“Que diabo era aquilo na asa direita do 572?”

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Por Albert Caballé Marimón*

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O A-1 Skyraider NE/572 e sua “munição especial” (Foto: US Navy/Domínio Público)

Uma aeronave A-1 Skyraider realizou uma missão de ataque com um armamento “especial” durante a Guerra do Vietnã

Em 4 de novembro de 1965, a aeronave Skyraider A-1 “Paper Tiger II”, matrícula NE/572, pertencente ao Esquadrão VA-25 (“First of the Fleet”), embarcada no porta-aviões USS Midway (CV-41), realizou uma missão de ataque contra uma posição no delta do Rio Mekong, no Vietnã do Sul.

Seu piloto, o commander (capitão de fragata na MB) Clarence “Bill” Stoddard Jr., leu a lista de munições para o FAC (Forward Air Controller, Controlador Aéreo Avançado), que não conseguia acreditar no último item, com o sugestivo codinome “Operação Sani-flush” (uma das traduções de “flush” é “descarga”). Tratava-se de uma carga, para dizer o mínimo, inusitada: um vaso sanitário! Sim, uma privada, dessas que encontramos em qualquer banheiro.

A privada estava danificada e seria jogada no mar, mas alguns pilotos decidiram resgatá-la para ser lançada em comemoração dos seis milhões de libras de munição despejadas sobre o Vietnã. O pessoal de material bélico adaptou uma cremalheira, barbatanas de cauda e um fusível para o “nariz” da privada.

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Imagens da carga bélica com codinome “Operação Sani-flush” (Fotos: Midwaysailor.com)


A equipe do convoo posicionou-se em frente à aeronave enquanto ela taxiava e se preparava na catapulta, de forma a bloquear a visão do capitão e do chefe de voo. Assim que a aeronave foi lançada, veio a mensagem da ponte de comando: “Que diabo era aquilo na asa direita do 572?”

O ala do commander Stoddard, pilotando o Skyraider matrícula NE/577, era o lieutenant-commander (capitão de corveta na MB) Robin Bacon, que tinha uma câmera montada na asa direita, na época a única da frota ainda remanescente da 2ª Guerra Mundial. Quando a “bomba” foi lançada, Bacon voava bem próximo à asa do 572 para fazer a filmagem; a privada, muito leve, pegou um golpe de vento e quase atingiu seu avião. O FAC, ainda sem acreditar na história, foi até o local para conferir, e mais tarde contou que “ela assobiou o caminho todo até o chão”.

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Essa história foi contada pelo retired captain (capitão de mar e guerra na MB) Clinton Johnson, na época piloto de outro Skyraider do esquadrão VA-25 (Johnson e o lieutenant-commander Charlie Hartman foram os únicos pilotos de Skyraider creditados pelo abate de um MiG-17 em 20 de junho de 1965). Ele disse que o caso originou piadas sobre “guerra bacteriológica” e acrescentou que gostaria que tivessem guardado o filme do “ataque”.

O commander Bill Stoddard morreu menos de um ano depois, no dia 14 de setembro de 1966, atingido por um SAM (Surface to Air Missile, Míssil Superfície-Ar). Ele conseguiu chegar ao Golfo de Tonkin antes do avião cair e foi dado como desaparecido (MIA, Missed in Action) até 1973, quando seu status foi finalmente alterado para KIA (Killed in Action, Morto em Combate). Ele continuava no esquadrão VA-25, então embarcado no USS Coral Sea (CV-43).

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Há um vídeo que mostra o Skyraider NE/572 no convoo do porta-aviões com a “bomba” creditado a Russell Falb (veja abaixo). O vídeo teria sido obtido através de Ken Young, filho de James E. Young, que teria sido o plane captain* do NE/572. Infelizmente não consegui obter mais informações nem sobre estas pessoas, nem sobre Robin Bacon.



*Nas equipes de um porta-aviões americanos, o “Plane Captain” é o militar responsável por garantir que uma aeronave está apta para voar. Isso inclui a realização de verificações periódicas e também antes e depois de cada voo.


*Albert Caballé Marimón possui formação superior em marketing, é fotógrafo profissional e editor do Blog Velho General. Já atuou na cobertura de eventos como a Feira LAAD, o Exercício CRUZEX e a Operação Acolhida. É colaborador do Canal Arte da Guerra e da revista Tecnologia & Defesa. E-mail: caballe@gmail.com


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