Por Albert Caballé Marimón* |
Um paper do APG – Air Power Group da Royal Aeronautical Society sobre as lições da campanha aérea da Líbia em 2011. Baseia-se principalmente no Seminário RAeS – IISS1 sobre a Operação UNIFIED PROTECTOR2, realizado em 22 de fevereiro de 2012 (CC Attribution 3.0). Traduzido e adaptado para o português por Albert Caballé Marimón.
A HISTÓRIA CONTINUA
“A história não se repete, mas rima” (Mark Twain).
A campanha aérea da Líbia em 2011 durou sete meses e meio, desde o primeiro disparo em 19 de março3 até 31 de outubro, e terminou precisamente 100 anos após o primeiro bombardeio aéreo em tempo de guerra por uma aeronave de asa fixa. Em 1º de novembro de 1911, um piloto italiano lançou quatro granadas de mão a uma posição do Exército turco na Guerra Tripolitana. Ao final do conflito, as três províncias do norte da África, então governadas pelo Império Otomano, foram cedidas à Itália e, ao se tornarem independentes em 1951, tornaram-se a Líbia.
Parceria política e hospitalidade da Nação Anfitriã
Em 2011, o acordo bilateral franco-britânico de cooperação militar foi posto à prova nas desafiadoras circunstâncias de projeção de poder contra um Estado-nação. O grau de colaboração efetiva alcançado definiu o fortalecimento dos laços entre os dois países e ofereceu uma base sólida para o futuro. A França e o Reino Unido cumpriram com sucesso o pedido da ONU e lideraram a missão de proteger os civis líbios contra o regime de Gaddafi. O resultado pode ser visto como prova da capacidade da OTAN de lidar com grandes eventos mundiais; como resultado, a organização certamente cresceu em estatura.
A importância vital da coalizão e do apoio da nação anfitriã foi enfatizada por vários delegados. A contribuição da Itália para a campanha foi largamente negligenciada pela mídia, e o país não apenas voou muitas missões de ataque (lançando mais de 700 PGM), como forneceu bases e suporte logístico que foram unanimemente descritos como sendo de nível excepcional. No total, a Itália recebeu cerca de 200 aeronaves de 11 nações em sete bases aéreas e duas estações aeronavais, oferecendo extensa logística e outras formas de apoio.
Embora a Grã-Bretanha e a França fossem as nações proeminentes, a coalizão era uma grande e variada associação de membros. A coalizão inicial (e principais contribuintes) era composta por Bélgica, Canadá, Dinamarca, França, Itália, Noruega, Catar, Espanha, Reino Unido e EUA. A eles se juntaram Bulgária, Grécia, Jordânia, Holanda, Romênia, Suécia, Turquia e Emirados Árabes Unidos. No total, 18 nações forneceram recursos aéreos ou marítimos e 34 nações forneceram outras formas de apoio.
Lições – a perspectiva política
As lições decorrentes da Operação UNIFIED PROTECTOR (OUP) não eram novas4, mas reforçavam as lições de muitas campanhas anteriores. A experiência serviu para enfatizar esses princípios com valor e relevância duradouros. Estes incluem: a importância primordial de Comando e Controle (C2) efetivo; o valor de sistemas de informação com suficiente confiabilidade, segurança e capacidade; a decisiva vantagem de uma consciência situacional superior5 e a grande utilidade das munições guiadas de precisão (PGM, Precision Guided Munition).
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Do ponto de vista britânico, o Comitê de Defesa da Câmara dos Comuns (HCDC, House of Commons Defence Committee) observou o papel decisivo do poder aéreo e elogiou as unidades aéreas envolvidas em todas as etapas da campanha, desde as operações de evacuação de não combatentes até o combate em si. O HCDC reconheceu a opinião do Chefe do Estado-Maior Aéreo (CAS, Chief of the Air Staff) da RAF de que tanto o Tornado GR4 quanto o Typhoon FGR4 tiveram um bom desempenho; a alta confiabilidade deste último foi particularmente notável para uma aeronave tão nova e complexa. A implantação e o uso do helicóptero de ataque AH-64 Apache (AH, Attack Helicopter) operando a partir do HMS Ocean foi considerada bem-sucedida. No entanto, permaneceu o fato de que o Reino Unido ainda carece de capacidade de Recuperação de Pessoal Conjunta (JPR, Joint Personnel Recovery). Dada a pressão sobre o orçamento de defesa, é improvável que tal capacidade seja instituída num futuro previsível. Como resultado, a Grã-Bretanha continuará dependente de aliados para esse importante papel. Pode-se dizer que esse é um caso em que a Grã-Bretanha desistiu de um papel que nunca desempenhou.
A precisão e confiabilidade dos PGM ar-superfície foram notáveis, mas o comitê expressou preocupação com a escassez de alguns tipos, especialmente o Brimstone (DMSB, Dual Mode Seeker Brimstone)6. Assim, recomendou que o Governo defina a natureza e a escala das operações que pretende preparar e depois assegure que haverá suficiente capacidade industrial no Reino Unido para apoiar os requisitos7.
Comentário do APG: Este é um problema difícil, em que as opções têm desvantagens distintas. A criação de um estoque substancial de armamento possibilita o apoio de campanhas de curto e longo prazo, mas essa vantagem tem um custo considerável. Por outro lado, armas complexas envolvem itens que requerem processos de longo prazo e que, portanto, não podem ser fabricados rapidamente para atender a um imprevisto. Mesmo escolher quais tipos e em que quantidades é um desafio devido à incerteza da natureza das operações que podem ser enfrentadas. O DMSB é, em geral, uma excelente arma contra alvos blindados em movimento, mas certamente não é adequado para atacar bunkers de comando. O que é ideal para um tipo de campanha pode ser dolorosamente inadequado para outro. Como sempre, a decisão provável será um compromisso com “um pouco de tudo” sendo colocado na prateleira e a linha de frente, em seguida, fazendo o seu melhor com o que estiver disponível.
O alto custo dos PGM foi reconhecido pelo HCDC, mas foi aceito que a precisão (e confiabilidade) era essencial para alcançar os baixos níveis de danos colaterais (CD, Collateral Damages) exigidos. De fato, a diretiva para a OUP era que as mortes de civis simplesmente não seriam aceitáveis para manter a autoridade moral da ação pela ONU e o apoio do povo líbio. O HCDC elogiou a velocidade de implantação de unidades no início da operação, mas estava preocupado com um grau de incerteza no Comando e Controle (C2) nos estágios iniciais. Vários delegados confirmaram isso.
Construindo a campanha: a visão do QG da OTAN
Alguns analistas opinaram que em 2011 houve uma década de história em 12 meses: a morte de Osama Bin Laden, o tsunami japonês, graves inundações na Austrália, tumultos na Inglaterra, a crise da Zona do Euro e, não menos importante, a Primavera Árabe. Para a OTAN, foi um ano seminal após o novo conceito estratégico anunciado na Cúpula de Lisboa em 2010. O Afeganistão entrou em fase de transição da transferência da responsabilidade pela segurança para as próprias forças afegãs. No Iraque, a missão de formação da OTAN para as novas forças de segurança iraquianas chegou ao fim, enquanto no Kosovo os tumultos exigiam ação da KFOR após o fracasso das unidades do Kosovo e da UE em controlar a situação. Em suma, foi um período muito exigente para a Aliança.
Assista ao Vídeo do CANAL ARTE DA GUERRA: Lições da Campanha Aérea da Líbia
O elemento líbio da Primavera Árabe começou com uma rebelião em Benghazi em 15 de janeiro e a cidade estava sob controle das forças anti-regime na terceira semana de fevereiro. Isso levou a notória ameaça de Gaddafi em 22 de fevereiro de perseguir e destruir a oposição “casa por casa”. Por exemplo, a cidade de Zawiya (a 30 milhas de Trípoli) foi bombardeada e depois capturada por forças pró-regime “exercendo um nível de brutalidade ainda não visto no conflito”8. Os disparos deliberados contra civis por forças pró-regime foi comprovado sem sombra de dúvida, resultando na Resolução do Conselho de Segurança da ONU (UNSCR, United Nations Security Council Resolution) 1970, em 26 de fevereiro. Havia três partes principais: encaminhava a Líbia à Corte Internacional; impunha sanções econômicas ao regime e um embargo de armas à Líbia. Este último envolvia um desafio formidável dada a dimensão do país9 e suas extensas fronteiras terrestres com várias outras nações (Egito, Tunísia, Argélia, Nigéria, Sudão e Chade).
Liderança Europeia – Apoio Americano
A campanha também foi muito importante para a OTAN, pois foi a primeira operação da Aliança sem liderança dos EUA e sem que os EUA fornecessem a maior parte da capacidade e poderio. Um requisito inicial foi o estabelecimento de uma zona de exclusão aérea (NFZ, No Fly Zone) sobre a Líbia, de modo a negar ataques aéreos pelo regime, mobilidade e ISR (Intelligence, Surveillance and Reconnaissance, Inteligência, Vigilância e Reconhecimento). Não tendo suas próprias forças armadas, as Nações Unidas confiaram que a OTAN fornecesse o poderio. A primeira reunião do Conselho do Atlântico Norte (NAC, North Atlantic Council) a respeito da Líbia ocorreu em 2 de março. Numa grande mudança em relação às operações de contingência anteriores, os EUA se recusaram a assumir a liderança. Robert Gates, então secretário de Defesa dos EUA, propôs “vamos atuar na Líbia à distância”. Os americanos apresentam três princípios a serem cumpridos antes de qualquer compromisso com a ação: 1) necessidade demonstrável; 2) apoio regional não qualificado e 3) base legal sólida. Não obstante estas reservas iniciais, os princípios foram cumpridos e a Resolução 1973 do Conselho de Segurança das Nações Unidas foi adotada em 17 de março, com dez nações a favor e cinco abstenções (incluindo a Alemanha)10. A resolução exigia um cessar-fogo imediato, o fim dos ataques contra civis e a proibição de todos os voos no espaço aéreo líbio. Crucialmente, também autorizou o uso de “todos os meios necessários” para proteger a população civil da Líbia.
Prelúdio operacional – objetivos e limitações
A primeira missão de ataque foi realizada em 19 de março pela Força Aérea Francesa (FAF), numa ação unilateral, enquanto as principais nações da coalizão ainda estavam envolvidas na Cúpula de Paris. Isto foi seguido por uma “quinzena febril” de atividade política e operacional. Os EUA estavam certos de que, a fim de manter seu equilíbrio estratégico (em particular, tendo o Afeganistão como esforço principal), abandonariam a liderança operacional. Um acordo muito rápido foi alcançado na OTAN11. A Zona de Exclusão Aérea foi instituída em 25 de março e o embargo de armas imposto a partir do dia seguinte. Em 27 de março, a OTAN aprovou o conjunto completo da missão da Operação UNIFIED PROTECTOR com o Secretário Geral afirmando que “a OTAN irá implementar todos os aspectos da UNSCR 1973 – nada mais, nada menos.” O QG Supremo Aliado na Europa (SHAPE, Supreme HQ Allied Powers Europe) tinha o C2 geral, com o QG da NATO em Nápoles exercendo o comando conjunto. O comando do componente aéreo foi delegado do Centro de Operações Aéreas Combinadas da OTAN (CAOC, Combined Air Operations Centre) em Ramstein, na Alemanha, para Poggio del Renattico na Itália, após um breve período provisório em Izmir, na Turquia. Embora membro da OTAN, a Alemanha não participou diretamente da operação, mas essencialmente apoiou os objetivos da missão12.
Em 14 de abril, a Conferência de Berlim exigiu o seguinte: todos os ataques contra civis e áreas povoadas por civis deviam cessar; todas as forças do regime deviam retirar-se para suas bases; deveria ser dado acesso imediato e total, seguro e desimpedido, à ajuda humanitária. Ao procurar forçar a aceitação das demandas pelo regime, a OTAN se impôs limitações desafiadoras: nenhuma força terrestre da OTAN se mobilizaria na Líbia e a OTAN não causaria vítimas civis.
A falta de recursos em solo limitou a consciência situacional da OTAN, tornando-a quase totalmente dependente de ISR aéreo para obter e manter uma imagem do terreno. No entanto, essa falta era provavelmente preferível à alternativa. Se as forças terrestres da OTAN entrassem na Líbia, é provável que fossem vistas como invasoras não apenas pelo regime, mas também pela população líbia e até mesmo por estados árabes membros da coalizão. É um fato interessante que pessoas que se ressentem fortemente e até mesmo resistam a forças terrestres estrangeiras estão muito menos preocupadas com a operação de aeronaves estrangeiras em seu território. Naturalmente, assumindo que essas aeronaves são operadas com cuidado suficiente para salvaguardar os inocentes.
Defender a intervenção “não-invasiva” somente através do poder aéreo (e naval), ou seja, nenhum elemento de força terrestre, pode soar como uma preferencia especial pela força aérea buscando uma fatia maior em orçamentos de defesa. Embora esse possa ser o caso até certo ponto, o fato é que o poder aéreo tem uma capacidade única: pode intervir seletiva e temporariamente e retirar-se em seguida. O ponto foi bem formulado pelo comentarista Elliot Cohen quando observou: “o poder aéreo é o equivalente político do namoro moderno, na medida em que oferece gratificação sem compromisso”. Comprometer as tropas terrestres com uma intervenção é uma decisão verdadeiramente importante, com grandes implicações. Tais campanhas são geralmente muito demoradas e muito dispendiosas em sangue e recursos financeiros. Os exemplos do Iraque e do Afeganistão são impressionantes. Policiar as zonas de exclusão aérea no norte e no sul do Iraque após a Guerra do Golfo de 1991 até 2003 foi relativamente barato; a invasão e as consequências foram qualquer coisa, menos isso.
As forças aéreas devem estar prontas a enfatizar essa vantagem para os políticos, para o público e para os outros ramos das forças armadas. O meio aéreo oferece maior alcance e maior velocidade. É “ajustável” no sentido de que a intensidade da atividade pode (caso os recursos permitam) ser facilmente aumentada ou diminuída ou transferida de uma área para outra ou de uma função para outra. É claro que falta o contato face a face com a população local que forças terrestres proporcionam, e essa capacidade é vital em algumas circunstâncias e não deve ser menosprezada e muito menos descartada. No geral, no entanto, o poder aéreo oferece uma capacidade única de intervenção e projeção de poder, e advogar sobre isso não deve ser visto como uma ação política, mas sim como uma declaração de fato.
Influência, autoridade e recursos
Durante alguns anos, antes da Operação ELLAMY (codinome da participação do Reino Unido na Líbia), o Reino Unido reduziu seus investimentos no sul da OTAN e, portanto, não tinha oficiais de alto escalão baseados em Nápoles, Poggio ou Izmir. Não é novidade que isso limitou a influência que a Grã-Bretanha poderia obter no planejamento e execução de operações da OTAN. Não menos importante, significava que o pessoal britânico ficava para trás na fila para espaço em escritórios, TI e comunicações. Reduzir a integração em tempo de paz provou ser uma falsa economia. A lição clara foi que a Grã-Bretanha deve buscar posições de comando sênior em estruturas de coalizão. Esse ponto provocou a observação seca de um delegado: “enquanto eu estava no Ministério da Defesa, li essa lição em dez relatórios pós-operação”. No entanto, a RAF está reduzindo seu tamanho com foco especial no número de oficiais de alta patente; muitos analistas afirmam que eles continuam em números desproporcionais em relação ao tamanho da força como um todo. Será difícil justificar a manutenção de um quadro de altos oficiais atuando em coalizões se eles forem vistos apenas como ocupantes de espaço ou, pior ainda, cabides de emprego. O custo total anual de um capitão de grupo (equivalente a coronel) não é trivial, mas o valor da influência em organizações internacionais é muito alto.
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A OTAN como um todo também enfrentou grandes problemas decorrentes de medidas de economia. Houve déficits tanto nas plataformas como em recursos vitais para a eficácia operacional. Isso inclui inteligência, desenvolvimento de alvos e direcionamento dinâmico – uma lista que está longe de ser exaustiva, mas ilustra que há muito mais necessidades para o poderio aéreo do que apenas aeronaves e armamento. Ao longo dos sete meses, a operação envolveu mais de 26.000 surtidas, das quais cerca de 25.000 realizadas por aeronaves de asa fixa, 400 por helicópteros e 500 por veículos aéreos não tripulados (UAV, Unmanned Air Vehicle). A munição liberada totalizou 7.600 armas de precisão: 3.600 guiadas por laser e 3.000 guiadas por GPS. Os números principais de surtidas voadas e armas liberadas tendem a mascarar o enorme investimento necessário para alcançar altos níveis de capacidade operacional. Sem suficiente treinamento apropriado, uma frota de aeronaves altamente sofisticadas terá pouco valor. Deve-se reconhecer que o pacote completo de força aérea inclui uma ampla infraestrutura de suporte, que vai desde peças de reposição até o treinamento de táticas. O custo total é alto, mas produz um resultado econômico. Nada é mais caro do que um esquadrão de caças que atua apenas em shows aéreos.
“Contagem de crateras” é fácil; “e daí?” é a pergunta difícil, mas essencial. Acertar o alvo é muito bom, mas é ainda melhor saber que você escolheu o alvo certo e que você alcançou o efeito desejado. Quantas das milhares de armas lançadas na Líbia foram avaliadas em detalhe após o ataque? A resposta é certamente um número muito pequeno. Mas a avaliação real só começa com o efeito da arma no objetivo. O foco deve estar nos resultados da ação, isto é, o efeito final no sistema do qual o objetivo era parte. Destruir o bunker que contém o sistema C2 de defesa aérea do adversário é claramente desejável. Destruir um bunker vazio enquanto o C2 continua funcionando ininterruptamente a partir de um conjunto de escritórios supostamente comercial é claramente um fracasso. É um desperdício de munição e risco para a tripulação para atingir um resultado duvidoso. Pior ainda, podemos acreditar que a ameaça diminuiu quando na verdade não foi sequer comprometida, o que pode levar a assumir riscos imprevistos e inaceitáveis. Em suma, deve-se combinar armamento de precisão com informações de inteligência precisas e, em seguida, com uma avaliação de resultados rápida, confiável e relevante.
O lançamento das armas é o passo intermediário entre a seleção de alvos e a avaliação de resultados. Com poucas exceções, o que podemos ver, podemos atingir, e o que podemos atingir, podemos destruir. O vídeo de uma arma atingindo um alvo é dramático, mas essa é a parte mais direta do processo. É essencial entender o adversário nos termos humanos de seus objetivos, valores e determinação. Tal entendimento situacional (complementando a consciência situacional fornecida por ISR) permite o desenvolvimento efetivo de nossa própria estratégia, desde o nível de campanha até tarefas táticas específicas. Ações bem fundamentadas e conduzidas serão então combinadas para atingir os objetivos de alto nível exigidos. Por outro lado, é muito improvável que o simples fato de atacar uma série de alvos que estão ao nosso alcance e capacidade leve ao sucesso. O adversário não é uma lista de alvos e nada garante que ele irá colapsar quando o último alvo foi “ticado” na lista. A campanha da OTAN sobre a Sérvia em 199913, sem dúvida, caiu nessa armadilha. Supunha-se que “alguns dias de bombardeio” seriam suficientes para forçar a retirada de forças sérvias da província de Kosovo. Este estado de espírito quase certamente foi engendrado pelo rápido sucesso da ação da OTAN em 1995 sobre a Bósnia. Essa campanha de bombardeio durou apenas 21 dias antes que a liderança sérvia na Bósnia capitulasse. O erro foi não compreender a importância cultural da província de Kosovo para a nação sérvia; isto é, uma importância de magnitude tal que suportaria um considerável esforço coercitivo14. No caso, a campanha do Kosovo durou 78 dias e a capitulação da liderança sérvia veio tanto da pressão política quanto dos efeitos do poder aéreo. A revolta líbia e a ameaça para a população civil do regime foi diferente dos dois casos dos Bálcãs (e muito mais longa, durando 227 dias). Esses exemplos mostram que é essencial que comandantes e planejadores complementem seus conhecimentos sobre táticas e tecnologias do poder aéreo com a compreensão do cenário em que buscam alcançar resultados.
As dificuldades da OTAN também incluíram comunicações com o elemento anti-regime; inicialmente, havia laços muito fracos com o Conselho Nacional de Transição (NTC, National Transitional Council). Os problemas da coalizão incluíam algumas limitações impostas pelo processo. Por exemplo, a Suécia forneceu “ISR absolutamente vital”, mas uma vez que as informações ganhassem uma classificação da OTAN, não poderiam ser liberadas para a nação de origem. O bom senso acabou prevalecendo nesses casos, enfatizando que nenhum sistema atenderia todas as situações sem ajustes; a experiência, a iniciativa e, especialmente, o bom senso permanecem inestimáveis.
Como sempre, a quase tradicional escassez de aeronaves de reabastecimento aéreo serviu para limitar a capacidade operacional e a flexibilidade. Como com qualquer recurso escasso, era essencial que especialistas estivessem envolvidos no planejamento desde o início para garantir o uso mais eficaz. Mais uma vez, um ilustre delegado observou secamente que essa lição havia aparecido em muitos relatórios pós-operacionais. O fato de ser recorrente prova que ou não estamos entendendo as lições ou estamos escolhendo ignorá-las. De fato, a última opção é mais provável. A maioria das lições envolve custos consideráveis para a correção do problema. Com muita frequência, a decisão acaba sendo uma esperança irreal de que, da próxima vez, as dificuldades serão evitadas através de um trabalho mais inteligente do que antes.
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Lições e opções – defesa inteligente
A OUP provou o valor de parcerias em operações de alta demanda. Um resultado bem sucedido foi alcançado apesar das várias deficiências, em particular de facilitadores como ISR, em todos os países europeus. Mesmo que a abordagem de pouco envolvimento dos EUA não tenha sido um teste deliberado da OTAN, com certeza provou que a OTAN europeia não tem recursos suficientes. A falta de uma liderança americana não significa falta de participação americana, mas idealmente a Europa deveria ser mais autoconfiante ou, no mínimo, menos dependente. A questão de bilhões de euros é se as nações estão dispostas a financiar as mudanças necessárias para alcançar essa autoconfiança. Nas atuais circunstâncias econômicas, a resposta é um certamente negativa. Não há nem o dinheiro nem o apetite para aumentar os gastos com defesa.
Uma opção notável foi a de que, nos atuais tempos difíceis, a Defesa Inteligente coletiva é uma opção possível. Nenhum membro da OTAN (com exceção dos EUA) pode arcar com toda a gama de recursos, então o restante deve considerar seriamente adotar um grau de especialização e combinar seus ativos para formar a gama completa de capacidades, bem como uma maior força em profundidade.
Seguir essa opção tem implicações importantes. A especialização de funções15 exigirá uma estrutura formal e disciplina se os países da OTAN forem capazes de confiar uns nos outros para prover certas capacidades críticas. Para que a Defesa Inteligente funcione, o consenso atualmente requerido para a atividade da OTAN pode ter que ser abandonado para evitar um veto que atrapalhe ou até mesmo impeça as ações de uma coalizão. Esta será uma mudança fundamental na Aliança. O compartilhamento de funções da Defesa Inteligente tem potencial, mas existe a possibilidade de perda de capacidade, se as nações a considerarem um meio de cortar os gastos com defesa. O objetivo deve ser usar pelo menos a mesma quantidade de dinheiro de forma mais eficaz, aumentando assim a capacidade e eficiência geral. No entanto, se pode ser difícil conseguir um acordo entre as forças armadas de uma única nação, é um desafio extremo conseguir que vários países concebam e aceitem o que, na verdade, é uma política de defesa única.
A OTAN precisa entender as implicações dos cortes promulgados por seus membros, se quiser evitar o surgimento ou aumento de lacunas de capacidade. A Transformação do Comando Aliado da OTAN (ACT, Allied Command Transformation) está liderando a Defesa Inteligente e realizando um levantamento dos os países membros. Está buscando uma aceitação nacional formal de liderança em projetos baseados em capacidades. Alguns destes são relativamente simples (por exemplo, treinamento), enquanto outros são mais desafiadores (por exemplo, patrulha marítima, AAR e UAV). A Defesa Inteligente deve alcançar uma mudança cultural e comportamental, uma vez que existem implicações da capacidade soberana. Isto posto, pode ser inevitável, pois nenhum país europeu pode pagar por tudo. Existem questões políticas, incluindo o ciclo eleitoral, governos que podem ser de um único partido ou de uma coalizão e variam de direita para esquerda tanto em perspectiva como em valores. Estes fatores, juntamente com a opinião pública, tornam muito difícil prever o grau de altruísmo de uma nação e seu sentido de dever com a OTAN, especialmente a longo prazo.
Estagnação da estabilização?
A questão levantada foi que a Grã-Bretanha (e alguns outros membros da OTAN) desenvolveu “miopia do Afeganistão”, isto é, tornando-se excessivamente focada em contra insurgência (COIN) e em estabilização devido à natureza prolongada da Operação ENDURING FREEDOM16. Os profissionais do poder aéreo mantiveram a amplitude necessária em sua aplicação? Teria o domínio aéreo se transformado basicamente em uma organização de seleção de alvos – excelente taticamente, mas sem entendimento estratégico? A preparação e prontidão para a Operação ELLAMY foi sem dúvida afetada pela fato de que o Afeganistão tem sido o principal esforço por muitos anos. Para muitos, a operação HERRICK (codinome sob o qual foram conduzidas as operações britânicas na Guerra do Afeganistão de 2002 até o final das operações de combate em 2014) foi a única experiência e a adaptação ao cenário da Líbia exigiu grandes mudanças na maneira de fazer as coisas. Uma das reivindicações mais comuns do poderio aéreo é sua agilidade, ou seja, sua velocidade, alcance e prontidão para mudar de função e esforço17. Embora as aeronaves e os sistemas possam oferecer o potencial de agilidade, estes só serão percebidos se forem complementados por comandantes, planejadores e tomadores de decisão igualmente adaptáveis. Isto requer mente aberta e, em particular, prontidão para aceitar a necessidade de mudança de um método anteriormente eficaz que pode não ser adequado para a nova circunstância.
Já foi dito que a “cola de medo” da Guerra Fria foi mais eficaz para manter as nações da OTAN focadas e comprometidas. No entanto, a motivação para participar em operações no estilo da Líbia é muito diferente, sendo uma guerra de escolha e não de necessidade (por exemplo, a sobrevivência nacional como na Segunda Guerra Mundial). Existem também questões práticas. Enquanto a Guerra Fria foi baseada na Europa, esta intervenção não é, e 70% das forças terrestres europeias ainda não são tão “desdobráveis”. Assim, o primeiro passo da modernização deve ser melhorar a capacidade da OTAN de projetar poder para atender uma série de contingências variadas. A projeção exige mais do que o “empurrão” inicial; sustentar a força em campo geralmente é o maior desafio e custo. A liberdade de movimento não pode ser dada como certa. A implantação de uma força-tarefa em Serra Leoa em 2000 foi relativamente simples. Esse não seria o caso de muitas áreas em que o adversário contestaria tanto nossa entrada no teatro quanto nossa presença ali. Anti-acesso e negação de área (A2/AD) são ameaças potenciais que provavelmente serão percebidas em alguns cenários futuros. O controle do ar tem sido a condição padrão de implantações por tanto tempo que alguns o veem quase como uma rotina, e não como a culminação de um enorme investimento e de longa prática. Manter esse estado de coisas no futuro exigirá mais gastos significativos devido à proliferação de ameaças, tais como os sistemas integrados de defesa aérea (IADS, Integrated Air Defence Systems) e os mísseis superfície-ar de longo alcance (SAM, Surface to Air Missiles). A efetiva projeção de poder não é barata e pode-se argumentar que, ou ela deve ser feita de forma completa ou não deve nem ser tentada. Comprar uma força de capacidade superficial é um grande desperdício de dinheiro.
OTAN: ação legal oportuna e avassaladora
A visão unânime do seminário foi que a ação da OTAN (incluindo a ação francesa independente inicial) revelou-se essencial e eficaz. Se a campanha não iniciasse, acreditava-se firmemente que as forças do regime teriam causado um extenso derramamento de sangue de vidas inocentes em Benghazi (e em outros lugares). Considerou-se também que, sem o apoio facilitador dos EUA, a campanha teria sido possível, embora a um ritmo mais lento. No entanto, a retirada dos EUA18 da liderança operacional revelou enormes deficiências na estrutura de comando da OTAN e em outras áreas, como ISR. Como resultado, a estrutura de comando já está sendo revisada; Isso levou ao comentário irônico de que, pela primeira vez, a OTAN terá uma estrutura de comando que se assemelha a um comando militar, em oposição a um compartilhamento de cargos de alto nível baseado na política.
A opinião do comando – ISR: o valor da Inteligência, Vigilância e Reconhecimento
O contexto e os desafios da campanha sob a perspectiva de ISR eram incomuns. Havia conhecimento prévio limitado e, inicialmente, pouca consciência situacional (SA, Situational Awareness) – certamente comparado a regiões do mundo para as quais o Reino Unido (e a OTAN) haviam planejado operações de contingência. A própria Líbia é uma nação vasta, a quarta maior da África e, com mais de 1 milhão de quilômetros quadrados, tem quase três vezes o tamanho da França ou seis vezes a Grã-Bretanha. A situação do terreno era complexa e as forças pró e anti-regime usavam o mesmo equipamento, tornando a discriminação mais difícil. Foi também um cenário dinâmico com frequentes mudanças de localização e atividade por unidades dispersas que geralmente evitavam a concentração.
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Foi uma guerra por procuração em que as forças anti-regime enfrentam o mesmo adversário que a OTAN, mas não estão coordenadas com a OTAN. Assim, havia um vazio de informação; a ausência de ISR de origem terrestre tornava o elemento aéreo essencial para a consciência situacional e o apoio à decisão dos comandantes da OTAN. Como sempre, apesar da alta demanda, o ISR era escasso. Limitações no conhecimento sobre ISR eram uma outra questão, com alguns comandantes sem compreensão das capacidades de certas plataformas e sensores.
Um exemplo de alcance da SA era que, numa área disputada, haveria movimento no solo pelos dois lados, mas uma zona sem movimento seria definida pelas linhas de frente, a borda anterior da área de batalha (FEBA, Forward Edge of Battle Area). Isso ajudou muito na discriminação entre forças pró e anti-regime, que de outra forma seriam difíceis de distinguir apenas pela aparência. O indicador de alvo em movimento em terra (GMTI, Ground Moving Target Indicator) pode ser usado em um modo “histórico”; reproduzir o movimento de um veículo permitiu identificar a propriedade e o local de origem. A importância do elemento humano da avaliação ISR foi comprovada; a tecnologia sozinha não é suficiente. Alvos-chave como os lançadores SCUD foram escolhidos devido a um operador reconhecer as características do comboio: números de veículos, tipos e velocidade. Embora possa haver algum potencial para automatizar a análise ISR, o operador humano experiente permanecerá essencial usando a habilidade e o julgamento para separar o joio do trigo.
Lições de ISR
As lições identificadas incluíram uma reconfirmação (se é que era necessária) de que SA é fundamental para o sucesso operacional; saber o que há do outro lado continua sendo essencial – a tecnologia muda, mas a essência do conflito não. A atenção em ISR geralmente se concentra nas plataformas e sensores, mas, na verdade, a coleta é a parte (relativamente) fácil; A análise humana é vital, combinando o conhecimento especializado a uma apreciação do contexto operacional, sendo chave para transformar dados em compreensão. Devido a esse fato, o equilíbrio da análise entre o retorno e o envio (incluindo análise a bordo) deve ser considerado com muito cuidado. A solução mais barata pode não ser a mais econômica. Por exemplo, o debriefing direto das tripulações do Reino Unido com analistas da Ala de Imagens Táticas da RAF (TIW, Tactical Imagery Wing) imediatamente após o pouso foi visto como um benefício significativo – benefício não tão fácil ou prontamente atingido pela análise posterior. O uso de analistas reservistas foi recomendado como uma forma econômica de lidar com condições de tensão.
UK ISR
A contribuição do Reino Unido foi significativa. O Boeing E-3D Sentry forneceu controle e coordenação do espaço aéreo. O Sentinel R1 fazia vigilância de área ampla com radar de abertura sintética (SAR, Synthetic Aperture Radar), enquanto seu radar GMTI permitia a detecção e rastreamento de vários veículos; o Sea King Mk 7 da Royal Navy também forneceu capacidade GMTI. O Tornado GR4 provou suas credenciais multifuncionais com o uso do pod de reconhecimento RAPTOR. Até mesmo os pods de designação de alvo (TDP, Target Designator Pods), como o LITENING III, do GR4 e do Typhoon, ofereciam imagens úteis, embora o acréscimo de um link de dados para permitir o compartilhamento em tempo real fosse um ganho substancial. Em termos de pessoal especializado, o Reino Unido forneceu equipes para o CAOC e para as equipes de avaliação da Divisão ISR18, enquanto a ala de imagens táticas da RAF, TIW, era vital para a análise de ISR. A plataforma de coleta de sinais de inteligência Nimrod R1 também foi envolvida. Um dos dois R1 restantes foi desdobrado no teatro líbio apenas algumas semanas antes de sua data de retirada de serviço em março de 2011. O tipo finalmente se aposentou em junho de 2011. A RAF está agora num período de “férias” de suas capacidades nesta função até que os três Boeing RC-135W Rivet Joint entrem em serviço em 2014 sob o nome de Air Seeker.
O Sentinel provou ser adequado ao teatro da Líbia. Ele oferecia alcance e persistência e era resiliente operando em alta velocidade. Seus sensores de área ampla foram inestimáveis na obtenção e manutenção de SA e a avaliação ISR em tempo real, a bordo, permitiu uma divulgação rápida e eficaz. O principal resultado era o apoio no entendimento da situação em solo; em resumo, quem estava onde e o que estava fazendo. A detecção de alterações foi fundamental para manter a SA. A detecção cruzada de sensores em outras plataformas permitiu que o foco mudasse conforme necessário de áreas mais amplas para detalhes. No geral, o Sentinel provou ser um multiplicador de força através do aprimoramento da aplicação eficiente de recursos escassos em um enorme espaço de batalha.
É um momento difícil para ISR no Reino Unido. A capacidade de patrulhamento marítimo foi perdida na Revisão Estratégica de Defesa e Segurança 2010 (SDSR, Strategic Defence and Security Review) com o cancelamento do Nimrod MRA419. O SDSR planejava a supressão do Sentinel quando o seu papel na Operação HERRICK estivesse completo, embora haja agora fortes indícios de que a supressão possa ser suspensa devido aos muitos elogios que recebeu nos teatros do Afeganistão e da Líbia. O Sentinel foi fundamental para o sucesso da campanha. É provável que seja a contribuição do Reino Unido para o sistema AGS (Alliance Ground Surveillance, Vigilância Terrestre da Aliança) da OTAN20 para complementar a frota de cinco Global Hawk e o ativo francês ISR de média altitude. A fusão ISR para esta frota combinada será em Sigonella. No entanto, observou-se que alguns políticos acreditam que o AGS irá preencher totalmente a lacuna de capacidade ISR da OTAN; a visão do seminário era de que isso não aconteceria. O fato de a OTAN ter demorado duas décadas para adquirir cinco aviões para preencher um requisito de longa data também foi observado.
Ataque: o desempenho de caças de quarta geração
Tornado, Typhoon e Rafale – ventos de mudança
Antes da operação ELLAMY, o Typhoon FGR4 da RAF tinha foco ar-ar com a intenção de, a longo prazo, desenvolvê-lo como um caça multifunção. Sua implantação no teatro foi inicialmente para a defesa aérea, mas rapidamente liberado para atuar também com armamento ar-terra. O Tornado GR4 permaneceu na liderança nesse aspecto (considerado por alguns como a plataforma de ataque preferencial da Coalizão), devido à maior variedade de armas, a maturidade de seus sistemas e a extensa experiência de ataque ao solo da força de Tornados. No entanto, a capacidade inicial de ataque do Typhoon provou ser eficaz, complementando o Tornado.
A decisão de reativar a capacidade ar-superfície adormecida do FGR4 foi tomada em 31 de março, a primeira surtida multifuncional foi realizada sete dias depois e o primeiro lançamento de armas cinco dias depois disso. Isso foi notavelmente rápido, dada a complexidade da aeronave e as demandas do sistema de suporte decorrentes do andamento operacional.
Um par misto com um Tornado de terceira geração liderando um Typhoon de quarta geração era o padrão, limitando assim o desempenho de aeronaves de quarta geração Typhoon, embora ocasionalmente pudesse empregar seu notável desempenho com bons resultados. Em uma ocasião, um par foi encarregado de atingir um possível alvo a 650 quilômetros de distância “o mais rápido possível”. O Tornado, já transportando 9.000 lb de combustível, partiu imediatamente. O Typhoon reabasteceu (após uma espera de cinco minutos) e depois voou alto e supersônico, alcançando o alvo simultaneamente com o Tornado e com um tempo sobre o alvo similar.
O Typhoon se mostrou surpreendentemente confiável, alcançando uma taxa de disponibilidade de 99%, pouco mais alta do que o Tornado, consideravelmente mais maduro. O número de tripulantes em terra por aeronave do Typhoon era de apenas 70% do GR4. Em mais de 3.000 horas de voo, houve apenas uma única troca de motor do Typhoon e foi uma cautela pela a ingestão de detritos de um drone AAR – o motor não se mostrou danificado. Foi notável que tanto o Tornado quanto o Typhoon passaram pela campanha sem que um único requisito operacional urgente (UOR, Urgent Operational Requirement) fosse levantado; eles foram capazes de lidar com uma operação de alta demanda usando os sistemas e armas já provisionados. O custo das UOR é muitas vezes considerável não apenas na aquisição inicial, mas também ao término da operação. Considerar tais sistemas no programa é caro, pois todo o custo de vida deve ser atendido por um sistema para o qual não há provisão orçamentária. Descarta-lo significa que seu uso único será extremamente caro.
A sustentabilidade de aeronaves complexas quando implantadas permanece um desafio, apesar dos anos em que o GR4 (e o Harrier GR9) operaram no Afeganistão. Operar a partir de uma base bem suprida, como Gioia del Colle, é uma coisa; uma base austera é mais difícil, e uma base mais crua será muito desafiante21. A este respeito, a aviação baseada em porta-aviões tem muito a oferecer. O porta-aviões em si é uma base bem provida que pode ser implantada em qualquer cenário com litoral. Embora caro para comprar e operar, isso deve ser comparado ao custo de desdobrar a aviação baseada em terra para uma nação anfitriã e sustentá-la lá. Enquanto um porta-aviões pode escalar o grau de sua presença no teatro de operações e retirar-se rapidamente, a implantação de uma ala aérea em outro país pode envolver um maior comprometimento político. A decisão de implanta-la será feita com maior relutância, mas uma vez tomada, a decisão de retirada pode ser atrasada devido à possível conotação de recuo.
A Percepção Francesa
A visão da Força Aérea Francesa (FAF) era de que o projeto do Dassault Rafale22 como uma plataforma para “todas as funções” tinha se mostrado correta pela Operação HARMATTAN (codinome da participação francesa na intervenção na Líbia). Como arma capaz de longo alcance e precisão contra alvos difíceis, o SCALP (Système de Croisière Autonome à Longue Portée, Sistema de Cruzeiro Autônomo de Longo Alcance, equivalente ao Storm Shadow britânico) mostrou sua capacidade. Para alvos móveis de curto alcance, a FAF notou a utilidade do Brimstone Dual Mode Seeker (DMS). Uma nota interessante foi a política da FAF de manter a proficiência de voo mesmo para oficiais em posições de staff. Embora caro, traz flexibilidade diante de urgências: de fato, uma espécie de “reserva dentro da força aérea”. A atividade do porta-aviões da marinha francesa e seu uso do Rafale M foi digna de nota. A capacidade do Charles de Gaulle de posicionar-se relativamente próximo ao campo de batalha na Líbia (em comparação com o longo tempo de trânsito a partir da Itália) facilitou o direcionamento dinâmico (alvos com janelas de oportunidade limitadas) com tempos de reação mais curtos.
A Força Aérea Dinamarquesa Real (RDAF) enviou seis F-16 para a Itália em 19 de março e estes aviões voaram 1.283 surtidas e quase 4.800 horas de voo. Uma média de oito surtidas foram realizadas a cada dia com quatro aeronaves ativas e duas agindo como reserva. No total, os F-16 da RDAF dispararam 923 PGM, uma contribuição significativa. Houve um apoio considerável do público dinamarquês à missão e uma votação unânime no parlamento para o destacamento (mesmo dos membros de esquerda). O Saab Gripen da Força Aérea Sueca voou 650 missões, totalizando cerca de 2.000 horas de voo. Oito aeronaves foram desdobradas 24 horas após a decisão do parlamento sueco (ver Anexo da ordem de Batalha Aérea).
A campanha cinética: jatos rápidos e helicópteros de ataque
A flexibilidade do poder aéreo foi exemplificada por um esquadrão de Tornados da RAF. Voltou para a Grã-Bretanha de um exercício nos EUA em 14 de março. A UNSCR 1973 foi emitida em 17 de março, e o esquadrão se preparou para as operações do dia 16 ao dia 18. A primeira missão e lançamentos de mísseis Storm Shadow foi realizada em 19 de março e tais surtidas continuaram até o dia 28, enquanto que os primeiros GR4 foram enviados para a Itália em 21 de março. No total, mísseis Storm Shadow foram lançados contra mais de 60 alvos e as surtidas de 5.500 km foram as primeiras surtidas de ataque da RAF a partir do Reino Unido desde a Segunda Guerra Mundial. As missões com Storm Shadow incluíram uma que foi abortada minutos antes do disparo dos mísseis devido a preocupações com danos colaterais. Jornalistas internacionais estavam visitando a área alvo para ver as instalações atingidas num ataque anterior. O risco foi considerado muito alto e, numa exibição de consciência situacional em tempo real, capacidade de rede e comando oportuno, a ordem de cancelamento foi emitida. Em sete meses de operações 24×7, os Tornados da RAF voaram 8.000 horas e lançaram cerca de 1.200 armas. Uma carga típica de armas eram duas bombas Paveway IV (PWIV) guiadas por laser/GPS, um TDP LITENING III pod e três mísseis DMS Brimstone. Até cinco PWIV poderiam ser transportados, mas à custa do TDP, fazendo com que a aeronave dependesse de designação cooperativa ou usasse as armas somente nas orientações de GPS. Atraso das espoletas PWIV pode ser definido no cockpit, permitindo assim um ótimo engajamento de alvos de oportunidade. Em suma, era um sistema de armas altamente flexível e eficaz.
Durante março sobre Benghazi, os GR4 enfrentaram um direcionamento dinâmico, ou seja, reagindo a oportunidades fugazes num ambiente em rápida mudança. Havia pouca ambiguidade, pois as forças pró-regime ainda eram claramente distintas de sua oposição. Ações cinéticas podem ter efeitos físicos e psicológicos. O vídeo TDP mostrou um ataque a uma arma autopropulsada do regime (SPG, Self Propelled Gun), onde a sua destruição por uma PWIV provocou a retirada imediata das outras forças do regime na área. Finalmente, as tropas de Gaddafi abandonaram o uso de tanques e armas semelhantes, presumivelmente contando a perda de capacidade ao ser superada pela ameaça (quase certa) de ataque e destruição. Assim, de abril a maio, quando as atenções se voltaram para Bregha, Misrata e territórios berberes, a ambiguidade no campo de batalha aumentou com as forças do regime adotando a aparência de seus oponentes.
RECOMENDADO: The North Atlantic Treaty Organization and Libya: Reviewing Operation Unified Protector
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Operações profundas foram realizadas pelos Tornados da RAF contra alvos como depósitos de munição no sul do país. Um alvo C2 do regime em Sebha foi listado para ataque com a exigência de que fosse atingido dentro de cinco horas por 16 bombas que deveriam ser lançadas numa janela de dez segundos. Num tributo às habilidades dos envolvidos, essa tarefa exigente foi bem sucedida. Foi mostrada grande distinção em ataques contra snipers atirando dos andares superiores de edifícios. Armas de precisão com raios de ação bem compreendidos foram usadas para neutralizar esses atiradores com o mínimo de dano ao prédio e sem causar outras baixas. Ataques de alta precisão e CD baixo ou nenhum são agora os requisitos básicos e os militares devem aceitar sua responsabilidade de garantir que os políticos entendam os problemas e a arte do possível. O termo ataque cirúrgico tem sido frequentemente usado e pode dar a impressão de que algumas armas guiadas são precisas ao nível milimétrico. Embora a precisão (e a confiabilidade) tenha aumentado ao longo dos anos, ainda não atingiu esse nível.
Os helicópteros de ataque (AH, Attack Helicopters) também tiveram um papel na campanha com o Exército Britânico colocando em campo o AH-64 Apache e os franceses fornecendo o similar Tigre. O AH-64 voou a partir do HMS Ocean, o porta-helicópteros da Royal Navy, enquanto o Tigre operou a partir do Tonnere. Um total de 22 missões com Apache (e 49 missões de combate) foram voadas com 99 mísseis Hellfire, 4.800 cartuchos de 30 mm e 16 foguetes CRV7 disparados. Pontos de verificação de veículos, torres de transmissão, postos C2 e veículos “técnicos” (4×4 portando armas automáticas pesadas) eram os típicos 116 alvos envolvidos. Vinte e duas missões foram canceladas, 90% delas devido à falta de SA em relação à localização relativa das forças pró e anti-regime – uma indicação (e custo) da falta de ISR. A Líbia era um ambiente de alta ameaça para AH, mas o risco era considerado aceitável, pois acreditava-se que a presença deles alcançava considerável efeito psicológico. O fato de a OTAN voar AH a baixa altitude na Líbia demonstrou capacidade e, importante, compromisso. No entanto, a perda de uma aeronave poderia ter tido repercussões significativas, o que tornava a análise risco-benefício um equilíbrio delicado. A intervenção do poder aéreo não é isenta de riscos e esta é outra área em que os políticos devem estar bem informados sobre a possibilidade e as implicações de perdas. É provável que o uso de RPAS aumente em parte porque eles são adequados para as missões “tediosas e perigosas” e em parte porque uma perda é menos inaceitável do que a perda de uma aeronave tripulada e da tripulação.
As principais lições identificadas foram que missões AH a partir do mar funcionam e que a integração entre jatos rápidos e AH é possível e eficaz. A combinação de, por um lado, Tornado e Typhoon e, por outro, Apache, ofereceu uma ampla gama de opções de armas e sensores ao comandante da força.
Avaliação naval
A Marinha Real esteve envolvida nas operações do Apache através do HMS Ocean e no lançamento de mísseis Tomahawk a partir do submarino HMS Triumph da classe Trafalgar. Não surpreendentemente, o interesse na capacidade de ataque terrestre dos navios de superfície foi estimulado pela experiência da Líbia. A Marinha Real Britânica está investigando as opções de sistemas de ataque de precisão e UAV embarcados. Uma opção possível é o Lockheed Martin Army Tactical Missile System (ATacMS), que pode fornecer uma cabeça de guerra de 225 kg com alcance até 300 km. Plataformas navais têm muito a oferecer em termos de capacidade de poderio aéreo. Submarinos e navios de superfície têm muito mais resistência do que aeronaves; podem adotar uma posição sustentável por semanas a fio num litoral ou outra área operacional com gargalos de comunicação. A primeira pode ser encoberta (além no horizonte) ou aberta para uma presença mais direta e, portanto, influente. A última, por sua natureza, traz um grau considerável de incerteza à oposição em termos de presença, localização e intenção. A operação de aeronaves de asas rotativas e fixas a partir de plataformas flutuantes oferece uma capacidade e flexibilidade consideráveis. A necessidade de apoio de uma nação anfitriã é reduzida ou mesmo eliminada. O tempo de trânsito até o teatro pode parecer lento (20 nós em comparação com a velocidade de cruzeiro de 400 nós de uma aeronave), mas a aeronave de uma plataforma flutuante está pronta para a ação imediatamente quando chega ao teatro. O envio de jatos rápidos para uma nação anfitriã pode ser “rápido”, mas o suporte pode demorar para ser implantado e preparado, retardando o início das operações. Um “aeródromo” no campo (como o Charles de Gaulle e seus Rafale) também pode apresentar tempos de reação mais curtos do que aviões baseados em solo num país anfitrião. O alcance de sistemas como o Tomahawk (entre 1.300 e 2.500 km) também é positivo se comparado com armas transportadas por aeronaves. A desvantagem é a carga de armas relativamente pequena e a necessidade de instalações especializadas para recarga. Como tem sido o caso, os sistemas aéreo e naval são complementares e, juntos, podem oferecer grande flexibilidade e capacidade em muitos casos.
Efeito psicológico
O valor do efeito psicológico e a dificuldade de avaliação foram discutidos. Napoleão observou que a “moral está para o físico como três está para um”, enquanto Trenchard reivindicava uma proporção de vinte vezes em favor do efeito psicológico23. Seja como for, é necessário não apenas medir a escala e a natureza do efeito inicial, mas também (e talvez mais crucialmente) sua duração. Nenhuma avaliação formal foi feita do efeito psicológico alcançado pela AH, embora houvesse evidência narrativa de seu valor.
O domínio do jato ofereceu quatro exemplos de efeitos além do físico. Primeiro, as forças pró-regime deixaram de usar veículos blindados após a destruição de muitos tanques; segundo, o uso de uma arma inerte (por razões de prevenção do CD) não resultou em nenhuma ação hostil do edifício atacado; terceiro, as armas eram usadas para persuadir e não para matar. “Bater na porta” (um erro quase intencional) serviu para assustar os indivíduos alvejados e resultou em uma quebra na cadeia C2; e quarto, o uso da versão original do Brimstone destruiu oito veículos do regime num único ataque e cessou com todo o uso das unidades remanescentes.
CONCLUSÕES
O poderio aéreo era central e essencial para o sucesso na Líbia. Ativos aéreos altamente capacitados permitiram que as forças terrestres antirregime superassem um oponente que, de outra forma, os sobrepujava em muito. A campanha da Líbia foi marcadamente diferente das operações de estabilização COIN no Iraque e no Afeganistão. Embora possa não ser um modelo para todo o uso de força no futuro, serve para provar que estamos muito sujeitos a enfrentar desafios não previstos. Além disso, a OUP foi crucial para a OTAN. O papel dos EUA na OTAN mudou e continuará a mudar à medida que o foco da América se deslocar da Europa para a Ásia-Pacífico. Os membros europeus devem estar mais preparados e, no futuro, mais capazes de assumir a liderança e fornecer o esforço necessário.
Apesar da declaração de “vamos atuar na Líbia à distância”, os EUA forneceram apoio substancial à OUP, embora não na mesma escala de ocasiões anteriores. Nas duas campanhas bósnias de 1995 e de 1999 no Kosovo, a Europa estava na embaraçosa situação de ter pouca capacidade de projetar poder na Europa, de tal forma que os EUA tiveram que fornecer a maior parte do poder de combate e funções de apoio. Enviar forças ao redor do mundo é uma coisa, mas lidar com problemas em seu próprio quintal é outra completamente diferente. Embora localizada em outro continente, a Líbia ainda está relativamente perto da Europa, com todas as instalações dos países do sul da OTAN à disposição. Se a Europa tiver de projetar poder militar para uma localização verdadeiramente fora da área, então este será um desafio muito significativo. A Grã-Bretanha não terá aeronaves de asa fixa operando a partir de porta-aviões até 2020, no mínimo. Nesse ínterim, a capacidade da Europa nesta área será limitada aos Rafale do Charles de Gaulle e aos Harrier das marinhas italiana e espanhola. Ambos os países enfrentam grandes dificuldades financeiras, de modo que a prontidão e até mesmo a continuidade desses ativos é um tanto incerta.
O valor de ISR e PGM foi novamente provado sem qualquer sombra de dúvida. No entanto, as aeronaves e os sistemas só podem atingir todo o seu potencial quando complementados por especialistas com boa compreensão do cenário, dos objetivos da campanha e, nunca esquecer, a compreensão da utilidade do poder aéreo, suas capacidades e limitações. As pessoas são mais importantes do que o processo e isso deve ser reconhecido através da obtenção e manutenção dos níveis necessários de educação e treinamento necessários para formar a base do sucesso. Equipamentos modernos são altamente capazes, mas exigem altos níveis de suporte. Como tal, as forças desdobradas se beneficiam enormemente de uma nação anfitriã igualmente capaz e bem motivada; a enorme contribuição da Itália na campanha merece muito mais reconhecimento do que geralmente recebeu.
Observou-se que: “ninguém tinha treinado especificamente para a Líbia, mas estavam prontos para isso”. Estar preparado para qualquer contingência e eventualidade depende de um bom treinamento e também de uma agilidade de abordagem; a “flexibilidade mental” exigida na era moderna e não a mentalidade do passado.
Em seu livro Waging Modern War, o General Wesley Clark24 comentou sobre o tedioso e difícil processo de ataque sofrido durante a Operação ALLIED FORCE (Kosovo, 1999), que tanto inibiu a liberdade de manobra da OTAN. O poder aéreo fez um progresso enorme desde aqueles dias. Em uma geração, a velocidade, a flexibilidade e a capacidade do poder aéreo foram bastante aprimoradas. Em suma, para a campanha da Líbia, o poder aéreo pode fechar seu diário de bordo com a anotação de Dever Cumprido. Mas não há motivos para complacência. Se a OTAN e especialmente as nações europeias (da OTAN ou da UE) devem estar prontas para futuras operações de contingência, é necessário mais investimento. Isso não é apenas desejável, mas uma necessidade. Não obstante a postura de atuação limitada dos EUA na Líbia, as forças americanas forneceram ativos críticos para a coalizão. Isto pode não se repetir no futuro, já que a impaciência americana com a dependência europeia só deve aumentar. A Europa deve adquirir capacidades como SEAD e ISR multiespectral persistente e fazê-lo em número suficiente para alcançar força em profundidade, se quiser atingir sua aspiração por influência real e ser uma força permanente no mundo.
RECOMENDADO: NATO and Libya 2011 (London Security Policy Study Book 496)
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ANEXO
ORDEM DE BATALHA DO COMANDO AÉREO ALIADO25
NOTAS
1 O seminário foi co-presidido pelo Air Chief Marshall Sir Brian Burridge (reformado da RAF) e Douglas Barrie, Senior Military Chair do IISS. Todas as informações apresentadas não eram confidenciais e todas as declarações não eram atribuíveis para permitir debate aberto e franco.
2 A contribuição do Reino Unido foi nomeada Operação ELLAMY e o envolvimento francês foi a Operação HARMATTAN.
3 A OTAN assumiu o comando das operações aéreas na Líbia às 06:00 GMT de 31 de março de 2011 sob a Operação UNIFIED PROTECTOR, do Comando da África dos EUA. O primeiro ataque aéreo foi feito pela Força Aérea Francesa https://www.bbc.com/news/world-africa-12795971
4 A grande maioria das lições são repetições das experiências anteriores. Assim, o termo “lições identificadas” é mais preciso do que “lições aprendidas”, pois parece que raramente aprendemos totalmente e a longo prazo na maioria dos casos.
5 Alcançado através de Inteligência, Vigilância, Aquisição de Metas e Reconhecimento (ISTAR, Intelligence, Surveillance, Target Acquisition and Reconnaissance).
6 O DMSB foi adquirido para a campanha do Reino Unido no Afeganistão (Operação HERRICK) como uma arma de precisão de raio de efeitos limitados (isto é, dano colateral baixo). O buscador de radar de ondas milimétricas do Brimstone original foi complementado com um buscador de laser para permitir que a arma guie um alvo iluminado com um designador de laser. Ele provou ser altamente capaz: preciso mesmo contra veículos em movimento, confiável e eficaz.
7 Observou-se que o custo e a disponibilidade de PGM não foram estudados em profundidade após a guerra de 2003 no Iraque.
8 The Independent, 9 de março de 2011, p. 4.
9 Seis vezes o tamanho do Reino Unido.
10 Para muitas nações, o teste para justificar a participação em ações militares é a concessão de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU. Para algumas nações, e isso incluiu a Liga Árabe no caso da Líbia, a exigência é que a OTAN estará envolvida.
11 Um veterano experiente descreveu isso como: “Agilidade notável para 28 nações”. Anteriormente, comentaristas cínicos sugeriram que a OTAN significa “No Action, Talking Only” (NATO).
12 Apesar de não tomar parte direta na campanha da Líbia, a Alemanha permitiu que suas tripulações da frota E-3A AWACS da OTAN voassem em missões no Afeganistão. Este compartilhamento permitiu que a OTAN operasse parte de sua aeronave E-3A na Líbia.
13 Operação ALLIED FORCE.
14 Robert McNamara (Secretário de Defesa de J. F. Kennedy e Lyndon Johnson) enfatizou a necessidade essencial de ter empatia com seu adversário, ou seja, ser capaz de ver o mundo a partir de sua perspectiva. Veja o documentário sobre McNamara “The Fog of War”.
15 Veja The Aerospace Professional, setembro de 2011, para um artigo da APG sobre especialização de funções.
16 Operação HERRICK é a contribuição do Reino Unido para a missão da OTAN no Afeganistão.
17 A visão foi encapsulada pela afirmação do MRAF Tedder de que “a flexibilidade é a chave para o poder aéreo”. Se todos aqueles que o citam tão prontamente entendem as implicações, é discutível.
18 Notou-se que, ainda que os EUA não tenham assumido a liderança da campanha como um todo, eles dominaram a Divisão ISR.
19 Veja Aerospace International, janeiro de 2012, para a análise da APG sobre a futura frota ISR do Reino Unido.
20 http://www.nato.int/cps/en/natolive/topics_48892.htm?selectedLocale=en “AGS: Evolução: No dia 3 de fevereiro de 2012, o Conselho do Atlântico Norte (NAC, North Atlantic Council) decidiu avançar para cobrir coletivamente os custos para operar a AGS em benefício da Aliança. A decisão de contratar financiamento comum da OTAN para infraestruturas, comunicações por satélite e operações e apoio abre o caminho para a adjudicação do contrato de aquisição da AGS por 13 Aliados. Além do que, chegou-se a um acordo para disponibilizar o sistema Sentinel do Reino Unido e o futuro sistema francês Heron TP como contribuições nacionais em espécie, substituindo parcialmente as contribuições financeiras desses dois Aliados”.
21 Os jatos rápidos eram comparados a uma amante: maravilhosa, mas cara. Enquanto uma amante ficaria feliz em ir para a Itália, um feriado no Afeganistão poderia ser menos bem-vindo.
22 Rafale é o francês para uma rajada, um aumento súbito e acentuado na velocidade do vento. Um tufão é um ciclone tropical maduro que se desenvolve na parte noroeste do Oceano Pacífico. Um tornado é uma coluna de ar que gira violentamente e está em contato com a superfície da Terra e com uma nuvem cumulus nimbus.
23 Já foi dito que Trenchard usou a palavra “moral” porque não sabia soletrar “psicologicamente”.
24 Comandante Supremo Aliado da NATO (SACEUR) nos anos 90.
25 http://en.wikipedia.org/wiki/Operation_Unified_Protector
*Albert Caballé Marimón é fotógrafo profissional e analista de defesa, tendo atuado na cobertura de eventos como feira LAAD, Exercício CRUZEX e Operação Acolhida. É editor do Blog Velho General e colaborador do Canal Arte da Guerra e da Tecnologia & Defesa. Pode ser contactado pelo e-mail: caballe@gmail.com
Recomendo fortemente a leitura do livro “The RAF’s Air War in Libya”, https://www.amazon.co.uk/RAFs-Air-War-Libya-Conflicts/dp/1781590605.
Opa, vai entrar na lista de leitura! Grato pela dica!