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Carlos Motta.png Por Carlos Aureliano Motta de Souza*

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Bombardeiro Douglas A-26B “Invader” matrícula FAB 5156 comandado pelo capitão-aviador Motta durante a operação. Esta aeronave está hoje exposta na entrada da Ala 10 – Parnamirim/RN (Imagem: Teodor Liviu Morosanu/Air Magazine/Wings Palette).

Numa história quase desconhecida, em 1969 a Venezuela e a Guiana quase foram às vias de fato devido à questão do território do Essequibo, ainda hoje reivindicado pelo país caribenho. Houve invasão do território brasileiro e a FAB e o EB envolveram-se numa operação dissuasória. Essa história é contada em primeira pessoa pelo Cel Av Motta de Souza, que comandou uma esquadrilha de dois bombardeiros B-26 da FAB durante o episódio.


Esta história estava adormecida no fundo do cerebelo. Já a havia contado coloquialmente, tipo “jogando papo fora” em mesa de cerveja.

Há dias recebi a história da Operação Traíra, ocorrida pouco antes da minha saída da FAB. Essa operação foi montada para repelir energicamente a invasão do nosso território por guerrilheiros das FARC que fugiam da Colômbia devido à repressão a essa facção criminosa.

Todavia, foram os recentes acontecimentos de atrito na fronteira com a Venezuela que me motivaram a contar esta história.

Em janeiro de 1969 participei de uma operação militar de urgência que requereu a pronta intervenção das nossas forças armadas, sobre a qual não encontrei informações oficiais até a chegada da era digital. Assim, valendo-me de minha memória antiga e dos meus apontamentos de voo, posso hoje autenticar minhas reminiscências com depoimentos do Prof. Google.

Talvez essa omissão documental oficial se deva à preocupação do governo em não exacerbar os atritos de fronteira que existiram no passado entre aquele país, o Brasil e a Guiana Britânica e finalmente resolvidos no século passado, mas que ainda insistem em se manter latentes desde a emancipação da Guiana em 1966.

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MAPA 1: a Guiana. O território do Essequibo, reivindicado pela Venezuela, aparece destacado na cor salmão (Fonte: Caracas Chronicles/Three Worlds One Vision).

Para entendimento do que vai ser dito, um pouco de história. Conforme relatam os historiadores Erick LINHARES e Thiago GEHRE, a Venezuela desde sempre reivindicou parte da Guiana, a oeste do rio Essequibo, mesmo após a decisão arbitral de 1899, que consolidou os direitos do Reino Unido sobre essa região. A Venezuela, ao aceitar o acordo de Paris, fez acrescentar uma ponta de dúvida ao dispor que o laudo de Paris de 1899[1] seria considerado passível de revisão, aditivo que implicaria em perder seu caráter de intangibilidade diplomática e política[2].

Adiante, prosseguem LINHARES e GEHRE:

Entretanto, as constantes disputas e reclamações evidenciaram os vícios do laudo de 1899 e a falta de força do instrumento jurídico. Em síntese, a tese venezuelana abraçou então que a posse (britânica) resultante do laudo de 1899 foi irregular[3].

Com a independência da Guiana em 1966, o contencioso venezuelano-guianense se agravou quando Caracas proclamou, por decreto presidencial, o domínio sobre as águas do rio Essequibo, por ser senhora daquele território.

Acrescentam os citados historiadores que, diante da reação do parlamento guianense, considerando nulo tal decreto, o líder da oposição, Chedhi Jagan, qualificou o presidente venezuelano, Raul Leoni, de títere dos EUA, forçando o governo guianense a denunciar o caso ao Conselho de Segurança da ONU.

O discurso exaltado de Jagan obrigou o primeiro-ministro Burham a afrontar a Venezuela, admitindo mesmo a possibilidade de invasão armada por parte do vizinho. E se questionava: “quem poderá impedir que a mentalidade venezuelana se convença a si mesma que a entrada na região não é uma invasão, senão voltar a tomar o que já lhes pertence?[4].

Não foi a primeira vez que essa possibilidade passou pela cabeça dos guianenses, mas foi quando ela apresentou maior plausibilidade, agora fora do arco de proteção do Império Britânico. Embora fizesse parte da Comunidade Britânica de Nações, era, tecnicamente, um país independente.

A diplomacia brasileira, cônscia das tradições de Rio Branco, preocupou-se com a possibilidade de invasão, em região por demais contígua às nossas fronteiras. Descrevem, assim, os cientistas políticos Erick LINHARES e Thiago GEHRE os fatos daquele momento:

O embaixador da Guiana, Brasith Wai Yole, disse ao encarregado brasileiro Alfredo Rainho que não notou na Venezuela qualquer intenção de precipitar a solução do litígio, mas admitiu que a situação poderia mudar pelo advento de um “fato novo”. Mas o que seria esse “fato novo”? Poderia ser tanto uma mudança de orientação política em Caracas, o que era pouco provável, quanto um endurecimento na posição do novo governo guianense, o que acabou acontecendo. A situação ganhou traços de dramaticidade quando Jagan, como líder da oposição, fez menções a se buscar ajuda para o diferendo fora da esfera de influência ocidental, nos chamados “amigos com foguetes”, numa clara referência à URSS e à China. Portanto, a internacionalização do problema venezuelano-guianense significava a internalização da Guerra Fria na América do Sul. Todavia, o cortejo de Jagan com o mundo da Guerra Fria não interessava ao Brasil que, gradativamente, buscava ampliar sua margem de manobra internacional na gestão do chanceler Juracy Magalhães. Neste caso, a presença da missão diplomática brasileira em Georgetown, com a instalação da embaixada no final de 1968, era vista como um fator de apaziguamento dos ânimos. Assim, na medida em que Caracas ensaiou um endurecimento na questão do Essequibo, o Brasil assumiu uma postura vigilante às consequências do contencioso venezuelano-guianense[5] (grifo nosso).

Importa registrar, neste momento da narrativa, a data do comunicado ao Itamaraty: 3 de janeiro de 1969, ou seja, horas antes de a Venezuela confirmar o que na Guiana se suspeitava.

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Nos anos 1960, Caracas vai ressuscitar a reclamação por Essequibo, passando a reivindicar dois terços do território da Guiana, utilizando métodos violentos como a

Ofensiva militar com a ocupação da ilha de Ankoko, em 1966, subversão na tentativa do vice-cônsul da Venezuela, Leopoldo Talyhardat, de atrair apoio indígena para a pretensão venezuelana por Essequibo, até pressão econômica, com o veto à construção da hidrelétrica de Alto Mazaruni. Gibson Barbosa, ministro brasileiro de Relações Exteriores de 1969 a 1974, em suas memórias, fala de uma proposta venezuelana ao Brasil para que reabrisse a questão do Pirara, e que, em troca, receberia parte do território de Essequibo. Brasília teria se recusado a tratar do assunto em nome da paz no continente e da estabilidade regional[6].

Todavia, Caracas não desiste e, impulsionada por essa obsessão, a Venezuela protagonizou a Revolta do Rupununi ocorrida em 1969, no sul da Guiana, considerada por Georgetown a maior ameaça venezuelana contra sua soberania. LINHARES e GEHRE resumem a Revolta do Rupununi:

A Venezuela teria apoiado um movimento armado de fazendeiros, acompanhados por um grupo de indígenas, dispostos a criar um novo país na região, o que daria oportunidade à Venezuela de recuperar a Zona en Reclamación. O governo de Forbes Burnhan reagiu energicamente para sufocar o movimento e enviou a Guyana Defense Force para a região, forçando a retirada dos revoltosos para a Venezuela e Brasil, na condição de exilados, e capturando alguns deles (SILVA, 2005)[7].

Feito esse exame de situação, passo a narrar a minha experiência pessoal nesse episódio, tão pouco conhecido da historiografia brasileira e, até mesmo, militar.

Em 17 de dezembro de 1968 eu havia assumido o Comando do histórico e saudoso 1º/5º GAv em Natal e decidi não sair de férias e compor o efetivo mínimo de oficiais-aviadores que deveriam permanecer guarnecendo a unidade.

O 1º/5º GAv, esquadrão de bombardeiros, estava equipado com os B-26, recentemente recondicionados nos Estados Unidos. Na época de férias, obviamente, a atividade aérea ficava reduzida.

Pensei em aproveitar o período para organizar a unidade recém assumida, quando, em 8 de janeiro, recebemos ordem do Estado-Maior da Aeronáutica para entrar em prontidão e preparar uma esquadrilha de quatro aviões para eventual missão de emprego real. Pânico geral! Emprego real? Onde? Exceção do Vietnã, que estava começando, não havia nada que pudesse explicar “emprego real”. Seria uma demonstração com armamento real? Não, era emprego real.

Dia 9 de janeiro veio a ordem de deslocamento cifrada. Deslocar dois B-26 armados apenas com munição .50 e preparar foguetes e bombas que seriam transportados por C-130 e entregues no destino, juntamente com equipes de manutenção e armamento. Decolar dia seguinte, 10, com destino a Belém e apresentar-se ao Comandante da 1ª Zona Aérea, major-brigadeiro Joléo, para receber instruções detalhadas sobre a missão. Prosseguir para Manaus e, de lá, para Boa Vista. Deixar preparados e de prontidão outros dois B-26 e tripulações, para decolagem imediata, se necessário. Lacônica como soe acontecer a uma mensagem cifrada.

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Reunida a galera, passou-se à montagem das equipagens e demais providências. “Equipe de manutenção” significava todas as especialidades e respectivo ferramental. O pessoal de armamento foi dispensado do deslocamento, para auxiliar na preparação da carga a ser transportada pelo Hércules. Despedir das famílias era obrigatório, pois recebemos a data de ida, mas não a de volta. Poderia ser depois do próximo Natal…

As equipagens para a esquadrilha de dois aviões foram:

  • 5156: capitão-aviador Motta de Souza e 1º tenente-aviador Godeiro;
  • 5152: 1º tenente-aviador Enylton e 2º tenente-aviador Ramos.

Às cinco horas da manhã de 10 de janeiro de 1969 decolamos para uma incógnita e inédita experiência: estávamos indo para uma guerra! Contra quem não sabíamos ainda, mas com bala, bomba e foguete de verdade, fora de um estande de treinamento, só poderia ser guerra…

Após quatro horas e dez minutos de voo, pousamos em Belém e fomos ao Comando. O major-brigadeiro Joléo também não sabia muita coisa, mas adiantou que estava ocorrendo uma confusão com a Venezuela invadindo o Brasil e nós éramos parte da “força de dissuasão”

Deveríamos nos apresentar ao seu Chefe de Estado-Maior (1ª Zona Aérea), que estava em Manaus, e ele nos passaria as ordens complementares. Lanchamos e decolamos para Manaus para mais uma etapa de três horas e dez minutos.

Em Manaus encontramos o coronel-aviador, Chefe do EM/1ª Zona Aérea, que detalhou o ocorrido. Para invadir a Guiana, as tropas venezuelanas preferiram o cerrado do norte de Roraima em vez das serras amazônicas que dividem os dois países. DONETTO JR justifica essa escolha:

Como a região de fronteira entre a Venezuela e a Guiana, ao norte do Estado de Roraima é muito “dobrada” (expressão para dizer que a geografia é montanhosa) para fazer tal manobra, as tropas venezuelanas levariam mais tempo e teriam limitações de meios para serem empregados na ação[8].

Além disso, também ele não tinha a menor noção do que nós deveríamos fazer com armamento real contra tropa amiga, ainda que em nosso território. Em outras palavras: a nossa presença seria dissuasória, para o caso da Venezuela insistir em manter suas tropas no território brasileiro.

Além disso, deu notícias de que o C-130 somente chegaria em Boa Vista no dia 12, portanto nos aconselhou a esperarmos em Manaus, onde o apoio era maior.

Na verdade, não muito. A Base Aérea de Manaus só iria ser ativada no ano seguinte, possivelmente em razão dos fatos que serão contados a seguir. O Destacamento de Base Aérea não tinha condições de alojamento e a FAB alojava seus tripulantes no último andar do prédio do IAPETEC[9], mediante acordo com aquele instituto. Para a Amazônia da época equivalia a um hotel quatro estrelas.

Na partida de Manaus, o coronel (que não me lembro o nome) disse-me que eu deveria me apresentar ao tenente-coronel do exército Teixeira, que iria me passar instruções. Ponderei a ele que eu não poderia ficar subordinado a um oficial do Exército e dele receber instruções se não estávamos operando como comando combinado.

Não, respondeu-me ele, você não fica subordinado, mas ele é a mais alta autoridade encarregada desse imbróglio e poderá orientar o que fazer.

Coronel, redargui eu, quais são as regras de engajamento? Vamos voar com armamento real: metralhadoras, foguetes e bombas. Posso acionar o gatilho à minha discrição? Sobraram dúvidas.

Eu conheci o Teixeirão, como era chamado o tenente-coronel Teixeira, durante as missões que o 1º/5º GAv fizera em apoio ao Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS), normalmente em final de curso ou demonstração real, para o EME, ECEME ou ESG. Era um profissional competente, com larga experiência de selva e raro senso de humor, além de muito habilidoso na solução de problemas.

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FIGURA 1: capitão-aviador Motta de Souza, 1º tenente-aviador Godeiro e 2º sargento Pereira, em Manaus (Foto: acervo pessoal do autor).

O 1º/2º GAv, esquadrão sediado em Belém, equipado com aviões anfíbios C-10, Catalina e os veteranos Douglas C-47, também fora engajado no apoio às tropas do Exército. Anos mais tarde esse esquadrão passou a denominar-se 1º ETA.

Antes da nossa decolagem de Manaus, na manhã do dia 12, um Catalina, comandado pelo 1º tenente-aviador Queiroz, meu ex-aluno de voo no 1º/5º GAv, em Natal, decolara para Boa Vista levando mais um grupamento de soldados do Exército e suprimentos. Pouco depois, os dois B-26 partiram para a mesma cidade, jocosamente apelidada de Teatro de Operações, alcançando Boa Vista após duas horas de voo.

Recorro, novamente, ao fecundo trabalho de Erick LINHARES e Thiago GEHRE, falando sobre a participação do Teixeirão no episódio:

A participação brasileira, no episódio, permanece pouco estudada historicamente e carece de esclarecimentos. Segundo o Boletim Interno nº 18, do Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS), de 27 de janeiro de 1969, o tenente coronel Jorge Teixeira de Oliveira teria se deslocado em 5 de Janeiro de 1969, para a região de fronteira do Brasil com a Guiana com destacamento militar brasileiro em razão da revolução interna que ocorreu na região do Rupununi[10].

Em Boa Vista, nos esperava um tenente, comandante do destacamento da FAB. A COMARA[11] havia construído, ao lado do aeroporto, uma carreira de dez casas, das quais oito estavam ocupadas pelo pessoal do destacamento. Todas simples, três quartos, mas bem construídas. O tenente nos cedeu as duas casas vazias da ponta, mais próximas da pista. Uma foi utilizada para nossa sala de operações e para as tripulações de subalternos e, a mais distante das ocupadas, por segurança, foi destinada para guardar o armamento que deveria chegar no Hércules. Os oficiais fomos para a recém instalada guarnição do 6º BEC, que iria construir a BR-174 em epopeia épica. O Exército, além de viaturas para deslocamento, providenciou, também, guarda para o paiol improvisado.

O tenente-coronel Teixeira não se encontrava em Boa Vista. Tinha ido a Bonfim conferenciar com os guianenses e tentar apaziguar os ânimos exaltados. Na Guiana, acreditava-se que o Brasil teria facilitado o uso do seu território pelas tropas venezuelanas, o que definitivamente não ocorreu.

Pouco tempo depois, chegou o Catalina, carinhosamente chamado na FAB de pata choca pela sua lentidão. Fui conversar com o tenente Queiroz e ele me informou que, após reabastecer, iria até Bonfim buscar o tenente-coronel Teixeira.

– Tem vaga?, perguntei.

Ao responder que sim, dei as necessárias instruções ao tenente Godeiro e fui alegre fazer a minha estreia na pata choca, avião que jamais cheguei a pilotar, embora fosse apaixonado pelos pousos e decolagens na água.

Em Bonfim, soube que o Teixeirão havia cruzado o Rio Tucutu, divisa natural com a Guiana e lograra convencer o comandante da tropa guianense que o Brasil não concordava com a invasão e já expulsara as forças infiltradas em nosso território, inclusive com a tomada dos materiais deixados na fuga.

Em conversas com oficiais do Exército, que haviam chegado à área da invasão do nosso território cerca de uma semana antes de nós, ficamos sabendo que, na pressa para abandonar o Brasil, foram deixados jipes, equipamentos de comunicação e outros materiais de uso militar. Até um Cessna 310, aeronave moderna à época, na tentativa de decolar de um campo improvisado, bateu com uma das rodas em um cupinzeiro e foi abandonado. Consta que foi entregue à FAB. Vide fotos[12].

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FIGURA 2: soldados brasileiros com armas capturadas dos revoltosos (Fonte: SILVA, 2007).

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FIGURA 3: avião venezuelano abandonado no Boqueirão da Lua (Fonte: SILVA, 2007).

Essas informações, colhidas in loco, com menos de dez dias da ocorrência dos fatos, é corroborada pela bem elaborada pesquisa feita por DONETTO JÚNIOR:

Coincidentemente, militares venezuelanos, em 1969, foram localizados e presos em território brasileiro, no local chamado Boqueirão da Lua, dando apoio aos revoltosos de Rupununi. Duas toneladas de armas foram apreendidas pelo Exército Brasileiro, em pleno lavrado de Roraima. Vários venezuelanos foram presos e trazidos para Manaus, onde ficaram presos no 8º Batalhão de Infantaria de Selva e depois liberados[13].

Outra versão semelhante sobre as causas do conflito é dada por Abílio Aguiar CUNHA em sua dissertação de mestrado:

O principal conflito em que a Guyana teve envolvimento, desde a independência, foi a Revolta do Rupununi, em 1969. Esse conflito foi ocasionado pela política socialista que Burnhan passou a adotar para a Guyana após a independência e também está diretamente ligado ao problema fronteiriço com a Venezuela. A revolta foi organizada por fazendeiros criadores de gado que se sentiram prejudicados com a política de socialização de terras do governo de Burnhan. Com esse receio, os fazendeiros se organizaram, e com o apoio venezuelano deram início à revolta. O auxílio de Caracas à sublevação se deu em função da ideia de enfraquecer internamente a Guyana para retomar parte do território em disputa. O apoio venezuelano se deu através de treinamento e armas. No entanto, o movimento não conseguiu seu objetivo, que era a independência da região de Rupununi, sendo que a Guyana Defense Force (exército guianense) o reprimiu com violência, ocorrendo a fuga de muitos revoltosos para o Brasil. O exército brasileiro chegou a prender um avião venezuelano em território nacional com toneladas de munição e armamento. Essa revolta causou preocupação nas autoridades brasileiras não só pelo fato de ter como vizinho um país se desenhando como socialista, mas também pela facilidade como os revoltosos conseguiram entrar em território nacional, ferindo assim a soberania do estado brasileiro[14].

Voltando aos fatos, ao chegar em Bonfim apresentei-me ao tenente-coronel Teixeira, expliquei a configuração dos B-26, já adiantando que pretendia fazer dois voos diários em toda a região da fronteira norte e reportar qualquer anormalidade em relação a movimento de tropas estranhas, inclusive fazendo advertências com voos rasantes. Ficamos de acordo e passamos a trabalhar em perfeita sintonia: nós voávamos e o Teixeirão praticava mais diplomacia pragmática do que táticas militares.

A volta para Boa Vista não foi sem emoções. Chovia todos os dias na região, causando alagamento da pista improvisada de Bonfim. A pandorga do Catalina iniciou a corrida de decolagem e, embora estivesse leve e usasse pneus balão, com cerca de 100, 150 metros a bequilha atolou obrigando o piloto a abortar a decolagem. Motores desligados, passageiros para fora, os tripulantes fizeram um reconhecimento da situação.

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A minha alegria por voar pela primeira vez na pata choca começou a transformar-se em arrependimento: eu deveria estar em Boa Vista recebendo o Hércules e preparando os B-26 para o início das operações no dia seguinte. E eis-me em Bonfim, vila sem muitos recursos à época e arriscando enfrentar cerca de cem quilômetros para Boa Vista, apertado num jipe do glorioso Exército Brasileiro, viajando por estrada precária e, certamente, com chegada à noite.

Em volta do Catalina, após vários palpites, decidiu-se por empurrar o avião para o início da pista e pavimentar cerca de sessenta a oitenta metros com fileira dupla de tijolos, à frente da bequilha. Iniciou-se uma frenética movimentação de viaturas do EB trazendo tijolos, não sei dizer de onde, contando com a mão de obra de soldados e dos curiosos, 80% indígenas, que vieram para admirar aquela bela e gigantesca máquina voadora.

Terminada essa operação, olhei para aquela pequena carreira de tijolos à frente da bequilha do C-10 e perguntei ao comandante do avião:

– Queiroz, tem certeza que a bequilha vai sair do chão antes de acabarem os tijolos?

Ele me respondeu com uma tranquilidade inquietante:

– Se não sair a gente vai atolar novamente…

Todos a bordo, freios aplicados, motores girando em potência máxima, sentimos o tranco quando o piloto soltou os freios e a pata choca iniciou a corrida de decolagem. O sofrimento de um passageiro de Catalina é maior do que o de qualquer outro avião. No C-47, por exemplo, pode-se ver o exterior pelas janelas e olhando para a frente enxergam-se os pilotos e suas ações. No Catalina não. Os passageiros ficam confinados em um porão com poucas janelas e os pilotos ficam no andar de cima. Nessas circunstâncias, a decolagem, cercada dos cuidados que a situação exigia, tornava-se mais preocupante. Mas a pandorga era uma máquina incrível e a tripulação experiente. A decolagem ocorreu sem outros incidentes e meia hora depois pousamos em Boa Vista.

Lá, estava o C-130 em operação de descarga. O pátio ficou pequeno: um C-130, um C-47, um C-10 e dois B-26! Terminada a descarga do Hércules, a tripulação decolou para Belém e, após pernoitar, voltaria à sede, no Rio. O C-47 decolaria pela manhã levando o tenente-coronel Teixeira a Manaus para atualização da situação, retornando no dia 14 de janeiro.

Nessa mesma tarde, iniciou-se o municiamento dos aviões e guarda do material bélico e suprimentos de reserva. Os aviões ficaram prontos para a primeira missão no dia seguinte.

Seguindo a programação, às 10h00 do dia 13 de janeiro, decolamos eu, Godeiro e dois especialistas no B-26 5156 para um voo de reconhecimento da área em litígio, fronteiriça à Venezuela e Guiana, no sentido anti-horário. Partindo de Boa Vista para leste, em direção à Bonfim e Lethem, o voo prosseguiu para o norte, seguindo o rio Tucutu, virando gradativamente para oeste até o famoso marco BV8 (divisa dos dois países: Pacaraima e Santa Helena de Uairén). Após alguns minutos desse ponto a floresta amazônica se adensava e o voo tomou o rumo sul em direção a Boa Vista. Pousamos após duas horas de voo.

No dia 14 de janeiro, o 1º tenente-aviador Enylton e o 2º tenente-aviador Ramos, pilotando o B-26 5152, cumpriram a mesma missão, no sentido horário.

No dia 15 de janeiro choveu torrencialmente durante todo o dia, impedindo qualquer decolagem para voo visual. Voltamos à rotina de reconhecimento da fronteira nos dias 16 e 17 de janeiro.

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FIGURA 4: capitão-aviador Motta de Souza e 1º tenente-aviador Godeiro em briefing de missão (Foto: acervo pessoal do autor).

No dia 18 de janeiro o tenente-coronel Teixeira solicitou que mantivéssemos os aviões no solo até que ele recebesse novas ordens de Brasília. Com efeito, as ações da diplomacia brasileira colocaram termo ao conflito, voltando as relações entre Brasil e Guiana à normalidade. Em relação à Venezuela, o Brasil esperava um pedido de desculpas daquele país, pela invasão de nossas fronteiras. As ordens de Brasília determinavam, ainda, a desmobilização das tropas, devendo ser mantido um pequeno contingente do EB, além da tropa permanente da região.

Quanto ao destacamento aéreo, o segundo grupamento aéreo já estava a caminho, quando o Estado-Maior da Aeronáutica determinou a suspensão da prontidão e o retorno das aeronaves à Natal. O pessoal de apoio permaneceria aguardando a chegada de um C-130 para o transporte da munição de volta à Base.

Comemorando a alegria de cessação do “conflito”, surgiu um problemaço para ser resolvido: enquanto as bombas de explosivo convencional podem ser transportadas sem os fusíveis, as bombas de napalm, uma vez fabricadas, não podem ser transportadas, nem mesmo instaladas sob as asas do próprio avião lançador, devido ao risco de um incidente e sua capacidade de destruição no caso de incêndio.

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Ao chegarmos em Boa Vista, foram fabricadas apenas quatro bombas napalm: em um casco de bomba vazio coloca-se o pó químico, acrescentando-lhe gasolina. Após doze horas a mistura transforma-se numa pasta e é colocado um fusível para sua ignição, com pino de segurança.

Cada avião foi armado com duas bombas de napalm e nos demais pilones foram colocadas bombas convencionais e foguetes. Nas missões, quando os aviões assumiam a posição de decolagem na pista, o pessoal de armamento retirava os pinos de segurança. No pouso, a operação era inversa.

Ficou evidente que não poderíamos deixar as bombas de napalm em Boa Vista. Comentei esse problema com o tenente-coronel Teixeira e o guerreiro da selva imediatamente indicou a solução:

– Nas vezes em que o seu esquadrão veio para o encerramento do curso do CIGS vocês lançavam bombas nos alvos que nós preparávamos, certo?

– Certo, respondi.

– Então já sei: vou mandar fazer dois alvos no campo de futebol de Bonfim e vou convidar o “estado-maior” das Forças de Defesa da Guiana para assistir à demonstração. Por favor, não errem, para não me desmoralizar, terminou ele com um sorriso gozador.

– Combinado, coronel.

Impressionante: com menos uma semana de contato quase diário com esse militar exemplar, ele já era meu ídolo. Ia todos os dias a Bonfim conferenciar com os guianenses. Atravessava o Rio Tucutu numa voadeira e voltava com o comandante das tropas dos guianenses e vários oficiais e subalternos, para uma pelada no campo de futebol que mandara fazer, para manter a sua tropa treinada e exercitada. Depois, qualquer que fosse o placar, era servido um churrasco. Só não posso garantir que a carne fosse de gado mesmo…

No dia 19 de janeiro decolamos com os dois aviões B-26, cada um equipado com duas bombas napalm, dois foguetes 2.75 e seis metralhadoras .50, para executar essa missão final.

Dia claro e limpo, fomos para Bonfim. Localizado o campo de futebol, lá estavam, logo após a primeira trave, os dois alvos: armações precárias de pedaços de árvore, cobertas de galhos e folhagem, na altura da linha defensiva, uma à esquerda e outra à direita da trave. Exatamente como havia pedido, para evitar a propagação de incêndio.

Estabelecido o circuito de ataque, dispersamos a esquadrilha e, como combinado no briefing, fizemos duas passagens com tiro terrestre de .50, para efeito de familiarização com o circuito. Na terceira passagem, lançamos, simultaneamente, os dois foguetes. Em outras duas passagens fizemos o lançamento das bombas napalm, uma de cada vez. Foi um fogaréu imenso, o napalm calcinando o capim seco e ultrapassando a trave oposta.

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Após a quarta bomba ser lançada pelo nº 2, iniciei uma curva de reunião e fiquei a apreciar o incrível e devastador efeito do napalm, arma que se tornou proibida depois da guerra do Vietnã. Reunida a esquadrilha, voltamos para Boa Vista e perdemos o churrasco do Teixeirão. Está registrado na caderneta de voo: 19 de janeiro, 1P, MTTAFBRD, 1:00h; BV/BV. Traduzindo: Missão diurna de Tiro Terrestre, Lançamento de Foguetes e Bombardeio Rasante.

Graças à conhecida competência de nossa diplomacia, a Operação Boa Vista estava encerrada. Contudo, é dever de justiça consignar que essa tarefa foi grandemente encurtada pela excepcional capacidade de tratar assuntos complexos e habilidade de negociação de um dos mais notáveis oficiais do Exército Brasileiro que tive a honra de conhecer: o tenente-coronel Jorge Teixeira de Oliveira, que como tantos outros militares das forças armadas, conhecem e entendem os problemas da região amazônica e seus perigos.

Como afirmado pelos historiadores Linhares e Gehre, essa parte da história da invasão venezuelana ainda permanece desconhecida, embora o EB mantenha registros dos fatos ocorridos. É correto admitir que a data da transposição de nossas fronteiras tenha sido nos três primeiros dias de janeiro, havendo afirmação não comprovada de que ocorreu no dia dois. Merece destaque o seguinte trecho da obra dos citados historiadores:

O delegado brasileiro na OEA chegou a receber um telefonema do representante guianense, Insanally, que afirmou de fontes seguras que a Venezuela estaria movimentando tropas para a zona fronteiriça com a Guiana para um próximo ataque armado”. O diplomata brasileiro ponderou que, apesar de grave a situação, mantinha-se a impressão de que os guianenses estão se deixando dominar por uma certa histeria[15].

Admitida a data de 2 de janeiro, confira-se a cronologia: o tenente-coronel Teixeira chegou em Boa Vista no dia 5, data em que foi possível ao EB preparar um rápido plano de contingência e à Aeronáutica fornecer os meios aéreos necessários. Vale dizer que, pelo menos um C-47 e um Catalina foram disponibilizados em Manaus em dois dias (3 e 4), partindo para Boa Vista no dia 5 de janeiro.

Por sua vez, para os B-26, a cronologia foi a seguinte: dia 8 de janeiro, em prontidão e preparação de quatro aeronaves e tripulações; no dia 9 recebemos a Ordem Fragmentária para seguir conforme já mencionado. Alcançamos Manaus no dia 10 e, por determinação do Chefe EM/1ª Zona Aérea, só prosseguimos para Boa Vista no dia 12 em razão de ser a data prevista para a chegada do C-130 com a munição necessária.

Nessa mesma data o Teixeirão fazia sua terceira visita à Lethem, na Guiana, entabulando negociações com os guianenses e tentando demonstrar que o Brasil repudiava a invasão venezuelana. Com mais cinco dias, mostra-se um líder inconteste nas parlamentações, faz amigos nas Forças de Defesa da Guiana e programa um jogo de futebol seguido de churrasco. Ou seja, gerado um problema dessa magnitude, implicando em forte movimentação de tropas do EB e de equipagens e aeronaves da FAB, o contencioso foi resolvido em duas semanas, graças ao empenho profissional do tenente-coronel Teixeira.

Dia 19 de janeiro recebemos ordens do Estado-Maior da Aeronáutica para desmobilização e regresso. Decolamos no dia 20, deixando as equipes de manutenção que voltariam de C-130 juntamente com todos os equipamentos e munição. Pernoite em Manaus dia 20 e em Belém dia 21, onde relatamos toda a operação ao comandante da 1ª Zona Aérea.

Lá, encontramos outro B-26 que fora acionado para revezamento antes da ordem de retorno, tendo como pilotos o 1º tenente-aviador Claro e o 2º tenente-aviador Walker. Dia 22 decolamos na madrugada para Natal com a intenção de efetuar uma passagem baixa no momento da formatura diária.

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Assim terminamos uma inédita experiência, diferente das missões de treinamento, exercícios e manobras, da qual colhemos ensinamentos diversos. Dentre eles conhecer e trabalhar de perto com denodados oficiais e praças do EB, que cumprem na região uma das mais nobres, difíceis e destacadas missões: a proteção de nossas fronteiras e ocupação do imenso espaço amazônico.

O mais gratificante, contudo, foi cumprir essa missão “sob as ordens” do tenente-coronel Jorge Teixeira de Oliveira: que aprendi a admirar como um militar denodado, um bravo guerreiro e um diplomata incontestável.

Antes deixar o serviço ativo em 1973, fundou o Colégio Militar de Manaus e, passando para a reserva, foi nomeado prefeito de Manaus, cargo que exerceu até 1979 quando foi nomeado para o cargo de Governador do Território Federal de Rondônia, com a missão de transformá-lo em estado. Após dois anos e meio administrando o território, logrou, com suas gestões junto ao Congresso e órgãos do Governo, a aprovação da Lei Complementar nº 41, de 22 de dezembro de 1981 criando o Estado de Rondônia, sendo nomeado seu primeiro governador.

Notas

[1] LINHARES, Erick; GEHRE, Thiago. BRASIL E GUIANA EM TEMPOS DE GUERRA FRIA (1966-1991). Disponível em: I Seminário Internacional Sociedade e Fronteiras. Boa Vista: UFRR, 2012. Acesso em: 06/03/2019.

[2] Idem, ibidem, p. 315.

[3] Idem, p. 315.

[4] Embaixada do Brasil em Caracas para Secretaria de Estado. Telegrama confidencial no 144, de 24/04/1968. Fonte: LINHARES, Erick; GEHRE, Thiago, Op. Cit., p. 315.

[5] Embaixada do Brasil Georgetown para Secretaria de Estado. Cata Telegrama confidencial no 48, de 03/01/1969. Fonte: LINHARES, Erick; GEHRE, Thiago, Op. Cit., p. 316.

[6] Barbosa, Gibson. Na Diplomacia, o traço todo da vida. Rio de Janeiro: Record, 1992.

[7] LINHARES, Erick; GEHRE, Thiago. Op. Cit., p. 318, apud SILVA, Carlos Alberto Borges da. A revolta de Rupununi: Uma etnografia do possível. Tese de Doutorado. Campinas: Unicamp, 2005.

[8] DONETTO JÚNIOR, Jorge. Dissuasão Convencional da América do Sul: o Caso da Tríplice fronteira Venezuela-Brasil-Guiana. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Estudos Estratégicos e de Segurança (PPGEST). Rio de Janeiro: UFF, 2010, p.44.

[9] Antigo Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Empregados em Transportes e Cargas, criado em 1938. Em novembro de 1966 o IAPETEC e todos institutos que atendiam aos trabalhadores do setor privado foram unificados no Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). Em 1990, o INPS se funde com o Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social (IAPAS) para a criação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS (nota do editor).

[10] LINHARES, Erick; GEHRE, Thiago. Op. Cit., p. 318.

[11] COMARA: Comissão de Aeroportos da Região Amazônica (nota do editor).

[12] AGUIAR, Abílio Cunha. UMA ANÁLISE SOBRE O PAPEL ESTRATÉGICO DO EXÉRCITO NA FRONTEIRA BRASIL-GUYANA NA DÉCADA DE 1960. Dissertação de Mestrado. UFRR, 2016, p. 65.

[13] DONETTO JÚNIOR, Jorge, Op. Cit., p. 44.

[14] AGUIAR, Abílio Cunha, Op. Cit., p. 69.

[15] Secretaria de Estado à Embaixada Brasil em Caracas, despacho, telegrama secreto, nº 455, 24-9-1968.

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*Carlos Aureliano Motta de Souza é coronel-aviador reformado da Força Aérea Brasileira. Entre as muitas comissões de sua carreira, cursou o 72º Advanced Staff Course da Escola de Estado-Maior da Royal Air Force, na RAF Bracknell e foi instrutor na Escola de Estado-Maior da Aeronáutica (ECEMAR) localizada na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro. Chefiou o CENIPA em 1976 e comandou o CINDACTA I em 1984/85. Formou-se em Direito pela UFRN em 1964 e graduou-se como Mestre em Direito Público pela UnB em 1997. Por concurso público foi admitido na UnB como Professor de Direito, tendo lecionado naquela Universidade em 1998/99. A partir de 2000, por convite do Prof. Josaphat Marinho passou a integrar o quadro de professores da União Pioneira de Integração Social – UPIS – onde ainda exerce o magistério.


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17 comentários

  1. Muito boa a narrativa. Desconhecia, por completo, a narrativa do artigo. Parabenizo o autor pela lucidez e detalhes somente possível para quem viveu os fatos por dentro e não em sua periferia.

  2. Coronel Motta. Primeiramente muito obrigado pelo seu serviço e brilhante carreira. Não posso de deixar meu agradecimento pelo ótimo artigo. Sua narrativa foi ótima. Aprendi novas palavras como “pandorga” que não vejo a hora de usar. Rs
    Um grande abraço e sugiro ao velho General e ao ADG que façam uma live com o Coronel para ele contar esta e mais outras histórias de sua carreira.

  3. Parabéns ao Cel Motta pelo artigo e ao VG pela sua divulgação. O “Teixeirão” era mesmo um cara formidável. Como prefeito interventor de Manaus teve uma grande visão de futuro e foi responsável por muitas obras de infraestrutura viária que, se não tivessem sido construídas, deixariam hoje Manaus com um trânsito ainda mais complicado do que é, para uma cidade de mais de 2 milhões de habitantes. Essa faceta “diplomática”, do Cel Teixeira me era desconhecida, até este artigo.

    1. Obrigado Fontoura. Realmente o artigo do Cel Motta de Souza é muito bom, traz vários aspectos de uma história quase desconhecida e é muito bem embasado. Muito obrigado por comentar! Um abraço!

  4. Não conhecia esse incidente, esse relato foi uma verdadeira aula de história e nos mostra o quão importante é a presença de nossas Forças Armadas na região.

  5. Belo relato ,bem claro,pleno de experiência. Gostaria de ter vivido esses episódios quando estava na “Ativa”. Poderia ter acontecido, pois todos aviões envolvidos estão na minha caderneta de vôo.Endosso totalmente o que foi narrado a respeito do “Teixeirão” ,meu amigo desde os tempos da Brigada Pára-quedista no Campo dos Afonsos. Parabéns ,Mota de Souza,pela sua leve e agradável descrição.

  6. Parabéns ao Cel Motta pelo seu serviço e por nos contar sobre essa história pouco conhecida, e ao Velho General por divulgar.
    Só uma pergunta, por curiosidade: durante a operação, o B-26 Invader estava usando a pintura verde mais nova, ou ainda estava com a prateada? Pois a ilustração no começo do artigo mostra o avião com a pintura verde, mas as fotos o mostram com a pintura prata.

    Obrigado.

    1. Muito obrigado Bruno, vou repassar ao Cel Motta de Souza. Respondendo a sua pergunta: As fotos são de missão anterior à revisão geral dos B-26 realizada nos EUA entre 66 e 68. Em Roraima os aviões já ostentavam a nova pintura: cinza em baixo e verde escuro em cima. Como não havia fotos da missão específica, foram utilizadas essas para ilustrar o artigo. No entanto, a aeronave é a mesma e a numeração também. Grato por nos acompanhar. Forte abraço!

  7. No zoologico do CIGS, em Manaus, está exposto ao público um jeep Austin Moke que foi tomado como “trofeu de guerra” dos revolucionários guianenses. Muito bom seu artigo, tenho curiosidade sobre o armamento apreendido na ocasião? Existe algum registro acadêmico? Abçs, selva!

    1. Cheguei a ver aquele Mini Moke em 2004. Um soldado me disse ter sido adaptado com motor e câmbio Fiat de fabricação nacional no lugar do motor Austin original com o câmbio integrado ao cárter.

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