Documentos da Guerra Fria: Prontidão Militar Iraniana

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Traduzido e adaptado para o português por Albert Caballé Marimón*

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Militares do Exército da República Islâmica do Irã marcham no Dia do Exército da República Islâmica do Irã em 17 de abril de 2012 (Foto: Hosein Velayati/Wikimedia Commons/CC BY 4.0)

Este memorando, apesar de liberado com muitos trechos suprimidos – “sanitizados”, no jargão das agências americanas –, é interessante por apontar que os americanos aparentemente não tinham grande receio em relação ao (ainda hoje tão temido) F-14, mostrando uma preocupação maior com os caças F-4 e F-5, mencionando em especial que as tripulações de F-4 com mísseis Maverick eram bem treinadas, embora a avaliação dos pilotos iranianos de forma geral não seja muito positiva.


AGÊNCIA CENTRAL DE INTELIGÊNCIA

Centro Nacional de Avaliação Estrangeira

7 de dezembro de 1979

MEMORANDO

ASSUNTO: Prontidão militar iraniana

Os esforços para aumentar a prontidão das forças do Irã desde a tomada da embaixada dos EUA1 em 5 de novembro foram mínimos. Sua capacidade limitada provavelmente não é a única razão para isso. A falta de confiança de Khomeini na lealdade das forças armadas provavelmente desempenha um papel importante.

Este memorando foi preparado pelo Escritório de Pesquisa Estratégica da Força-Tarefa do Irã. Perguntas ou comentários podem ser enviados ao Chefe da Força-Tarefa do Irã em [SUPRIMIDO]

As forças armadas – em particular o Exército – receberam ordens de apoiar a nova força de segurança do Irã, a Guarda Revolucionária. Os guardas ainda estão sendo formados e seu envolvimento na defesa do país contra ameaças militares externas é limitado. A maior parte da força de aproximadamente 20.000 homens consiste de uma turba armada. Pode haver até 5.000 guardas estacionados em Teerã. Duas unidades com 250 homens cada são consideradas “forças de ataque”. Eles estão bem armados, são habilidosos em combate urbano e treinados por ex-militares das Forças Especiais. Os guardas dispersos pelo interior do país, no entanto, demonstraram falta de disciplina e treinamento militar, equipamento inadequado, mas alto espírito islâmico. [SUPRIMIDO]

The Pasdaran: Inside Iran's Islamic Revolutionary Guard Corps (English Edition) por [Ottolenghi, Emanuele] LIVRO RECOMENDADO:

The Pasdaran: Inside Iran’s Islamic Revolutionary Guard Corps

  • Emanuele Ottolenghi (Autor)
  • Em inglês
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Força Aérea

As bases aéreas do sudoeste tomaram algumas precauções [SUPRIMIDO] Continuamos a crer que todos os F-14 iranianos2 permanecem [SUPRIMIDO]

[SUPRIMIDO] os técnicos iranianos têm apenas uma capacidade limitada de armar o F-14 com o míssil Phoenix. [SUPRIMIDO] apenas dez mísseis Phoenix são considerados operacionais agora. [SUPRIMIDO]

Os F-14 do Irã seriam uma ameaça menor para aeronaves e navios hostis do que os seus F-4 e F-5, que são mais numerosos, estão em melhores condições e com os quais o pessoal da Força Aérea tem maior familiaridade. Todos os 163 F-4E podem carregar mísseis ar-superfície Maverick. Algumas equipes são bem treinadas. Em exercícios conjuntos com os EUA em 1977, o porta-aviões Midway serviu como “alvo” para os F-4 iranianos com o Maverick. Os iranianos tiveram um bom desempenho. [SUPRIMIDO]

Os F-5 do Irã não participaram dos exercícios conjuntos, embora muitos de seus pilotos tenham realizado voos. Como a maioria dos outros pilotos iranianos, no entanto, os pilotos de F-5 provavelmente não têm agressividade e voam de maneira previsível. As 176 aeronaves F-5, capazes de transportar mísseis ar-ar Sidewinder, são normalmente usadas na função de defesa aérea. [SUPRIMIDO]

[SUPRIMIDO] frequentemente. O único desenvolvimento incomum foi a ausência virtual de aeronaves F-4 visíveis em Bushehr3 desde 18 de novembro. O campo de pouso – como as bases do F-14 – possui hangares em número suficiente para acomodar as aeronaves localizadas ali, e os F-4, quando não estão voando, provavelmente estão nos hangares. A fotografia também confirma a presença de aeronaves F-4 e F-5 no aeródromo Mashhad4 em 8 de novembro [SUPRIMIDO]

Durante novembro, houve um aumento no desdobramento de artilharia antiaérea em alguns aeródromos – particularmente naqueles [SUPRIMIDO]

Iranian F-14 Tomcat Units in Combat (Combat Aircraft Book 49) (English Edition) por [Cooper, Tom, Bishop, Farzad] LIVRO RECOMENDADO:

Iranian F-14 Tomcat Units in Combat

  • Tom Cooper e Farzad Bishop (Autores), Chris Davey (Ilustrador)
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Marinha

A prontidão operacional da marinha iraniana continua a ser negativamente afetada por falta de manutenção e pela falta de peças de reposição. Os nove barcos-patrulha iranianos fabricados na França capazes de disparar mísseis foram afetados pela falta de peças. A marinha tentou [SUPRIMIDO]

A marinha parece estar realizando patrulhas regulares no baixo Golfo – especificamente no Estreito de Ormuz – e ao norte do Golfo e nas águas interiores do Shatt al-Arab5. Caça minas, fragatas classe 103 e canhoneiras parecem ser os navios preferidos para essas missões. [SUPRIMIDO]

[SUPRIMIDO] os caça minas quase não possuem capacidade operacional para varredura de minas. A assinatura magnética das embarcações é tão alta que as operações de varredura se tornam perigosas. [SUPRIMIDO]

Iran Surface Warships: 2019 - 2020 (English Edition) por [Luis Ayala] LIVRO RECOMENDADO:

Iran Surface Warships: 2019 – 2020

  • Luis Ayala (Autor)
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Mapa do Irã e região (Fonte: documento original, CIA/Library/FOIA Reading Room)

Notas

1Nota do VG: a Revolução Islâmica Iraniana ocorreu entre 1978 e 1979. Na sequencia de acontecimentos, em 4 de novembro de 1979 a embaixada americana em Teerã foi tomada por estudantes que apoiavam a Revolução; cinquenta e dois cidadãos americanos foram feitos reféns por 444 dias.

2Leia a história dos Tomcat iranianos em https://velhogeneral.com.br/2019/07/03/a-historia-dos-f-14-tomcat-iranianos/

3Nota do VG: provavelmente refere-se à 6ª Base Aérea Tática, localizada fora da cidade portuária de Bushehr, no sul do Irã.

4Nota do VG: refere-se à Base Aérea de Mashhad, no nordeste do Irã, a 80 km da fronteira com o Turcomenistão e 160 km da fronteira com o Afeganistão. É uma instalação mista, serve como base aérea militar e como aeroporto civil internacional.

5Nota do VG: o Shatt al-Arab é um rio com cerca de 200 km formado pela confluência dos rios Tigre e Eufrates na cidade de al-Qurnah, na província de Basra, no sul do Iraque. O extremo sul do rio constitui a fronteira entre o Iraque e o Irã até a foz do rio, quando desemboca no Golfo Pérsico.


*Albert Caballé Marimón possui formação superior em marketing, é fotógrafo profissional e editor do blog Velho General. Já atuou na cobertura de eventos como a Feira LAAD, o Exercício CRUZEX e a Operação Acolhida. É colaborador do Canal Arte da Guerra e da revista Tecnologia & Defesa. Pode ser contatado pelo e-mail: caballe@gmail.com


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