Os Elefantes de Guerra de Aníbal

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Por Albert Caballé Marimón

Aníbal Barca, general cartaginês, viveu de 247 a 182 A.C. Conhecido por lutar contra Roma durante a Segunda Guerra Púnica, usava táticas inovadoras. Uma de suas maiores realizações ocorreu por volta de 218 A.C., quando liderou um exército de 100 mil soldados e 38 elefantes numa marcha através dos Alpes. Apesar de muitos homens e animais terem perecido na travessia, a conclusão desta jornada é tida até hoje como um dos maiores feitos militares da história.

Um aspecto bastante discutido, mas nunca solucionado pelos historiadores, é onde Aníbal conseguiu os elefantes. Embora historicamente elefantes de guerra tenham sido usados ​com certa frequência, não está claro como Aníbal os obteve. Havia apenas duas espécies de elefantes – asiáticos e africanos. Aníbal viveu em Cartago, atual Tunísia, no Mediterrâneo, portanto muito distante da Ásia e do sul do Saara (onde se encontram os elefantes africanos).


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“Aníbal e seus homens atravessando os Alpes”, pintura de Heinrich Leutemann (Wikipedia)

Não se sabe se ele usou elefantes asiáticos, africanos ou ambos; mas analisar as características de cada espécie pode sugerir qual delas teria sido preferível. Acredita-se que, se tivesse escolha, Aníbal teria preferido os asiáticos, por serem menores e mais fáceis de treinar do que os africanos. Elefantes tinham que ser bem treinados, ou seriam um transtorno ao invés de um benefício. A espécie africana, maior mais difícil de controlar, seria menos adequada para fins militares e possivelmente menos desejável para uma jornada através dos Alpes.

Alguns historiadores acreditam que os elefantes de Aníbal eram de uma subespécie das montanhas Atlas do Marrocos e Argélia. Eram menores, com aproximadamente dois metros e meio de altura nos ombros, enquanto os sub-saarianos tem mais de três metros de altura, e por isso podem não ter sido tão úteis para fins militares.


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“Hannibal crossing the Alps with War Elephants” (Ancient Origins)

Além de transportar suprimentos, os elefantes desempenhavam uma função similar à dos blindados modernos. Gavin de Beer, do Museu Britânico de História Natural, num estudo de 1955 intitulado “Alpes e Elefantes”, afirmou que elefantes eram extremamente perigosos quando atacavam: “não só sua aparência, seu cheiro e seu ruído assustavam os homens e os cavalos, mas eles eram muito perigosos quando atacados, lutando com suas presas e sua tromba e atropelando os oponentes”.

Derek Ager, geólogo e autor de um artigo sobre a origem dos elefantes de Aníbal na revista New Scientist de setembro de 1984, comentou sobre os pequenos elefantes das montanhas Atlas: “acho que a idéia de Aníbal usar pequenos elefantes é insatisfatória”.


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Moeda de um quarto de shekel de Cartago, talvez cunhada na Espanha; o anverso pode representar Aníbal, e o reverso mostra um de seus famosos elefantes de guerra (Wikipedia)

Alguns historiadores citam uma moeda cartaginesa cunhada no tempo de Aníbal que traz a imagem inconfundível de um elefante africano. No entanto, um único elefante sobreviveu à jornada, e acredita-se que era asiático: conhecido por Surus (“o Sírio”), era o elefante do próprio Aníbal. Surus pode ter sido descendente de um dos elefantes capturados pelos Ptolomeus do Egito durante suas campanhas na Síria e levados a Cartago. Isso é citado como evidência de que pelo menos um dos elefantes era asiático, mas não permite concluir que todos eram asiáticos; talvez Aníbal tenha obtido seus elefantes de várias regiões diferentes.


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“Travssia do Rhône por Aníbal Barca”, obra de Henri-Paul Motte (Wikipedia)

Nunca se saberá com certeza de onde vieram os elefantes de Aníbal, mas o certo é que são grandes animais e necessitam de uma enorme quantidade de comida – um elefante africano macho adulto consome cerca de 180 quilos de alimento por dia. Portanto, uma viagem através dos Alpes transportando elefantes deve ter sido complicada e exigido uma boa dose de planejamento. Apesar disso, é mais provável que Aníbal estivesse menos preocupado com a origem de seus elefantes do que em saber se seriam um trunfo para suas forças.

No final, Aníbal não tomou Roma; mas ele inflingiu muitas derrotas esmagadoras aos romanos, e liderar 100 mil homens, cavalos e elefantes através dos Alpes foi mais um dos feitos magníficos de um líder notável.

Foto de capa: Channel 4.


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2 comentários

  1. Parabéns pela matéria. Sempre achei , ou pensei pelo lado mais bravio de Aníbal que poderiam ser Elefantes Africanos, deixa tudo mais difícil e mais audacioso. Já lí a Trilogia de Amílcar, Aníbal e Asdrubal, do Patrick Girard e recomendo para entender a formação de Aníbal, é meio que fruto do que Amílcar Barca passava para ele, como soldado deve se preparar em outras áreas. Parabéns novamente.

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