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Da Reuters. Tradução e adaptação de Albert Caballé Marimón*


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Bashar al-Assad (Imagem: Mikhail Klimentyev/Sputnik/AFP)

A posse do presidente sírio, Bashar al-Assad, aos 34 anos de idade, não estava garantida quando seu processo de preparação apressado foi interrompido pela morte repentina de seu pai em junho de 2000, depois de governar a Síria por três décadas. O herdeiro aparente de Hafez al-Assad era o irmão mais velho de Bashar, Basel, até que ele foi morto num acidente de carro em 1994.

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Hafez al-Assad, morto em 2000 (Imagem: Presidência da Síria)

Poucas horas após a morte de Hafez al-Assad, o parlamento sírio emendou a constituição em favor de Bashar, cortando a idade mínima para o presidente de 40 para 34 anos. Ele foi então nomeado comandante das forças armadas e eleito secretário do Comando Regional do Partido Baath, o principal órgão político do partido.

Após a sua nomeação para presidente pelo parlamento, Assad ganhou apoio esmagador em referendo nacional de candidato único. Ele foi formalmente empossado para um mandato de sete anos em 17 de julho de 2000 e prometeu preservar a política inflexível de seu pai em relação a Israel, juntamente com promessas de reformar a economia em crise. Ele manteve parentes e membros da sua fé minoritária Alawita – uma ramificação do islamismo Xiita – em posições-chave de autoridade ao seu redor.

A primeira visita de Assad ao exterior após a posse foi ao Cairo para conversações com o presidente egípcio Hosni Mubarak, com o objetivo de reforçar a posição da Síria no processo de paz com Israel. Ele manteve a insistência de seu pai de que qualquer tratado de paz com Israel deveria incluir o retorno de todas as terras capturadas da Síria na guerra de 1967 no Oriente Médio.

Durante uma visita histórica à Síria pelo papa João Paulo em maio de 2001, Assad atraiu uma tempestade de protestos quando acusou os judeus de traírem Jesus Cristo e tentarem matar o profeta Maomé. As declarações foram amplamente condenadas como anti-semitas e, embora Assad tenha alegado que foi mal interpretado, sucessivos comentários controversos continuaram a causar indignação.

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Asma al-Assad (antes Asma al-Akras), esposa do presidente sírio (AFP/Getty Images/Miguel Medina)

Em janeiro de 2001, Assad se casou com a analista econômica britânica Asma al-Akras. A primeira-dama síria acompanhou o marido na maioria das visitas do Estado ao exterior e participou ativamente na promoção do papel das mulheres nos negócios e na criação de mecanismos de crédito para estimular o desenvolvimento sustentável nas áreas rurais.

Buscando melhores laços com Ancara, Assad tornou-se o primeiro presidente sírio a visitar a Turquia em janeiro de 2004. Décadas de relações pobres entre os países vizinhos foram causadas por disputas territoriais, recursos hídricos compartilhados e apoio tácito da Síria aos separatistas curdos que lutavam no sudeste da Turquia. Os dois países chegaram à beira da guerra em 1998, antes de Damasco expulsar o líder guerrilheiro curdo Abdullah Ocalan.

Cada vez mais em desacordo com Washington, Assad exortou a Rússia a reavivar sua influência no Oriente Médio. Durante a primeira visita oficial de Assad a Moscou, em janeiro de 2005, a Rússia concordou em amortizar 73% da dívida da Síria da era soviética. O movimento foi visto como um sinal de que Moscou queria impulsionar seu papel no Oriente Médio e estava pronto para levar suas relações com a Síria a um novo nível.

O teste mais duro de Assad desde que sucedeu seu pai veio em fevereiro de 2005 após o assassinato do ex-primeiro ministro libanês Rafik al-Hariri. Representantes da oposição libanesa culparam Damasco pelo assassinato e milhares de libaneses tomaram as ruas para exigir que a Síria acabasse com 30 anos de presença militar e influência política em seu país. Assad sempre insistiu que Damasco não teve papel no assassinato.

Confrontado com a crescente pressão árabe e internacional, Assad anunciou a retirada completa das 14.000 tropas que permaneciam no Líbano desde a intervenção da Síria em 1976 na guerra civil do país.


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Militar na fronteira sírio-libanesa (AP Photo/Bassem Mroue)

Em maio de 2007, Assad foi reempossado para um segundo mandato de sete anos, ganhando 97,6% dos votos num referendo presidencial incontestado.

Em dezembro de 2009, o filho de Rafik al-Hariri, Saad al-Hariri, chegou a Damasco em sua primeira visita oficial à Síria desde que formou um governo de unidade sob sua liderança. A visita amenizou quase cinco anos de animosidade entre Damasco e a aliança política de “14 de março” de Hariri, que freqüentemente colidia com os aliados da Síria no Líbano, liderados pelo poderoso grupo Hezbollah, apoiado pelos iranianos.

Seis meses depois, o rei saudita Abdullah acompanhou Assad em uma visita ao Líbano numa tentativa dramática de evitar uma crise sobre as possíveis denúncias de membros do Hezbollah no assassinato de Rafik al-Hariri. Foi a primeira visita de Assad a Beirute desde a morte de Rafik al-Hariri.

Durante seus anos no poder, a Síria se tornou o aliado árabe mais próximo do Irã. Assad posicionou seu país como um campeão da resistência árabe a Israel, manter sua política externa protegeu-o da ira pública que varreu os líderes da Tunísia, Egito e Líbia do poder em 2011.

No entanto, protestos contra seu governo surgiram em março de 2011 em regiões rurais conservadoras e se espalharam em Damasco. Assad tentou esmagar os protestos com uma dura campanha de repressão, ao mesmo tempo em que seu governo aprovava uma legislação para suspender quase 50 anos de governo emergencial e permitir que outros partidos, além do Partido Baath, se estabelecessem.


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Manifestação em Dara, Síria, 6 de Maio de 2011 (©BELGA/UPI/EYEVINE)

Meses de escalada de violência e um crescente número de mortos afastaram até mesmo vizinhos árabes simpatizantes.

Assad permaneceu desafiador e conseguiu mobilizar grandes multidões para uma manifestação organizada pelo Estado em janeiro de 2012. No mês seguinte, a Rússia e a China vetaram uma resolução no Conselho de Segurança da ONU, apoiado pela Liga Árabe, pedindo que ele renunciasse.

Em julho de 2012, um atentado suicida em Damasco deu o maior golpe até então ao governo de Assad, matando seu cunhado Assef Shawkat, seu ministro da Defesa Daoud Rajha e dois altos funcionários de segurança. Os assassinatos foram rapidamente seguidos pela deserção para a oposição de seu primeiro-ministro Riyad Hijab.

As aparições públicas de Assad tornaram-se mais raras à medida que a rebelião se fortalecia.

Facções rebeldes, lideradas por jihadistas ex-afiliados da al-Qaeda e incluindo também grupos do Exército Livre da da Síria, lutaram ferozmente contra as forças do governo e tomaram grande parte do país do controle de Assad.

Mas a partir de 2015, Assad recuperou lentamente a vantagem com a ajuda do poder aéreo russo e das forças iranianas e libanesas do Hezbollah, que ajudaram a derrotar os últimos rebeldes perto da capital Damasco e da cidade de Homs e permitiram que ele recuperasse o sudoeste em questão de semanas.


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Aeronaves russas Su-25 na base aérea de Khmeimim, na Síria (RIA Novosti/Dmitriy Vinogradov)

Assad também recuperou parte das fronteiras com a Jordânia e as Colinas de Golã, ocupadas por Israel, e disse que ia seguir pressionando.

No entanto, o caminho de Assad para uma vitória final na guerra na Síria está repleto de armadilhas diplomáticas que complicarão sua tentativa de recuperar “cada centímetro” do país e podem deixar grandes áreas fora de seu alcance indefinidamente.

Declarando o retorno da “vida normal”, seus aliados russos estão pedindo aos refugiados que voltem para casa, dizendo que não há nada a temer do governo de Assad, embora muitas pessoas continuem fugindo de áreas que estão sob seu controle.

Mas com a Rússia em ascensão, não há sinal do tipo de transição política negociada que o Ocidente disse ser necessária para desbloquear seu apoio e encorajar a maior parte dos milhões de refugiados na Europa e no Oriente Médio a retornar.


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Palestinos esperam para receber comida em campo de refugiados na periferia de Damasco em setembro de 2015 (Imagem: Associated Press)

Quase todo o norte da Síria permanece fora de seu alcance. Forças hostis turcas e apoiadas pelos EUA criaram esferas separadas de controle no território sírio. Assad quer que a Turquia, que apóia os rebeldes sunitas, retire suas tropas do território sírio e acabe com seu apoio aos rebeldes.

À medida que o conflito entra em seu oitavo ano, todos os esforços até agora não conseguiram avançar em direção a um acordo político para acabar com a guerra civil de oito anos. A ONU diz que o conflito matou cerca de 400 mil pessoas, deslocou 6,6 milhões internamente e mais de 5,6 milhões de refugiados fugiram para os países vizinhos.


 

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