Irã admite abate acidental da aeronave ucraniana

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Por Albert Caballé Marimón* 

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Equipes de busca e resgate trabalham nos destroços do Boeing 737 da Ukraine International Airlines que caiu no Irã na quarta-feira (Foto: Fatemeh Bahrami/Anadolu/Getty Images).

Na última quarta-feira um Boeing 737, operado pela Ukrainian International Airlines, caiu nos arredores de Teerã logo após a decolagem do Aeroporto Internacional Imam Khomeini, em Teerã. O avião, que seguia para Kiev, capital da Ucrânia, levava nove tripulantes e 167 passageiros de diversas nacionalidades, incluindo 82 iranianos, 63 canadenses e onze ucranianos. Não houve sobreviventes.

Imediatamente surgiram rumores que a aeronave teria sido abatida por um sistema antiaéreo iraniano. Na quinta-feira os EUA, Grã-Bretanha e Canadá afirmaram ser altamente provável a derrubada da aeronave pelo Irã; Justin Trudeau, o primeiro-ministro canadense, afirmou que possuía inteligência de várias fontes, incluindo canadenses e de aliados.

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Acredita-se que o avião foi abatido por um míssil disparado por um sistema russo Tor, conhecido pela OTAN como SA-15. Autoridades dos EUA não especificaram as fontes, mas especula-se que satélites e outros sensores na região teriam detectado o lançamento do míssil.

O Irã inicialmente negou veementemente todas as acusações e, na quinta-feira, divulgou um relatório preliminar de investigação que dizia que os pilotos do avião ucraniano não fizeram nenhum pedido de ajuda por rádio e que a aeronave tentava retornar ao aeroporto quando caiu em chamas, sugerindo que a queda teria ocorrido por uma emergência repentina causada por dificuldades técnicas minutos depois da decolagem. Contrariando normas internacionais, o Irã negou o envio da caixa preta à Boeing, fabricante da aeronave, e disse que não permitiria que a empresa participasse da investigação da queda.

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9K330 Tor, vista traseira do chassi (Foto: Vitaly V. Kuzmin/Wikimedia Commons/CC BY-SA 4.0).

Admissão de culpa

Esta manhã (sábado), um comunicado iraniano admitiu que seus militares derrubaram o avião ucraniano “sem querer”; uma declaração divulgada pela mídia estatal do país informou que o avião foi confundido com um alvo hostil por ter se voltado para um “centro militar sensível” da Guarda Revolucionária Islâmica na região e que, em meio às tensões com os EUA, as forças armadas estavam em seu mais alto nível de prontidão.

“Em tal condição, por causa de erro humano e de maneira não intencional, o voo foi atingido”, prosseguiu o comunicado, pedindo desculpando-se pelo desastre e dizendo que seus sistemas e procedimentos seriam atualizados para evitar esse tipo de erro no futuro.

A nota acrescentou ainda que os responsáveis enfrentariam a justiça militar imediatamente e enfatizou que seriam realizadas reformas fundamentais nos processos operacionais das forças armadas que tornarão impossível a repetição de um erro desse tipo.

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Javad Zarif, disse no Twitter que “um erro humano em tempos de crise causada pelo aventureirismo americano levou ao desastre”, apresentando condolências: “nosso profundo pesar, desculpas e condolências ao nosso povo, às famílias de todas as vítimas e a outras nações afetadas”.

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Também no Twitter, Hassan Rouhani, presidente iraniano, afirmou que as investigações continuam, classificando a tragédia de “erro imperdoável”.

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O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou, ainda no Twitter, que a Ucrânia insiste em admissão total da culpa, e que espera que o Irã leve os responsáveis à justiça, devolva os corpos, pague indenizações e faça um pedido oficial de desculpas.

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No Canadá, Justin Trudeau publicou no Twitter que as famílias das vítimas merecem respostas e informou que se reuniu com os ministros da defesa, das relações exteriores e com o Grupo de Resposta a Incidentes para discutir a situação.

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Especula-se que a admissão de responsabilidade pela tragédia poderia inflamar o sentimento público, tanto pela comoção com a morte de Qassem Suleimani, que era uma figura popular, como por ressentimentos pela repressão do governo a protestos no final do ano passado provocados pela deterioração da situação econômica, quando centenas de manifestantes foram mortos.


ASSISTA AO VÍDEO 922 DO CANAL ATE DA GUERRA: SISTEMA M1 TOR DO IRÃ: ALGUMAS PERGUNTAS



*Albert Caballé Marimón possui formação superior em marketing, é fotógrafo profissional e editor do blog Velho General. Já atuou na cobertura de eventos como a Feira LAAD, o Exercício CRUZEX e a Operação Acolhida. É colaborador da revista Tecnologia & Defesa e do Canal Arte da Guerra, onde, entre outras atividades, mantém uma resenha semanal de filmes e documentários militares. Pode ser contatado através do e-mail caballe@gmail.com.


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11 comentários

  1. Ainda que admita-se a culpa, vidas humanas não serão trazidas de volta. Se a situação do regime já era ruim, tende a piorar. A falta de alternância no poder leva a este visível desgaste, no nível da política interna e externa. Forte abraço!

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