Por Albert Caballé Marimón* |
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O Irã lançou um ataque contra as bases iraquianas de Al-Asad e Erbil que abrigam tropas americanas com mais de uma dúzia de mísseis balísticos hoje à noite, conforme informado por diversos veículos de notícias e confirmado tanto pelos EUA como pelo Irã, que imediatamente reivindicou a autoria dos ataques. A ação representa uma escalada significativa nas tensões que vem aumentando depois da morte de Qassem Suleimani num ataque dos EUA.
A base de Al-Asad teria um significado especial por ter recebido o presidente Donald Trump em sua primeira visita às tropas americanas no exterior em dezembro de 2018.
Segundo a televisão estatal iraniana citando uma fonte da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC), o Irã tem outros cem alvos em potencial na região caso Washington decida retaliar; segundo a IRGC, caso o território iraniano seja bombardeado, será lançada uma terceira onda de ataque, desta vez contra Dubai e Haifa.
O líder supremo do Irã, aiatolá Khamenei, disse que o ataque foi “um tapa na cara” dos EUA e pediu o fim a presença dos EUA na região. O presidente iraniano Hassan Rouhani disse que os EUA teriam seus “pés cortados” no Oriente Médio.
Ainda de acordo com a TV estatal iraniana, pelo menos oitenta americanos foram mortos nos ataques e nenhum míssil foi interceptado. Diversos helicópteros e equipamentos militares dos EUA teriam sido severamente danificados. As bases abrigavam também tropas norueguesas, polonesas e dinamarquesas; as autoridades desses países informaram que nenhum de seus soldados foi ferido ou morto no ataque iraniano. No entanto, até o momento deste artigo os EUA ainda não divulgaram nenhuma avaliação de danos.
O porta-voz do Pentágono, Jonathan Hoffman, disse em comunicado que não há dúvida que os mísseis partiram do Irã. Ele afirmou ainda que serão tomadas todas as medidas necessárias para proteger e defender o pessoal americano, seus parceiros e aliados. Hoffman informou que as bases já estavam em alerta devido a indicações de que um ataque iraniano estaria sendo planejado.
Após os ataques, o presidente Donald Trump disse no Twitter que “está tudo bem”; primeiro se anunciou que ele faria uma declaração ontem a noite, depois informou que a declaração seria feita esta manhã (8 de janeiro).
“Tudo está bem! Mísseis lançados do Irã a duas bases militares localizadas no Iraque. A avaliação das baixas e danos está ocorrendo agora. Até agora, tudo bem! Temos as forças armadas mais poderosas e bem equipadas do mundo, de longe! declaração amanhã de manhã”, foi o tuíte de Trump.
A secretária de imprensa da Casa Branca, Stephanie Grisham, disse que Trump foi informado e está monitorando a situação: “estamos cientes dos relatos de ataques às instalações dos EUA no Iraque. O presidente foi informado e está monitorando a situação de perto e consultando sua equipe de segurança nacional”, disse ela no Twitter.
Mísseis utilizados
Analistas acreditam que dois tipos de mísseis balísticos podem ter sido usados no ataque; o mais prováveis seriam o Fateh-110 (alcance de 200-300 km, carga útil de cerca de 450-650 kg.) ou o Fateh-313 (alcance de 500 km, carga útil de cerca de 500 kg).
O Prof. Rudnei Dias da Cunha fez uma análise dos mísseis Fateh-110 e Fateh-313 para o Canal Arte da Guerra, acompanhe o vídeo.
Algumas fontes também especulam a possibilidade de ter sido usado o míssil Qiam-1 (alcance de 800 km, carga útil de cerca de 750 kg). Os mísseis teriam sido disparados das províncias de Tabriz e Kermanshah, no Irã.
Próximos passos?
Segundo Jonathan Marcus da BBC, dada a importância do general Suleimani, o ataque do Irã poderia ser considerado uma resposta modesta. De acordo com ele, o ataque foi programado para causar o menor número possível de baixas. Tanto os EUA quanto o Irã, apesar da retórica, não querem um conflito mais amplo; portanto, talvez tenha sido traçada uma linha a partir da qual possam se abrir negociações. As próximas horas confirmarão ou não esta hipótese.
*Albert Caballé Marimón possui formação superior em marketing, é fotógrafo profissional e editor do blog Velho General. Já atuou na cobertura de eventos como a Feira LAAD, o Exercício CRUZEX e a Operação Acolhida. É colaborador da revista Tecnologia & Defesa e do Canal Arte da Guerra, onde, entre outras atividades, mantém uma resenha semanal de filmes e documentários militares. Pode ser contatado através do e-mail caballe@gmail.com.
Excelente artigo
Muito obrigado Rafael! Um abraço!
Não sei o que é pior para os EUA, o Irã continuar a sofrer embargo de armas e desenvolver uma indústria bélica própria ou o embargo ser liberado e a indústria bélica local diminuir o ritmo.
Coincido com o colunista da BBC: considero uma resposta modesta, dado o vulto da figura pública do General Suleimani. De todo modo, faz-se necessário seguir o desenrolar dos fatos, para saber em que tipo de negociação o governo iraniano quer chegar (ou até mesmo, a que tipo pode chegar). Forte abraço!
Depois do pronunciamento do Trump, acredito que a tendência é que os ânimos se acalmem, mas vamos acompanhar. Grato por comentar Sinclair, forte abraço!
O articulista deste blog, o Albert, é fantástico, escreve extremamente bem, está sempre alinhado com uma forma de jornalismo em propagar a informação verdadeira, e apenas tece análises sobre o que ocorre, mantendo uma linha distinta de artigos e informações de factoides. É um trabalho honesto e digno de aplausos.