Boa informação ganha batalhas e alavanca negócios

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Por Robinson Farinazzo*


Foto: Markus Spiske/Unsplash.

Extraído e adaptado do livro As Leis de Sucesso dos Pilotos de Guerra, do mesmo autor.


A informação de qualidade é essencial para a tomada de decisões seja na política, na guerra ou no mundo dos negócios. Para ser considerada de qualidade, a informação deve ser verificada, cruzada e validada. Sua fonte deve ser confiável. Seu preço poderá ser caro – mas quanto custa a recuperação de um desastre causado por uma decisão tomada com base em informações incorretas, falsas ou equivocadas?


Em 1939 o Serviço Secreto da Polônia havia roubado uma máquina de códigos de comunicação alemã (a famosa Enigma) e a repassou aos britânicos. De posse dela, estes últimos conseguiram, graças principalmente ao trabalho do brilhante matemático Alan Turing (1912-1954), decifrar boa parte das comunicações militares e diplomáticas alemãs, as quais eram criptografadas pela Enigma. Desta forma, podiam saber de antemão todos os movimentos inimigos, sendo possível tomar as medidas defensivas antecipadamente.

Há quem sustente que as informações prestadas pela equipe de Turing teriam encurtado a duração da Segunda Guerra em dois anos. Se o radar fez o papel de olhos da RAF (Royal Air Force, a Real Força Aérea da Inglaterra), a Enigma certamente fez o papel de ouvidos!

Esta história pode ser conferida no excelente filme O Jogo da Imitação, do diretor Morten Tyldum (EUA/Reino Unido, 2014, 115 minutos). Confira este filme no streaming de vídeo Prime video da Amazon.

O General Heinz Guderian em um veículo blindado meia-lagarta (Sd.Kfz. 251/3) com um operador do dispositivo de criptografia Enigma (Foto: Erich Borchert/ Bundesarchiv Bild 101I-769-0229-10A/Wikimedia Commons/CC BY SA 3.0).

A quebra de códigos dos germânicos permitia que a liderança britânica soubesse, de maneira antecipada, as respostas às perguntas que mais interessam aos planejadores militares em relação ao inimigo, quais sejam: Quem, O quê, Quando, Onde, Como e Por quê. Em suma, ela prognosticava:

  • Onde estão os exércitos inimigos;
  • O que eles estão fazendo;
  • Quantos eles são;
  • Que armas tem;
  • Quais seus pontos fracos;
  • Qual seu grau de treinamento;
  • Quais seu planos no momento;
  • Como é a personalidade de seus comandantes, etc.

Não importa o quanto britânicos e poloneses tenham gasto para obter a máquina de códigos alemã, ela valeu cada centavo, pois proporcionava informações valiosíssimas: o estado de apronto dos aviões inimigos, situação dos comandantes, data, horário e direção dos ataques, etc.

Este fato nos ensina a Lei número 85: A boa informação não tem preço. Caro é decidir errado e desastrosamente em função de dados incorretos ou desatualizados.

Sucesso e boas informações são indissociáveis. As duas coisas andam de mãos dadas e o sucesso nunca alcança a maturidade se ficar órfão de boas informações. Se você duvida disso, comece a observar a trajetória de políticos vitoriosos, empresários bem sucedidos ou artistas que estão sempre em evidência. Essa gente tem em comum o fato de estar sempre bem informada, ou, se não lhes sobra tempo para isso, tem a seu serviço uma equipe encarregada de lhes proporcionar as melhores informações que estão à disposição no mercado em tempo hábil de tirar o melhor proveito possível.

Lei número 86: Pessoas bem sucedidas sabem que precisam de boas informações porque estas lhes permite antecipar tendências. Interpretar tendências “em cima do laço” nos deixa com pouco tempo e espaço para adotar ações corretivas.

Um bom comandante ou qualquer outro profissional bem sucedido entende e reconhece a necessidade de estar bem informado, então gasta boa parte do seu tempo tomando ciência de relatórios e estimativas, analisando gráficos, números e tabelas. Ele nunca se queixa disso, pois tem consciência do quanto esta aplicação de tempo é necessária e produtiva. Também conversa com especialistas, ouve gente, pesquisa, debate exaustivamente com sua equipe e por fim toma suas decisões. Lei número 87: Profissional de sucesso faz de sua carreira um sacerdócio prazeroso. Ele se diverte trabalhando!

LIVRO RECOMENDADO

As leis de sucesso dos pilotos de guerra

  • Robinson Farinazzo (Autor)
  • Em português
  • eBook Kindle

Este profissional só decide quando está muitíssimo bem informado. Ele sabe que pode até cometer um ou outro erro, mas as chances de isto acontecer já estão minimizadas pela excelência das informações recebidas. Seus riscos são baixos, o que lhe confere uma credibilidade muito grande junto aos seus clientes e aos outros players. Lei número 88: Liderança bem informada erra menos. Perde menos tempo e tem maior probabilidade de acertar na tendência.

Por tudo o que já foi exposto, conclui-se que por mais cara que seja uma boa informação, ela acaba se pagando. Se não se pagar, é por que não era tão boa assim. E como se faz para saber se está se pagando por uma informação que vale mesmo a pena? Há vários fatores a levar em consideração:

  • A idoneidade da fonte:
  • Hoje existe muita informação de qualidade disponível na Internet, mas quando muito está em jogo, sempre devemos desconfiar da fonte (isto é, quem nos forneceu esta informação).
  • Embora não precisemos resvalar para o terreno dramático e ilegal da espionagem, é sempre bom dar uma olhada no que John Le Carré, o escritor britânico autor de O espião que saiu do frio e O espião que sabia demais, entre outros thrillers de espionagem, disse certa vez: “Você deve conhecer os motivos, pois se confiar nos motivos, poderá confiar nas pessoas, e aí no material de informações fornecido.”
  • Então, pergunte-se sempre o que leva um homem a ser uma fonte de informações e revelar dados sobre um determinado assunto. Há os que espionam por dinheiro, por idealismo, por chantagem, por aventura, por ciúme.
  • A possibilidade de fazer uma acareação com outras fontes, ou seja, dá para confrontar xerox com original?
  • A riqueza de datas, fatos comprováveis, documentos, testemunhos, etc.
  • A experiência no assunto.
  • O percentual de sobrevivência do conteúdo após devidamente investigado e criticado.

Como disse a deputada Cidinha Campos, jornalismo é publicar alguma coisa que alguém não quer ver divulgado. O resto é publicidade. Traduzindo: se não mexer com nada ou ninguém, dificilmente uma informação tem algum valor. Em suma, duvide, critique e peça mais provas. Existe uma regra de ouro: trate informação da mesma maneira que se dirige na estrada, isto é, na dúvida não ultrapasse. Trocando em miúdos: se você não confia na veracidade da informação, não tome decisões baseadas nela.

Para ilustrar o assunto, recomendamos documentários que descrevem como o MOSSAD, (HaMossad leModi’in ule Tafkidim Meyuḥadim – Instituto para Inteligência e Operações Especiais – o eficiente e mortal serviço secreto de Israel), obtém suas informações na paz ou na guerra.

Recomendamos assistir ao documentário MOSSAD do canal Globo News, e ao excelente documentário disponível no serviço de streaming de vídeo Netflix, Por dentro do Mossad. Ainda sobre o Mossad, há também o ótimo filme Munique, disponível no streaming de vídeo Prime video da Amazon.


*Robinson Farinazzo é capitão-de-fragata (Fuzileiro Naval) da reserva da Marinha do Brasil, expert em tecnologia aeronáutica e consultor de Defesa. Com mais de trinta e cinco anos de carreira militar, extensa experiência de campo e formação superior em Administração de Empresas, Robinson é o editor do Canal Arte da Guerra no YouTube e articulista do Blog Velho General. Pode ser contatado pelo e-mail: robinsonfarinazzo@gmail.com.

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