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Albert-VF1 Tradução e adaptação: Albert Caballé Marimón*

Original em inglês: BBC News

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Manifestante segura uma bandeira libanesa em Beirute, 25 de outubro de 2019 (Foto: AP/Hassan Ammar).

Com alta taxa de alfabetização e cultura mercantil, tradicionalmente o Líbano tem sido um importante centro comercial para o Oriente Médio.


O país está frequentemente no centro dos conflitos do Oriente Médio, apesar de seu tamanho reduzido, devido às fronteiras com a Síria e Israel e sua composição comunitária complexa e singular. Muçulmanos xiitas, sunitas, cristãos e drusos são os principais grupos populacionais de um país que é refúgio para as minorias da região há séculos.

Líderes

Presidente: Michel Aoun

Michel Aoun foi eleito pelo parlamento em outubro de 2016, encerrando um impasse político que deixava o país sem chefe de estado desde maio de 2014. Aoun é fundador do partido político cristão maronita, o Movimento Livre Patriótico (FPM, Free Patriotic Movement). Foi comandante-em-chefe do exército de 1984 a 1989 e foi nomeado primeiro ministro do governo militar interino em 1988.

Ele lançou uma “guerra de libertação” mal sucedida contra a presença de forças sírias em 1989 e fugiu para a França em 1990. Quando as tropas sírias partiram em 2005, ele voltou a formar uma aliança com partidos pró-Síria.

Primeiro-ministro: Hassan Diab

Hassan Diab, muçulmano sunita, nasceu em Beirute em 1959. É formado em engenharia na Inglaterra. Antes de primeiro-ministro, foi Ministério da Educação no mandato do Presidente Michel Suleiman.

É primeiro-ministro desde 21 de janeiro de 2020, apontado para o cargo pelo presidente Michel Aoun após uma coalizão de formação de gabinete.

Dados básicos

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Linha do Tempo

1516-1918 – O Líbano é parte do Império Otomano.

Setembro de 1920 – A Liga das Nações concede o mandato do Líbano e da Síria à França, que cria o Estado do Grande Líbano a partir de províncias do Monte Líbano, norte e sul do Líbano e do Bekaa.

Maio de 1926 – o Conselho Representativo Libanês aprova uma constituição e é declarada a República Libanesa unificada sob o mandato francês.

Março de 1943 – As fundações do estado são estabelecidas em um Pacto Nacional não escrito que usa o censo de 1932 para distribuir assentos no parlamento em uma proporção de seis a cinco em favor dos cristãos. Mais tarde, isso é estendido a outras repartições públicas. O presidente deve ser um cristão maronita, o primeiro ministro um muçulmano sunita e o presidente da Câmara dos Deputados um muçulmano xiita.

Independência

1944 – A França concorda em transferir o poder ao governo libanês em 1º de janeiro.

1958 – Diante da crescente oposição que se transforma em guerra civil, o presidente Camille Chamoune pede aos EUA que enviem tropas para preservar a independência do Líbano. Os EUA enviam fuzileiros navais.

Junho de 1967 – O Líbano não desempenha nenhum papel ativo na guerra árabe-israelense, mas é afetado pelas consequências quando os palestinos usam o Líbano como base para ataques a Israel.

Guerra civil

Abril de 1975 – Falangistas armados emboscam um ônibus no distrito de Ayn-al-Rummanah, em Beirute, matando 27 passageiros, principalmente palestinos. Os falangistas afirmam que guerrilheiros haviam atacado uma igreja no mesmo distrito. Esses confrontos iniciam a guerra civil.

Junho de 1976 – tropas sírias entram no Líbano para restaurar a paz e também para conter os palestinos, milhares dos quais são mortos em um cerco ao campo de Tel al-Zaatar por milícias cristãs aliadas à Síria em Beirute. Estados árabes aprovam a presença síria como força dissuasora árabe em outubro.

1978 – Em represália a um ataque palestino, Israel lança uma grande invasão no sul do Líbano. Ele se retira exceto por uma estreita faixa de fronteira, que entrega não à Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL), mas a seu proxy Exército do Sul do Líbano, composto principalmente por milícias cristãs.

Invasão israelense

Junho de 1982 – Após a tentativa de assassinato do embaixador de Israel na Grã-Bretanha por um grupo dissidente palestino, Israel lança uma invasão em larga escala ao Líbano.

Setembro de 1982 – O presidente eleito pró-Israel Bachir Gemayel é assassinado. Israel ocupa o oeste de Beirute, onde a milícia falangista mata milhares de palestinos nos campos de Sabra e Shatila. O irmão mais velho de Bachir, Amine, é eleito presidente. Uma força de paz composta principalmente pelos EUA, França e Itália chega a Beirute.

1983 – Um ataque suicida à embaixada dos EUA mata 63 pessoas em abril, e outro em outubro na sede das forças de paz mata 241 militares americanos e 58 franceses. Tropas dos EUA se retiram em 1984.

1985 – Maioria das tropas de Israel se afasta da “zona de segurança” do SLA no sul.

Dois governos, um país

1988 – A presidente de saída, Amine Gemayel, nomeia um governo militar interino sob o comando do comandante-chefe maronita Michel Aoun, no leste de Beirute, quando as eleições presidenciais não produzem um sucessor. O primeiro-ministro Selim el-Hoss forma uma administração rival principalmente muçulmana no oeste de Beirute.

1989 – O Parlamento se reúne em Taif, na Arábia Saudita, para endossar uma Carta de Reconciliação Nacional, transferindo grande parte da autoridade do presidente ao gabinete e aumentando o número de deputados muçulmanos.

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Fim da guerra civil

Outubro de 1990 – A força aérea síria ataca o Palácio Presidencial de Baabda e Aoun foge. Isso encerra formalmente a guerra civil.

1991 – A Assembleia Nacional ordena a dissolução de todas as milícias, exceto o poderoso grupo xiita Hezbollah. O Exército do Líbano do Sul (SLA, South Lebanon Army) recusa-se a se dissolver. O exército libanês derrota a OLP (Organização para Libertação da Palestina) e assume o porto de Sidon, no sul.

1992 – Após as eleições de agosto e setembro, as primeiras desde 1972, o rico empresário Rafik Hariri se torna primeiro-ministro.

Abril de 1996 – “Operação Vinhas da Ira”, na qual os israelenses bombardeiam bases do Hezbollah no sul do Líbano, sul de Beirute e no vale de Bekaa. A base da ONU em Qana é atingida, matando mais de cem civis deslocados. É criado o Grupo de Monitoramento Israel-Líbano, com membros dos EUA, França, Israel, Líbano e Síria, para monitorar a trégua.

Retirada de Israel

Maio de 2000 – Após colapso do SLA e rápido avanço das forças do Hezbollah, Israel retira tropas do sul do Líbano mais de seis semanas antes do prazo de julho.

2004 – A resolução do Conselho de Segurança da ONU, dirigida à Síria, exige que tropas estrangeiras deixem o Líbano. A Síria rejeita a ação. O Parlamento estende o mandato do Presidente Emile Lahoud por três anos. Semanas de impasse político terminam com a saída inesperada de Rafik Hariri – que inicialmente se opusera à extensão – como primeiro ministro.

Hariri assassinado

Fevereiro de 2005 – Rafik Hariri é morto por um carro bomba em Beirute. O ataque desencadeou comícios anti-Síria e a renúncia do gabinete do primeiro-ministro Omar Karami. Apelos para que a Síria retire suas tropas se intensificam até a partida de suas forças em abril. Assassinatos de figuras anti-Síria tornam-se uma característica da vida política.

Junho de 2005 – A Aliança anti-Síria liderada por Saad Hariri ganha o controle do parlamento nas eleições. O aliado de Hariri, Fouad Siniora, torna-se primeiro ministro.

Setembro de 2005 – Quatro generais pró-Síria são acusados ​​do assassinato de Rafik Hariri.

Hezbollah e Hariri

Julho-agosto de 2006 – Israel ataca depois que o Hezbollah sequestra dois soldados israelenses. As baixas civis são altas e os danos à infraestrutura civil aumentam muito em 34 dias de guerra. A força de paz da ONU se posiciona ao longo da fronteira sul, seguida pelas tropas libanesas pela primeira vez em décadas.

Novembro de 2006 – Ministros do Hezbollah e do movimento Amal renunciam pouco antes de o gabinete aprovar os planos da ONU de um tribunal para julgar suspeitos na morte do ex-primeiro ministro Hariri.

Maio-setembro de 2007 – Cerco ao campo de refugiados palestinos Nahr al-Bared após confrontos entre militantes islâmicos e militares. Mais de 300 pessoas morrem e 40.000 moradores fogem antes que o exército ganhe o controle do campo.

Maio de 2007 – O Conselho de Segurança da ONU vota a criação de um tribunal para julgar suspeitos do assassinato do ex-primeiro-ministro Hariri.

Deténte síria

Maio de 2008 – O Parlamento elege o chefe do exército Michel Suleiman como presidente, encerrando o impasse político de seis meses. O general Suleiman renomeia Fouad Siniora como primeiro ministro do governo de unidade nacional.

Outubro de 2008 – O Líbano estabelece relações diplomáticas com a Síria pela primeira vez desde que os dois países se tornaram independentes na década de 1940.

Março-abril de 2009 – Um tribunal internacional para julgar supostos assassinos do ex-primeiro ministro Hariri é estabelecido em Haia. O ex-oficial de inteligência sírio Mohammed Zuhair al-Siddiq é preso por ligação com assassinatos e quatro generais libaneses pró-Síria presos desde 2005 foram libertados depois que o tribunal decide que não há provas suficientes para condená-los.

Governo de unidade

Junho de 2009 – A aliança pró-ocidental de 14 de março vence as eleições parlamentares e Saad Hariri forma o governo de unidade.

Outubro de 2010 – O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, pede ao Líbano que boicote o tribunal da ONU sobre Hariri, dizendo que está “em aliança com Israel”.

Janeiro de 2011 – O governo entra em colapso depois que o Hezbollah e os ministros aliados renunciam.

Junho de 2011 – Najib Mikati forma um gabinete dominado pelo Hezbollah. O Tribunal Especial da ONU para o Líbano emite quatro mandados de prisão pelo assassinato de Rafik Hariri. Os acusados ​​são membros do Hezbollah, que afirma que não permitirá sua prisão.

Verão de 2012 – O conflito sírio que iniciou em março de 2011 se estende ao Líbano em confrontos mortais entre muçulmanos sunitas e alawitas em Trípoli e Beirute.

Outubro de 2012 – O chefe de segurança Wissam al-Hassan é morto em um atentado a bomba. A oposição culpa a Síria.

Dezembro de 2012 – Sequencia de vários dias de combates mortais entre apoiadores e oponentes do presidente sírio em Trípoli. A ONU elogia as famílias libanesas por terem acolhido mais de um terço dos 160 mil refugiados sírios que chegaram ao país.

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Tensão nas fronteiras

Março de 2013 – Aviões e helicópteros sírios disparam foguetes no norte do Líbano, dias depois de Damasco alertar Beirute para impedir que militantes cruzem a fronteira para combater as forças do governo sírio. O governo de Najib Mikati renuncia em meio a tensões nas próximas eleições.

Abril de 2013 – O político muçulmano sunita Tammam Salam é encarregado de formar um novo governo.

Maio de 2013 – Pelo menos dez pessoas morrem em novos confrontos sectários em Trípoli entre apoiadores e oponentes do regime sírio. O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, promete vitória na Síria. O Parlamento vota adiamento das eleições de junho para novembro de 2014 por preocupações de segurança com o conflito na Síria.

Junho de 2013 – Várias pessoas são mortas em confrontos entre rebeldes sírios e o Hezbollah no Líbano. Pelo menos 17 soldados libaneses são mortos em confrontos com militantes sunitas na cidade portuária de Sidon.

Julho de 2013 – a União Europeia classifica o braço militar do Hezbollah como uma organização terrorista. Isso faz com que seja ilegal que simpatizantes do Hezbollah na Europa enviem dinheiro ao grupo e permite o congelamento dos ativos do grupo em países europeus.

Agosto de 2013 – Dezenas de pessoas são mortas em ataques a bomba em duas mesquitas em Trípoli. Os ataques, que estão ligados às tensões sobre o conflito sírio, são os mais mortais no Líbano desde o final da guerra civil em 1990.

Crise dos refugiados

Setembro de 2013 – A agência de refugiados das Nações Unidas diz que existem pelo menos 700.000 refugiados sírios no Líbano.

Novembro de 2013 – Um duplo atentado suicida diante da embaixada iraniana em Beirute mata pelo menos 22 pessoas. É um dos piores ataques no sul xiita de Beirute desde que o conflito na Síria começou.

Dezembro de 2013 – O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, diz que os serviços de inteligência sauditas estavam por trás dos atentados do lado de fora da embaixada iraniana em Beirute. O principal comandante do Hezbollah, Hassan Lakkis, é morto a tiros perto de Beirute. O Hezbollah acusa Israel de assassiná-lo. Israel nega qualquer envolvimento. O ex-ministro libanês e membro da oposição Mohamad Chatah – muçulmano sunita que também foi crítico do presidente sírio Bashar al-Assad – é morto por um carro-bomba no centro de Beirute.

Fevereiro de 2014 – O político muçulmano sunita Tammam Salam finalmente monta um novo gabinete de compartilhamento de poder após dez meses de negociações.

Abril de 2014 – A ONU anuncia que o número de refugiados sírios registrados no Líbano ultrapassou um milhão. O fluxo acelerado significa que uma em cada quatro pessoas que vivem no Líbano é agora um refugiado do conflito sírio.

Maio de 2014 – O Presidente Suleiman encerra seu mandato, deixando um vácuo de poder. Nos meses seguintes há diversas tentativas no parlamento para escolher um sucessor.

Agosto de 2014 – rebeldes sírios invadem a cidade fronteiriça de Arsal. Eles se retiram depois de serem desafiados pelos militares, mas levam trinta soldados e policiais em cativeiro.

Setembro de 2014 – O primeiro-ministro Salam apela a líderes mundiais na ONU por ajuda ao Líbano para enfrentar um “ataque terrorista” e a onda de refugiados da Síria.

Outubro de 2014 – Confrontos em Trípoli entre o exército e pistoleiros islâmicos, na esteira da violência do conflito sírio.

Novembro de 2014 – o Parlamento estende seu próprio mandato para 2017, citando preocupações de segurança relacionadas à Síria.

Janeiro de 2015 – Israel lança ataques aéreos no lado sírio do Golã, matando combatentes do Hezbollah e um general iraniano. Vários confrontos ocorrem na fronteira entre Israel e Líbano. Há novas restrições à entrada de sírios no Líbano, retardando ainda mais o fluxo de pessoas que tentam escapar da guerra.

Junho de 2016 – Atentados suicidas em Al-Qaa, supostamente por cidadãos sírios, agravam as já tensas relações entre libaneses e um milhão de refugiados sírios no país.

Junho de 2017 – Nova lei eleitoral é aprovada no Parlamento depois de muito atraso.

Outono de 2019 – O primeiro–ministro Saad Hariri renuncia em meio a protestos em massa contra a estagnação econômica e a corrupção.

Janeiro de 2020 – Protestos continuam paralisando o país; no dia 21, Hassan Diab assume como primeiro-ministro.

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*Albert Caballé Marimón possui formação superior em marketing, é fotógrafo profissional e editor do blog Velho General. Já atuou na cobertura de eventos como a Feira LAAD, o Exercício CRUZEX e a Operação Acolhida. É colaborador da revista Tecnologia & Defesa e do Canal Arte da Guerra, onde, entre outras atividades, mantém uma resenha semanal de filmes e documentários militares. Pode ser contatado através do e-mail caballe@gmail.com.


 

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2 comentários

  1. Perfil histórico de uma nação, como o próprio livro citado o diz, “uma país em fragmentos” ou “fragmentado”. Daí vem a reflexão: a democracia ocidental é realmente a única fórmula de sucesso para governar-se um país? Forte abraço!

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