O que o Exército me ensinou sobre Liderança: a importância da Empatia

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Cel-Paulo-Filho.png Por Paulo Roberto da Silva Gomes Filho*

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Militares do Exército Brasileiro (Foto: Unsplash/Rafaela Biazi).

Se a princípio um cadete não interpreta corretamente a essência da liderança, ao longo de sua formação profissional ele não apenas aprende a compreende-la, mas ela passa a fazer parte do seu cotidiano ao longo de toda a vida militar. Habilidade fundamental num líder, a Empatia é aplicável a todos os aspectos do relacionamento humano.


“Cadete! Ides comandar, aprendei a obedecer”. A frase, imortalizada nas paredes do Pátio Tenente Moura, na Academia Militar das Agulhas Negras, acompanha os quatro anos de formação de todos os oficiais combatentes do Exército Brasileiro. Impossível deixar de lê-la todos os dias, nas formaturas matinais e nas idas ao refeitório.

Em uma interpretação descuidada, um leitor desatento talvez imaginasse que se trata de um estímulo à obediência pura e simples, cega e desprovida de espírito crítico. Tal conclusão não poderia ser mais afastada da realidade.

O que a frase lembra aos futuros líderes do Exército é que eles devem aprender a cumprir ordens como aquelas que eles passarão a emitir após formados. Deverão prestar atenção às consequências das ordens emanadas. Precisam obedecer para compreender, na plenitude, os sentimentos daqueles que, por imposição legal, passarão a lhes obedecer em muito pouco tempo.

Estamos abordando algo muito discutido em Liderança. Trata-se da Empatia, que é a capacidade de compreender a perspectiva psicológica das outras pessoas, entendendo suas reações emocionais. É, em outras palavras e para simplificar, a capacidade de se colocar no lugar dos outros.

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Ora, somente obedecendo, ou seja, vivenciando as experiências de ser um liderado, que os futuros oficiais da Força terão a possibilidade de compreender os impactos de suas ordens sobre seus comandados.

Daniel Goleman classifica a Empatia como uma das dimensões da inteligência emocional. O famoso autor afirma que a Empatia faz com que o líder tome decisões levando em conta os sentimentos dos liderados.

A vida militar oferece situações inéditas, em que o risco e a tensão estarão presentes com grande intensidade. Somente quem já passou pela experiência de realizar uma atividade de risco pode compreender os sentimentos que isso traz. Tal afirmação é válida para inúmeras situações, das mais simples às mais complexas, das rotineiras às excepcionais.

“Cadete! Ides comandar, aprendei a obedecer”. Esta é uma exortação que clama aos futuros comandantes:

Compreendam seus subordinados! Preocupem-se com eles! Somente assim vocês estarão aptos para decidir com acerto, tendo condições de estabelecer vínculos afetivos capazes de tornar os comandados verdadeiros líderes!


*Paulo Roberto da Silva Gomes Filho é Coronel de Cavalaria do Exército Brasileiro. Foi declarado aspirante a oficial pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) em 1990. É especialista em Direito Internacional dos Conflitos Armados pela Escola Superior de Guerra (ESG) e em História Militar pela Universidade do Sul de Santa Catarina;  possui mestrados em Ciências Militares pela Escola de Comando e Estado Maior do Exército (ECEME) e em Defesa e Estratégia pela Universidade Nacional de Defesa, em Pequim, China. Foi instrutor da AMAN, da EsAO e da ECEME. Comandou o 11º RC Mec sediado em Ponta Porã/MS. É autor de diversos artigos sobre defesa e geopolítica e atualmente exerce a função de assistente do Comandante de Operações Terrestres, além de ser o gerente do Projeto Combatente Brasileiro (COBRA). E-mail: paulofilho.gomes@eb.mil.br.


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10 comentários

  1. Grande reflexão! Acompanho diariamente e sou um admirador do canal Arte da Guerra e do Blog O Velho General. Verifiquei que o autor do texto conquistou seu Mestrado em Ciências Militares na ECEME. Então, peço que, se possível, o autor e o Mestre Albert me respondam a seguinte indagação:

    Sou advogado, professor de direito, tenho 57 anos e moro no Rio de Janeiro – RJ. Sou fascinado pelos temas Estratégia (Estou escrevendo um livro sobre raciocínio estratégico no dia a dia.), Geopolítica e Negociação (Tb estou escrevendo um livro e montando um curso sobre Mediação e Negociação para Advogados). Estou cogitando cursar como civil os cursos de Mestrado, Doutorado e Pós doutorado em Ciências Militares da ECEME. Vcs me aconselham a seguir esse caminho? Quais as perspectivas eu posso ter? Quais as aplicações essa formação poderá me dar? Como me preparo para a admissão no curso de mestrado?

    Desde já agradeço!

    1. Luís, é possível sim um civil cursar ECEME. Acredito que certamente é uma instituição que poderá agregar valor em seu currículo e a seus conhecimentos. Neste link você encontra as informações para o calendário 2021:
      http://www.ppgcm.eceme.eb.mil.br/pt/institucional/processo-seletivo/mestrado-e-doutorado
      Se quiser, envie uma mensagem pelo link “Fale Conosco” do site e eu posso coloca-lo em contato com um oficial que está cursando ECEME e se dispôs a conversar com você a respeito.
      Muito obrigado por nos acompanhar, e pelo interesse. Forte abraço!

  2. Fantástico!

    Muitos princípios e ensinamentos da vida militar se aplicam na vida.

    Cheguei agora no blog, mas gostaria de sugerir que o blog tenha mais artigos dessa natureza.
    Princípios militares que podem ser aplicados na vida profissional, por exemplo.

    1. Douglas, esse artigo é parte de uma série do Cel Paulo Filho que estamos publicando sobre liderança. Na próxima semana deve sair mais um, acompanhe. Grato por comentar, forte abraço!

  3. Excelente texto! Excelente percepção do que é liderança! Algo tão ignorado não só na vida pública como também nas empresas privadas. Parabéns!

  4. Liderança, empatia. Avaliar os impactos no subordinado. Chefe, muitos poderão sê-lo; líder, poucos. Somente os de alma e sentimentos mais nobres e elevados.
    Atualmente, o planeta tem próximo 7,5 bilhões de habitantes. Chefes, aos montes. LÍDERES, contemos nos dedos. Grafei líderes em maiúscula. É duro constatar que para completar as duas mãos não foi fácil.
    Brilhante artigo. Em poucas linhas, uma aula esplendorosa. Parabéns ao autor.

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