Operação Pico: MiG-21 Cubanos sobre a República Dominicana

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Valter-Retrato Por Valter Andrade

Era setembro de 1977, o auge da Guerra Fria, e o mundo ainda tinha medo de Cuba e de sua aliança com a antiga União Soviética, portanto não se pode culpar a República Dominicana pela apreensão de alguns barcos de pesca cubanos.

Eles foram capturados pela guarda costeira de Santo Domingo (de acordo com outra versão, era o navio mercante “Capitão Leo” vindo de Angola). Os dominicanos os acusaram de violar as águas territoriais da República Dominicana e pretendiam até processar os pescadores. Estes, por sua vez, alegaram que estavam em águas internacionais e foram forçados a mudar de rota por navios Dominicanos, e detidos em Puerto Plata.


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O Mustang F-51D FAD Nº 1912, uma das aeronaves do incidente (Imagem: FDRA Aereo)

No incidente, dois F-51D Mustang da FAD (Força Aérea Dominicana), o FAD 1912 e o FAD 1916, sobrevoaram os navios cubanos. O governo dominicano de Joaquin Balaguer aparentemente suspeitou que os navios estivessem em missões de espionagem, enquanto os cubanos, por sua vez, achavam que a intransigência dominicana para devolvê-lo e resolver o assunto através de canais diplomáticos era uma provocação anti-cubana, algo que Fidel Castro não estava disposto a aceitar.


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F-51D Mustang FAD Nº 1916 (Imagem: Luis Puesan)

Em 8 de setembro de 1977, Fidel Castro reuniu-se no Ministério das Forças Armadas (MINFAR, Ministerio de las Fuerzas Armadas Revolucionarias), com o chefe do DAAFAR (Defensa Antiaérea y Fuerza Aérea Revolucionaria), General Francisco Cabrera, o chefe da Brigada de Combate de San Antonio, Tenente-Coronel Rubén Martínez Puente, o substituto do chefe da DAAFAR, Coronel Rafael del Pino, e outros líderes militares de alta patente.

Quando Castro aparece, explica a situação: o governo Dominicano estava se abstendo de tratar o incidente harmoniosamente e era arrogante. O governo cubano não toleraria insultos à honra do país e de seus cidadãos, e portanto, sem renunciar aos esforços diplomáticos, decidiu provar irrefutavelmente que as coisas não permaneceriam assim e que os pescadores não seriam deixados à própria sorte.


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Fidel e Raúl Castro em 1977

Para pressionar o governo dominicano a liberar o navio imediatamente, uma esquadrilha completa de doze MiG-21Bis Fishbed, os mais versáteis e poderosos da FAR (Fuerza Aérea Revolucionária), fariam um vôo baixo sobre a cidade de Puerto Plata, o que aterrorizaria os dominicanos e serviria como mensagem ao seu governo, mostrando que os MiG cubanos chegaram até lá e estavam dispostos a fazer de tudo para libertar seus compatriotas.

Se dentro de 24 horas os dominicanos não libertassem o navio, uma segunda esquadrilha de MiG-21Bis bombardearia unidades militares dominicanas em Santo Domingo, Puerto Plata, e Santiago de los Caballeros. Castro lembra que a hora “H” deveria ser às 10 horas da manhã do dia 10 de setembro de 1977, colocando assim em marcha a “Operação Pico”.

PREPARANDO O ATAQUE

As unidades da Força Aérea haviam recebido ordens de reforçar a parte oriental de Cuba, colocando vários esquadrões de MiG-21 em Moa, Santiago de Cuba, Baracoa e Guantánamo, o que criaria no oriente uma correlação de forças muito favorável, dissuadindo os Estados Unidos de intervir. Os MiG-21MF da zona leste decolariam para garantir a cobertura aérea da missão. Os pontos de coordenação em terra dariam falsas ordens para gerar desinformação.

Tropas do Exército Oriental foram mobilizadas em alegadas manobras táticas, e o sigilo rigoroso e silêncio oficial cobririam a operação, de modo que a esquadrilha de MiG-21Bis seria detectada apenas quando voltasse da missão. Radares de reserva foram instalados em pontos estratégicos orientais próximos à Punta de Maisí para controlar as possíveis rotas de vôo da aviação dominicana, caso decidisse responder. As unidades de busca e resgate estavam prontas para decolar, caso algum piloto tivesse que ejetar.

Cada MiG-21Bis levaria neste primeiro vôo um tanque de combustível adicional de 800 litros e quatro mísseis IR (Infravermelho) K-13 (AA-2). No caso de uma segunda missão de ataque real, a Divisão Leste do DAAFAR usaria armamento ar-solo, e o MiG-21 levaria bombas FAB-250 e FAB-500, de 250 e 500 kg respectivamente, e casulos de foguetes S-24.

Novamente, como era comum nas operações da liderança cubana, a ação foi uma iniciativa do governo soviético, que não poderia ser envolvido no incidente. Como prevenção na hipótese dos dominicanos levarem o caso às Nações Unidas, medidas deveriam ser tomadas para que os tanques e todo o armamento transportado não tivessem inscrições russas, para que isso não pudesse ser usado como evidência acusatória contra a URSS.


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MiG-21Bis Fishbed Nº 618

Tanques auxiliares eram necessários para o vôo, mas quando vazios, tornavam-se um incômodo, já que pioravam a relação de consumo e precisavam ser descartados sobre o mar. Como eles flutuavam um bom tempo e poderiam alcançar as costas dominicanas (como de fato aconteceu), precisavam ser limpos de inscrições em russo. O espaço aéreo do Haiti também não deveria ser violado. O assunto deveria envolver apenas Cuba e a República Dominicana.

Del Pino é ordenado a escolher os doze pilotos mais experientes para a primeira missão, que usaria a melhor esquadrilha de MiG-21Bis de San Antonio, e imediatamente vai para essa base. Ganhando tempo, o chefe dos combatentes da Brigada, o tenente-coronel Ruben Martinez Puente, ordenou sua substituição pelo major Henry Perez Martinez, um dos melhores pilotos cubanos: “Olá, eu preciso selecionar doze pilotos, incluindo você, para cumprir uma importante missão”.

Henry Perez imediatamente decide escolher os melhores pilotos na base em San Antonio, e quando ele vai ao escritório de Martinez para aprovar os nomes, Rafael del Pino já está lá. Ambos aprovam a lista dos pilotos, distribuindo os homens em três esquadrões, cada um com quatro MiG-21Bis. O líder da missão será Del Pino, e Henry Perez não vai como líder de esquadrão, mas pronto para assumir o comando da esquadrilha no caso de algo acontecer a del Pino. Tudo isso fez com que o peso das preparações caísse sobre Henry Perez, porque embora del Pino fosse ousado e se arriscasse no ar, ele “era terrivelmente apático com tudo que não fosse voar”, nas palavras de Perez.

Os doze pilotos eram: Coronel Rafael del Pino, Major Henry Pérez Martínez, Tenente-Coronel Jorge Villardel, Tenente-Coronel Benigno González Cortés, Capitão Arnaldo Torres Biart, Capitão Manuel Rojas García, Capitão Rigoberto Morales, Capitão Evelio Bravo, Capitão Armando Castellanos, Capitão Raúl Hernández Vidal, Major Pedro Pérez e Capitão Díaz. Eram todos excelentes pilotos e altamente profissionais, alguns com experiência de combate, como o maior Benigno González Cortés, que foi líder do primeiro esquadrão de MiG-21MF que chegou a Angola em 1976, e acompanhava del Pino quando ele, com seu MiG-21MF, destruiu um Fokker F-27 inimigo naquele país em 13 de março de 1976.


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MiG-21Bis Fishbed Nº 665

Ao meio-dia, os pilotos escolhidos foram reunidos na sala de briefing para aguardar instruções especiais de um oficial superior que deveria chegar a qualquer momento. Os pilotos foram ficando impacientes, quando de repente Rigoberto Morales, que espiava pela janela, grita: “Senhores, é Fidel, Fidel!”. Os pilotos ficaram surpresos ao ver que ele veio ao briefing. o Comandante Fidel Castro chegou num carro preto russo Chaika para verificar como eles haviam se preparado, e, portanto, perceberam que era uma missão de extrema importância.

Fidel se reúne no escritório de Martínez em cuja parede estava pendurado um mapa a cores que incluia a República Dominicana, o Haiti e Cuba Oriental, com o título enorme em cores dizendo “Operação Pico”. Ele fez mil perguntas sobre os aviões, sobre cada piloto, sobre o estado de espírito, se houve algum problema com a família ou qualquer outro; ele explica as causas políticas do incidente e a missão a cumprir. Henry Perez recorda: “A missão era dar-lhes uma lição forte para que pudessem tirar conclusões sobre o que nós éramos capazes de fazer”.

No final Fidel diz: “Eu acredito que está tudo bem, a única observação que faço é no sentido do pessoal técnico remover as marcações em russo dos tanques auxiliares de combustível que vão largar perto de Puerto Plata depois de consumi-los. Embora o governo Dominicano saiba que somos nós que violamos seu espaço aéreo, não devemos deixar rastros que contenham letras russas, para não comprometer a União Soviética. Além disso, toda esta operação que estamos executando não é do conhecimento deles.”

Fidel deseja-lhes boa sorte: “Que tudo corra bem, vamos colocar um pouco de medo neles e nada mais”. Quando Castro sai, Rafael del Pino e Henry Pérez continuam planejando as melhores variantes de vôo. No final, del Pino deixa a base e alguns pilotos vão fazer exercícios físicos. Os pilotos foram alojados em San Antonio, e naquela noite antes do vôo, e depois do almoço, eles jogaram dominó, ouviram música ou assistiram TV. Às 22h00 Perez analisa o apagamento dos sinais russos e às 24h00 o chefe do DAAFAR, Francisco Cabrera, chega para fazer uma última inspeção.

A MISSÃO SOBRE SANTO DOMINGO

Na manhã de 9 de setembro de 1977 a esquadrilha de MiG-21Bis decola em silêncio de radio da base de San Antonio para Guantánamo, onde chegam depois de percorrer 900km em 50 minutos de vôo entre 500 e 1.000m de altitude com um céu totalmente claro. Em Guantánamo, o pessoal técnico reabastece o MiG-21Bis rapidamente, e todos estão prontos para às 8h30 continuarem sua missão a Santo Domingo.

A esquadrilha líder voa na dianteira e as duas alas e a traseira com uma separação entre eles de 500-1000m lateralmente e 1000-1500m de profundidade. Entre os pares de cada esquadrilha, essa separação seria de 50 a 150m. O vôo de 580km de distância seria na altitude econômica ideal do MiG-21Bis de 6.000 a 8.000m, descendo nos últimos noventa quilometros para potência mínima (80-85% da velocidade do motor), mantendo a mesma velocidade. Com uma distancia de vinte quilometros os esquadrões se separariam para o “ataque”, cada um com seu objetivo sem incomodar uns aos outros. Eles se encontrariam novamente apenas no vôo de regresso a Guantánamo.


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“Operação Pico”

O ataque simulado foi um sucesso, os MiG-21Bis surgindo sobre Quisqueya no meio da manhã. Eles fazem várias passagens em Santo Domingo ligando a pós-combustão e rompendo a barreira do som em vôo baixo, quebrando vidros e causando pânico na cidade. Eles simularam ataques, sem usar armas, contra a Casa do Governo, o Royal Dock, o Aeroporto e a área residencial. A esquadrilha de del Pino “ataca” o Royal Dock e o bairro residencial.

No final del Pino fez uma passagem tão baixa que Pérez achou que todas as antenas de TV das casas próximas seriam engolidas. Eles passaram a curta distância e a baixa altidude do lado de um hotel de cujas varandas surgiam turistas alarmados para ver o que estava acontecendo, e olhavam com admiração as manobras dos MiG-21, talvez confundindo-os com caças americanos. Os F-51D Mustang Dominicanos não tentaram decolar, porque, como disse um piloto: “Nós não podemos fazer nada contra jatos”.

Afinal de contas, tudo o que os dominicanos tinham eram caças da época da Segunda Guerra Mundial; teria sido suicídio atacar os MiGs com os F-51 Mustangs. A República Dominicana tinha recebido 32 P-51D Mustangs excedentes da Suécia em 1952/1953 em acréscimo a algumas aeronaves compradas dos EUA no final dos anos 40, e as manteve em serviço contínuo por mais de 30 anos até finalmente as aposentarem em 1984!


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MiG-21Bis usados na Operação Pico (Imagem: Aviación Cubana/Ramon Urribares)

Todos os aviões retornam sem problemas a Guantánamo. Após o pouso del Pino recebe um telefonema de Fidel Castro, parabenizando-o pelo sucesso, e diz a ele que voe para Havana num Yak-40 que esperava por ele para informar pessoalmente sobre os resultados do “ataque”. No Estado-Maior Geral, estavam Fidel Castro, o ministro Raúl Castro e outros altos funcionários. Del Pino esperou alguns minutos enquanto os comandantes liam com interesse cópias das conversas entre os militares dominicanos e os altos funcionários do governo.

As cópias tinham sido enviadas imediatamente pelos serviços secretos cubanos e pelos ouvintes dos regimentos de rádio. Eles monitoravam as comunicações dos países vizinhos. Del Pino diz que ficou surpreso, porque, embora soubesse que os serviços de inteligência cubanos eram muito bem organizados, “nunca pensei que fossem tão eficientes a ponto de inclusive monitorar conversas telefonicas de agências de governo”.

PRESSAO SOBRE O GOVERNO DOMINICANO

Os dominicanos chamam às 13h00 prontos para resolver o incidente diplomaticamente, mas ainda não liberaram os navios, e o ultimato de vinte e quatro horas dado por Castro se encerraria às 10h00 do dia seguinte, em 10 de setembro. Eles foram informados sobre os alvos: a esquadrilha recebe ordens de se preparar para bombardear Santo Domingo, o quartel do Exército, da Marinha e da Polícia, utilizando bombas russas FAB-500 de 500kg.

Os alvos estavam em áreas densamente povoadas, e como tais bombas não são de alta precisão, mas inertes e com enorme poder destrutivo, capazes de destruir um quarteirão inteiro, poderiam causar muitas vítimas inocentes. As tripulações não estavam felizes com isso. Durante o briefing, o alvo foi mudado para a base da Força Aérea de San Isidro. Seria menos provável que causassem mortes de civis e provavelmente aniquilariam a frota de F-51 Mustang estacionados lá, transformando-os em sucata.

No dia 10 de setembro às 8h30 da manhã, o dia do esperado ataque, os MiG-21Bis estavam prontos e armados, e os pilotos receberam o briefing enquanto Del Pino aguardava a confirmação de Havana. Restava apenas uma hora e meia para terminar o prazo do ultimato. Nesse momento, a esperada mensagem criptografada do alto comando chega: “O navio foi devolvido. Retornar com o circo para casa às quatorze horas. Assinado Senén Casas Regueiros, Chefe do Estado Maior Geral”.

Os pilotos cubanos ficaram aliviados. Eles não teriam que bombardear seus irmãos dominicanos. O ataque aéreo não era mais necessário. O governo da República Dominicana libertou o navio mercante cubano e sua tripulação, e a crise terminou.


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Pilotos do primeiro vôo sobre a República Dominicana na “Operação Pico”. Em pé, da esquerda para a direita: Major Benigno González Cortés, Capitão Arnaldo Torres Biart, Capitão Manuel Rojas García, Coronel Rafael del Pino, Capitão Rigoberto Morales, Capitão Evelio Bravo, Capitão Armando Castellanos, Major Henry Pérez Martínez. Agachados, da esquerda para a direita: Capitão Raúl Hernández Vidal, Major Pedro Pérez, Tenente-Coronel Jorge Vilardell.

Cada piloto da Operação Pico teve destinos diferentes, que refletem a rica experiência de combate da FAR. O capitão Raúl Hernández Vidal morreu seis meses depois, quando em março de 1978 seu MiG-21Bis foi abatido pela AAA somali na guerra de Ogaden, na Etiópia. Benigno Cortéz foi abatido quase ao mesmo tempo naquele conflito mas conseguiu ejetar-se em segurança e continuou sua carreira de sucesso na FAR. Já em 1976 Cortéz participou com del Pino em batalhas em Angola, destruindo o Fokker F-27.

Arnaldo Torres lutou na Etiópia e em Angola. Manuel Rojas cumpriu missões contra as Bahamas em 1970, na Etiópia em 1978 e várias vezes em Angola, onde foi abatido por um missil Stinger da UNITA em setembro de 1987, ficando preso por sete meses. Rafael del Pino tornou-se General de Brigada e desertou para os Estados Unidos em 1987.

Henry Pérez Martínez participou de várias missões importantes em Angola, voando o MiG-21Bis na defesa de Canganba em 1983, chegando a ser o piloto mais condecorado da FAR. Jorge Villardel afundou o barco patrulha das Bahamas “Flamingo” em 1980, e participou de numerosas missões em Angola até 1988, alcançando altos postos na FAR. Pedro Pérez se tornou chefe da FAR.

Atualmente estes homens estão aposentados do serviço ativo, e desfrutando de um merecido descanso.


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