Batalha da Grã-Bretanha, uma das mais importantes campanhas aéreas da história

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Por Albert Caballé Marimón

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Hawker Hurricane Mk I do Esquadrão Nº 85 da RAF, em patrulha em outubro de 1940 (Foto: WHO)

Artigo originalmente publicado por Andrew Knighton no WHO – War History Online, traduzido e adaptado por Albert Caballé Marimón


SGA-2019-Selo-100pxA Batalha da Grã-Bretanha foi uma das campanhas aéreas mais importantes da história. Freou a expansão da Alemanha nazista para o oeste e impediu a invasão da Grã-Bretanha na Segunda Guerra Mundial.

Preparativos para a invasão

A Batalha da Grã-Bretanha seria a precursora da Operação Sealion (“Leão Marinho”), a invasão planejada por Hitler das Ilhas Britânicas. Uma diretriz de 16 de julho de 1940 ordenou que os militares alemães começassem a se preparar para a invasão. Hitler sabia que suas tropas teriam que passar pela formidável Marinha Real, e isso não seria possível sem domínio aéreo.

Excesso de confiança

Os alemães estavam confiantes em sua capacidade de derrotar os pilotos britânicos e aliados que voavam com eles. Hermann Goering, comandante da Luftwaffe (a Força Aérea Alemã), acreditava que suas forças iriam facilmente esmagar a RAF (Royal Air Force, a Real Força Aérea). Provou-se que ele estava errado.

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Membro do Corpo de Observadores examina os céus de Londres (Foto: WHO, War History Online)

Número de aviões

Para um confronto tão épico, a Batalha da Grã-Bretanha envolveu um número surpreendentemente pequeno de aviões.

Os alemães mobilizaram cerca de 1.300 bombardeiros e bombardeiros de mergulho para tentar destruir as instalações britânicas. Eles foram apoiados por 1.200 aviões de caça.

A RAF tinha apenas cerca de 600 caças de primeira linha, a maioria deles Hurricane e Spitfire.

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Uma Força Aérea Internacional

No início do conflito, a RAF não tinha um número suficiente de pilotos treinados. Ela procuraram alternativas para aumentar a quantidade.

Alguns foram trazidos do Fleet Air Arm (a aviação naval britânica) e do Coastal Command (Comando Costeiro da RAF). Outros eram pilotos de países que haviam sido derrotados pela Alemanha. Muitos escaparam e fugiram para a Grã-Bretanha, compondo assim quatro esquadrões de pilotos poloneses e um esquadrão de tchecos.

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126 aeronaves alemãs ou “Adolfs” foram reivindicadas por pilotos poloneses do 303º Esquadrão durante a batalha (Foto: WHO, War History Online)

Diferenças de aeronaves

A RAF tinha menos aviões, mas eram geralmente melhores. Os aviões alemães incluíam o “Goering’s Folly”, o lento e pesado bimotor Messerschmitt Bf 110 “destroyer”. O Messerschmitt Bf 109E era melhor – tão rápido quanto qualquer avião britânico e capaz de subir mais rápido que um Spitfire. O Spitfire britânico, no entanto, foi decisivo. Mais manobrável e armado com oito metralhadoras, era inigualável nos céus.

Radar

Foi a primeira vez que o radar desempenhou um papel importante na guerra. A rede de radares britânica se estendia das ilhas Shetland até o Land’s End, abrangendo todo o litoral e era a mais avançada do mundo. Possibilitou que a RAF antecipasse os ataques e colocasse os caças no ar para enfrentá-los. Os aviões britânicos não foram apanhados no chão e destruídos como Hitler esperava. Não havia necessidade de manter os homens constantemente no ar, exaurindo a quantidade limitada de pilotos.

As estações de controle usavam informações da rede de radares para direcionar os aviões. Eles podiam ver para onde os alemães estavam indo e enviar os caças, às vezes pegando os alemães de surpresa.

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As altas torres do sistema permitiam detectar alvos a até 160 quilômetros de distância, ainda sobre a França (Foto: WHO, War History Online)

O sistema de mira dos bombardeiros

Os bombardeiros alemães possuíam uma tecnologia de mira mais avançada que os britânicos. Eles desenvolveram secretamente um sistema que usava um par de feixes de rádio para levar o bombardeiro ao seu objetivo.

Em junho, pouco antes do início da Batalha da Grã-Bretanha, o Dr. R. V. Jones, um cientista do Ministério do Ar, descobriu o que estava acontecendo. Reunindo informações coletadas de prisioneiros de guerra, material capturado e códigos inimigos decifrados, ele percebeu que os alemães tinham essa tecnologia. Em dez dias, ele não apenas identificou o problema, como também desenvolveu as contramedidas, bloqueando a mira por rádio.

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Mudança de alvos

De 10 de julho a 11 de agosto, os alemães atacaram portos e aeródromos para atrair a RAF à batalha. De 12 a 23 de agosto, eles lançaram a Operação Eagle Attack, concentrando-se nas estações de radar e tentando destruir os caças na batalha. Então, em setembro, veio a maior mudança.

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Padrão de trilhas de condensação deixadas por aviões britânicos e alemães depois de um dogfight (Foto: WHO, War History Online)

Pilotos voando diariamente

Mesmo contando com seus aliados, o British Fighter Command (Comando de Caças Britânico) tinha menos de mil pilotos. Em setembro, 15 a 20 por dia estavam sendo mortos ou feridos. Combatendo em seu próprio território, os britânicos podiam recuperar pilotos abatidos, ao contrário dos alemães. Os ataques implacáveis, porém, não davam descanso aos homens. Eles estavam voando em combate todos os dias, várias vezes ao dia, e ficando exaustos.

Bombardeios de terror

Em 24 de agosto, um bombardeiro alemão atingiu acidentalmente prédios civis em Londres. Em resposta, o primeiro-ministro Winston Churchill ordenou um ataque retaliatório contra Berlim.

Na noite seguinte, 81 bombardeiros partiram da Grã-Bretanha. Apenas 29 chegaram à capital alemã e não causaram muito dano. Mas o ataque provocou Hitler, que havia prometido aos alemães que isso nunca aconteceria. Abandonando seu foco em destruir a RAF, ele começou a bombardear as cidades britânicas.

A partir de 7 de setembro, centenas de toneladas de bombas caíram em Londres e outras cidades. Foi o começo da Blitz (campanha de bombardeios estratégicos). Ao tirar a pressão da RAF, deu-lhe tempo para se recuperar. Uma semana depois, a maré começou a virar.

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Bombardeiro Heinkel He 111 sobre as docas de Surrey e Wapping no East End de Londres em 7 de setembro de 1940 (Foto: WHO, War History Online)

O Serviço Auxiliar de Bombeiros

Para lidar com os danos causados ​​às cidades pelos bombardeios, os britânicos contavam com o AFS (Auxiliary Fire Service, Serviço Auxiliar de Bombeiros em tradução livre). Fundado no final de 1938, a organização era composta por voluntários civis treinados em combate a incêndio e resgate. Eles tinham pouco equipamento e muitos dos seus veículos eram táxis repintados. Vários milhares deles ficaram gravemente feridos no curso da guerra e mais de 300 foram mortos.

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A data crítica: 15 de setembro

No início de setembro, parecia que os alemães estavam prestes a lançar a invasão. Os combates se intensificaram e as forças britânicas ficaram em alerta máximo.

Em 15 de setembro, a guerra aérea atingiu o seu pico. A RAF reivindicou 185 aviões alemães destruídos naquele dia. O número real acabou sendo 56, mas os detalhes já não importavam. Eles estavam destruindo aviões da Luftwaffe mais rápido do que os alemães podiam construí-los. Ficou claro que a Luftwaffe não iria conseguir o domínio aéreo. O tempo se voltou contra a frota de invasão e Hitler voltou o olhar para o leste.

Fontes

  • Ralph Bennett (1999), Behind the Battle: Intelligence in the War with Germany 1939-1945
  • Gordon Brown (2008), Wartime Courage
  • Nigel Cawthorne (2004), Turning the Tide: Decisive Battles of the Second World War
  • Francis Crosby (2010), The Complete Guide to Fighters & Bombers of the World

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4 comentários

  1. Mobilização da sociedade britânica como um todo em prol da nação. Lições de perseverança e resiliência frente a tamanha ameaça inimiga. God Save the King!

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