A recompensa dos EUA afeta o poder de Maduro na Venezuela?

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Albert-VF1 Por Albert Caballé Marimón*

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Nicolás Maduro (Foto: RFI/Handout via Reuters).

Em sua mais recente ação contra o líder venezuelano Nicolás Maduro, os EUA o indiciaram, juntamente com figuras próximas do regime, pelos crimes de tráfico de drogas, de armas e lavagem de dinheiro. Um dos acusados, Cliver Antonio Alcalá, ex-general do exército venezuelano e opositor de Maduro que vivia na Colômbia, entregou-se à DEA e concordou em colaborar com as autoridades americanas.


Com aparente respaldo de aliados como China, Rússia e Cuba, o presidente de facto da Venezuela, Nicolás Maduro, vem mantendo o apoio dos militares e o controle sobre os já combalidos recursos do país, embora sob uma pressão cada vez maior devido as sanções impostas pelos Estados Unidos. Até aqui, no entanto, nem a pressão americana e nem as tentativas de Juan Guaidó conseguiram minar a base de poder de Maduro.

Na mais recente ação contra o regime de Maduro, os Estados Unidos o acusaram formalmente de narcoterrorismo e ofereceram uma recompensa de até US$ 15 milhões por informações que levem à sua captura. Há recompensas também por diversas figuras próximas de Maduro, totalizando até US$ 55 milhões.

Fratura na liderança

Os milhões de dólares oferecidos podem equivaler a um poderoso incentivo, encorajando divisões na base da estrutura de comando do governo venezuelano. Podem representar um apoio adicional ao objetivo de Juan Guaidó, que tenta, sem sucesso, provocar divisões na base de Maduro desde janeiro de 2019, quando se autoproclamou presidente interino do país em desafio direto à autoridade do regime bolivariano. Apesar de ser reconhecido por mais de cinquenta países, Guaidó não conseguiu nenhum avanço significativo.

Fator militar

Externamente, as forças armadas seguem demonstrando lealdade ao líder e na sexta-feira mais uma vez reiteraram seu “compromisso inabalável” com Maduro diante do que classificaram de “acusações extravagantes e extremistas”.

Maduro comprou sua lealdade, proporcionando aos militares amplo poder político e econômico num país cuja economia desmoronou, forçando milhões de cidadãos venezuelanos a fugir. Ele contou com o apoio dos militares inclusive durante protestos de rua contra seu governo em 2014 e 2017, quando houve violenta repressão que deixou cerca de duzentos mortos, e na tentativa de levante de Guaidó em abril de 2019.

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Mas essa iniciativa de Washington visa justamente os militares venezuelanos, em uma tentativa de romper seus laços com Maduro: já que ameaças não tiveram êxito, talvez algum deles esteja disposto a “vender” Maduro, que afirma ser alvo de tentativas de golpe por parte dos EUA.

Negociações improváveis

Muitos da oposição já não acreditam mais na possibilidade de negociações com Maduro. Tentativas anteriores sempre tropeçaram numa demanda que ele rejeita enfaticamente – sua renuncia para a realização de novas eleições.

De acordo com alguns analistas, o fato de os EUA indiciarem Nicolás Maduro e oferecerem recompensas por ele e por membros do governo, pode encerrar de vez qualquer possibilidade de diálogo.

Precedente no Panamá

Maduro não é o primeiro líder estrangeiro indiciado pelos EUA. Em 1989, Manuel Noriega, do Panamá, também foi acusado, os americanos invadiram o país e o capturaram. No entanto, muitos acreditam que isso seja improvável no caso da Venezuela; se por um lado muitos países latino-americanos e europeus não concordariam, há uma outra segunda consideração importante: as eleições presidenciais dos EUA no final do ano.

Analistas acreditam que boa parte da política de Trump para a Venezuela tem sido orientada por preocupações eleitorais na Flórida, estado-chave em que as comunidades cubana e venezuelana sã um eleitorado importante. Em meio à pandemia de coronavírus que agrava ainda mais a crise vivida no país, que sofre há anos com recessão econômica, alto desemprego e uma hiperinflação que dizimou salários e economias, Trump talvez tenha cuidado ao dosar suas medidas, pois aumentar a pressão na Venezuela em meio à crise humanitária pode ser visto como exacerba-la e minar seu apoio na Flórida.


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Cooperação

A DEA (Drugs Enforcement Administration, Administração de Repressão às Drogas dos EUA) colocou sob custódia o general venezuelano Cliver Alcalá, um dos acusados. Na sexta-feira ele se entregou na Colômbia e concordou em cooperar com os promotores americanos nas acusações contra Maduro e outras autoridades venezuelanas.

Segundo a agência Reuters, fontes ligadas à DEA informaram que estão sendo feitos esforços para convencer outros indiciados a se entregar, mas ainda é cedo para dizer se isso terá sucesso, já que ao contrário de Alcalá, que vivia na Colômbia, os demais acusados continuam na Venezuela.


ASSISTA AO VÍDEO DO CANAL ARTE DA GUERRA – VENEZUELA: General PROCURADO se entrega às autoridades americanas na Colômbia.


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*Albert Caballé Marimón possui formação superior em marketing, é fotógrafo profissional e editor do blog Velho General. Já atuou na cobertura de eventos como a Feira LAAD, o Exercício CRUZEX e a Operação Acolhida. É colaborador da revista Tecnologia & Defesa e do Canal Arte da Guerra, onde, entre outras atividades, mantém uma resenha semanal de filmes e documentários militares. Entre suas atividades, já proferiu palestras para os cadetes da Academia da Força Aérea. Pode ser contatado através do e-mail caballe@gmail.com.


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3 comentários

  1. A tentativa é de provocar uma “implosão” do regime. Ao encorajar a “venda” de informações sigilosas, como por exemplo o paradeiro preciso do mandatário, não poderíamos descartar uma ação similar à que eliminou o General Souleimani no Iraque. Forte abraço!

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