com hospitais vazios que custaram milhões, não está com os que espoliam nossas estatais;

O coração do Soldado não está com aqueles que queimam a Bandeira Nacional e fazem escárnio das cores verde e amarela que simbolizam o Brasil;

O coração do Soldado não está naqueles que destroem vitrines construídas com tanto labor, não se coaduna com os que vilipendiam a família brasileira;

O coração do Soldado não se submete moralmente aos grandes, mas se enternece e se comove com os indefesos, protegendo-os graciosamente com sua própria vida se necessário for;

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O coração do Soldado não está com o jornalista arrogante e cabotino que tenta enganar seu público escrevendo matérias inspiradas em ideologias fracassadas, e muito menos com o locutor de televisão desonesto que falseia as notícias para iludir a todos com a malévola sensação de que nada funciona no Brasil;

O coração do Soldado está sim com o homem de fala mansa e reta, que não usa subterfúgios para dizer o que pretende, que não engana seu semelhante com palavras empoladas e linguajar rebuscado e falso;

O coração do Soldado não está com o artista alienado e cheio de soberba, que faz pouco do saber do homem do povo e zomba do seu sofrimento através de peças pagas com dinheiro público;

O coração do Soldado está sim com o Professor idealista, que ensina cidadania, respeito e amor ao Brasil para os pequeninos;

O coração do Soldado tem as cores e o pulsar da vontade do Povo Brasileiro, o qual é ordeiro, trabalhador e honesto;

Não se enganem os que desprezam a grandeza do coração do Soldado: é ela que impulsiona batalhas, é amparado por sua força que os grandes generais da história se destacam. Ela não pode ser comprada, corrompida ou negociada, pois trata-se do próprio espírito imortal de uma nação que jamais se curva;

Não passam de papel sem serventia as leis e liminares se delas o coração do Soldado descrer, pois em última instancia, é do sacrifício deste último que depende a vigência daquelas primeiras.

Então, não se desacautele com o coração do Soldado, pois embora seja ele generoso, nobre, paciente e esperançoso:

Ele também não é tolo.


*Robinson Farinazzo Casal é capitão de fragata (FN) da reserva da Marinha do Brasil, expert em tecnologia aeronáutica e consultor de Defesa. Com mais de trinta e cinco anos de carreira militar, extensa experiência de campo e formação superior em Administração de Empresas, é editor do Canal Arte da Guerra no YouTube e articulista do Blog Velho General. E-mail: robinsonfarinazzo@gmail.com.


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6 comentários

  1. Gostaria muito que esse texto de fato representasse o soldado em toda a amplitude e quarteis que estão dentro do Brasil, Muito embora eu seja relativamente jovem, sinto falta do sentido de ordem e progresso que esta escrita na bandeira do Brasil. Desconfio da fidelidade das forças armadas em relação a sua própria pátria e a defesa do povo. Vejo militares antigos, dignos de sua farda, e cidadãos verdadeiramente honestos. Porem sinto uma divisão em relação a quais seriam as atitudes necessárias para evitar mais sofrimento ao povo. Existe uma força obscura agindo dentro do país, e infelizmente não vejo um comprometimento das forças armadas em nossa defesa. Talvez seja apenas uma visão equivocada, porem muitas pessoas que eu converso tem a mesma impressão.

  2. Caro comandante Robson ,eu compartilho de muitos dos seus pensamentos, mais não posso deixar de falar a respeito do que o senhor falou sobre hospitais vazios! Possa ser que no seu estado esteja havendo esse problema porém aqui em Pernambuco , particularmente em Recife a situação e bem outra,veja bem eu tenho um ônibus de turismo e na impossibilidade de trabalhar com ele estou fazendo aplicativo. Eu rodo desde os primeiros dias da pandemia e realizei incontáveis socorros de pessoas passando mal e com dificuldade de respirar, estive nos principais polos de atendimento e todos absolutamente todos estavam trabalhando no seu limite , no âmbito pessoal perdi minha estimada tia,e 8 de meus vizinhos de minha rua sendo que três deles eram jovens e com bastante vigor além de 5 companheiros de trabalho, falo isso porque enxergo no senhor uma pessoa sóbria e honrada que influencia muitos, e pesso ao senhor que investigue mais as notícias relacionadas ao covid com certeza a exageros e roubalheira mais infelizmente há muita dor e sofrimento e com certeza as palavras vindas do senhor pelo menos para mim importa muito, fique com Deus um grande abraço e fé no Brasil.

  3. Infelizmente os raros que se manifestam em redes sociais , são APOSENTADOS , já não fazem mais parte da ATIVA , por esta razão só podem FALAR , nada mais que isto , assim como SENADORES , DEPUTADOS e outros os COMANDANTES da ATIVA seguem a mesma linha de Raciocínio ficarem quietos e em cima do muro ., ninguém se manifesta dando a este povo , um ar de ESPERANÇA;.

    1. Olá Jair, eu entendo seu sentimento de frustração, mas o que eu lhe digo é: persevere. “O Brasil espera que cada um cumpra o seu dever”, disse Barroso, e hoje isso continua sendo muito real. Perseveremos todos, o Brasil sairá mais forte dessa crise. Obrigado por comentar, forte abraço!

  4. O EXÉRCITO ESTÁ ACIMA DAS INTERPRETAÇÕES DE OCASIÃO
    Artigo no Jornal do Comércio – PA/RS
    Inicío este desagravo com os dois primeiros mandamentos do já conhecido, apregoado e invocado “Código de Honra Quatro Estrelas”. O primeiro que reza: “O dilema entre a lealdade e a disciplina não tem razão de ser quando silêncio e omissão contribuírem para causar um dano insuportável à nação e à Instituição, estas sim, e nesta ordem, credoras de sua lealdade. Aos superiores o militar deve, sim, obediência, cooperação, respeito e franqueza, que sintetizam, cada um por si, diversos atributos importantes”. E o segundo que emula: “Franqueza e coragem moral caminham juntas. A responsabilidade dos oficiais generais, de último posto, na formação do processo político envolve uma franqueza absoluta. Uma vez que uma decisão política final seja tomada, ele tem a obrigação de apoiar essa decisão como se ela fosse sua, com uma grande exceção: questões que envolvam os profundos princípios como – dever, honra e pátria – não podem se submeter a outros compromissos”.
    Em sendo assim, o tradicional poder moderador, herança bendita do “tempo de glória” vivenciado no Império, que foi exercido nas horas difíceis de manutenção da unidade do País e das lutas externas, malgrado as interpretações de ocasião: de um Poder Legislativo composto por alguns parlamentares corrompidos pela instituição nociva e cancerosa do “toma lá dá cá”; por um Poder Judiciário constituído também por alguns inócuos, prolixos e nada confiáveis “togados mestres do Divino”; e de um chefe do Poder Executivo, neste presente momento, até sobejas provas em contrário, absolutamente incapaz de liderar e apontar caminhos para seu povo, como um todo, no combate à uma autêntica e perniciosa pandemia, esta que não deve nada `a uma comprovada situação de “estado de sítio com a nação em perigo”, resumindo, o simbolismo da “última ratio regis”, deste poder moderador, temido pelos maus brasileiros, não pode ser olvidado pelos autênticos soldados da Pátria, aos quais se somam os demais “irmãos em armas” da Marinha e da Aeronáutica.
    Isto posto, que se acautelem os fervorosos, empedernidos e desavergonhados arautos desta pretensa legalidade congressual e judicial, assim como a equivocada liderança presidencial, porque, de uma hora para outra, num repente, não faltarão “Caxias e Castelos Brancos para colocarem ordem na casa”, que não se duvide, mesmo a despeito do “choro e ranger de dentes” desta falsa representatividade republicana que, já faz mais de três décadas, só tem prejudicado, pela sua deletéria participação, o porvir de um pobre, aviltado e indefeso País, onde vicejam os “Mensalões, os “Petrolões” e os “Centrolões”.
    Paulo Ricardo da Rocha Paiva
    Coronel de infantaria e Estado-Maior

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