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Albert-VF1 Tradução e adaptação por Albert Caballé Marimón*

Com base em artigo do CFR c/ adendos BBC e outros (vide Fontes).

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Bandeira do Hezbollah.

Grupo político e militar xiita baseado no Líbano, o Hezbollah, também grafado Hizballah, estabeleceu-se em 1982 durante a ocupação israelense do sul do país. Em manifesto de 1985, o grupo afirmou que seus objetivos eram destruir Israel e expulsar influências ocidentais do Líbano e do Oriente Médio. Em 1992 tornou-se um partido político e participa ativamente das eleições do país. O grupo mantém estreita relação com Bashar Al-Assad na Síria e com o Irã, cujo regime prestou apoio crítico à sua fundação e continua sendo o seu principal apoiador. Durante a Guerra Civil Síria, o Hezbollah foi um dos maiores aliados de Assad e o apoiou com tropas.


O Hezbollah é um partido político xiita e um grupo militante com base no Líbano, onde seu extenso aparato de segurança, organização política e rede de serviços sociais promoveram sua reputação como “um estado dentro do estado”. Fundado no caos dos quinze anos de Guerra Civil Libanesa, o grupo apoiado pelo Irã é impulsionado por sua oposição a Israel e sua resistência à influência ocidental no Oriente Médio.

Com seu histórico de ataques terroristas globais, segmentos do Hezbollah – e em alguns casos toda a organização – foram designados como terroristas pelos Estados Unidos e outros países. Nos últimos anos, alianças de longa data com o Irã e a Síria envolveram o grupo na Guerra Civil Síria, onde seu apoio ao regime de Bashar al-Assad transformou o Hezbollah numa força militar cada vez mais eficaz. Mas com a política libanesa agitada pelo descontentamento em massa com a classe dominante e com as tensões EUA-Irã aumentando, o papel do Hezbollah na sociedade libanesa pode mudar.

Origens

Suas origens precisas são difíceis de identificar, mas o Hezbollah se anunciou como grupo coeso em 1985. Anteriormente, seus membros faziam parte de organizações como o Amal Islâmico, que muitos analistas consideram uma iteração inicial do Hezbollah. Seus precursores surgiram após a invasão israelense do sul do Líbano em resposta a ataques de militantes palestinos em 1982, quando líderes xiitas que favoreciam uma resposta militar romperam com o movimento Amal. O grupo se formou durante a guerra civil de quinze anos do Líbano, que eclodiu em 1975, quando o descontentamento com a grande presença palestina armada no país atingiu um ponto de ebulição.

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Sob o acordo de 1943, no processo de independência do país, o poder político é dividido entre os grupos religiosos predominantes no Líbano – um muçulmano sunita como primeiro ministro, um cristão maronita como presidente e um muçulmano xiita como presidente do parlamento. As tensões entre esses grupos evoluíram para a guerra civil, com vários fatores perturbando o delicado equilíbrio.

A população muçulmana sunita havia crescido com a chegada de refugiados palestinos no Líbano, enquanto os muçulmanos xiitas se sentiam cada vez mais marginalizados pela minoria cristã no poder. Em meio às brigas, as forças israelenses invadiram o sul do Líbano em 1978 e novamente em 1982 para expulsar guerrilheiros palestinos que estavam usando a região como base para atacar Israel.

Um grupo de xiitas influenciado pelo governo teocrático no Irã – o principal governo xiita da região, que chegou ao poder em 1979 –, vendo uma oportunidade de expandir sua influência nos estados árabes, através do Corpo de Guardas Revolucionário Islâmico (IRGC) forneceu fundos e treinamento à milícia em ascensão, que adotou o nome Hezbollah, que significa “O Partido de Deus”.

O grupo ganhou uma reputação de militância extremista devido a seus frequentes confrontos com milícias xiitas rivais, como o Movimento Amal, e ataques a alvos estrangeiros, incluindo o atentado suicida de 1983 a quartéis que abrigavam tropas americanas e francesas em Beirute, nas quais mais de trezentas pessoas morreram. O Hezbollah tornou-se um ativo vital para o Irã, fazendo a ponte entre xiitas e persas-árabes, enquanto Teerã estabelecia proxies em todo o Oriente Médio.

O Hezbollah se autodenomina um movimento de resistência xiita e consagrou sua ideologia em um manifesto de 1985 no qual que prometia expulsar as potências ocidentais do Líbano, pedia a destruição do Estado israelense e prometia lealdade ao líder supremo do Irã. Também defendia um regime islâmico inspirado no Irã, mas enfatizou que o povo libanês deve ter liberdade de autodeterminação.

O governo dos EUA considera a Jihad Islâmica, o nome que o grupo usou ao reivindicar seu primeiro ataque, como um pseudônimo do Hezbollah.

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Marcos na história do Hezbollah (CFR).

Organização

O Hezbollah é liderado por Hassan Nasrallah, que assumiu o cargo de secretário-geral em 1992 depois que Israel assassinou o co-fundador e líder anterior do grupo, Abbas Al-Musawi. Nasrallah supervisiona o Conselho Shura, de sete membros, e seus cinco subconselhos: a assembleia política, a assembleia da jihad, a assembleia parlamentar, a assembleia executiva e a assembleia judicial.

O Conselho de Shura é o mais alto órgão de decisão do Hezbollah. Composto por representantes das instituições militares, políticas e sociais da organização, é responsável pela formulação de políticas e tomada de decisões em relação a todos os aspectos das atividades do Hezbollah, inclusive militares. O Departamento de Estado dos EUA estima que o Hezbollah tem dezenas de milhares de membros e outros apoiadores em todo o mundo.

O Hezbollah controla grande parte das áreas de maioria xiita do Líbano, incluindo partes de Beirute, sul do Líbano e região oriental do vale do Bekaa. Embora esteja sediado no Líbano, seu manifesto esclarece que suas operações, especialmente as que visam os Estados Unidos, não se limitam às fronteiras domésticas: “a ameaça americana não é local ou restrita a uma região específica e, como tal, confronto de tal a ameaça também deve ser internacional”. O grupo foi acusado de planejar e perpetrar atos de terrorismo contra alvos israelenses e judeus no exterior, e há evidências de operações do Hezbollah na África, nas Américas e na Ásia.

O Irã continua a apoiar o Hezbollah com armas e mais de US$ 700 milhões por ano, segundo estimativas do Departamento de Estado americano de 2018. O Hezbollah também recebe centenas de milhões de dólares de pessoas jurídicas, organizações criminosas internacionais e da diáspora libanesa.

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Influência política

O Hezbollah desenvolveu fortes ramificações políticas e sociais além das operações militares. É membro do governo libanês desde 1992, quando oito de seus membros foram eleitos para o Parlamento, e o partido ocupa cargos ministeriais desde 2005.

Em 2008, quando o governo do Líbano, apoiado pelo Ocidente, decidiu encerrar a rede privada de telecomunicações do Hezbollah e remover o chefe de segurança do aeroporto de Beirute devido a laços com o grupo, a resposta foi a captura de grande parte da capital e o combate a grupos rivais sunitas.

Para encerrar os confrontos sectários que deixaram 81 pessoas mortas e levaram o Líbano à beira de uma nova guerra civil, o governo recuou e um acordo de compartilhamento de poder deu ao Hezbollah e seus aliados o poder de vetar qualquer decisão do gabinete. No final daquele ano, o secretário-geral do Hezbollah, Hassan Nasrallah, divulgou um novo manifesto político que buscava destacar a “visão política” do grupo.

Nas eleições de 2009, obteve dez cadeiras no parlamento e permaneceu no governo de unidade. Marcou sua integração na política dominante nesse ano e atualizou seu manifesto, retirando a referência a uma república islâmica da versão anterior, de 1985; no entanto, manteve uma linha dura contra Israel e os EUA e disse que o Hezbollah precisava manter suas armas. Ao mesmo tempo, pedia “verdadeira democracia”.

As eleições nacionais mais recentes, em 2018, garantiram ao Hezbollah treze dos 128 assentos do parlamento do Líbano, três a mais que o Movimento Amal, que já foi seu rival, mas que é agora um parceiro de coalizão.

Além disso, o Hezbollah gerencia uma vasta rede de serviços sociais que inclui infraestrutura, serviços de saúde, escolas e programas para jovens, os quais foram fundamentais para obter apoio tanto de libaneses xiitas quanto não-xiitas. Um relatório de 2014 do Pew Research Center constatou que 31% dos cristãos e 9% dos muçulmanos sunitas tinham opiniões positivas sobre o grupo.

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Hassan Nasrallah, secretário-geral do Hezbollah (Foto: Alahed News).

Ao mesmo tempo, o Hezbollah mantém seu braço militar. Ume das exigências do Acordo Taif de 1989, que foi mediado pela Arábia Saudita e pela Síria e encerrou a guerra civil do Líbano, exigia o desarmamento das milícias. Isso levou o Hezbollah a rotular sua ala militar como uma força de “Resistência Islâmica” dedicada a acabar com a ocupação de Israel, e com isso foi a única milícia que manteve as armas.

O Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS, International Institute for Strategic Studies) estimou em 2017 que as milícias tinham até dez mil combatentes ativos e cerca de vinte mil em reserva, com um arsenal de armas portáteis, tanques, drones e vários foguetes de longo alcance. O analista e brigadeiro-general (aposentado) Assaf Orion, do Instituto Nacional de Estudos de Segurança de Israel (Israel’s Institute for National Security Studies), diz que o Hezbollah possui “um arsenal de artilharia maior do que a maioria das nações”.

Críticos dizem que a existência do Hezbollah viola a Resolução 1559 do Conselho de Segurança das Nações Unidas – adotada em 2004 – que pedia que todas as milícias libanesas se dissolvessem e se desarmassem. A Força das Nações Unidas no Líbano (UNFIL, United Nations Force in Lebanon), implantada pela primeira vez em 1978 para restaurar a autoridade do governo central, permanece no país e parte de seu mandato é incentivar o Hezbollah a se desarmar. As Nações Unidas implicaram membros do Hezbollah no assassinato do ex-primeiro-ministro Rafiq Hariri em 2005. O Hezbollah culpa Israel pelo ataque.

Em outubro de 2019, o Hezbollah tornou-se alvo de protestos em massa. A má administração do governo e os anos de crescimento lento sobrecarregaram o Líbano com um dos maiores encargos de dívida pública do mundo, com 150% do seu PIB (Produto Interno Bruto), e centenas de milhares de cidadãos libaneses desiludidos com a crise econômica exigiram a remoção do que consideram uma elite dominante corrupta. Os manifestantes pediam que o governo, incluindo o Hezbollah, cedesse o poder a uma nova liderança tecnocrática. Os protestos duraram meses e se estenderam por contextos religiosos, e até libaneses xiitas criticaram abertamente o Hezbollah.

Israel

Israel é o principal inimigo do Hezbollah, o que remonta à ocupação do sul do Líbano por Israel em 1978. O Hezbollah foi responsabilizado por ataques a alvos judeus e israelenses no exterior, incluindo o atentado a um centro comunitário judeu na Argentina em 1994 que matou 85 pessoas, e os ataques à embaixada de Israel em Londres. Mesmo depois que Israel se retirou oficialmente do sul do Líbano em 2000, continuou em conflito com o Hezbollah, especialmente na disputada zona fronteiriça das Fazendas de Shebaa (Shebaa Farms). O conflito periódico entre o Hezbollah e as forças israelenses escalou para uma guerra que durou um mês em 2006, durante a qual o Hezbollah disparou milhares de foguetes contra o território israelense.

O Hezbollah e Israel ainda não entraram em guerra total, mas o grupo reiterou seu compromisso com a destruição do estado israelense em seu manifesto de 2009. Em dezembro de 2018, Israel anunciou a descoberta de quilômetros de túneis que vão do Líbano até o norte de Israel e que, alegadamente, foram criados pelo Hezbollah. O grupo atacou Israel com sofisticadas armas antinavio e antiblindagem que autoridades ocidentais suspeitam terem sido fornecidas pelo Irã. O brigadeiro-general Assaf Orion disse que o armamento mais preciso fornecido pelo Irã garante que o Hezbollah se torne uma ameaça cada vez mais perigosa para Israel.

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Guerra Civil Síria

O Hezbollah encontrou um aliado leal na Síria, cujo exército ocupou a maior parte do Líbano durante a guerra civil libanesa. O governo sírio permaneceu como uma força de manutenção da paz no Líbano até ser expulso na Revolução do Cedro de 2005, um movimento de protesto popular contra a ocupação estrangeira. O Hezbollah pressionou, sem sucesso, as forças sírias para permanecerem no Líbano, e desde então continua sendo um aliado fiel do regime de Assad. Segundo alguns analistas, em troca do apoio de Teerã e do Hezbollah, o governo sírio facilita a transferência de armas do Irã para a milícia.

O Hezbollah confirmou publicamente seu envolvimento na Guerra Civil Síria em 2013, juntando-se ao Irã e à Rússia no apoio ao governo sírio contra grupos rebeldes em grande parte sunitas. Antes de 2013, o grupo havia enviado um pequeno número de consultores para aconselhar o regime. Estima-se que mais de sete mil militantes do Hezbollah tenham lutado na aliança pró-Assad, que foi fundamental para a sobrevivência do regime de Assad, inclusive ao vencer a Batalha de al-Qusayr em 2013, o que garantiu um caminho entre Damasco e Homs para as forças do regime .


VÍDEO 945 DO CANAL ARTE DA GUERRA – ISRAEL: A GUERRA DE ESPIONAGEM CONTRA O HEZBOLLAH


Analistas dizem que a experiência do Hezbollah nos combates na Síria o ajudou a se tornar uma força militar mais poderosa, mas enfrenta um sentimento crescente no Líbano de que o foco na guerra levou o grupo a negligenciar seus interesses domésticos. Além disso, o apoio do Hezbollah de muçulmanos sunitas no Líbano diminuiu com o apoio do grupo ao regime de Assad, que ameaça particularmente os muçulmanos sunitas. Nos últimos anos, extremistas sunitas cometeram ataques terroristas no Líbano, incluindo atentados suicidas em Beirute em 2015, reivindicados pelo autoproclamado Estado Islâmico. O envolvimento do Hezbollah na guerra também provocou Israel, que atingiu alvos na Síria que supostamente forneciam armas ao Hezbollah.

Classificação como grupo terrorista

Os Estados Unidos veem o Hezbollah como uma ameaça terrorista global. Os EUA classificaram o grupo como organização terrorista estrangeira em 1997, e vários membros individuais do Hezbollah, incluindo Nasrallah, são considerados terroristas globais especialmente designados, o que os sujeita a sanções dos EUA. O governo Barack Obama forneceu ajuda aos militares do Líbano com a esperança de diminuir a credibilidade do Hezbollah como força militar mais capaz do país. No entanto, os esforços paralelos da milícia e das forças libanesas para defender a fronteira síria do Estado Islâmico e de militantes da Al Qaeda deixaram o congresso hesitante em enviar mais ajuda, por medo de que o Hezbollah pudesse ser beneficiado.

Em 2015, o Congresso dos EUA aprovou a Lei de Prevenção de Financiamento Internacional do Hizballah (Hizballah International Financing Prevention Act), que sanciona instituições estrangeiras que usam contas bancárias nos EUA para financiar o grupo. Os legisladores a alteraram em 2018 para incluir outros tipos de atividades. Além disso, o governo Donald Trump sancionou alguns dos membros do Hezbollah no Parlamento, como parte de sua campanha de “pressão máxima” contra o Irã. Embora a abordagem de Trump atrapalhe a economia do Irã, analistas dizem que os cada vez mais autossuficientes proxies do país estão enfrentando o pior das sanções.

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A União Europeia adotou uma abordagem menos agressiva com o Hezbollah. O bloco designou o braço militar como grupo terrorista em 2013 devido ao seu envolvimento em um atentado à bomba na Bulgária e ao apoio ao regime de Assad, embora alguns estados da UE temam que a medida possa arranhar as relações com o Líbano e prejudicar a estabilidade na região. Em 2014, a agência de polícia da UE (Europol) e os EUA criaram um grupo conjunto para combater as atividades terroristas do Hezbollah na Europa.

O Hezbollah desprezou os países árabes sunitas do Golfo por suas alianças com os Estados Unidos e potências europeias. O Conselho de Cooperação do Golfo (GCC, Gulf Cooperation Council), composto pelos sete estados árabes do Golfo Pérsico menos o Iraque, considera o Hezbollah uma organização terrorista. Além disso, a Arábia Saudita e os Estados Unidos lideram o Centro de Ataque ao Financiamento ao Terrorismo (Terrorist Financing Targeting Center), criado em 2017 para interromper o fluxo de recursos para grupos apoiados pelo Irã como o Hezbollah.

Lideranças

Sayyad Abbas Musawi (da fundação até 16 de fevereiro de 1992): co-fundador e primeiro secretário-geral do Hezbollah. Foi morto em 1992 num ataque israelense que também matou outros seis militantes.

Hassan Nasrallah (desde 1992): atual secretário-geral, Nasrallah ingressou no movimento Amal aos quinze anos de idade durante a Guerra Civil Libanesa de 1975. Em 1982, Musawi deixou o Amal e Nasrallah o seguiu e ajudou a formar o Hezbollah. Assumiu a liderança do grupo a pedido do aiatolá Ali Khamenei do Irã após a morte de Musawi em 1992. Sob sua liderança, o Hezbollah tornou-se um sério oponente das forças israelenses no sul do Líbano; acredita-se que Nasrallah afetou significativamente a decisão de Israel de retirar-se do Líbano em 2000. Em 2013 apoiou o regime de Assad na Guerra Civil Síria, enviando soldados do Hezbollah para lutar naquela guerra. Desde 2018 Nasrallah aparece pouco, o que tem levado a especulações sobre seu estado de saúde.

Imad Mughniyeh (de 1983 a 12 de fevereiro de 2008): foi comandante militar sênior do Hezbollah e responsável por vários ataques no exterior. Morreu em um carro-bomba em 2008, numa ação que teria sido realizada pela inteligência israelense em coordenação com a CIA.

Mustafa Badr al-Din (de 2008 a 10 de maio de 2016): substituiu Imad Mughniyeh como comandante militar do Hezbollah. Foi morto na Síria em 10 de maio de 2016 numa explosão no aeroporto de Damasco, em circunstâncias ainda não esclarecidas; algumas fontes alegam que foi ação da artilharia rebelde, enquanto outras indicam um ataque de míssil israelense.


VÍDEO 946 DO CANAL ARTE DA GUERRA – HEZBOLLAH: A GUERRA DE ESPIONAGEM CONTRA ISRAEL


Naim Qassem (desde 1992): vice-chefe do Hezbollah desde 1992, é membro da organização desde 1982. Publicou uma história do Hezbollah em 2004 que incluía um relato autobiográfico de seu próprio papel na organização; a publicação foi traduzida para vários idiomas. É a principal personalidade pública do grupo desde 2018 quando Nasrallah reduziu suas aparições.

Talal Hamiyah (atual): líder da Organização de Segurança Externa (ESO, External Security Organization), anteriormente administrada por Mughniyeh. Acredita-se que Hamiyah esteja por trás do ataque ao centro judeu na Argentina que matou 85 pessoas em 1994. Desde então não houveram ataques especificamente atribuídos à ESO, mas Israel acredita que Hamiyah pode estar recrutando células globais do Hezbollah na Europa, na América do Sul e na África.

Ali Musa Daqduq (desde 1983): também conhecido pelo pseudônimo Abu Hussein Sajed, lidera os esforços do Hezbollah na construção de uma campanha ofensiva nas colinas de Golã. Esteve envolvido no combate às forças israelenses no sul do Líbano em 1983. Mais tarde foi enviado ao Iraque para ajudar as milícias xiitas nas operações contra as forças dos EUA. É procurado pelos Estados Unidos por orquestrar um ataque em Karbala, no Iraque, que resultou na morte de cinco soldados americanos em 2007. Atua desde 2019 como comandante da rede Hezbollah nas colinas de Golã.

Efetivos estimados

  • 2006: 3.000 combatentes em período integral e parcial (Jane’s Intelligence Review).
  • 2008: Cerca de 1.000 membros do núcleo e entre 3.000 e 10.000 da reserva (National Consortium for the Study of Terrorism and Responses to Terrorism).
  • 2015: Nawwaf Moussawi, parlamentar do Hezbollah, registrou que os membros do grupo “aumentaram significativamente” desde a guerra com Israel de 2006.
  • 2017: 25.000 combatentes totalmente treinados e ativos, com um número estimado de 20.000 a 30.000 reservistas (Jane’s Intelligence Review).
  • 2019: 7.000 a 10.000 combatentes apenas na Síria (Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais).

De acordo com a IDF, o arsenal do Hezbollah dispõe de 120.000 a 130.000 mísseis, incluindo artefatos de longo alcance capazes de atingir todo o território de Israel, além de armas antitanque sofisticadas, veículos aéreos não tripulados, mísseis antinavio e sistemas antiaéreos avançados.

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Tendências

Especialistas dizem que a rede internacional do Hezbollah está em expansão, mas que o grupo não está ansioso por uma guerra direta com Israel ou os Estados Unidos, apontando para sua resposta silenciosa a um ataque de drones israelenses a Beirute em agosto de 2019. Em vez disso, alguns analistas dizem que o Hezbollah preferiria confiar em operações secretas e atividades terroristas, especialmente se Israel ou os Estados Unidos declarassem guerra ao Irã.

As relações EUA-Irã pioraram ainda mais depois do ataque dos EUA em janeiro de 2020 que matou Qassem Soleimani, chefe da Força Quds do IRGC, responsável pelas operações externas do corpo. Em resposta, Nasrallah prometeu que o Hezbollah atacaria as forças dos EUA, mas não atingiria civis americanos.

Enquanto isso, o Hezbollah sente uma ameaça mais premente em seu próprio quintal. A formação de um governo apoiado pelo Hezbollah em janeiro de 2020 falhou em apaziguar os manifestantes antiestablishment, que viram isso como uma vitória para as elites entrincheiradas do país. As manifestações continuaram, mas os especialistas suspeitam que o Hezbollah não apoie as demandas dos manifestantes por temer que um novo governo politicamente independente enfraqueça o poder do grupo e o force a se desarmar. Alguns argumentam que o movimento de protesto poderia minar a influência do Hezbollah mais efetivamente do que qualquer política dos EUA, abrindo uma enxurrada de críticas ao grupo e potencialmente reinventando o sistema de governo que ele se tornou especialista em explorar.


VÍDEO 947 DO CANAL ARTE DA GUERRA – HEZBOLLAH VERSUS ISRAEL: ANÁLISE DE FORÇAS E FRAQUEZAS


Fontes

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*Albert Caballé Marimón possui formação superior em marketing, é fotógrafo profissional e editor do blog Velho General. Já atuou na cobertura de eventos como a Feira LAAD, o Exercício CRUZEX e a Operação Acolhida. É colaborador da revista Tecnologia & Defesa e do Canal Arte da Guerra, onde, entre outras atividades, mantém uma resenha semanal de filmes e documentários militares. Pode ser contatado através do e-mail caballe@gmail.com.


 

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8 comentários

  1. Muito bom , e de fácil leitura , agora meu amigo Velho General , voce acha que com esse avanço que o Hesbollah teve em táticas e mais ainda a moral deles que cresceu muito na guerra da Siria , podem de alguma forma implementar ações mais orquestradas contra o dominio sionista .

  2. Nobre velho general, adsumus!
    Apenas uma pequena correção o significado da palavra Herzballah, Herb = soldados Allah = Deus então soldados de Deus… Para integrar ao Herzballah, tem que ser voluntário, o mesmo é investigado e analisando por um bom tempo para ser aceito. Não é algo absurdo ou tão desconhecido que Israel tem um grande interesse territorial pelo sul do Líbano, por suas montanhas nevadas, de onde surgem grande parte das nascentes de água que abastecem a região é bom dar ênfase ao ato predatório de territórios por Israel (vide a expansão israelense de 1948 até os dias atuais). É fato que se não fosse o Herzballah, o Líbano já teria perdido parte do seu território.

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