Crise-Maniqueísmo-Conflito-Gerenciamento

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Gen-Rocha-Paiva.png Por Luiz Eduardo Rocha Paiva*

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Montagem: Albert Caballé Marimón.

É preciso buscar um consenso baseado no cumprimento de valores éticos, morais e cívicos, tomando posições e decisões que visem genuinamente o melhor para a nação. O momento exige equilíbrio e busca de caminhos que possam congregar os pontos positivos das possíveis soluções e ao mesmo tempo mitigar os pontos negativos. Oportunismo político é o pior caminho a seguir.


Artigo publicado no Instituto Sagres – Política e Gestão Estratégica Aplicadas

Nessa crise político-sanitária-econômica, existem diferentes posições sobre como gerenciá-la. Alguns, automaticamente, defendem as propostas de lideranças políticas e de grupos de interesse conformes com suas próprias linhas de pensamento. Não analisam se as propostas camuflam interesses pessoais, partidários, grupais ou mesmo ideológicos ao arrepio do dever de servir à nação e aos irmãos brasileiros. Por outro lado, não conseguem ter o equilíbrio de conjugar o que cada uma tem de positivo e flexibilizar inteligentemente suas posições.

O cidadão consciente não se atrela, cegamente, a lideres, partidos, grupos ou ideologias, mas sim a princípios, crenças e ideais revestidos de nobreza e dignidade. O apoio a pessoas ou grupos de qualquer natureza não é irrestrito, mas condicionado ao cumprimento de valores morais e cívicos e à atuação em prol da nação, essa sim credora prioritária da lealdade do cidadão.

Em situações extremas como a atual, quando uma solução radical e maniqueísta possa levar o país ao caos, é preciso buscar caminhos alternativos, que mantenham suas benesses, mas neutralizem seus pontos fracos e permitam preservar, também, a saúde do país.

Assistimos a um dialogo de surdos, onde um lado é bem intencionado, mas será́ prejudicado e enfraquecido se dominado pela presunção e pelo radicalismo. Do outro lado, diversos atores personificam o que há de mais nefasto, fisiológico, patrimonialista e velhaco no cenário politico. Não há mais como fugir ao embate politico, pois já é a realidade do contexto vivido. Cabe agora gerenciar, não só a crise, mas também o conflito não escalando-o, descuidadamente, mas conduzindo-o com responsabilidade e sabedoria, de modo a que a sociedade não seja ainda mais prejudicada do que já foi.

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No conflito que, desafortunada e irresponsavelmente, a crise se transformou, líderes capazes irão gerenciá-lo negociando com idealismo pragmático, temperado por realismo ético. Tentarão impor-se aos atores da política velhaca, estrategicamente, por manobras indiretas, desequilibrando o adversário não com ataques frontais, que só se empregam quando há total superioridade de meios e esse não é o quadro atual.

O gerenciamento desse conflito não está, logicamente, no campo militar, mas sim nos campos politico e psicossocial, onde levará vantagem quem agir de forma sutil e indireta, agindo sobre os pontos sensíveis do adversário, previamente identificados, desequilibrando-o e enfraquecendo-o nos campos citados. Posições e manifestações radicais, sucessivas e impensadas de quem esteja mergulhado emocionalmente na tempestade, não contribuem e podem fortalecer o oponente. Que se ouça o assessoramento do gabinete de crise e se use o porta-voz, deixando para intervir em momentos de decisão a exigir a voz do líder.

Outro problema, uma das maiores ameaças ao êxito no gerenciamento de conflitos, é quando um outro conflito ocorre dentro do próprio gabinete ou entre o líder e o gabinete. É uma tarefa difícil, mas não incomum, o líder ter que gerenciar vaidades e interesses pessoais existentes no próprio gabinete de crise, ao tempo em que precisa disciplinar sua própria personalidade.

Eis aí um gerenciamento no gerenciamento.

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*Luiz Eduardo Rocha Paiva é general-de-brigada reformado, aspirante a oficial pela AMAN em 1973 e promovido a general-de-brigada 2003. Entre seus muitos altos estudos, possui doutorado, mestrado e pós-graduação pela ECEME, ESAO e FGV. Estagiou na 101ª Air Assault Division, do Exército dos EUA, foi Observador Militar da ONU em El Salvador e fez o Curso de Estado-Maior na Escola Superior de Guerra do Exército Argentino. Comandou o 5º Batalhão de Infantaria Leve (Regimento Itororó), em Lorena/SP, quando cumpriu missão de pacificação em conflito entre o MST e fazendeiros no sul do Pará, em 1998. Foi Chefe da Assessoria Especial do Gabinete do Comandante do Exército, comandou a ECEME e foi Secretário-Geral do Exército. É Professor Emérito da ECEME, membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil e colaborador do Centro de Estudos Estratégicos do Exército. Recebeu diversas condecorações e medalhas nacionais e estrangeiras e publica artigos sobre temas políticos e estratégicos em jornais e revistas nacionais e estrangeiras.


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7 comentários

  1. General e Velho General. Para mim, que sou apenas um civil, essa crise mostrou a face terrível de alguns chefes de executivos. Pelo Brasil afora ouvi relatos de Prefeitos fechando limites das cidades e até mesmo aeroportos !!! Visitantes de cidades obrigados a ficarem em tendas por 14 dias. Cidadãos presos por frequentarem a praia, mercadoria de vendedores ambulantes sendo jogadas ao chão e confiscadas. Fiscais de prefeitura invadindo lojas e fábricas para multar e expropriar mercadorias. Alguns chefes de executivos eleitos não sabem o seu papel e muitos deles extrapolaram seus poderes nesta crise. Finalizo dizendo que muitos brasileiros se acovardaram por conta de uma crise, uma doença. Entendo ser necessário um isolamento, mas não tão drástico como o que está ocorrendo.

  2. Muito bom o artigo .. vou compartilhar, todo cidadao deveria ler e executar uma reflexao… Penso ser de suma importancia no enfrentamento de qualquer momento nebuloso como esse!

  3. O problema é que quase a totalidade dos políticos e juristas do Brasil querem o caos. A quarentena é completamente inútil, do que adianta ficar em casa se você tem que se aglomerar em uma fila de banco ou supermercado? Jornalistas e políticos em grupos sem máscara dizem que você deve ser preso se reclamar dos bandidos serem soltos.

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