O Gripen da Força Aérea da Suécia na Líbia

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Por Albert Caballé Marimón

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Saab JAS-39C Gripen da Força Aérea da Suécia em Farnborough, Inglaterra, 11 de julho de 2012 (Foto: Oleg V. Belyakov/AirTeamImages/ Wikimedia Commons CC BY-SA 3.0)

A Unified Protector foi uma operação da OTAN realizada em 2011 com o objetivo de aplicar as resoluções 1970 e 1973 do Conselho de Segurança da ONU em relação à Guerra Civil da Líbia. Essas resoluções impunham sanções a membros do governo de Muammar Gaddafi e autorizavam a OTAN a implementar um embargo de armas, uma zona de exclusão aérea e a usar todos os meios necessários para proteger os civis líbios.

A operação começou em 23 de março de 2011 e foi gradualmente ampliada, integrando cada vez mais elementos numa coalizão multinacional. O apoio da OTAN foi vital para a vitória dos rebeldes sobre as forças leais a Gaddafi. A operação terminou oficialmente em 31 de outubro de 2011, depois que os líderes rebeldes, formalizados no Conselho Nacional de Transição, declararam a Líbia libertada em 23 de outubro.

Após a aprovação da resolução 1973, a OTAN solicitou assistência da Suécia à operação. Em 29 de março de 2011 o parlamento sueco aprovou a participação da Força Aérea da Suécia, num desdobramento de três meses apoiando a zona de exclusão aérea autorizada pela ONU sobre a Líbia. A aprovação do parlamento impôs uma restrição na atuação do Gripen, ele não poderia ser usado para atacar alvos terrestres.

A missão da Suécia foi composta de oito caças JAS39 Gripen C, uma aeronave de reabastecimento aéreo KC-130H Hercules e uma aeronave S102B Korpen SIGINT baseada no Gulfstream IV. Compunham a missão 130 militares, incluindo dez pilotos dos Gripen em esquema de rodízio.


Vídeo 654 do CANAL ARTE DA GUERRA – Gripen: As Operações Militares na Líbia


Os três primeiros Gripen deixaram a base aérea de Ronneby na Suécia em 2 de abril e chegaram à base de Sigonella, na Sicília, Itália, no mesmo dia, após uma parada para reabastecimento na Hungria. As aeronaves pertenciam à ala F17 da Força Aérea da Suécia. Os cinco Gripen restantes chegaram a Sigonella no dia seguinte.

COMBUSTÍVEL

Os Gripen ficaram baseados na parte norte-americana da base aérea de Sigonella. De acordo com o planejamento inicial, sua primeira missão deveria ocorrer na quinta-feira 7 de abril de 2011, mas descobriu-se que o combustível disponível, da marinha dos EUA, não podia ser usado.

O combustível utilizado pelos EUA é conhecido como JP5, e o Gripen voa com um combustível civil conhecido como Jet A1. São necessários certos aditivos e alguns equipamentos para mudar o JP5 para o Jet A1 de maneira controlada, mas não havia disponibilidade deste equipamento no local e foi necessário comprar o combustível fora da base.

Em entrevista para a agência de notícias TT, o Ten Cel Mats Brindsjö, chefe do Centro de Operações Aéreas da Força Aérea da Suécia, disse que a base de Sigonella foi projetada como uma base da força aérea naval, e, sobre o problema do combustível, ele acrescentou que “isso deveria ter sido investigado assim que chegamos, mas com todos os outros detalhes, não tivemos tempo”.

Devido a esse problema, a primeira missão dos Gripen ocorreu apenas no dia seguinte, em 8 de abril.

Em 8 de junho de 2011, antes do final do prazo inicial de três meses, o governo sueco anunciou um acordo para estender a operação de cinco dos oito Gripen iniciais.

ENCERRAMENTO DA MISSÃO

Em 24 de outubro a operação, considerada bem-sucedida, foi encerrada com um saldo de 650 missões de combate, quase 2.000 horas de voo e mais de 150.000 fotos de reconhecimento. No total, os Gripen voaram 40% das missões de reconhecimento da operação Unified Protector, e a missão da Suécia entregou à OTAN mais de 2.700 relatórios de reconhecimento.

A missão, que contou com apoio da Saab, serviu para que os militares suecos pudessem avaliar melhorias em equipamentos e processos para futuros desdobramentos do caça. O major Anders Gustafsson, líder do esquadrão FL02, disse na época que um problemas foi o funcionamento do rádio seguro “Have Quick”.

Os caças suecos não conseguiram conectar-se à rede segura da OTAN, forçando os pilotos a operar usando palavras em código em suas comunicações. Mais tarde identificou-se que a OTAN, ao invés de usar uma rede operacional, usava uma rede de treinamento com chaves de segurança operacional.

Outro problema enfrentado pelos Gripen foi a demora na obtenção do kit criptográfico, apesar de ter sido liberado para os suecos. Oficiais das forças aéreas dinamarquesa e norueguesa ajudaram a solucionar este problema.

Segundo Anders Silwer, reformado como Ten Gen e na época Inspetor da Força Aérea da Suécia, “… ganhamos experiências que não podem ser obtidas de outra maneira. Mais da metade dos nossos pilotos nas divisões de aeronaves de combate realizaram mais de dez missões onde penetraram em uma defesa aérea afiada. É uma experiência extremamente importante”.

De acordo com a OTAN, “devido a exercícios anteriores de treinamento com os Aliados, e devido às excelentes capacidades evidentes em suas aeronaves Gripen, a Suécia merece altos índices pela qualidade de suas defesas interoperáveis e excelentes tropas”.


Referências: Atlantic Council, Flight Global, Flygvapenbloggen, The Local, NATO Review, Wikipedia


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