Morte de Suleimani: atualizações

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Por Albert Caballé Marimón*

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Manifestantes em Teerã, em 3 de janeiro de 2020, seguram imagem de Qassem Suleimani durante uma manifestação após o ataque aéreo dos EUA no Iraque que o matou (Foto: Ali Mohammadi/Bloomberg).

Novos ataques aéreos?

Tem sido reportado que no dia seguinte à morte de Suleimani teria ocorrido um novo ataque aéreo no Iraque; tal ataque teria feito ao menos seis vítimas. A televisão estatal do Iraque informou que o ataque ocorreu em Taji, ao norte de Bagdá, e teria como alvo o comboio de uma milícia apoiada pelo Irã. As PMF (Forças de Mobilização Popular) do Iraque também teriam informado que um ataque aéreo contra seus combatentes atingiu um comboio médico em Taji.

No entanto, de acordo com a Reuters, a própria PMF emitiu outra declaração mais tarde informando que nenhum comboio médico foi atingido em Taji. A coalizão liderada pelos EUA no Iraque, que luta contra o ISIL (ISIS) também nega qualquer ataque na região, e afirmou no sábado que não realizou nenhum ataque aéreo perto de Taji.

Substituto de Suleimani

Com a morte de Suleimani, líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, nomeou o brigadeiro-general Esmail Ghaani como seu substituto, segundo informado pela Bloomberg e pela Reuters, citando a agência de notícias semioficial Fars; Ghaani era o vice-comandante da Força Quds.

O Aiatolá Khamenei afirmou que o programa da Força Quds não sofrerá nenhuma alteração. Ghaani é vice-comandante da unidade, desde 1997, quando Suleimani se tornou o comandante. A mídia iraniana destacou Ghaani em 2017, quando ele afirmou que “as ameaças do presidente dos EUA, Donald Trump, contra o Irã danificarão a América… nós enterramos muitos… como Trump e sabemos como lutar contra a América”.

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Brigadeiro-general Esmail Ghaani, o recém-nomeado comandante da Força Quds (Foto: Tasnim News Agency/Handout via Reuters).

Reações internacionais

O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, conversou com aliados europeus na sexta-feira e disse no Twitter que os EUA “continuam comprometidos com a redução da escalada”. Os aliados europeus dos EUA discretamente apoiam a ação, ao mesmo tempo em que pedem moderação a ambos os países para evitar uma escalada mais séria. Já os aliados do Irã alertam que a morte de Suleimani pode levar a conflitos.

Irã

O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, declarou três dias de luto nacional para marcar a morte do líder da Força Quds e ameaçou retaliação severa contra os “criminosos que mataram Qassem Suleimani”.

Segundo a Reuters, o general Gholamali Abuhamzeh, comandante do Corpo da Guarda Revolucionária Iraniana na província de Kerman, no sul do Irã, afirmou que cerca de 35 alvos dos EUA no Oriente Médio e em Tel Aviv estão ao alcance de Teerã para vingar a morte do general Qassem Suleimani.

Ele acrescentou que “o Estreito de Ormuz é um ponto vital para o Ocidente e um grande número de destróieres e navios de guerra americanos passam por lá… alvos vitais americanos na região foram identificados pelo Irã há muito tempo”.

Segundo a Radio Free Europe, a mídia iraniana noticiou que o Ministério das Relações Exteriores convocou o encarregado de negócios suíço, cujo país representa os interesses dos EUA no Irã na ausência de relações diplomáticas formais entre os países, e o informou de seu protesto. “Ele foi informado de que a decisão de Washington é um exemplo flagrante de terrorismo de Estado e o regime dos EUA é responsável por todas as suas consequências”.

De acordo com a Reuters, a agência de notícias iraniana IRNA citou o ministro da Defesa Amir Hatami dizendo que Teerã iria extrair “uma vingança esmagadora” pela morte de Suleimani.

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O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, prometeu retaliações pela morte de Suleimani (Foto: Iranian Supreme Leader’s Website/AFP/CP).

Nações Unidas

Farhan Haq, porta-voz do secretário geral da ONU, afirmou que Antonio Guterres está profundamente preocupado com o aumento das tensões no Oriente Médio: “o secretário-geral tem defendido consistentemente a redução da escalada no Golfo”, acrescentando que “este é um momento em que os líderes devem exercer o máximo de contenção. O mundo não pode permitir outra guerra no Golfo”.

OTAN

A aliança militar informou que está acompanhando a situação no Iraque. O porta-voz Dylan White disse à agência AFP que “a OTAN está monitorando a situação na região de muito perto. Continuamos em contato próximo e regular com as autoridades dos EUA”.

Ele afirmou que “a pedido do governo iraquiano, a missão de treinamento da OTAN no país está ajudando a fortalecer as forças iraquianas e impedir o retorno do ISIS”, acrescentando que “a segurança de nosso pessoal no Iraque é fundamental. Continuamos a tomar todas as precauções necessárias”.

Grã-Bretanha

A Grã-Bretanha pediu diminuição na tensão. O secretário de Relações Exteriores britânico, Dominic Raab, disse que “sempre reconhecemos a ameaça agressiva da Força Quds iraniana liderada por Qassem Suleimani“, e acrescentou que “após sua morte, pedimos a todas as partes que reduzam a escala. Mais conflitos não são do nosso interesse”.

França

Amelie de Montchalin, secretária de estado francesa para Assuntos Europeus, disse à rádio RTL na sexta-feira que “o que está acontecendo é o que temíamos: as tensões entre os Estados Unidos e o Irã estão aumentando”, acrescentando que a prioridade da França é estabilizar o Oriente Médio. Segundo ela, “acordamos em um mundo mais perigoso. A escalada militar é sempre perigosa”.

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Alemanha

Ulrike Demmer, porta-voz de Angela Merkel, chanceler alemã, pediu moderação, afirmando que “estamos num ponto perigoso de escalada. Agora é importante, por prudência e contenção, contribuir para a redução de escalada”.

A ministra das Relações Exteriores, Heiko Maas, afirmou que “estamos fazendo uso de nossos canais diplomáticos com o Irã e outros estados da região”. Ela acrescentou que está trabalhando em coordenação com os parceiros europeus, dizendo que “mantivemos contato próximo com nossos parceiros britânicos e franceses e com outros países europeus sobre como podemos trabalhar da melhor maneira para acalmar a situação”.

Israel

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que, ao matar Suleimani, os EUA exerceram seu direito de defesa: “assim como Israel tem o direito de legítima defesa, os Estados Unidos têm exatamente o mesmo direito“, disse em comunicado divulgado por seu escritório na sexta-feira. O comunicado acrescenta ainda que “Qassem Suleimani é responsável pela morte de cidadãos americanos e muitas outras pessoas inocentes. Ele estava planejando mais ataques desse tipo”.

Netanyahu, que estava em viagem à Grécia, disse a repórteres que “o presidente Trump merece todo o crédito por agir com rapidez, força e decisão“, antes de embarcar em um avião de volta a Jerusalém. Segundo ele, “Israel está com os Estados Unidos em sua justa luta por paz, segurança e autodefesa”.

Mas, ao mesmo tempo, Netanyahu instruiu seus ministros a não discutir a morte de Suleimani publicamente, provavelmente devido ao medo de uma retaliação; A Força Quds e as milícias apoiadas pelo Irã na Síria estão em uma guerra por procuração com Israel, e no Líbano, o Hezbollah, apoiado pelo Irã, tem mais de cem mil foguetes capazes de atingir o país.

Iraque

De acordo com a Al Jazeera, o primeiro ministro interino do Iraque, Adel Abdul Mahdi, condenou o ataque, que classificou como uma “agressão ao Iraque que desencadearia uma guerra devastadora”. Em comunicado, ele afirmou que “o assassinato de um comandante militar iraquiano é uma agressão ao Iraque como estado, governo e povo”.

Mahdi acrescentou ainda que “realizar operações de liquidação física contra figuras iraquianas importantes ou de um país irmão em terras iraquianas é uma violação flagrante da soberania do Iraque e uma escalada perigosa que desencadeia uma guerra destrutiva no Iraque, na região e no mundo”. Ele afirmou ainda que o ataque também foi uma “violação flagrante das condições que autorizam a presença de tropas americanas” em solo iraquiano.

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Hezbollah

O líder do Hezbollah, Sayyed Hassan Nasrallah, pediu vingança pela morte de Suleimani, dizendo, através de um comunicado, que “determinar a punição apropriada para esses assassinos criminosos será responsabilidade e tarefa de todos os combatentes da resistência em todo o mundo”.

Hamas

O Hamas divulgou um comunicado em que afirma que “Suleimani era um dos principais oficiais do exército iraniano e tinha um papel importante no apoio à resistência palestina”. O comunicado continua dizendo que “condenamos esses crimes americanos contínuos semeando tensões na região a serviço do inimigo israelense”.

Turquia

De acordo com o Al-Monitor, dezoito horas após o ataque, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan ainda não havia se manifestado. No entanto, o porta-voz presidencial Ibrahim Kalin pediu que “todos os lados se mantenham calmos e evitem medidas que alimentem as tensões”. As reações de Ancara foram cautelosas e preocupadas, sugerindo que a diplomacia seja usada após a morte de Suleimani. Uma declaração do Ministério das Relações Exteriores turco observou que “a Turquia sempre se opôs à intervenção estrangeira, assassinatos e conflitos sectários na região”.


Assista ao Vídeo 903 do Canal ARTE DA GUERRA – General Qassem Soleimani: articulista militar explica os fatores que levaram ao ataque americano


China

Segundo a Al Jazeera, a China apelou à contenção dos envolvidos, especialmente dos Estados Unidos. Em sua entrevista coletiva diária, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Geng Shuang, disse que “pedimos aos lados relevantes, especialmente os Estados Unidos, que mantenham a calma e exercitem restrições para evitar tensões crescentes”.

Rússia

Moscou alertou que a morte de Suleimani aumentaria as tensões no Oriente Médio. Segundo as agências de notícias RIA Novosti e TASS, o Ministério das Relações Exteriores emitiu declaração condenando o ato, afirmando que “a decisão de Washington está repleta de graves consequências para a paz e a estabilidade regional. Consideramos essas ações prejudiciais para encontrar soluções para problemas complexos do Oriente Médio e, em vez disso, contribuindo para a escalada da violência”. A declaração acrescenta ainda que “o assassinato de Suleimani foi um passo aventureiro que aumentará as tensões em toda a região”, e que “Suleimani serviu à causa da proteção dos interesses nacionais do Irã com devoção. Expressamos nossas sinceras condolências ao povo iraniano”.

Síria

Acusando Washington de alimentar conflitos no Oriente Médio, um funcionário do Ministério das Relações Exteriores sírio afirmou, de acordo com a agência de notícias estatal SANA (via Al Jazeera), que a Síria “está certa de que essa covarde agressão norte-americana só fortalecerá a determinação de seguir o caminho dos líderes martirizados da resistência”. Ele disse que os assassinatos são “uma grave escalada da situação” e acusou os EUA de recorrerem a “métodos das quadrilhas criminosas”.



*Albert Caballé Marimón possui formação superior em marketing, é fotógrafo profissional e editor do blog Velho General. Já atuou na cobertura de eventos como a Feira LAAD, o Exercício CRUZEX e a Operação Acolhida. É colaborador da revista Tecnologia & Defesa e do Canal Arte da Guerra, onde, entre outras atividades, mantém uma resenha semanal de filmes e documentários militares. Pode ser contatado através do e-mail caballe@gmail.com.


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7 comentários

  1. “Quem procura, acha” disse a kbça de busca do míssil antes de achar Suleimani na reta…
    Terão os mísseis do Hezbollah e assemelhados a mesma precisão na re-retaliação ?

    Aguardemos cenas dos próximos capítulos…

  2. Boa tarde , Velho general , vc acredita de uma resposta vindo do Ira ou do Iraque , acho que os Iranianos não atacariam de seu proprio pais , usariam as milicias xiitas iraquianas e ao hesbollah

    1. Kleber, o Irã certamente deseja retaliar, mas não acredito que possa fazer nada muito diferente do que já vem fazendo até aqui. Vamos acompanhar o desenrolar dos acontecimentos. Grato por comentar, forte abraço!

  3. Radares e antenas do VG ligadas às 24 horas! É a cobertura mais completa e imparcial na web em português dos desdobramentos deste ataque em solo iraquiano. Bravo Zulu!

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